Gêmeas Em Chamas. escrita por giovanacanedo


Capítulo 8
A vida é boa, Annie.


Notas iniciais do capítulo

Ok, ok. Eu sei que eu demorei, mas tentem entender, não está sendo fácil pra mim, como eu tento acreditar que não é com ninguém. Mas eu queria que soubessem que eu realmente queria escrever. Realmente queria. Mas coisas estavam empacando o meu caminho e eu precisava muito ser forte naqueles momentos por mais que eu desejasse largar tudo de mão e ir viver a vida da forma que eu sempre sonhei: Intensamente.
Eu não sei se vocês estão lendo isso, não sei se vocês se importam. Eu não sei e acho que nunca vou saber pq meu forte nunca é saber das coisas, é apenas entender de uma forma geral e sorrir. E essa também é uma das coisas que eu tento me fazer acreditar que é geral. Mas eu sei que não é, e sei que não é normal. E sei que as pessoas normais não entendem isso e julgam. Um ótimo exemplo é a minha família, que não aceita o caminho que eu quero. Passam o dia me julgando e dizer o caminho que eu devo seguir, onde eu devo pisar e quem eu devo andar. Mas eles não olham pra eles mesmos, eles não vêem o que eu vejo e tanto repugno. Eles não vêem as pessoas más que são. Punindo uma pessoa que apenas quer viver a sua vida de forma calorosa e que nem sabe quem é a gente, ou então alguém que é da família e que, assim como eu, notou quem eram eles, e se foi, por medo de ficar igual. E que eles tanto desprezam quando a pessoa liga pra dizer um "Oi" ou querer falar com o filho e com o Sobrinho. E acreditem ou não, não ficaram nada contentem quando eu, em uma reunião de família, joguei tudo o que estou escrevendo aqui na cara de todos eles. Talvez pq eu estivesse com medo, assim como meu primo, de virar uma marionete nesse jogo. E também pq eu estava farta de engolir suas críticas a minha pessoa e explodi dizendo tudo que eu queria dizer e na frente de quem estivesse ali: Eles são uns hipócritas, mas eu não sou e não aguento viver cercada por cobras. Não mais. Aturei demais. E eu percebi que já estávamos em um ponto críticos quando eu parei de me importar com as críticas, quando eu deixei de ligar se o fato de eu estar enfrentando uma autoridade máxima os deixassem desapontados. Eu simplesmente ignorei esse fato. E talvez eu seja uma má pessoa por isso. Ou não.
Minhas notas caíram. E muito. E talvez eu reprove de ano. Estou com 4,5 de pontos quando eu deveria estar com doze. E minha mãe passa o dia jogando que não faço nada além de escrever e desenhar, e que isso nunca me levará a lugar algum. Mas eu não me importo mais. Eu estou farta e irritada, esses dias, quando ela me disse "Você é idêntica ao seu pai. Por isso é assim." Eu simplesmente cai na risada. Mas não uma risada maldosa, mas uma risada sincera, pq mesmo depois de anos ouvindo que meu pai era maluco depois de ter sido a melhor pessoa do mundo e por isso teve o fim que teve e depois de ouvir "Você é a cara da sua mãe!" mais de um milhão de vezes, ouvir que eu era idêntica ao meu pai foi o paraíso. Foi o meu céu. E eu não me arrependo da minha resposta: "Obrigada".
Eu estou com medo. E estou com saudades de SP. Eu também terminei meu namoro. Mas eu não estou mais tão chateada quanto fiquei no dia. Talvez pq fosse uma ZnE e eu não deveria sequer ligar. Talvez pq eu tenha terminado, e ele não tenha corrido atrás como em filmes americanos de romance. Ou talvez pq não tivesse tanta importância quanto o fato de eu estar com raiva dentro de mim, e de eu estar preocupada com meu melhor amigo, Dourado. Ou talvez pq Matheus fosse realmente o maior idiota do mundo. Mas ainda acho que eu deveria me sentir mal por isso. Quer dizer, no mínimo chorar, não é? Quando minha amizade com a Bella acabou, eu chorei como nunca. E isso não é mentira. Eu enlouqueci completamente. Eu senti que todas aquelas promessas não valeram pra nada e me senti mal por mim e pelo mundo. E eu sei que ela sofreu também, pq toda vez que ela me via, ela segurava a respiração. E isso durou longos dois meses e várias faltas minhas pq eu estava ocupada demais remoendo a morte do nosso "Eterno" e não conseguia parar de chorar. E o meu ex, que era meu amigo começou a me odiar, o que me fez pensar que eu era uma pessoa horrível pra ele me odiar tanto assim. Minha professora de Artes dizia que não, que eu era apenas uma garota provando pro mundo o tamanho da sua força e fé sem si mesma. E que eu deveria continuar a caminhar de cabeça erguida. E disse que eu era uma ótima pessoa e daria a vida pra me provar isso. Ela disse também que eu tenho mais talento que todos os seus alunos de uma vida e que eu deveria se orgulhar de ser quem eu sou. Ela disse coisas muito lindas, mas eu francamente não acho que isso seja verdade. Eu realmente acho que têm pessoas melhores do que outras. Tenho provas disso em minha própria família. E por mim, ela é a melhor e mais adorável pessoa que eu já conheci no mundo e tenho certeza que todos concordariam comigo se eu perguntasse. E também acho que ela está perdendo seu precioso tempo sendo professora quando ela têm um talento que não cabe em suas veias. Cada desenho, cada frase que ela guarda naquela pasta preta como um segredo. É egoismo guardar do mundo. É ridículo mostrar apenas pra mim. E ela me mataria se soubesse que eu escrevi isso aqui, por que era um segredo, mas nunca fui boa em guardar segredos. Eu realmente a amo. E talvez seja por ela ter paciência de me dar conselhos quando ninguém têm. Nem mesmo eu. Talvez seja por ela ser doce e gentil o tempo todo. Talvez por ela não ter desistido de mim. Talvez por ela dizer toda a verdade. Talvez por ela sempre defender os certos. Talvez por ela não ter medo de enfrentar ninguém. Talvez por ela ser a pessoa que eu mais confio e talvez, apenas talvez, por ela ter os mesmos olhos brilhantes do meu pai. E é por isso que eu passo a maior parte do tempo que posso na sala dela pedindo ajuda para deixar de ser essa aluna lixo que eu sou. E por isso eu vou pedir a ela pra criar uma conta aqui. E por isso eu dedico esse capítulo a ela. A pessoa que me inspira e me acolhe quando ninguém mais acreditava que a minha sorte poderia mudar. Só tenho a agradecer a ela.
Da sua sempre doce criança, G. Canedo.
Ou se preferirem
MYBE.
P.S: Minha professora é uma tributo assumida e AINDA POR CIMA me emprestou o livro "Em chamas". E esse foi só mais um dos motivos pelo qual eu ainda a amo muito.



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POV Annie Cresta:

Eu realmente não sei se eu já deveria me sentir diferente. Mas acho que sim. Só que eu infelizmente não estou. Quer dizer, eu estou me vendo com roupas mais curtas e mais justas e estou ouvindo a Katniss dizendo como podemos bater em alguém quando a pessoa não fizer o que queremos ou coisa do tipo, mas eu realmente acredito que eu ainda seja a antiga Annie Cresta que chorava toda vez que a linda Glimmer resolvia fazer algo contra mim. Clove disse que era questão de tempo pras coisas se ajeitarem dessa forma e disse que eu deveria esquecer isso em todas as horas que batesse com ela porque me deixaria nervosa. E Katniss disse que as lembranças ruins com a Glimmer só me ajudariam na hora em que eu tivesse que bater nela, que eu duvido que esteja tão longe de acontecer.

Eu estava bonita. Meus cabelos ruivos caíam sobre meus ombros e acabavam na metade de minhas costas. Eles estavam lisos e cheios de vida. E eu estava com a pele mais corada e com uma maquiagem perfeita. Minhas roupas me deixavam com vergonha, mas Clove disse que era questão de tempo e Kath disse que em pouco tempo eu me sentiria poderosa nelas. Quando eu ouvi aquilo eu senti vontade de cavar um buraco ao imaginar que eu poderia repetir essa frase pra alguém em algum dia em algum ano muito distante. Elas riram, pois pensaram a mesma coisa. Johanna ficava olhando para a janela e chorava baixinho e a unica que notou foi a Katniss que foi atrás dela.

– Por que está assim? - Ela perguntou para Johanna. E a mesma limpou o rosto e olhou Katniss com uma cara decidida e maldosa. Ela levantou e depois desabou no choro novamente. O que me fez pensar que isso era doloroso pra ela, pois ela teria que ser mais forte do que já fora. Antes tudo bem correr para o banheiro e destruí-lo quando via sua prima e o cara a quem está apaixonada se agarrando. Mas agora não. Ela teria que ignorar e fingir que não se importava, ela tinha que ser forte, ser de titânio. Mas eu conhecia Johanna, quanto mais ela fizesse isso, mais seu ódio cresceria... E ai, seria fim de jogo pra Glimmer e pra Madge. Ela já havia aturado demais por nós duas.

– Eu... Não sei... Eu acho que não consigo... - Falou Johanna entre uma lágrima e outra. Kath limpou seu rosto com seu moletom. Seu rímel, lápis, batom, estavam todos escorrendo. - Dói demais! - Ela tinha fúria. Ela tinha ódio. Ela tinha fogo. E eu sabia que quem se metesse em seu caminho de agora em diante, teria punição em dobro. - Eu cansei! Desisto dele!

E um peso saiu de minhas costas. Agora seria bem mais fácil acabar com a ditadura daquelas duas cobras mimadas. Afinal, sem Gale no caminho, Johanna ficava praticamente indestrutível e inabalável. E a lembrança de todos aqueles anos a deixariam desalmada, e disso eu tinha completa certeza. Agora, seria sangue contra sangue. Fogo contra gelo. E nós éramos o fogo.

– Venha querida, vou limpar teu rosto e nós vamos sair. - Falou Kath.

– Pra onde? - Perguntei. E recebi um olhar convidativo de Clove.

– Pra um lugar longe daqui. Bem longe. - Falou Kath. E Clove a olhou como se fosse louca. E correu até Katniss e deu um berro:

– Como pode ser tão irresponsável? - Ela gritou e começou a encarar a irmã com uma fúria enorme. - Não vamos leva-las lá... Não agora. - Ela fez um gesto estranho e deixou fechou a cara quando Katniss cruzou os braços e a encarou de frente e com um olhar ameaçador. E então eu entendi que o melhor a se fazer era se manter longe, pois ali era claro que havia uma guerra. Clove revirou os olhos e me olhou. Respirou fundo e disse:

– Vá se trocar, Annie. Vamos sair.

– Pra onde? - Perguntei.

– Pra Capital, amorzinho. - Respondeu Kath.

****

POV Johanna:

Eu não me importava mais com nada. Nem mais em como Gale poderia ser tão ridículo e sem alma. Ele era do tipo de cara que apenas existe, não vive. Porque não têm alma e nem motivos para lutar pela vida. Mas eu tenho. E é Annie. E eu decidi naquele quarto cor-de-rosa que independente dos meus sentimentos por Gale eu iria fazer essa vingança de forma fria cruel. Eu iria fazer Glimmer ratazana pagar por tudo que fez contra eu e a Annie. Nem que eu tenha que me rebaixar ao último pra isso. Eu arranco até a última gota de orgulho e prestígio social e colegial que aquelas duas piranhas conquistaram em seus malditos anos de torturas.

– Está bem. Estão prontas garotas...? - Ouvi Katniss gritar. e depois dar um gritinho de garota comum, provavelmente foi chutada por Clove.

– Está pronta? - Perguntou Annie com um tom preocupado.

– Como nunca. - Foi o que eu respondi, depois saímos do banheiro e Kath e Clovs nos olharam e bateram palmas, riram e assobiaram. Disseram que aprendemos rápido e que iriamos pra um lugar muito divertido e que era para ficarmos todas juntas. Sempre.

****

– Essa foi uma péssima ideia, Katniss! - Berrou Annie do banco da frente.

– Eu sempre digo isso a ela, acha que adianta? - Falou Clove ao meu lado. Eu ri. Annie começou a dizer como Katniss era irresponsável e em como ela deve ter oferecido maconha ao seus instrutor da carteira de motorista antes de conseguir a carteira para dirigir. Eu ri mais ainda por que Annie estava desesperada e não percebeu a festa e os caras bêbados vomitando na sua janela que graças a Deus estava fechada. Ao notar isso ela deu um grito. E todas rimos.

– É isso, chegamos! - Disse Kath.

– VAMOS ENCHER A CARA! - Gritou Clove e corremos para dentro. E eu finalmente me senti viva. Mas não por que eu estava para beber e me drogar como todo adolescente ridículo e poético da Capital. Mas por que eu finalmente tinha saído daquela cidadezinha pequena e quebrado o meu horizonte e estava prestes a jogar tudo o que eu conhecia pela janela e viver a vida, pelo menos dessa vez, como se eu participasse dela de verdade.

– Quem quer queimar um? - Perguntou um cara assim que eu pisei na casa. Definitivamente não era o que eu esperava. A casa era enorme, as paredes estava cheias de tinta azul, verde e roxo e tinha queijo por toda parte e todos dançavam loucamente ao som de "Skrillex" e agiam como se aquele fosse seu último dia de vida. A escada era enorme e ficava a direita da casa. Tinham uns seis andares e de lá de cima pude ver mais tintas e confetes sendo jogados para baixo como se fossem nada. E logo depois panfletos com a frase: " Sem Bad trip, parceiro. Vem viver com a gente!". Do lado direito da casa havia um bar com todo o tipo de bebidas. No balcão tinham garotas só de calcinha dançando sensualmente com um cara só de cueca. E todos jogavam Vodka e Wisky nelas e elas agindo como se esse momento fosse eterno. E eu senti vontade de rir até o amanhecer, por que eu não me importava e eu achava que não me importar era errado, mas eu estava nem ai.

– Eu quero! - Falou Kath e pegou o maço de maconha e ascendeu. Eu peguei um também e me senti livre. Logo depois começou a tocar uma música remixada da Ellie Goulding. Burn. Eu não sabia o motivo, mas eu simplesmente amava aquela música. Amava a letra e o som. E me senti ridícula por me chatear com a versão remixada por que eu simplesmente achava que aquela música era boa demais pra ter partes já vagas cortadas. E eu amava a ideia da música, de ser visto, ser lembrado. Eu amava levantar as mãos para o céu e pensar que poderiam me ver do espaço sideral, que eu não era invisível, que eu era importante.

A música contagiava a casa toda. Todos cantavam a música, todos a sabiam e todos a entendiam. Todos se sentiam poéticos e isso era bom. Era real e era tocável. E eu senti que aquelas três horas e quarenta minutos que eu gastei no carro rindo e ouvindo músicas ruins e vagas valeram a pena. Eu senti que eu estava completa e que eu era uma boa pessoa. Eu me senti queimando.

– Annie? - Chamei.

– O quê?

– A VIDA É BOA! - Gritei. E logo em seguida a casa toda me olhou. Estava na parte final da música. Todos entenderam o que eu queria dizer, mas ninguém disse nada. Só um cara que ergueu o copo e disse em alto em bom som:

– A vida é boa. Burn! - E a casa toda fez o mesmo e todos beberam ao mesmo tempo, como uma família, só que sem julgamentos ridículos sobre uns aos outros. Não, era como estar no meio de crianças, só que crianças que transavam várias vezes por dia e bebiam pra esquecer a família em que nasceram. Livres.

E eu era livre.

E eu podia sentir ser livre.

E eu podia amar sentir essa liberdade.

E eu amaria, com toda e exata certeza de minha pobre vida.

éramos eternos naquele momento. E eu tinha esperança de quê seriamos eternos assim, sempre.


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Notas finais do capítulo

(Annie/:http://dicasnainternet.com/wp-content/uploads/2013/07/dicas-de-looks-para-balada-2013-2.jpg)
(Johanna/:http://www.diariodenoticia.com/wp-content/uploads/Roupas-para-baladas-2014.jpg)

(Kath/:http://www.perola-negra.com/blog/wp-content/uploads/2013/03/moda-Roupas-para-Balada-1.jp)

(Clove:http://www.tipsmon.com.br/wp-apyus/wp-content/uploads/2013/06/tumblr_moqa8vIjpc1svajaoo1_500.jp