Sábado finalmente tinha chegado, ainda eram seis horas da manhã, mas minha ansiedade era tanta que eu simplesmente perdi o sono. León ainda dormia tranquilamente do meu lado, observei por um tempo ele ressonar e os movimentos que seu peito fazia enquanto ele respirava, eu sei falta do que fazer, mas para mim aquilo significava muito, ter León do meu lado depois de todos os obstáculos que enfrentamos era quase a melhor coisa do mundo, só perdia para ter ele, Elena e Damien comigo.

–O que você faz acordada há essa hora? –A voz de León me despertou dos meus devaneios e eu o encarei, com os olhos pequenos e os cabelos bagunçados, ele daria uma bela pintura.

–Perdi o sono. –Eu disse.

–Meu anjo, são... –Ele espiou o relógio na cabeceira da cama. –São seis horas da manhã, dorme só mais um pouquinho. –Ele disse e me abraçou.

–Não consigo. –Eu disse e senti León se afastar e me olhar, ele também tinha sentido o super chute que Damien havia acabado de dar.

–Ele tá agitado. –Encarou minha barriga e pousou sua mão sobre ela, e mais um chute veio. –Filho, pode ficar ai só por mais um dia?

–Estou começando a acreditar na Elena. –Eu disse rindo.

–Bom, de qualquer forma a gente leva as coisinhas dele e se a Lena tiver razão. –Sorriu e me deu um selinho.

–É. –Eu disse e fechei os olhos.

–Não consegue dormir. –Ele ironizou o fato e passou a acariciar meus cabelos, meu corpo todo reagia aos toques de León, fossem eles toques carinhosos e com a intenção de cuidar de mim, ou toques ousados e com segundas intenções, a impressão que eu tinha era que eu nunca conseguiria estar indiferente a um toque dele.

–Estou muito ansiosa. –Confessei de olhos fechados.

–Eu sei, eu também estou. –Ele disse e riu fraco me dando um beijo na testa. –Mas só um cochilinho.

–Uhum... –Eu disse e apaguei.

Acordei algumas horas mais tarde, já eram quase dez horas da manhã quando abri meus olhos e vi que León não estava mais ali do meu lado. Me levantei com certa dificuldade, minha barriga pesava notavelmente mais hoje. Fui até o banheiro e me tranquei lá. Depois de tudo feito, desci as escadas com cuidado e encontrei León e Elena na cozinha.

–Eu que quero fazer isso. –Elena disse autoritária.

–Tudo bem o projetinho de Violetta. –Ele disse e entregou uma colher a ela que começou imediatamente a mexer algo dentro de uma forma.

–Posso saber o que vocês estão fazendo? –Entrei na cozinha sorrindo.

–BOLO. –Elena prontamente me respondeu.

–Hum, de que? –Me aproximei observando o conteúdo da forma.

–Bolo de chocolate né. –Ela disse óbvia, aquela criança era uma comédia.

–E por quê? –Perguntei.

–Não tem um por que... A gente quis fazer o bolo. –León disse e me abraçou.

–Tem sim, é o bolo do Damien, porque ele vai nascer hoje. –Ela disse simples e voltou a mexer a massa. Encarei León séria e ele sorriu.

–Bom, eu vou ligar o forno. –Ele disse e foi até o fogão.

–Quer ajuda? –Perguntei.

–Quero. –Ela disse e sorriu para mim e eu comecei a ajudá-la a bater o bolo.

Depois de devidamente misturado colocamos ele no forno. Elena tinha feito um sujeira enorme em todo o chão. Ela disse que pegaria o pano para limpar e foi até a pia e puxou o pano que estava ali em cima, mas o pano estava em baixo de um pote cheio de água e ele virou a molhando completamente.

–Ahhhhh... Socorro eu vou morrer afogada. –Ela gritou e eu comecei a rir, ela me encarou e começou a rir junto.

–Vocês duas só inventam. –León disse e caminhou até Elena a pegando no colo.

–Vem bebita, mamá vai te dar um banho. –Eu disse e León me entregou ela e eu fui em direção ao banheiro. Aproveitei e tomei um banho junto a Elena.

–Você e o papai vão casar hoje. –Elena disse enquanto jogava água para cima.

–Sim... –Eu disse.

–E eu vou entrar levando as alianças. –Comemorou.

–Sim, e vai estar mais linda que todas as princesas. –A encarei e sorri quando vi que ela comemorou aquilo também.

–E o Damien? –Ela perguntou me encarando, fazia alguns dias que Elena não parava de perguntar sobre ele, e sempre reforçava que ele nasceria hoje, eu tinha começado a acreditar nessa possibilidade, afinal, crianças sempre sabem das coisas.

–Ele vai estar aqui na minha barriga. –Respondi.

–Mas ele vai sair hoje. –Ela disse e colocou sua mãozinha sobre minha barriga. Sorri com aquilo e coloquei a mão sobre a dela sentindo meu ventre duro.

–Acho que você pode ter razão. –Eu disse e pude notar que minha barriga estava mais baixa também.

–Eu vou dar um carro para ele. –Elena disse e entrou debaixo do chuveiro e começou a pular.

–Você vai acabar caindo. .-Disse rindo e ela parou. Saímos e nos vestimos, quando retornamos a cozinha León havia limpado tudo e estava tirando o bolo do forno.

–Viu, eu que fiz. –Elena disse e correu para se sentar na mesa.

–Claro que foi, se não nunca estaria tão lindo assim. –León sorriu e colocou o bolo em cima da mesa. –Tá quente, cuidado.

–Amor. –O chamei.

–Oi anjo. –Ele me encarou e caminhou até onde eu estava.

–Coloca a mão na minha barriga. –Pedi e assim ele fez, logo me encarou um pouco assustado.

–Está dura, e parece mais baixa. –Ele disse sério.

–Eu sei... –Respondi mordendo o lábio inferior.

–É... Ele quer ver a gente casando. –León riu e voltou até a mesa.

Eram exatamente 17:30 da tarde, eu estava pronta e me encontrava sentada esperando a hora para entrar na igreja. Elena estava linda e tudo ali também estava, eu não via León desde cedo, depois do café eu sai para o salão e não o vi mais, porém segundo Elena ele estava como um príncipe.

–Tá nervosa? –Francesca se sentou ao meu lado e me encarou.

–Demais, acho que só vai passar depois do sim. –Eu disse rindo.

–Mas vai dar tudo certo, você está maravilhosa. –Ela sorriu e me abraçou.

–Obrigada amiga. –Respondi e a abracei de volta.

Os minutos pareciam rastejar e a cada vez que eles viravam eu sentia um frio intenso na barriga. Até que as tão esperadas 18:00 chegaram e eu fui em direção a igreja, eu podia vomitar ali mesmo, tá eu sei, nojento, mas a pura verdade. Elena estava parada na minha frente e eu estava surpresa pela forma como ela estava se comportando. Meu pai do meu lado parecia estar pronto para ter um filho e eu queria rir, e chorar ao mesmo tempo. Até que as portas se abriram e revelaram a igreja cheia, com meus amigos e familiares, todos sorriam para mim, e minha tia Angie já estava quase se afogando de tanto que chorava, alguém ajuda ela. Encarei o homem da minha vida parado no altar, os olhos um pouco vermelhos e um sorriso maravilhoso no rosto, Elena não tinha exagerado ele estava como um príncipe, sorri e então percebi que varias lágrimas já rolavam no meu rosto, o caminho até o altar pareceu uma eternidade, e quando eu finalmente cheguei e segurei a mão de León meu coração deu um salto. O padre começou a falar, eu encarava feliz tudo aquilo, o meu sonho finalmente se realizando, eu seria agora, por completo de León Vargas.

–Violetta Castillo, você aceita se casar com León Vargas, para amá-lo e respeitá-lo por todos os dias de sua vida? –O padre perguntou.

–Sim, eu te aceito León Vargas, por tudo que importa no mundo, por tudo que não importa também, te aceito porque meu coração necessita de você e porque cada parte de mim chama por você. Te aceito na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza por todos os dias da minha vida, te aceito por você ter me dado os dois maiores presentes da minha vida, mas principalmente porque eu te amo com todo o amor. –Eu disse, chorava como uma criança, minha maquiagem já devia ter ido para o espaço. Elena se aproximou de mim com a cestinha das alianças e eu peguei a de León e a coloquei em seu dedo.

–E você, León Vargas aceita Violetta Castillo como sua legitima esposa, para amá-la e respeitá-la por todos os dias de sua vida? –Agora era a vez de León.

–Eu aceito você, Violetta Castillo Vargas, te aceito como minha legitima esposa, como minha melhor amiga, como uma parte de mim, a melhor parte mim. Prometo te amar e te respeitar acima de tudo, na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza, na alegria e na tristeza, por todos os dias da minha vida, e ainda que a morte nos separe eu vou continuar te amando, porque a gente é infinito. Eu te amo com tudo que há em mim... Meu anjo. –Ele disse, também chorava muito e olhou para Elena que nos encarava curiosa, ele sorriu e ela sorriu de volta, pegou a aliança que estava ali dentro e deslizou ela pelo meu dedo depositando um beijo em cima.

–Pelo poder a mim investido, eu os declaro, marido e mulher. –O padre declarou. –Pode beijar a noiva meu rapaz.

León sorriu e me deu um selinho demorado, me abraçou e sussurrou “Para sempre minha” no meu ouvido. A igreja aplaudia e a Angie agora parecia ter molhado o rosto de tanto que ela chorava, vi meu pai se aproximar e a abraçar enquanto sorria como um bobo. Eu estava radiante por dentro, acho que não tinha como eu estar mais feliz... Mas como eu digo, tudo tem como ser melhor, senti uma dor forte no ventre e levei minhas mãos até lá.

–O que foi? –León indagou assustado e me segurou.

–Acho que... Acho que o Damien cansou de ficar aqui. –Disse e fiz uma careta de dor.

–Não me diga que... –León disse e arregalou os olhos. –Hospital agora.

–Mamá... Que foi? –Elena perguntou me encarando.

–Filha... O que houve? –Meu pai se aproximou, a essa altura a igreja toda estava em silêncio tentando entender o que acontecia.

–Pai... Eu acho que... –Quando eu ia dizer senti um líquido escorrer por minhas pernas e logo em seguida o chão estava alagado.

–A bolsa. –León disse e me pegou no colo. –Ela precisa correr para o hospital. –Senti ele saindo desesperado de lá, em passou firmes e longos, a dor que eu sentia era forte e eu não conseguia ouvir nada do que as pessoas me diziam, a única coisa que eu consegui ouvir com clareza foi a voz de Elena... –“Eu disse que ele ia nascer hoje.”