Hollow Spirit - Tudo termina onde começou escrita por SEPTACORE


Capítulo 19
Os três P's: penas, pênaltis e perdas.




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Uma semana se passa e as temperaturas abaixam. O frio do inverno é desconfortável, tanto para os alunos quanto para os professores. A vantagem é que servem chocolate quente no refeitório todo dia após o sinal tocar.

– Já disse que amo chocolate quente? - diz Dio, que já estava acostumada com o frio.

– Não, mas quem é que não gosta? - questiona Matheus Gomes.

Eles pegaram suas xícaras e se juntaram a um grupo de pessoas agasalhadas.

A maioria dos alunos aproveitou o dia para dormir ou estudar, até porque, as provas estão para começar. A outra parte dos alunos pertence à Dazer, e é claro, não deixam o frio atrapalhar suas atividades.

E muito pelo contrário, alguns, ou melhor, algumas até experimentaram atividades novas e um tanto prejudiciais à saúde.

– Toma, experimenta - Ana Pfeifer oferece o cigarro à Bárbara.

Elas estavam em um galpão abandonado atrás da universidade, onde os alunos da Dazer faziam coisas deselegantes.

– Onde arranjou isso? - pergunta Barbara.

– Foi um amigo.

Barbara leva o cigarro á boca, tosse e depois diz:

– É horrível – diz. – Um horrível bom.

É claro que não era apenas cigarro, pois o papel embrulhado na outra ponta do mesmo significava que tinha algo a mais.

– Já chega, vez da Leti - diz Ana. Ela não se dava bem com Leti, então a desafiou a fazer algo totalmente proibido. O orgulho de Letícia fez com que ela topasse, e agora está aí.

Barbara passa para Leti, que faz a mesma coisa.

– Concordo que é horrível. – Letícia diz. – Mas eu não ligo.

Elas resolvem ficar no galpão, esquentando seus pulmões com a fumaça do cigarro. O cheiro da maconha já fazia parte do local, então uma tragada não deve mudar nada.

– Seus olhos – Barbara ria apontando para os olhos de Ana, Letícia gargalhava. – Estão vermelhos.

– Sério? Não consigo ver – Ana ria. – Me ajuda.

– Asas – Letícia disse. Mas alguns alunos chegam, e Ana nota que nem todos são da Dazer.

– O que aquela garota faz ali? - diz ela com os olhos meio fechados.

Leti e Barbara olham na direção de uma garota bem vestida e agasalhada. Ela parece não gostar do frio, e está acompanhada de um garoto de jaqueta preta.

– É a Lyn - diz Barbara.

– Quem? - pergunta Leti.

– Uma amiga. Mas quem é esse cara? Vocês já o viram?

– Não to vendo nem vocês direito - diz Leti.

– Sim - diz Ana.

As duas a encaram, pedindo explicações.

– Ele é amigo, ou melhor, ex-amigo do meu primo que foi preso – começa ela –, ele estava junto com a gangue que assaltou um grande supermercado, mas como era menor de idade, acabou não sendo preso como os outros.

– Será que Lyn sabe disso? - diz Barbara.

– Sentadas não iremos descobrir - diz Leti ajudando Barbara a levantar.

As três os seguem até a parte da frente do galpão, tomando cuidado para não serem vistas. Elas param e ficam atrás da parede lateral, nas sombras onde suas roupas da mesma cor desapareciam.

–... Então, quando posso te ver de novo? - diz Jean.

– Sexta à noite - diz Lyn.

– Ok. Estarei esperando nesse lugar.

Ele aproxima seu rosto do dela e a beija, um beijo longo, que faz as garotas nada românticas sentirem coisas em seus estômagos.

Depois o garoto coloca o capacete e parte pela rua. Lyn se vira subitamente e quase as pega espionando. Logo ela se vai rapidamente.

***

Diferente de todos da sua irmandade, Triza e Julia se aventuraram a passar o dia longe do conforto. Ou não, porque ler é um conforto que encontraram em comum. E iam se confortar na biblioteca da escola, estudando para as provas que se aproximavam.

– Acho que vou aproveitar e passar o dia inteiro aqui - diz Triza.

– Eu topo - diz Julia. Ela vai para a prateleira de matemática, pega dois livros diferentes e depois se encaminha para mesa que Triza arranjou, onde a mesma a aguarda.

– De acordo com a lista que recebemos, cairá funções - diz Julia, abrindo o livro no capítulo das funções.

– Bem, não gosto muito de funções, então vou pular para geometria - diz Triza.

Elas ficam a tarde toda estudando, calculando e fazendo tudo o que o povo da sua irmandade não fazia. Por fim, elas fecharam os livros e se encaminharam para a prateleira de literatura britânica.

Julia não demora a escolher o que queria: "Os Contos de Beedle, o Bardo". Já Triza fica indecisa quanto à escolha.

– Morte Súbita - Triza aponta para um livro vermelho -, parece ser legal.

– E é.

Um garoto alto com óculos de aros quadrados surge ao lado delas de repente, como se tivesse se tele transportado.

– Desculpa me intrometer, mas eu recomendo - diz ele.

– Realmente parece ser legal - responde Triza.

– Eu estive observando vocês e percebi que nunca as tinha visto na Eruptidus.

– Ah, é que não somos de lá - diz Ju.

– Sério? Então vocês ainda não têm irmandade?

– Na verdade, pertencemos à Vebnus.

Ele arregala os olhos, como se estivesse espantado com o que acabara de ouvir.

– Têm certeza de que estão na irmandade certa?

Elas se entreolham. Claro que não pertencem a Vebnus. Perceberam isso logo que chegaram à mansão.

– Bem, se não estiverem se sentindo confortadas, falem comigo, pois tenho certeza que se dariam bem na Eruptidus.

Athos se despede das garotas formalmente e volta para a sua irmandade. Julia e Triza pegam seus livros e caminham pensativas de volta à Vebnus.

***

Ao som de Roar, Andriele e Duda pulavam e se batiam com o travesseiro, rindo e se engasgando com as penas de ganso.

– Vou morrer engasgada, socorro – Andriele disse e Maria chega correndo como se fosse salva-vidas e começa a bater – violentamente – em suas costas, a mesma começa a rir e se contorcer de dor junto com Duda.

Já Hanna ficava quieta no canto, distraída e pensativa. Duda abaixa a música e se senta ao lado de Hanna.

– Quem é ele? - pergunta Duda.

– Ele quem?

– O garoto em que você está pensando.

Um fato é que, a maioria dos alunos da Vebnus tinha a habilidade de reconhecer o amor em qualquer pessoa ou qualquer coisa.

– É um dos garotos daqui da Vebnus – diz Hanna -, eu acho-o perfeito.

– E esse garoto tem nome?

– Tem, mas você e a Maria são loucas! E com certeza vão tentar me empurrar pra cima dele.

– Claro que não – brinca Maria. – Mentira, claro que íamos – as duas gargalham.

– Por isso não dá pra confiar em ninguém!

– Brincadeiras a parte – Andriele disse. – É claro que, você pode confiar na gente.

– Ok, seu nome é Vivaldo.

***

– Estou com vontade de fazer algo extraordinário – diz Rick, para Americo, Gabriela e Matheus Gomes que estavam sentados no salão da Mercure fazendo: nada.

– Sai da minha frente – Matheus diz. – Isso sim é extraordinário.

– Tenho uma ideia – Gabriela diz.

– Corram – brinca Americo –, não vem coisa boa.

– Podíamos trocar as placas dos banheiros! Tipo, daqui à uma hora o treino de vôlei acaba. A Vebnus está lá e algumas garotas vão ao banheiro tomar banho e os garotos também, imagina! Trocamos, aí quando as garotas entrarem, voltamos para os devidos lugares, o que acham?

– Essa foi à ideia mais... – Rick diz – GENIAL!

– Vocês dois são loucos, sabia? Dão certinho até – Americo diz –, mas vamos lá, você vem, McGomes?

– Claro, não perco isso por nada.

Os quatro esperaram o sinal bater, então Gabriela e Rick foram até lá, Rick ficou responsabilizado por retirar a placa do banheiro masculino e Gabriela do feminino. A troca foi feita e os quatro se esconderam e esperaram. Lyn, Sara, Duda e Maria entraram no banheiro, então Americo foi lá e trocou as placas novamente, os quatro seguiram para a irmandade novamente, nem pensando no que daria aquilo.

– Eu não vou tomar banho agora, vou subir meninas – Maria diz. – Você vem, Duda?

– Sim – ela diz juntando as coisas.

– Eu vou também, tudo bem pra você, Batata? - Lyn pergunta.

– Não, podes ir – Sara diz, após a saída, Sara tira a roupa e se enrola na toalha se preparando para um bom banho. Quando está com tudo em mãos, segue para o chuveiro.

Os meninos estavam saindo do treino, a maioria usava o banheiro do segundo andar, mas Áxel e Paulo decidiram usar o do primeiro.

– Cara, eu não vou ao banheiro agora, te encontro depois – Paulo diz correndo.

– Tudo bem – Áxel diz, mas Paulo já estava bem longe dele. – Doido – fala sozinho e segue ao banheiro.

Sara sai do banho enrolada em sua toalha, seca os cabelos. Ao se virar, vê o pior: Áxel entrara no banheiro. Ela arregala os olhos como se os mesmos fossem saltar de seu rosto. Ela se esconde novamente dentro do Box, Áxel solta um riso.

– Acho que você errou de banheiro – Áxel diz com vergonha.

– Não, não – ela diz seriamente, porém estava segurando-se para não rir. – Esse é o banheiro das garotas, tu estás totalmente enganado.

– Não, a placa lá fora diz homens – ele ri. – Eu fecho os olhos.

– Promete?

– Prometo – ele finge que fecha os olhos, então Sara sai correndo rapidamente até a pia e pega suas coisas, voltando correndo para dentro do Box.

– Mentiroso - ela ri e ele também. Então ela sai do Box.

– Da próxima vez, promete que entra no banheiro certo?

– Da próxima vez, promete que fechas os olhos de verdade? – Sara diz.

– Terá uma próxima vez? – Ele diz e ela ri. – Áxel.

– É, eu sei – ela diz. – Sara.

– Como sabe?

– Um passarinho azul me contou – Sara fala e consulta o relógio, estava atrasada. – Tenho que ir, tchau.

– Espera! – Áxel diz correndo atrás de Sara, a mesma abre a porta, mas Áxel a puxa para dentro do banheiro e antes disso, retira a placa jogando-a no chão do banheiro. Ele puxa Sara para seu encontro e mete-lhe um beijo, a mesma pensa em recuar, mas aquilo era único e ela deixou rolar. Por um momento, ela pensou que fosse mentira. Beijando o garoto que, quando passava por ela, a mesma sentia o coração bater mais forte e tinha borboletas no estômago, o garoto que ela supostamente, achava que sentia algo, mas agora era concreto, ela realmente sentia. Quando aquele momento acabou e os dois se soltaram, Sara o encarou por uns segundos, e saiu do banheiro, seguindo para o dormitório com um sorriso no rosto.

***

A aula de educação física era a mais temida pelo pessoal da Eruptidus, segundo eles, era uma matéria vaga, onde não havia nenhuma prova ou nenhum dever em papel que pudessem estudar e aprofundar-se.

– Ao menos podemos ficar aqui, sentados, já que o professor teve essa emergência na diretoria – Barbara Rodrigues diz tirando um livro da bolsa.

– Eu não consigo me concentrar em nada, quem dera – Naty diz, tentando ler seu livro “Química e suas críticas.

– Vou aproveitar esse tempo livre para concluir esse desenho que prometi para Gus – Erica diz e solta um suspiro apaixonante.

– Está ficando muito foda, só pega o lápis e contorna esse sombreado mais forte – Vick diz.

– Meninas, me desenhem – Vivian brinca e faz uma pose segurando sua maçã.

– Vai ficar maravilhosa – Erica ri.

– Oh, oh, youcouldtryandtakeus, oh, oh, butwe'rethegladiators, oh, oh, everyone a rager, oh, oh, butsecretly'sthey'resaviors, gloryand gore go... – Lari chegou cantando.

– A voz da Lari é perfeita – Victor diz parando de ler o livro só pra ouvir.

– Eu sei – ela diz.

Math decidiu ficar sentado, ficara encarregado de escolher um símbolo para a Eruptidus e estava pensando em algumas coisas.

– Já pensou em algo seu? – Éder diz.

– Meu?

– É. Tipo, algo que te lembre de algum fato importante, ou que você goste – Éder disse e Math se lembrou da ampulheta.

– Verdade, Ed! Pode ser uma ampulheta, o que acha?

– Perfeito.

Álvaro, como sempre, estava do lado da sua fiel flauta, o que irritava muito algumas pessoas. – Essas pessoas eram: Alj – o mesmo estava de saco cheio e disse pra si mesmo que quebraria a flauta na cabeça do Álvaro se o visse tocando mais uma vez. A música começou a sair da flauta, Éder encarou Alj por um momento e viu a raiva em seus olhos.

– Você não se cansa desse palito idiota? – Alj diz.

– Não – diz então volta a tocar novamente.

– Dá pra você parar um pouco? – Alj diz amigavelmente, mas queria amassar a cabeça de Álvaro.

– Não.

Alj se levantou bruscamente e arrancou a flauta da mão de Álvaro, metendo-a violentamente na cabeça do mesmo. Álvaro cambaleara e sentiu seu sangue escorrer. Erica saiu correndo atrás do reitor e o mesmo levara Álvaro até a enfermaria, Alj estava intacto, não sentia uma pena, sequer, do garoto.

– Explique-se – o reitor, que agora levara Alj até a sua sala para ter uma breve conversa, disse.

– Eu estava de saco cheio daquele garoto com aquele palito irritante.

– É uma flauta, e você o agrediu. Isso é crime, sabia?

– Ah, jura? – Ele disse rindo. – Não ligo.

– Isso levaria á uma expulsão, sabia? Você pode perder sua bolsa, Felipe.

– Eu sei que posso.

– Então, levará uma advertência. Eu sei que você é um garoto bom, agora vá até a sala do representante da Eruptidus, ele quer falar com você.

Felipe encaminhou-se até a sala do representante, pediu pra entrar e o mesmo mandou-o sentar-se.

– O que você quer comigo? – Alj diz.

– Quando você entrou nessa universidade, a primeira regra que eu disse foi: Na Eruptidus não é permitido violência. E o que foi isso?

– Se você quiser me tirar dessa irmandade, eu não ligo.

– Você tem que ir pro lugar certo, onde fica os perdedores, a Dazer. La só tem gente como você, que acha que é algo, mas na verdade só são garotos e garotas revoltados com a vida.

– Eu sou revoltado com flautas, não com vidas, desculpa – ele ironiza. – E aliás, todos estão aqui porque merecem. O senhor está desmerecendo as outras irmandades, muito bonito para um representante.

– Você vai pra Dazer, não te quero aqui– ele diz se levantando e Felipe o segue até a mansão da Dazer. O representante conversa com a representante da Dazer, e parece ter nojo dela, como se ela fosse o atacar.

– Bem vindo a Dazer! – Ela disse. – Eu odeio esse representante da Eruptidus, com esses óculos, ele me trata indiferente como se eu fosse o atacar, mas na verdade, eu ia sim. – Alj sorriu. – Então, você vai ficar no dormitório do Coelho, Tonioli e Davi. Sim, aqui já somos todos íntimos, tanto é que, estamos tendo uma detenção tem três semanas e o senhor também participará. Como é o seu nome?

– Felipe Aljarilla.

– Ok, Alj. O saguão é logo à frente – ela diz e sai da mansão.

Alj adentra a porta e todos do saguão o encaram. Ana, que não gosta de ver pessoas que não sejam de sua irmandade, dentro de sua irmandade, já o olhou de cara feia.

– Quem é você? – Ana disse.

– Esse fato vai mudar algo na sua vida? – Alj disse. – Agora sou daqui. Quem é Coelho? – Um garoto alto, moreno, se levanta.

– Eu.

– Eu divido quarto com você, falou.

– Olá – Jay diz, já haviam se visto outra vez e ele ficara apaixonado pelo sorriso dela.

– Oi bobona.

Alj explicara o que houve e Ana e Felipe riram do fato de ele ter quebrado a flauta na cabeça do garoto. Aquilo sim era atitude de um Dazer.

– Bem vindo a Dazer – Felipe diz.

***

A tarde estava no fim, o dia fora tão longo e cansativo. Americo, Tico, Math, Sara e Lyn decidiram ir para o jardim para descansar até a hora do jantar.

– A aula de economia foi uma grande merda! – Lyn reclamara. – É sério, aquele professor, ele tem algum distúrbio.

– Ainda bem que eu não tenho isso – Americo diz.

Sara estava avoada, ainda pensando em Áxel, não havia dito a ninguém sobre nada. Math estava sem chão, havia “discutido” com Americo quando ele perguntou sobre a tal garota do refeitório, portanto, os dois estavam distantes. Sara colocou a mão no joelho de Math e sem querer a empurrou para uma madeira que ficava ao lado, fazendo com que, o prego machucasse a perna de Math.

– Ai, Sara – ele disse, embora não estivesse ligando pra dor.

– Desculpa Math – ela o olhou e já voltou à atenção para os pensamentos.

– Vão me falar o que houve? – Lyn diz, todos estavam calados.

– Pergunta pro Matheus, quem sabe ele te responda – Americo disse.

– Math – Lyn disse.

– Eu? O que eu fiz?

– Você nunca me disse nada da garota do refeitório. Ele teve uma treta no refeitório, a garota deu um tapa na cara dele! E o Tico me disse que ela é a namorada dele.

– Era – Matheus disse e olhou para Tico. – Quando pequeno, nós nos amávamos. E acabou. Como tudo acaba, acabou.

– Que clima, hein?! – Tico disse. – Bom, hoje estava falando com Paulo no telefone. E estávamos pensamento em casamento, sei que é besteira, mas eu pensei em você como padrinho, Traveco. E você como madrinha, Sarinha.

– O que? – Os dois disseram surpresos ao mesmo tempo.

– E eu? – Lyn contesta.

– Ainda estamos pensando, mas o que vocês dois acham?

– Perfeito – Sara disse.

– To dentro – Americo disse.

Matheus se afastou. Fora para o dormitório, era melhor do que fingir que estava feliz por eles.

***

O jantar chegara, todos estavam no refeitório. Math avistara Naty, a mesma sequer olhou para ele. Isso estava doendo mais do que o machucado que fizera no joelho mais cedo.

– Oi chatonildo – ele ouvira a voz de Bah, e automaticamente sorriu.

– Oi chatonilda.

– Desculpa, ok? Você deve estar pensando, “nossa, que amiga irresponsável, nem se lembra da minha existência.”. Bom, 1) eu lembro sim e 2) eu realmente lembro e 3) a semana foi uma merda e você sabe que to cumprindo detenção.

– Eu não disse nada.

– Mas eu posso ler mentes, lembra? – Ela disse apoiando a cabeça no ombro dele. – As notícias correm, quem foi a garota que te deu um tapa na cara?

– Bah, se você não se incomodar, eu to cheio de coisa na cabeça e não to com vontade de falar isso agora, ok?

Barbara não pôde revidar, uma voz ecoou por todo refeitório chamando a atenção de todos.

– Atenção, alunos! É por meio desse aviso que deixo: Semana que vem ocorrerá o primeiro jogo de futebol contra a universidade Wafox Harley, eles virão para cá e iremos jogar contra eles. O time é formado segundo o treinador, então ele convocará os alunos até quarta-feira. A torcida é organizada segundo as líderes. Boa noite a todos.

A voz se foi.

– Com certeza ele vai querer me colocar nesse time! – Matheus diz indignado.

– Por que não quer jogar?

– Bah, até parece que não me conhece!

– Ai, tá, desculpa.

O jantar foi servido e todos foram para os seus dormitórios, tudo estava frio, não só o tempo. E todos foram dormir cedo.

A quarta-feira chegou e Matheus fora um dos convocados, como ele previa. Quando adentrara a sala de Educação Física, avistou vários garotos e não conhecia nenhum. Com exceção de Dan e Guut, então se aproximou dos dois.

– Vocês também vão jogar? – Math pergunta.

– Sim, eu não entendo de bolas – Dan diz.

– De bolas, só entendo as minhas – Guut diz.

– Olá garotos, como vocês podem ver, temos 10 jogadores presentes, um faltou, mas tudo bem. Vamos lá, o jogo é semana que vem, portanto devemos treinar ok?

– Treinador, não me lembro do senhor ter me perguntado se eu queria participar – Matheus disse.

– Você não tem que querer – ele disse.

– Mas...

– Sem mas, Matheus. Você é um dos melhores do time – o treinador disse e todos foram seguindo até o campo.

O treino foi cansativo, Matheus vira lá no alto da arquibancada uma garota – essa garota era Naty –, ela não estava sozinha. Estava em meio aos amassos com um garoto que Math nunca vira, ao perder o foco olhando pro pior momento da sua vida, perdeu a bola.

– BLAKE, DÁ PRA PRESTAR ATENÇÃO? – O treinador grita.

– Desculpa treinador – ele voltou à atenção para o treino, sua raiva era tanta que derrubou um colega. Nesse tempo, olhou para onde Naty estava, mas ela não se encontrava mais lá.

***

– Não sei você, mas acho que o Matheus precisava de você! Precisava do seu apoio, ele não precisava ver aquilo no meio do treino – Julia dizia. – E o pior é que ele ainda nem sabe com quem você está namorando.

– Eu sei Julia. Eu não disse nada sobre o Math para ele. Nem vou dizer. Não quero estragar as coisas. Mas você sabe... – Naty disse. – Eu imaginei que nunca mais fosse encontrar o Matheus, assim como ele achava que não ia encontrá-lo também. E quando eu o vi, fiquei tão feliz, mesmo com o fato de que, nos odiávamos quando criança... – Naty dizia sonhadora, mas fora interrompida por Julia.

– Mas agora vocês estão na mesma irmandade! – Julia disse se levantando e andando de um lado para o outro. – Eu não sei onde isso vai dar, mas coisa boa não será, tenho certeza disso. Eles vão se encontrar no meio dessa universidade, ela não é tão grande, não dá pra ficar se escondendo pra sempre. E o Matheus... Pobre Math, vai ficar todo feliz de ver o irmão, até descobrir que ele namora com a garota que ele ama!

Naty ficara pensando naquilo, se sentindo culpada, talvez, arrependida. Mas o sentimento por Michael viera em um verão comum – que a propósito acabou não sendo tão comum assim. –

Após Naty então, sair do sufoco que era o orfanato, Mick fora para um canto e ela para outro. Mas os dois se encontraram, por acaso, em uma praça. Os dois começaram a sair frequentemente e acabaram gostando um do outro. – Ninguém nunca imaginara que, Michael, o garoto que até anos atrás odiava Naty, se apaixonaria por ela. – Mas aconteceu, assim como todas as outras coisas impossíveis podem acontecer.

***

A semana não havia nem começado direito e Felipe já implorava pela sexta-feira, as aulas estavam acabando com os alunos de todas as irmandades e até os Eruptidus estavam reclamando – o que é raro. – A tarde livre chegara. Ricardo e Gabriela, enfim, estavam concluindo o grande plano.

– Está tudo certo? – Gabriela disse.

– Nem tudo – Ricardo disse. – Precisamos saber o nome daquele tal garoto que entrou na Fazer agora. Argila?

– Argila?

– É, é um nome assim.

– Felipe Aljarilla, entrou na Dazer porque quebrou uma flauta na cabeça de um rapaz chamado Álvaro – João Fray diz. – Ele é interessado em uma garota chamada Jay, ela tem belas coxas. Quer mais alguma informação?

Gabriela e Rick olharam para João.

– Sim, contatos.

– Se me dão licença, deixem o mestre mostrar para vocês– João pegara o computador de Rick, o mesmo ficara desconfiado, mas João em menos de dez segundos, achara todas as redes-sociais de Felipe. – Voilà.

– Ã... Obrigado – Rick disse.

– O que vocês estão fazendo? Querem ajuda?

– Querem...

– Não – Rick disse.

– Queremos sim – Gabriela terminou a frase.

– Eu já sou bom o suficiente – Rick disse.

– O ego do Rick é muito grande e ocupa a metade dessa sala, mas ainda cabe você – Gabriela disse.

Os três passaram o resto da tarde finalizando o tal plano, Rick ainda estava emburrado com o fato de João ser melhor do que ele, mas logo se resolveram e trabalharam em equipe.

***

– Já volto, vou ao banheiro – diz Ana à Bah. Que tenta dizer um tá, mas Ana andava rápido demais e já estava longe. Ao chegar à porta do banheiro, é recebida com uma batida pela mesma, por alguém a ter empurrado bem na hora que chegara.

– Ai meu Deus, me desculpa – diz uma garota alta, magra e de cabelos escuros, rindo. Ana a encara com uma olhar maléfico e passa porta adentro, batendo no ombro de Maria. – Hey, foi sem querer, estressadinha.

– Estressadinha! Você vai ver quem é estressadinha – Ana fala com um olhar psicopata.

– Seria uma pena se eu não tivesse medo de você, ES-TRES-AS-DI-NHA – Maria fala bem devagar e ironicamente.

– Não tem medo porque não sabe quem eu sou.

– Você que acha que eu não sei, mas eu sei muito mais do que você pensa, querida.

– Você realmente não tem amor a sua vida, né? – Ana fala estufando o peito e indo na direção de Maria, mas não adianta muito, pois Maria é mais alta que Ana.

– E você acha que desse tamanho você me intimida? – Maria fala fazendo cara de riso. Ana fica quieta por um momento, se tem uma coisa que Ana odeie é que falem da sua altura.

– Querida, espera pra ver o que eu posso fazer, eu pertenço a Dazer.

– Novamente, seria uma pena se eu não tivesse medo de você.

– Vai dar mesmo pena de você – Ana fala e entra no banheiro, não dando chance para Maria responder.

Já do lado de fora da Universidade Danilo estava sentado sozinho pensando em coisas que só ele sabe decifrar, quando vê Ana passar bufando por ele, então ele tem a brilhante ideia de colocar o pé na frente dela, o que a faz cair.

– Você é louco garoto, tem problemas? – Ana fala se levantando.

– Tenho sim, muitos, mas não preciso de ajuda para resolvê-los. – Danilo fala sarcasticamente.

– Hoje não é meu dia, não é – Ana retruca.

– Ei, desculpa aí, eu só estava brincando. Chamo-Me Danilo.

– Não entendo vocês acham que desculpas sempre resolvem as coisas?

– Sim, por isso pedimos desculpas, me chamo Danilo.

– Arghhh.

– Me chamo Danilo.

– E seu segundo nome deve ser irritante.

– Me chamo Danilo – Danilo fala tentando ficar sério, mas ri no mesmo momento.

– Me chamo Ana, e espere que irei me vingar de você – Ana fala saindo correndo em direção a Dazer.

– Vou esperar, sentado, porque não sei quanto tempo vai demorar – Dan fala gritando, e então volta a se sentar na grama e pensar em suas maluquices de dia a dia.

***

Os treinos, para Matheus, estavam sendo as piores coisas. Ele está tão desanimado quanto uma ampulheta, não se mexe, não se move e não trabalha. E consegue ser mais lerdo do que Lyn.

A manhã de quinta-feira foi mais calorenta do que as outras manhãs da semana, todos aproveitaram a manhã vaga para ficarem no campo e no jardim da universidade.

Matheus, que não estava bem com Americo nem com os demais colegas, decidiu ficar no campo, perto de uma grande árvore. Ao lado, tinha um gramado enorme com vários alunos – era bem difícil encontrar um lugar onde não havia alunos. –

Então ele decidiu focar-se só em si mesmo. Nas coisas que fizera nos últimos dias e, principalmente, nas coisas que deixou de fazer.

Não tão longe dali, estava Vitória, lia atentamente ao seu exemplar de “As vantagens de ser invisível”. A mesma andara pelo gramado sem desviar os olhos das páginas.

Matheus, que estava incomodado com o fato de que as folhas caíam frequentemente, decidiu se levantar e ir a outro lugar. O mesmo levantou bruscamente e acabou esbarrando fortemente em alguém – esse alguém era Vitória –, o livro da mesma saíra voando e ela também.

– Desculpa – Matheus diz saindo correndo para buscar o livro. Vitória estava atirada no chão. – O seu livro está bem.

– Ah, eu também estou. – Ela diz. – Obrigada por se preocupar.

– Eu ando esbarrando em todo mundo ultimamente, é melhor nem ligar – Matheus disse, ele estava tão solitário, que começara a falar rapidamente e entusiasmadamente. – Aliás, você é da Eruptidus, não é? Como nunca te vi lá? Eu sou Matheus.

– Ã... Meu nome é Vitória. Não, eu sou da Vebnus, mas você é o tal representante de lá, né? Ã... Legal.

– Sim. Incomoda-se de ter uma companhia?

– Claro que não.

Os dois seguiram pelo gramado chegando até um campo ladrilhado, então seguiram um corredor cumprido, Math não sabia pra onde ele levava, mas foi seguindo junto com Vitória.

– Eu fico aqui – ela diz indicando a sala 4, que tinha uma placa escrito “psicologia” – Obrigada pela companhia.

Matheus voltara para o saguão da Eruptidus um pouco feliz, talvez melhor do que ele estava antes. Não só por ter pensado um pouco, mas porque ele arranjara uma nova amiga, e quem sabe, essa amiga, mudaria tudo.

***

O resto do dia fora cansativo para alguns e preguiçoso para outros. A noite chegou e todos os alunos foram para suas respectivas irmandades.

A sexta-feira chegou bem ensolarada, era o último dia da semana e todos estavam animados – não só pra o grande jogo que ocorreria amanhã, mas também pelo fato de ser sexta-feira –.

Bruna, Virgínia e Julia decidiram estudar, as provas seriam na segunda-feira e elas nem haviam estudado.

– Só temos dois dias – Virgínia diz.

– Fora que, sábado tem jogo e temos que torcer – Bruna disse.

– Isso tudo é culpa da Gina, se não tivéssemos passado a semana toda sem fazer nada, não estaríamos nessa situação – Julia diz.

– Ei! Na hora do tutstuts você não reclamou – Virgínia disse rindo.

***

Lyn, Sara, Americo, Ingrid, Stefani, Tico, Áxel, Paulo, Rick, Bah e Gabi estavam no jardim da universidade, todos decidiram jogar verdade ou desafio – após um grande piquenique que acontecera ali, estenderam todas as toalhas possíveis e sentaram-se para o jogo. –

– Eu começo – Paulo diz e gira a garrafa, a mesma cai em Americo. – Verdade ou desafio?

– Desafio, é claro.

– Hm, desafio você a beijar a Ingrid – Paulo disse, era previsto que ele desafiaria isso. Americo ficara surpreso, mas era aquilo que ele queria há tempos. Ingrid, porém, olhou para Stefani e ambas começaram a rir.

Americo se aproximou de Ingrid segurando sua nuca, deu-lhe um beijo que durou aproximadamente uns dois minutos, até que Tico os separaram.

– Sua vez, Lyn – Lyn girou a garrafa e caiu na Gabi.

– Verdade ou desafio, Gabe? – Lyn diz.

– Verdade.

– Hm... Disseram-me que você tem planos a serem colocados em prática, que planos são esses? – Gabriela encarou Ricardo por um momento.

– Não é tecnicamente um plano – mente ela. – Na verdade, fiquei encarregada de fazer um slide para a universidade, o próprio reitor me pediu. Não é nada demais.

– Sim – encobertou Rick. O jogo seguiu, Gabriela girou a garrafa e a mesma caiu em Sara.

– Oi Sarinha – ela sorriu. – Verdade ou desafio?

– Verdade.

– Depois que as placas do banheiro foram trocadas, por um acaso do destino, o que houve lá dentro? – Gabriela perguntou e Sara arregalou os olhos.

– Eu tomei banho, e então, um garoto entrou, Áxel, na verdade. Mas ai, eu me vesti e fui embora – Sara disse e olhou para o chão girando a garrafa caindo em Bah. – Verdade ou desafio?

– Desafio.

– Desafio você a pegar alguma garota – Sara disse. – Não precisa ser agora, mas eu te desafio! E você precisa cumprir na minha frente.

– Sem problemas – Bah diz, embora esteja se roendo por dentro. Então gira a garrafa, a mesma cai em Lyn. – Hm, verdade ou desafio, Linnoca?

– Verdade.

– Ã... Com quem você se encontra atrás do galpão? – Lyn ficara vermelha.

– Ninguém! – Lyn diz.

– Vimos você se encontrando com um garoto lá, não minta.

– Lyn! – Sara diz.

***

O sábado chegou ensolarado, mas o tempo não condizia muito com o que os garotos estavam sentindo em seus estômagos. A universidade vizinha chegara com mais de três ônibus lotados e, os alunos da Dazer já estavam na frente para recebê-los calorosamente.

– Aquela menina – Ana aponta e diz alto – se chama Ana Chagas, ela já é ridícula e ainda tem o nome de uma doença. – Letícia ri.

– E o seu sobrenome? Dá pra invocar o demônio, né. Apesar de que o demônio já está aqui, bem na minha frente – Ana Chagas disse.

– Não me lembro de ter jogado milho pra você estar vindo aqui – Ana disse. – Com licença, não quero pegar sua doença.

– Não sei aonde você vai chegar desse jeito!

– Perto de ti que não vai ser – Ana disse saindo junto com Leti.

Ana e Leti saíram seguindo para o grupo. Jay, Sté, Ana Moreira e Felipe estavam sentados perto da cantina.

– Eu ainda não entendi como vamos fazer – diz Ana, confusa.

– Não tem esse lance de “vamos” – Felipe diz e Ana o encara. – Você não vai.

– O quê?! – Ana diz. – Eu tenho que ir!

– Não, eu e Ney já combinamos. Você e a Leti ficam fazendo cobertura.

– Por que sempre eu e a Ana? – Leti diz. – Vocês sabem que não nos damos bem e sempre colocam a gente para fazer a mesma coisa, olha, não sou obrigada.

– Leti, foca aqui -briga Stefani. – Voltaremos antes do fim do jogo. Agora vão!

– E voltaremos com o Quak! – Jay disse e os quatro seguiram.

Ana e Letícia decidem entrar, então, no campo. As arquibancadas estavam quase lotadas e, todos os alunos da universidade Wafox Harley estavam animados.

– Vocês viram a Ana? – Natália Sofia viera correndo abordando Ana e Letícia.

– Não – Ana diz. – Pra que você quer falar com ela?

– Eu preciso dela! – Natália sai correndo deixando Ana sem respostas.

Natália estava tão desesperada atrás de Ana, que isso meio que denunciou o quarteto. Não tão longe dali estava Rose e Jamille, as duas já haviam sacado o que estava sendo feito.

– Eles foram mesmo roubar o pato? – Rose diz. – Não acredito.

– Espero que isso não piore pra nós – Jamille diz. – Já basta ter ficado um mês de detenção. Se formos descobertos dessa vez por causa de um pato...

As duas se olharam e saíram, mal sabiam elas que estavam sendo observadas por nada mais nada menos que, Jean – o mesmo entrou para o campo bufando de raiva.

– Jean, estava atrás de você! – O treinador da Wafox Harley diz. – Fique aqui no campo, as líderes vão apresentar agora e após a apresentação, o jogo começa – Jean assentiu e entrou para o campo.

As líderes de torcida entraram – usavam uma roupa curta e todas estavam lindas. – Bruna, Hanna, Sara, Clara, Sara Cirino e Vitória entraram batendo palmas. A música começou a tocar e todos da plateia gritaram animadamente. Quando as seis foram formar uma pirâmide, Ana ficou entusiasmada, não por causa da pirâmide que estava se formando, mas sim porque ela estava doida para derrubá-la.

– Linda essa pirâmide, seria uma pena se alguém derrubasse – Ana disse.

– Duvido – Leti diz.

– Duvida o quê?

– Você derrubar – Leti ri. – Eu ajudo.

Ana a olha e aceita o desafio, quando a pirâmide estava formada e a música acabou, Ana correu e esbarrou em uma das garotas, Leti veio em seguida e então, a pirâmide caiu. Todos da arquibancada caíram em risada, inclusive Ana e Letícia. Sara, que estava lá em cima, caiu no chão feito uma gota de chuva, que parecia ter se desmanchado ao cair. Vitória, que também estava lá em cima junto a Sara caíra em cima de três pessoas que estavam ao lado e uma dessas pessoas era Matheus. O mesmo a ajudara e os dois subiram para a arquibancada. As demais garotas se levantaram e olharam para Ana.

– Me desculpem! Não vi vocês! – Ana disse ingênua.

– Podia ter acontecido um acidente, sua destrambelhada! – Sara gritava.

– Ei, calma – Áxel chegara e a envolveu com os braços. – Eu te levo até a enfermaria.

– Eu estou bem, Áxel. Podes ir jogar.

Ana e Letícia saíram dali rindo feitas hienas, e foram surpreendidas por um barulho que indicara que o jogo estava prestes a começar.

– Netto, Matheus, Alexandro Gorran, Matheus Gomes, Áxel, Paulo, Lucas Bittencourt, Lucas Arruda, Guut e Wenzo – o treinador lera. – Vocês entram em campo.

– Haverá substituições? – Arruda perguntara.

– Só se um de vocês for morto – o treinador levantou-se e colocou a mão no meio da roda que se formava. – Bom jogo, garotos. Vamos mostrar pra eles como é que se joga.

Os onze garotos entraram em formação em meio às gritarias e vaias. Logo após entrara o time da universidade Wafox Harley, consistia com garotos de quase dois metros e corpulentos.

O juiz apitara.

A bola fora tomada por Netto, o mesmo fora surpreendido por um garoto alto e magro que tomara a bola dele. Os primeiros dez minutos de jogo foram difíceis, até porque os garotos não sabiam o que iam encarar.

Áxel estava prestes a fazer gol, com quarenta e dois minutos do 1° tempo, mas um garoto veio correndo e lhe deu um carrinho, fazendo com que Áxel caísse no chão com um tornozelo torcido.

– Calma! Calma! – O treinador se aproximara. – Você está bem, filho? Pode continuar?

– Não... – ele dizia se mexendo. – Está doendo muito!

Levaram Áxel e o time de Hollow Spirit estava com um jogador a menos. O treinador mandara chamar Michael o mais rápido possível.

Matheus começara com a bola, e então foi empurrado por Jean. Matheus caíra no chão e o juiz dera cartão amarelo para o Jean.

– Eu sei que vocês querem roubar o pato, mas vocês não vão conseguir – Jean disse para Matheus e o mesmo não entendera nada.

Os alunos de Wafox Harley estavam apelando para a violência à metade do jogo. Wafox Harley já havia feito três gols, e Hollow Spirit estava com dois.

Lucas Arruda passara a bola para Lucas Bittencourt, o mesmo jogara para Matheus. Matheus não vira e nem sabia, mas Michael veio correndo tomando a bola do mesmo. O juiz apitou. Os dois eram do mesmo time.

– VOCÊ É MUITO LENTO, CARA! – Michael gritara.

– POR QUE DIABOS VOCÊ ROUBOU A BOLA DE MIM? VOCÊ É DO MEU TIME! – Matheus gritara de volta.

Por um momento, ambos se encararam. Não podia ser verdade, não era verdade que, ambos irmãos estavam na frente um do outro brigando como se fossem desconhecidos. Michael arregalara os olhos por um momento e quando teve a chance de abrir a boca pra falar, foi surpreendido.

– MICHAEL BLAKE, CARTÃO AMARELO! – Então foi concreto, o garoto que estava a sua frente era realmente o seu irmão. Matheus ficara atordoado por alguns segundos, enquanto Michael era retirado do campo, Matheus não conseguia pensar.

O resto do jogo foi uma verdadeira vergonha para a Hollow Spirit, levaram mais um gol e, Matheus não conseguia se concentrar. Os garotos roubavam a bola dele facilmente enquanto ele não fazia nada. O técnico ia à loucura, logo Matheus Blake? Um dos melhores do time?!

O jogo acabara 5x4 para a Wafox Harley, a multidão foi à loucura quando o juiz apitou indicando que a Wafox Harley havia ganhado.

A metade do pessoal voltara para suas mansões. Todos estavam bem desapontados, embora estivessem esperançosos que ganhariam, toda essa esperança fora por água a baixo em questão de segundos.

Os jogadores voltaram para os vestiários, Matheus correra e não conseguia ver Michael em nenhum lugar. Sua cabeça estava estourando e ele estava confuso, não sabia o que vira. Mas quando ele viu, um garoto baixo, com óculos – que estavam sendo colocados no mesmo instante –, com uma blusa com suspensório e com os cabelos pra cima. Ele soube. Era o seu irmão.

– Michael... – Matheus disse e Michael olhara para ele, automaticamente um sorriso apareceu no rosto de Michael, ele não ligara que Matheus estivesse sujo, suado e tudo o mais. Ele só queria abraçar o irmão, o abraço talvez, mais verdadeiro que eles já tiveram em toda a vida. Michael, por um momento, não acreditou que, com um acaso do destino os dois se encontrariam. Na verdade, segundo Michael, ele achava que nunca mais encontraria o seu irmão. Mas Matheus ainda tinha esperança, a sua esperança nunca havia morrido. Talvez fosse essa esperança e essa fé de Matheus que fizera com que os dois se encontrassem novamente.

– Você está mais magro – Michael disse. – Não anda comendo, Sr. Blake?! – brinca ele.

– Tenho que manter meu corpinho, você acha que é fácil ser um pitelzinho assim?

– Eu não acredito que isso está acontecendo – Michael diz sem acreditar mesmo. Como explicaria para Matheus coisas que ele logo descobriria?

– Nem eu! E adivinha só quem eu encontrei aqui, a Naty – Michael ficou branco.

– Ã... A Naty? Que legal! – Michael disse.

Michael e Matheus conversaram algum tempo e Michael disse que tinha que ir.

Matheus estava triste, vira o desinteresse nos olhos do irmão. Voltava, então, sozinho pelo campus, e encontrou Vick.

– Está triste, gafanhoto? – A voz de uma garota soa pelo ar.

– Vick? – Matheus pergunta. – Ah, nada.

– Eu faço psicologia, Jacarango. Eu sei exatamente quando alguém está passando por algo.

– Já passou por uma situação de não ver alguém por anos e quando vocês se reencontrarem você não ver a reciprocidade da saudade vindo da pessoa?

– Não, mas deve ser horrível. Você reencontrou alguém?

– Sim. E ele, sei lá, não parecia...

– Satisfeito em te ver?

– Não parecia... – Matheus tentara encontrar a palavra. – Feliz.

***

Insatisfeitos com a derrota, os alunos da Dazer afogam a raiva na tequila, na música e nos dardos que atingem o alvo com força. Eles estão a fim de espancar os culpados pela derrota, mas como ainda não podem, descontam a violência falando uns com os outros.

Estava rolando uma discussão feia na sala, até que o barulho de porta sendo aberta fez com que todos se calassem.

De repente, Felipe entra com um pacote na mão, seguido por Ney, Jay e Sté.

– O que ela faz aqui? - questiona Ingrid após Ana Moreira entrar. - Ela pertence à Mercure. Não é bem vinda aqui. Principalmente depois que ficamos limpando tudo durante uma semana.

– Afrouxa a cinta e toma um drink - diz Felipe. - Ela está aqui porque me ajudou a pegar algo.

O que está dentro do pacote, seja lá o que for, se move violentamente, querendo sair.

– Deixa eu adivinhar - Jamille surge da multidão -, esse é o pato da Wafox Harley?

– Correto - diz Jay.

– Como conseguiram? - pergunta Bah.

– É uma história longa - diz Ney.

– Ok. Então comecem a contar.

– Bem - diz Felipe -, foi mais ou menos assim:

"Quando o jogo começou, todos se encaminharam ora torcida. A não ser eu, Ney, Jay e Sté. Depois pegamos um carro 'emprestado' e fomos direto para a Wafox Harley. Lá estavam dois torcedores tomando conta de um pato, esperando o time voltar. Jay e Sté distraíram os torcedores enquanto eu e Ney roubamos o pato. Eles perceberam, mas aí já era tarde de mais e estávamos partindo. Depois recebemos a ligação de Leti, que tinha ficado aqui com Aninha e estava encarregada de nos avisar caso algo acontecesse. Aí viemos pra cá e aqui estamos agora."

– Ok. E onde ele vai ficar? - pergunta Isadora.

– Pode ficar no quintal da Dazer - diz Leti. - Ninguém o usa mesmo.

– Dá pra soltar esse pato? Vai acabar matando o animal - diz André.

Felipe solta-o e muitas coisas acontecem ao som de risadas. O pato pula para fora do pacote, soltando penas e derrubando tudo. Depois sai correndo e todos tentam agarrá-lo, até que Guut consegue.

– Pegue... AAI! - exclama ele, após o pato mordê-lo e se jogar de seus braços.

Guut está prestes a chutar o pato quando Ney grita:

– NÃO MACHUQUE O QUAK!

As risadas que ainda não tinham acabado retornam com a mesma frequência. Parece que o pato tirou a depressão pós-jogo que estava no local.

Por fim, João Coelho e Davi agarram o pato e o deixam em um cercado nos fundos. Ney se arruma para sair.

– Por acaso nenhum deles seguiu vocês, né? - pergunta Didi.

– Não - respondeu Ney.

– Então está tudo ok. Perdemos o jogo, mas eles perderam o mascote.

– Isso - diz Ananey. - NÃOVAITERQUAK!

Por fim, Ananey se despede e volta para sua irmandade. Os alunos da Dazer resolvem madrugar e colocam o som no volume máximo.

***

O dia seguinte fora desanimado, talvez o pior domingo do ano. Todos estavam desanimados, exceto Americo, ele nunca está desanimado.

– Prazer meu nome é Vânia – começou Americo.

– Não, seu nome é Americo – disse Barbara.

– Quero te conhecer.

– Você já me conhece! – diz Sara.

– Procure no orelhão, que tem recado pra você... – ele encenava uma dança.

– Que orelhão?! – Lyn disse.

– Vem aqui no morro...

– Que morro?

– ME DEIXA CANTAR! – Americo disse. - Pele de veludo, boquinha de algodão, não tem comparação, é só satisfação...

Lá de longe avistaram Matheus e Felipe. Os dois estavam conversando um pouco sobre Michael, e Lyn gritara “Felipe”.

– Oi Lyn – Felipe disse dando um abraço na irmã e cumprimentou as demais pessoas com um aceno.

– O que estão fazendo? – Matheus disse.

– Aturando o Americo cantar – Bah disse.

– Ele tá cantando Vânia?

– Sim.

– O Tico está dando aulas de matemática para a Triza – Lyn disse. – Ele é burro, como pode fazer isso?!

– Lá no orfanato uma amiga costumava dar aulas para o Matheus – Felipe disse e todos o olharam.

– Hã? – Todos, exceto Matheus disseram ao mesmo tempo.

– Orfanato – Felipe disse obviamente. – Viemos de lá. Orfanato de Spooderith.

– Espera, o Matheus veio de lá? – Americo disse.

– Nós dois viemos – ele continua sem entender. Lyn é a primeira a levantar seguida por Sara. As duas estavam tão magoadas que não conseguiram nem olhar nos olhos de Matheus. Em seguida, fora Americo. Toda aquela animação cotidiana do amigo parecia que fora embora no mesmo segundo. Barbara ficou por um instante, ela encarou Matheus por uns segundos. Felipe não entendera nada. Então Bah saiu.

– Obrigado – Matheus disse para Felipe e correu atrás de Barbara.

– Chatonilda... Desculpa-me. Eu ia falar pra vocês, mas eu tive medo de vocês não me aceitarem. Eu simplesmente achei que vocês me odiariam...

– Não me chama assim, Matheus – Barbara disse. – Eu nunca te odiaria por você ter vindo de um orfanato. Pelo contrário, eu teria respeito por você, mas depois de todos esses anos você vem me escondendo isso, e sabe a conclusão que eu cheguei? Que você é um mentiroso.

– Chatonilda...

– Matheus – Barbara finalizou. – Não existe mais Chatonilda e Chatonildo. Não existe mais Americo, Lyn, Sara, você e eu. Acabou.


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