Immensity escrita por miojo


Capítulo 8
Penitência




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/48453/chapter/8

 

Seth

 

Meu coração tinha tomado o controle, e eu estava me deliciando com esse pecado tão bem cometido. Eu apertava sua cintura, e ela em resposta apertava ainda mais as penas em torno do meu quadril, me forçando a chegar mais perto.

 

Seus lábios eram tão doces e ao mesmo tempo tão ardentes. Eu não sei por quanto tempo isso vai durar, então tenho que aproveitar cada segundo, antes que a minha consciência volte a controlar meu corpo.

 

Uma de minhas mãos avançou em sua coxa, e ela não me impediu. Deixando que eu explorasse toda a extensão de sua coxa. Como desejei que ela estivesse de shorts ao em vez de calça, poder tocar a pele fina e pálida. Essa ideia me deixava ainda mais fora de mim.

 

Senti os lábios dela desgrudarem dos meus, me deixando como um viciado que pode tocar mais não pode usufruir da droga.

 

“Não pode continuar fazendo isso.” Ela falava baixo, a voz tremula. As palavras eram interrompidas por beijos pelo meu pescoço.

 

“Isso o que?” avancei em sua mandíbula, mordendo delicadamente.

 

“Me beijando.” Ela continuava explorando meu pescoço com a língua, o que me fez não dar importância para as palavras.

 

“ta bom.” Eu a puxei com força, meus lábios já tinham ficado tempo demais longe dos dela.

 

Ela não tentava me impedir, pelo contrario ela me mantinha preso junto a seu corpo. Era diferente de tudo o que já passei. Com as outras mulheres com que já estive foi tão automático, tão insensível, mas com ela é totalmente diferente. E tudo tão quente e vivo, mesmo eu sabendo que isso é errado.

 

Meu corpo estava pedindo pelo dela, mas essa tentação eu iria resistir. Eu não podia fazer isso com ela, tirar uma coisa tão valiosa, sabendo que não poderia levar em frente. Me lembro do dia em que ela chegou aqui, da discussão com o Steven, de quando ela disse que se daria a ele. ela esperou tanto tempo para oferecer isso a ele, e ela o ama. Eu não tenho direto de tentar arrancar essa parte dela.

 

Bateram na porta, batidas fortes. Lisa me soltou delicadamente, apanhando a colher com o brigadeiro. Ajeitei meu cabelo e fui atender a porta. Quil.

 

“Me da uma carona?” Ele entrou.

 

Eu tenho que ir trabalhar! Os lábios da Lisa tinham me entorpecido de tal forma que tinha me esquecido desse pequeno fato.

 

“Claro, deixa só eu pegar uma camisa.” Eu corri ate o quarto, estava atrasado.

 

“oi Quil.” Lisa o cumprimentou. Pequei minha camisa correndo e vesti.

 

“E francesa!” Quil não perdia essa mania de zoar a garota.

 

“Brigadeiro?” ela ofereceu.

 

“No café?” ele gargalhou.

 

“è bom.” Ela gargalhou também.

 

“Vamos?” Perguntei ao Quil, que já estava coma boca cheia de brigadeiro.

 

“Claro.” Ele abraçou a Lisa.

 

“Ate mais francesa.”

 

Me aproximei da Lisa, que ainda estava sentada na bancada, com as pernas entreabertas. Eu não podia beija-la outra vez, aquilo tinha sido um acidente, não se tornaria uma pratica, eu já estava me machucando o suficiente. Beijei sua face com delicadeza, e então ela me abraçou.

 

“Ate mais.” Ela pulou da bancada, saindo pela porta em meio a pulinhos.

 

Tranquei a casa, a casa inteira tinha o cheiro dela, eu próprio tinha o cheiro dela. Entramos no carro em silencio, Quil estava pensativo, encarando a estrada ate Forks.

 

“O que foi Quil?”

 

“O Steven.”

 

“O que tem?”

 

“Ele se nega a fazer as rondas, esta muito estranho. Ele ficou de pedir a Leah para deixar ele algum tempo sem rondas.” Quil encarava o asfalto.

 

“O que tem de mais?” Não entendia o porquê da preocupação.

 

“Ele teve um imprint, e ela corresponde a ele. era para ele estar rindo e não rosnando.” Quil é muito bom, quer sempre ver as pessoas sorrindo.

 

“Ele deve estar se culpando pela Lisa.” eu não conseguia pensar em outra explicação.

 

“cara, você lembra como o Sam se culpava, e nem assim ficava gritando por ai.” Dei os ombros.

 

“Não é problema meu.”

 

“Cara, não parece você. Cadê o Seth gente boa, que quer ajudar todo mundo?” Quil me olhava espantado.

 

“Eu só não gosto dele.” Eu senti um rosnado de formar.

 

“Ciúmes?”

 

“Talvez...”

 

 

POV – Lisa

 

Estava deitada na cama, assistindo televisão. Eu ainda me criticava por ter beijado o Seth hoje pela manha, isso não pode continuar, é para ele ser meu amigo, não meu amante.

 

Por mais que eu tentasse me condenar, um sorriso bobo estampava minha face. Era estranho isso. Era como ter um turbilhão de cores dentro de você, mas você só consegui pintar com o preto.

 

A campainha tocou, me levantei com calma, deve ser a Leah. Arrumei meu cabelo, e abri a porta. Me espantei quando dei de cara com Kita. O cabelo extremamente liso caindo sobre os ombros estreitos, os olhos pesados me encarando.

 

“Olá.” Ela disse seria.

 

“OI” eu não a odiava, mas eu a culpava, mesmo sabendo que não era culpa dela. Era um modo de diminuir minha raiva.

 

“Posso entrar?” ela estava com um semblante triste.

 

“Acho que sim.” Dei licença para ela, que entrou e se sentou no sofá.

 

O que ela queria? Eu não entendia o porquê dela estar aqui. Ela não conversou comigo desde que cheguei aqui, porque resolveu me visitar logo agora? Talvez ela tenha brigado com o Steven, ao algo assim.

 

“Desculpe-me, mas o que veio fazer aqui?” tentei não parecer grosseira.

 

“Conversar.” Ela me olhava nos olhos, não tinha medo da minha reação.

 

“Sobre?”

 

“Eu não sabia.” Ela enfim desviou os olhos negros dos meus.

 

“Como?” eu não estava conseguindo entender.

 

“Eu não sabia que ele tinha namorada, ele não contou a ninguém.” Ela olhava o vazio da janela entreaberta, procurando as palavras.

 

“Isso não faz diferença.” Encarei meus pés.

 

Ela não poderia ter impedido nada, é mais forte que todos nós. Ninguém pode interferir ou mudar, apenas tornar mais fácil. Apenas uma ligação...

 

“Claro que faz, eu teria mandado ele te telefonar.” Ela ainda não me olhava novamente.

 

Pela primeira vez, não consegui culpá-la. Eu sentia que ela era só mais uma vitima. Quem conseguiria resistir a um amor desses? Ela foi só mais uma peça, a peça prometida. Respirei pesadamente, as lagrimas querendo brotar.

 

“Tudo bem.” Eu me esforcei para não demonstrar fraqueza.

 

“Sabe que um lobo não pode mentir para seu imprint?” Ela perguntava com dor na voz.

 

“Sim.” eu estava me sentindo culpada por ter feito tal julgamento da garota.

 

“Ontem eu o perguntei como ele se sentia ao seu respeito.” Ela estava prendendo o choro.

 

“Não precisa dizer nada.” Eu não queria ouvir.

 

“Sim eu preciso.” Ela suspirou. “Ele te ver como propriedade.”

 

Eu não entendi ao certo o que ela quis dizer, mas sabia o quanto isso a fazia sofrer, então achei melhor não prolongar o assunto. O que ele sente ou deixa de sentir não muda em nada a situação

 

“Eu te invejo.” Ela levou as mãos ao rosto, secando uma lagrima.

 

“Você é o ser amado idolatrado, não eu.” Minha voz saiu fraca.

 

“Amada? Isso é algo forçado, ele não teve escolha. Já com você foi diferente, ele se apaixonou naturalmente.” Ela me olhou, os olhos marejados.

 

Não sabia o que dizer, não sabia se tinha algo para dizer. Minha cabeça tentando espantar as lembranças da dor que apunhalava meu coração. Não tinha sentido ela me invejar, eu não era boa o bastante para ser dele, e eu não sei mais se eu queria ser.

 

“eu queria algo forçado.” Eu desabafei, a ideia de ter alguém cuja a vida se baseia em mim me fazia delirar. Nunca mais ser abandonada.

 

“Não. Isso não é certo, as pessoas tem que ter direito de escolher. É tão magnífico quanto tudo acontece naturalmente, sem magia ou algo do tipo.”  Entre as palavras dela veio o rosto do Seth em minha mente.

 

“Ele escolheria você. Ele ainda quer escolher você.” Ela se levantou, eu não sabia o que fazer, então me levantei também.

 

Abri a porta para ela, ela me olhou por alguns segundos depois se virou, eu não podia a  deixar ir desse modo. Ela veio desabafar comigo.

 

“Obrigada.”foi a unica coisa que consegui dizer.

 

Ela sorriu forçadamente e começou a andar, fechei a porta em seguida. Encostei na madeira fria da porta, deixando meu corpo escorregar ate eu tocar o chão. Abracei minhas pernas, eu estava confusa, não sabia o sentido da visita, não entendia as palavras. Mas sentia uma dor sufocante no peito. A dor da culpa.

 

Eu sabia que o Seth gostava de mim, e  mesmo assim estava deixando ir longe de mais. Eu estava tirando a chance dele de conhecer alguma garota que não tivesse a certeza que iria ser abandonada outra vez.

 

Chorei por algum tempo, ate que alguém bateu na porta, me levantei e sequei as lagrimas. Respirei fundo. E abria porta, Seth. Ele sorriu e me abraçou, eu me senti ainda mais suja e culpada. O deixei entrar. Ele levantou uma sacola plástica.

 

“O que tem ai?” Perguntei me sentando na mesa.

 

“Batatas.” Eu sorri. Estava com fome.

 

Abrimos os pacotes e começamos a comer, estavam deliciosas.

 

“Você já se apaixonou?” eu perguntei, meu coração acelerou temendo a resposta.

 

“já tive namoradas.” Ele não me respondeu.

 

“Muitas?” não sei o porquê mais senti raiva das garotas, mesmo sem conhece-las.

 

“Não... três ou quatro.” Ele continuava comendo, só que agora não sorria mais.

 

“Um...” me calei, se ele não queria falar eu não iria forçar.

 

“O único foi o Steven?” ele me encarou serio, como se já soubesse a resposta.

 

“É.” Eu não queria falar sobre isso.

 

O silencio durou ate o fim das batatas. Seth estava pensativo, como se estivesse escolhendo as palavras. Me concentrei em não olhar em seus olhos. Eram doces de mais, era sossegado, era meu paradeiro.

 

“O que vai fazer hoje?” ele se levantou, jogando as embalagens sujas de gordura no lixo.

 

“Não sei.” Eu o ajudei a arrumar as sacolas.

 

“Quer ir ao cinema?” ele me encarou.

 

Não sabia se devia ou não aceitar, afinal eu não queria criar mais vínculos. Isso pode parecer um encontro se eu aceitar, mas nós costumávamos ir no cinema antes disso tudo. nós éramos bons amigos. Nós ainda podemos ser.

 

“Claro.” As palavras saíram sem a minha ordem, agora era tarde.

 

“Vai se arrumar, estou te esperando no carro.” ele sorriu e saiu.

 

Eu não sabia ao certo se tinha feito a escolha certa, mas eu sabia que não iria se repetir a cena de hoje pela manha. Nunca mais... eu estava me envolvendo. E eu não queria isso, eu não queria me envolver. Eu não podia, eu não suportaria. Ser massacrada duas vezes pela dor do abandono não seria suportável.

 

Tomei um banho e me troquei. O peso do medo em minhas costas, as duvidas, as cobranças, as conseqüências... tudo formando um enorme nevoeiro sobre minha cabeça. Estava ficando difícil entender o que se passava no meu peito, muito difícil...

 

Fechei a casa e fui ao encontro do Seth. Ele estava encostado na lateral do Impala preto, a jaqueta de couro envelhecido entrando em contraste com a pele avermelhada. Ele ergueu a cabeça devagar, aumentando o sorriso infantil a cada passo que eu dava.

 

Tudo se descontrolava, toda a minha idéia de ficar longe desmoronava. Meu coração acelerava, enquanto minhas mãos ficavam frias e úmidas. Uma enorme bola crescia em meu peito, explodindo em seguida. Com a explosão uma onda de felicidade se espalhava pelo meu corpo, cada músculo era inflado por tamanho sentimento. E então um singelo sorriso cortava meus lábios.

 

Essa batalha já fora perdida, no momento em que meu coração falhou ao toque de sua pele quente.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?