Hollow Spirit - Tudo termina onde começou escrita por SEPTACORE


Capítulo 17
Você de novo?


Notas iniciais do capítulo

Enfim esse caralhudo voltou o/



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Por um acaso, nas últimas semanas que se sucederam, vários grupos foram separados. Alguns se formaram e fora como se tivessem sido amigos há anos atrás.

As coisas estavam fluindo na detenção da Irmandade Dazer, o reitor dera lição para todos eles. Boa parte do grupo ficara com o trabalho de pintar a quadra, já outros ficaram de limpar os banheiros, o que era horrível porque 1) os banheiros eram sujos e 2) para alguns não era um banheiro e sim um entulho de fezes e 3) os Mercure estavam sujando o banheiro mais do que o normal – de propósito.

Naquela noite, depois de uma semana, era a vez de Letícia e Ana lavarem o banheiro das meninas do segundo andar. Pela segunda vez, as duas estavam cumprindo detenção juntas, e acredite, não houve briga durante um tempo – um tempo.

– Terminei! – Ana exclamou com felicidade.

– O primeiro Box – Letícia ri –, agora tem mais 15.

– Que a sorte esteja sempre ao nosso favor – Ana levantou-se e foi andando ao próximo Box e alguém adentrou o banheiro. – NÃO PISEM NESSA PORRA – as três meninas, Ingrid, Dani e Bah adentraram o banheiro.

– Espera! – Dani diz.

– Mas como isso é possível? – Bah ria.

– Vocês duas, no mesmo cômodo, e ele não explodiu? – Ingrid diz e as três caem na gargalhada e um barulho do outro lado do banheiro – que era enorme – chamou a atenção de todas. Letícia fora até lá e viu uma menina limpando o chão como se ela fosse da Dazer e como se fosse o dever dela.

– Quem é você? – Letícia diz. – É... Quer dizer, que bom que você tá limpando, tchau.

– Que legal, temos elfos – Ana diz se aproximando.

– Meu nome é Clara, e eu não sou tua elfo – ela se levanta. – Eu sou da Dazer agora, e como cheguei atrasada, tenho que cumprir detenção por algo que não fiz. Agora se me dão licença, vocês estão me atrapalhando.

– Querida, a partir do momento que você abriu a boca, você já estava atrapalhando – Ingrid disse.

– E você, está fazendo algo? Ah tá. Diferente de você, eu não fiz nada e estou ajudando, mas você não pode dizer o mesmo– Ingrid a olhou com uma cara de que não perderia tempo com algo tão insignificante e voltou para quadra junto a Dani, aquilo estava sendo longo e cansativo, e não estava nem no começo.

***

Como estavam todos livres das aulas, algumas irmandades se misturaram para fazer: nada. Matheus e o seu fiel grupo – Sara, Linna, Julia, Triza, André, Bruno – novos integrantes – e Americo – estavam na quadra. André, Bruno, Americo e outros garotos de várias irmandades jogavam animadamente, enquanto Matheus e o resto das garotas ficaram sentados esperando nada acontecer.

– Aquele menino que está a jogar é tão lindo – Sara diz.

– Tem mais de dez meninos jogando, Sara – Julia diz.

– Qual deles? – Lyn se levanta enciumada.

– O do time do Americo.

– SARA! – As duas falam em uníssono.

– Tá bem, tá bem! Seu nome é Áxel.

– Você já descobriu o nome do cara? Safada – diz Julia, que cai na gargalhada com Lyn.

– Estava andando pela biblioteca, por algum acaso...

– Você sempre está andando pela biblioteca, não tem essa de acaso – Matheus entra na conversa.

– E eu o vi lá – Sara continua sem dar a mínima para Matheus, desde que os dois ficaram não existe mais aquela amizade. – Eu queria conversar, mas fiquei com vergonha e então foi como se a bibliotecária tivesse lido a minha mente e foi até ele e perguntou algo que eu não estava a entender muito bem, porém ela disse Áxel bem alto.

– E você apaixonou? – Brinca Matheus com cara de deboche. – Ah, por favor!

– Não, não exatamente. Eu o achei interessante, só isso. – Ela disse. – E o que isso tem a ver com você, Matheus?

– Não acho que deve sair dando em cima de qualquer cara! – Protesta ele.

– Eu não estou dando em cima de ninguém! – Matheus virou para o canto, enciumado.

– Quer ter um lazer garantido com ele, né? – Julia diz rindo histericamente.

– Julia! Você é tão ridícula – Sara ria e deitou-se no colo de Matheus e ficaram observando o jogo.

Americo estava com a bola e prestes a marcar um touchdown, arremessou a bola e a mesma voou tão longe, acertando em cheio uma janela – mas não uma janela comum, era a janela do reitor. – A farra durou uns minutos, até o tal descer furioso.

– Quem foi? – gritou ele. – Vocês são uns moleques! Não sabem jogar civilizadamente, não é? Vou tomar medidas drásticas e suspender o futebol durante um ano, aí vocês terão que brincar de comer grama.

– Que tipo de pessoa brinca de comer grama? – Tico, que agora descera da arquibancada disse. – vários garotos riram e Americo se entregou.

– Você, rapaz. Venha comigo – Matheus vira aquilo, e saiu correndo fazendo Sara bater a cabeça.

– Ai, Matheus! –grita ela.

– Desculpa, preciso ver o que houve. Encontro vocês mais tarde – Matheus fora andando pra atrás da universidade.

– Ei, espera – uma voz masculina, a voz de Tico soou atrás dele.

– Oi Tico – Matheus disse –, estou ocupado agora, desculpa.

– Não, eu to indo pra trás da universidade, pra onde você está indo, quero ver o que houve com o Traveco.

– Traveco? – Matheus ri. – To indo ver o que houve com o Americo!

– Sim, o Traveco. Vamos. – Os dois seguiram juntos até onde havia a janela quebrada, ficaram lá, esperando que Americo e o reitor chegassem, para assim, ver o que aconteceria.

– Traveco? Pera, você conhece ele? – Matheus pergunta, porque nunca vira os dois juntos.

– Somos irmãos! Próximos até demais – Tico diz.

– Hm, ele é meu amigo também, desde pequeno, há anos, na verdade – se gaba Matheus. – MEU amigo – ele ri. – Mas então, Tico. Como vai a vida?

– Estou mais feliz do que nunca com o meu namorado, e você?

– Deram certo? Ai, não acredito.

– Mais do que certo, eu o amo. Ele apareceu do nada, sabe. Em meio a tanta decepção e se tornou tudo! Tudo que eu tenho – Matheus sorriu e ouviu um barulho vindo de dentro da sala.

Americo entrou na sala do reitor e ela era enorme, uma mesa no centro da sala cheia de canetas – ele realmente gostava de canetas – e as poltronas grandes e confortáveis. O reitor mandara ele se sentar e o mesmo o fez. O silêncio reinou por um tempo, e Americo quis quebrá-lo.

– Reitor, eu sinto muito – ele disse –, posso ligar pros meus pais, eles podem pagar.

– Americo, olhe o seu tamanho, um garoto dessa idade tem mesmo que quebrar janelas?

– Eu não vejo o futuro, senhor. E eu tenho seis graus em cada olho.

– Meu Deus, meu rapaz! Você é meio cego, hein?! Libero-te porque tenho que receber um garoto agora pra entregar umas coisas. Ligarei para o seu pai mais tarde, tenha cuidado.

Americo assentiu e se retirou. Matheus não vira, mas Tico já havia saído e ele ficara lá olhando, sem nem perceber que outro garoto já adentrava a sala – e não era Americo.

– Michael Blake? Aqui está sua licença – o coração de Matheus gelou –, agora você está oficialmente na universidade.

Matheus saíra correndo na mais rápida velocidade que ele conseguiu, quando chegou à porta da sala do reitor e abriu-a ofegante. O reitor se assustou, não havia ninguém na sala, somente ele.

– O que foi meu rapaz? – Ele olhou em volta.

– Nada, reitor... Desculpe-me – ele saiu cabisbaixo, será uma alucinação? Ele correu tão rápido para chegar lá e se decepcionar. Ou será que Michael Blake está na universidade de Hollow Spirit e que finalmente os dois irão se reencontrar?

***

Matheus nunca ficara tão atordoado, quando voltara para junto do pessoal, Americo contava animadamente como se safou da detenção.

– Ele disse que dessa vez vai deixar passar. Eu disse pra vocês que os humilhados serão os exaltados – ele diz.

– Como você é burro, migs – uma voz atrás dele não negava, era Stefani.

– Téfis! – ele correu e a abraçou. – Espera! Como você sabe?

– As notícias correm – ela ri. – Ah, essa é minha amiga, Ingrid.

– Olá Ingrid – ele falou com tom de malícia, a mesma o olhou de cima a baixo.

– Olá Americo – ela se fez de durona, mas quando saiu junto com Stefani deu um riso.

– Hmm, apaixonou foi? – Sara diz.

– Ela é incrível, olha.

– Calma, pequeno gafanhoto – Julia disse. – São muitos apaixonados por aqui, que isso?!

Os três passaram um tempo rindo e se esqueceram de Lyn e Matheus, os mesmos estavam calados, Matheus estava em choque ainda e Lyn estava deprimida.

– O que você tem Lyn? – Math pergunta.

– Ah, Math, eu to bem.

– E mente muito mal.

– Ok, é o mesmo assunto daquele dia, está bem? Só que só você sabe. Ninguém mais! E eu não quero preocupar as meninas – Matheus se lembrara da história do Megazord, do menino chamado Felipe e pensou em algo.

– Lyn, você confia em mim?

– Claro.

– Se eu te disser que conheço seu irmão, você acredita em mim?

– Matheus, você é louco? Para de brincar com a minha cara.

– Achei que a última pergunta que você respondeu fosse verdade – Matheus olha pra ela com um olhar superior.

– Como você o conheceu? Não pode ser! Foi em Spooderith, você nunca morou lá. – Matheus pensou em uma desculpa rápida.

– Tem razão... Lyn fique calma... Fica com as meninas, eu vou ao meu dormitório pegar meu caderno pra terminar as lições – mentiu Matheus. – Americo, vamos ali, gafanhoto.

– Opa! – Americo disse e se levantou seguindo-o.

– Cara, missão secreta 007, está bem? – Math diz.

– Claro, eu sou o Americo, esqueceu? – Ele faz um gesto com a mão. – Sou sigiloso. Mas espera, chama o Traveco. Sabia que ele veio de um orfanato?! Quem diria, olha pra cara de metido dele. – Matheus gelou. Americo deu um grito e Tico se aproximou, Matheus não queria espalhar isso para tanta gente, ainda mais pra Tico, que sempre soube de toda a verdade.

– A Lyn tem um irmão, que fugiu quando ele era pequeno. Eu o conheci no orf... Na rua, e o levei pra minha casa. Eu virei amigo dele, o nome dele é Felipe e ele andava com um Megazord, mas aí ele foi embora e ela nunca o encontrou, e nem eu. Mas eu o vi, e ele está aqui, nessa universidade.

– Hã? – Tico disse. – Como assim?!

– Por favor, Tico – Matheus o olha. O mesmo assentiu.

– Quê? – Americo pergunta confuso.

***

A quadra estava praticamente toda pintada, o reitor exigiu duas mãos de tinta e eles haviam terminado a primeira. Felipe nunca trabalhou tanto assim, era quase escravidão. Ele, André, Coelho, João Pedro, Jamille, Jay e Elli estavam lá desde as sete da manhã. Isadlç e Davi estavam arrumando as arquibancadas.

– Busca mais tinta – Jamille ordenou.

– Vai você! – André disse.

– Você estava jogando futebol enquanto eu pintava isso tudo, você não fez nada, André – Jamille disse.

– Tá, eu vou.

O chão estava secando e todos saíram de lá, ouviram passos ligeiros e Matheus entrou na quadra, pisando na tinta fresca.

– NÃOOOOOOOOO! – Todos gritaram ao mesmo tempo.

– PORRA! NÃO VOU FAZER MAIS MERDA NENHUMA – Jay levantou.

– Calma, gente, foram só pegadas – Elli disse. – Eu passo a próxima mão, dessa vez.

– Desculpa pessoal! – Matheus disse, Americo ficara lá trás.

– Desculpa nada, vamos lixar ele – Coelho disse.

– Opa – João Pedro disse.

– Calem a boca – Felipe disse. – Oi Math, e aí?

– Fala, Fê! – Ele sorriu. – Tem um segundo?

– Tenho, claro – ele se levantou e foi até Matheus.

– Fê, você se lembra de quando o Mick achou você na rua?

– Você vai mesmo me lembrar disso?

– Não, você tinha uma família, como todo outro garoto, e você nunca me contou que tinha uma irmã.

– Como você sabe que eu tinha uma irmã? – Ele se senta.

– Qual era o nome dela?

– Ah... – Ele forçou pra lembrar, mas ele sabia de cor. –Linna.

– Puts – Matheus sorriu. – Sério?! – Ele fez um sinal para Americo e Tico, eles saíram correndo atrás de Lyn.

– Algum problema, Math? Se você me dá licença, eu tenho uma quadra pra pintar – ele diz e tenta se levantar.

– Não, espera!

***

– Lyn, vem aqui – Americo disse ofegante.

– Não, pra que?

– Por favor, Lyn. – Tico ofegava mais do que Americo.

–Não to afim. – Ela diz rindo.

– Vem logo, eu hein.

– Vem me buscar – ela ri e Americo se aproxima a colocando nas costas e levando.

– ME SOLTA, AMERICO! – Ela diz. – EU TAVA BRINCANDO, GAROTO. – Em meio a gargalhadas Tico e Americo a levam a caminho do irmão.

***

– Aquele ali é o Tico, lembra dele? E do lado é o Americo – Matheus diz apontando pros garotos.

– Hm, tanto faz. Para de me enrolar e fala logo!

– E aquela atrás deles, é a Linna, sua irmã – Felipe travou por um momento.

– Sabe o garoto que está falando com o Math? É o seu irmão – Americo diz. Os dois se olham, Lyn fica confusa, mas ela o observa atentamente, e a certeza cai sobre ela, era mesmo seu irmão! A mesma solta um sorriso tão grande e o mesmo retribuem. Lyn sai correndo e pulou nos braços do irmão, depois de anos, sem saber onde ele estava e como ele estava. A dúvida era até se ele estava vivo! Mas agora ele estava diante dela, nos braços dela e isso era a melhor coisa do mundo.

– Felipe? Meu Felipe! Do Megazord, do frango, o garoto que me enchia o saco está diante de mim – ela chorava. – Eu achei que você pudesse ter... Morrido.

– Mas eu estou aqui, não é? – Ele era alto, quem diria que era o mais novo?! Ela não quis soltar ele durante alguns minutos, aquele reencontro fez Matheus se lembrar do reencontro seu e de Mick, que nem aconteceu, mas ele já sente saudades.

– Como você viveu? C-como... – Lyn soluçava.

– Eu fiquei bem do lado do Math – ele olhou pro Math e sorriu. – Bem, lá no orf...

– Nós dois éramos unidos, quando o encontrei na rua, ele foi lá pra casa – Matheus o interrompeu, Felipe o olhou sem entender, mas continuou.

– Tínhamos amigos, era legal. Mas aí eu fui embora, e eu fui meio que “adotado” por um casal de americanos. E a melhor coisa que fiz, foi vir para essa universidade – ele abraçou Lyn mais uma vez. Matheus deu um último olhar a Felipe, tipo “Não conte nada.” E saiu junto a Americo e Tico.

– Que lindo – Americo disse. – Suor masculino escorreu pelos meus olhos.

– Aham, estava chorando igual um bebê – Tico diz rindo.

– Que mentira, sai daqui, Traveco – Americo diz rindo. – É muito bonita essa coisa de reencontro.

– É... Realmente muito – o pior de Matheus não poder falar isso a ninguém, é que ninguém sabia! Tinha Felipe, mas ele mudou tanto e Matheus não o reconhecia. Ele poderia arriscar conversar com Tico, mas sei lá, ele não queria muito. Então, restava guardar pra si. E esperar pra que aconteça.

Lá do alto da arquibancada, estava Michael. Na arquibancada da frente, se encontrava seu irmão. Era muita coincidência, mas nenhuns dos dois se encontraram e nem sequer se reconheceram.

Michael estava sozinho e um garoto – moreno, alto, o mesmo se chamava João Fray – se aproximara dele.

– E aí? – Ele se sentou. – Você é o Michael, né? Oi, me chamo João pé de macarrão. Você divide quarto comigo na Mercure, o reitor pediu pra te procurar e te levar até o dormitório, já que as suas malas ficaram no depósito, não é?

– Oi, Mercure?

– Sua irmandade.

– Que? Eu tenho uma irmã? Olha... Fora o Matheus, eu acho que não tenho outro irmão.

– Você é loiro por dentro?! Irmandade é tipo sua casa, seu grupo – João olhou assustado pra ele. Michael se levantou e o seguiu, indo para o que chamaria de quarto durante o ano.

***

– O quê? Linna tinha um irmão? – Julia diz feliz e desapontada.

– Sim, vocês me ouviram contando – Matheus diz mal-humorado.

– Que lindo, mas ela nem me disse nada – diz Sara meio triste. – Mas estou feliz por ela...

– Vocês tinham que ver como o plano do Math foi infalível. Acho que ele ganharia até da Mônica – Americo disse animado. – Falar em Mônica, vocês acham que eu deveria chamar a Ingrid pra sair?

– Tudo a ver, nossa – Tico diz. – Bicha, você é destruidora mesmo, hein?

– Olá – Triza diz.

Estávamos a te esperar! Até que enfim – Sara diz. – E Americo, penso que deves conhecê-la.

– Vou pra dentro, pessoal. Até mais – todos se despediram de Tico e o mesmo entrou.

– Vou conhecê-la se sair com ela, não é? – Ele diz o óbvio. – Então.

– Você não falou nem um minuto com ela e tá apaixonado?! – Matheus diz. – Aliás, quem é Ingrid? E você e o Tico estão próximos demais.

– Tá com ciúmes? – Americo disse. – Relaxa, ninguém vai tomar o seu lugar.

– Se arrisque Merico – Julia disse e sorriu. – Se você não se arriscar, não vai saber.

– Lispector, Julia – Triza diz.

***

Os alunos da Eruptidus não saíram muito naquela tarde, a maioria estava em seu quarto, mas uma boa parte estava no saguão. Erica assistia anime junto com Larissa. As duas se tornaram amigas em questão de dias e mais pareciam irmãs.

– Já percebeu que 100% dos animes, você espera o tão esperado beijo e ele só acontece no último episodio? – Diz Larissa.

– Nem sempre, mas olha só, esse é o momento crucial – Erica olhava atentamente.

Do outro lado do saguão, Vitória, Myllana e Vivian debatiam sobre psicologia. Segundo Myllana, as pessoas não precisam de ajuda para se sentirem melhores, se elas imaginarem que estão bem, elas vão ficar. Segundo Vivian, as pessoas deveriam expressar o que estão sentindo no papel, para um travesseiro, para a parede, mas nunca para um ser vivo. Segundo Vitória, você pode recorrer às pessoas em todas as horas, que é quando você deve se lembrar dos amigos e irmãos! E acima de tudo, nas pessoas em que você confia.

Álvaro finalmente encontrou um alguém que goste de ouvir a flauta, Éder apreciava a música como uma melhora na sua vida e sempre foi assim. Os dois se deram muito bom, tanto é que Álvaro, que fez amizade com alguns Dazers, preferiu ficar no salão tocando com Éder, a sair com os outros.

Victor, Henrique e Netto jogavam Resident Evil, para Netto era o máximo assim como para Henrique, porém Victor tinha um medo sobrenatural de zumbis, tanto é que quando chegou à vez dele, o mesmo deu um grito histérico.

O resto do pessoal, casualmente ficara lendo ou estudando, as provas seriam daqui um mês e meio, e muitos já estavam e preparando.

***

O pessoal da Vebnus se espalhou totalmente nesse fim de semana, uns foram parar até na Dazer porque não tinham o que fazer. Brenda ficara no saguão junto com vários outros alunos. Decidiu bordar um vestido, ela fazia suas próprias roupas, o que deixou Sara Cirino e Bruna ficarem curiosas para aprender também.

Virgínia e Hanna tiraram o dia para meditar. Hanna gostava muito dessa coisa de positividade e ela sempre ela muito modesta, ela tinha várias saias e presentou as duas com filtro dos sonhos. Virgínia adorou, mas logo decidiu ler e as duas se separaram.

Duda e Maria conversavam sobre garotos, as duas eram as mais pra frente da Vebnus. Os garotos poderiam ter medo dessas duas, porque quando elas queriam conquistar um garoto, eles eram conquistados em segundos.

Suuh passou o dia hibernando como uma panda. E Andriele foi a única que não quis se misturar, preferiu ficar lendo ou ouvindo suas músicas, enquanto Dio, do seu lado, pintava as unhas e arrumava os cabelos.

Os garotos da Vebnus eram aqueles tipos de garotos que poderíamos dizer que são lindos. Duda já paquerou Paulo e o mesmo cedeu.

Paulo, Arthur e Áxel estavam jogando UNO – o jogo que define se a sua amizade com a pessoa é verdadeira ou não.

– +4? – Paulo gritou. – Achei que você fosse meu amigo.

– Eu era até você jogar DOIS +4 – Arthur retrucou.

– Ah é? Veremos! – Ameaçou Paulo. – Sua vez, Áxel.

– Toma essa, Arthur – Áxel jogara três quartas +2.

– Eu desisto de jogar, vocês me odeiam – Arthur fez drama.

– Arregão – Paulo disse rindo. Arthur pegara todas as cartas e ria como um idiota. – Minha vez – ele jogou. – Você, Arthur.

– Eu volto o jogo – Arthur diz. – Ou seja, depois é você, Paulo! E eu jogo isso – ele jogou em cima da mesa quatro cartas +4 e três +2 e começou a rir. Paulo fizera uma cara de espanto e Áxel gargalhava. – Também te amo.

Timbó conversava com Tico pela primeira vez, quando Tico voltara junto com Áxel da quadra, Timbó estava sozinho e Tico decidiu, por pena, conversar com ele.

– Então você se assumiu? – Timbó disse animado.

– Sim, as pessoas me aceitaram, começando com a sua namorada.

– Ela não é minha namorada. Na verdade, sim. Mas estamos meio...

– Eu amo meu namorado, muito, e nunca faria isso com ele. Acho que só de pensar em partir o coração dele, eu preferia partir o meu! Mas enfim, isso depende da competência de cada um – Tico disse. – Falando nisso, preciso ligar para ele, até mais. – Tico se levantou e seguiu para o dormitório deixando Timbó perdido em seus pensamentos.

***

Mercure tiraram o dia para rir da Dazer, há anos as duas irmandades não se gostam e tem essa rivalidade. Mas como o ocorrido da semana passada, todos estavam animados porque finalmente eles foram pegos.

Ana Moreira e Natália tentavam conversar com um garoto, o novo, Mick, havia chegado à Mercure hoje e Ana se interessou nele.

– Eu vou, e você fala – Natália disse.

– Eu falo, eu abraço, eu faço tudo com ele – Ana brincou e as duas se aproximaram do garoto.

– Olá, você é o garoto novo? – Ana disse.

– É... Sou. – Mick disse. – Meu nome é Michael e o de vocês?

– Eu sou Ana, mas me chama de Ananey, Ney, me chama do que você quiser– ela maliciou e Mick gostou, porque o mesmo também maliciava tudo.

Rick, João Fray, Dan e Gabriela stalkeavam as pessoas, os quatro riam que faltava ar. Estavam tramando uma nova coisa, em breve estariam mostrando em um telão, fotos antigas, para toda a universidade.

– Gabi, entra no perfil desta daqui – Rick informava mostrando uma foto, a menina da foto era Erica Sousa. – E depois essa – era Ana Pfeifer.

– Entrando – ela começou a rir. – Olha essas fotos! Isso é hilário.

– Separa por Irmandade, vamos ferrar com a Dazer – Dan diz.

– Cuidado, eles não podem ficar sabendo – João diz. – Falem baixo!

– Cara, é a melhor coisa que eu faço e é a melhor que inventaram – Rick ri. – vamos mandar tudo isso pro pendrive e em breve eles terão uma surpresinha – Rick riu maleficamente e tirou o pendrive como se fosse uma arma.

– Já pegou de todos da Dazer? – Gabriela pergunta.

– Sim – Rick disse –, eles não sabem o que os esperam.

Matheus Gomes, Gabriel Kruguer e Lucas faziam músicas, os dois faziam funks hilários e envolviam todas as irmandades.

– Vem, vem a Dazer, lá tem muitos malvados, mas eles foram capturados – Matheus cantava, Lucas tocava um ritmo, Kruguer fazia beat box, e todos no salão riam. A Dazer seria zoada para sempre, porque a zueira não tem limites.

***

O dia na Dazer foi cansativo e monótono, todos os dias, depois desse, até que o reitor mandasse parar, seria a mesma coisa.

Ingrid voltara para o salão da Dazer naquela tarde com o braço doendo de tanto pintar a quadra. Ouvir aquelas palavras de Clara e olhar o próprio braço lhe fizeram refletir um pouco sobre como aquela menina não sabia de nada. Ela se sentou ao lado de Stefani, Dani e Bah e começou a pensar no “Olá” que dera a Americo, e automaticamente sorriu.

– Qual é daquele urubu que você chama de amigo? – Ingrid brinca.

– Ele é legal, deveria sair com ele – Sté diz.

– Pera, o Merico? Ele vai querer te atacar no primeiro encontro – Bah diz.

– Olha o seu tamanho, Stefani. Você não sabe distinguir se alguém é legal ou não – Ingrid diz.

– Vocês me descriminam, vou embora – Stefani brinca. – Mas ele sempre foi um bom amigo. Sempre. E você viu como ele olhou pra você, se bem que, ele é malicioso com todo mundo que vê, mas o olhar dele foi diferente, você viu com seus próprios olhos.

– E ele é um pitel – Dani ri e em seguida gargalha.

– Ah, não sei, eu to tentando ser legal com as pessoas, mas não tá funcionando – ela diz. – Elas querem me tocar e se enturmar, tipo, sai fora!

– Não sou boa com pessoas, nem gosto de contato físico – Bah diz –, mas o Americo é um bom amigo, e eu, Barbara Baptista, eu que nunca digo pras pessoas fazerem nada, estou dizendo pra você sair com ele.

– Algumas garotas da Mercure chegaram falando comigo, eu olhei tipo... – Dani disse, mas foi interrompida.

– Sai cu – Stefani disse. – Eu olho pra pessoa e digo: Sabe a barra? Não força ela.

– Vocês são aprendizes de cavalas, amo – Ingrid riu.

Jamille, Rose e as demais garotas jogavam um tipo de jogo maligno. Uma forca do mal. Tecnicamente, muito diferente da forca normal.

***

Letícia, Ana e Jay estavam andando pelos corredores e avistaram o reitor, o mesmo as encarava como se fossem lixos.

– Terminaram? – Ele disse.

– Tudo pronto, reitor – Jay disse.

– Muito bom, garotas! Amanhã darei novas coisas para todos vocês. Ah, e não é só um mês, é até eu dizer que acabou – ele disse se afastando.

– Alguém me tira daqui – Ana resmunga.

***

O sino tocara e indicara o jantar, todos foram diretos para o refeitório atacando a comida como se estivessem amarrados o dia todo. Matheus havia sido o último da fila e como sempre, todos já haviam sentado enquanto ele pegava a comida – que era boa, por sinal.

Matheus pegara a bandeja e virara com tudo colidindo em alguém com uma bandeja, a bandeja da pessoa saiu voando junto com ela – era uma garota, a mesma o encavara. – Ele ficara muito envergonhado, e ajoelhara recolhendo as coisas da menina. Porém, mal sabia ele, mas ela era a garota da vida dele, o amor que ele tanto estava esperando, e juntando as coisas dela ele viu uma coisa curiosa, uma ampulheta, era a sua ampulheta. Ele analisou a ampulheta, a menina o encarava. Ele levantou o rosto e a encarou. Seu coração gelou no mesmo momento, foi como se tudo passasse por sua mente, as brincadeiras no orfanato, as aulas de matemática, as risadas, e era só com ela que ele tinha esse momento, e agora ela estava aqui, diante dele, o encarando como se fosse uma estatua e a sua reação era a mesma.

– Na... Naty?


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