- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 5
Capítulo 5




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Nós subimos as escadas com ela ainda segurando a minha mão, mas, alguns passos antes de entrar no quarto eu paro, ela parece confusa e também para me olhando.
– Eu não acho que é uma boa ideia! – eu falo e ela me olha surpresa – Eu ainda tenho flashes! – eu explico e o olhar dela suaviza como se ela estivesse aliviada – Eu não acho que é seguro! – eu complemento e ela nega com a cabeça rapidamente.
– Não! – ela fala quase urgente – Não tem problema! Eu sei que não vai acontecer nada! – ela fala mas dessa vez sou eu quem nego.
– Não tem como você saber! – eu falo mesmo que eu queira, eu não posso colocar ela em risco.
– Também não tem como você saber, então... – ela fala, balança o ombro e estica a mão pra mim novamente – Eu assumo o risco! – ela fala com a voz firme me olhando nos olhos, então a minha própria vontade fala mais alto e eu aceito a mão dela novamente, entramos no quarto e só aí é que ela se separa de mim.
– Eu vou tomar banho! – ela fala e eu concordo com a cabeça, ela vai até a gaveta e pega uma roupa enquanto eu me sento na cama, ela vai até o banheiro e antes de fechar a porta ela avisa – Não demoro! – a porta se fecha e eu ainda continuo encarando-a, ainda estou tentando convencer a mim mesmo que isso realmente está acontecendo, eu realmente estou aqui na casa dela, no quarto dela, eu olho ao redor como se pra me certificar de tudo e mesmo ainda parecendo um sonho eu me convenço de que está mesmo acontecendo, posso ouvir o som da água do chuveiro e continuo ali esperando ela sair, é estranho estar aqui nessa situação que depois de tudo que aconteceu eu julguei ser impossível, mas aqui estou eu. Alguns minutos se passam e ela ainda está dentro do banheiro, então como eu também preciso ir ao banheiro eu saio do quarto e vou até o quarto ao lado onde tem outro banheiro, eu conheço essa casa por que ela é exatamente como a minha e como todas as outras aqui da Aldeia, então eu vou pro quarto ao lado e entro no banheiro, já estava saindo do banheiro quando escutei ela me chamando.
– Peeta! – ela chamou alto demais como se eu estivesse muito longe, eu abri a porta do banheiro e antes de alcançar a porta do quarto ela me chamou novamente – Peeta! – dessa vez além de continuar a me chamar alto eu senti a voz dela de certo modo desesperada como se ela estivesse com medo de algo, eu me alerto e apareço na porta.
– O que aconteceu? – eu pergunto já no corredor, ela estava descendo, para na metade da escada se vira e se surpreende ao me ver.
– Peeta! – ela repete meu nome com certo alivio na voz, eu não entendo nada e continuo esperando ela explicar o que aconteceu, mas ela apenas continua me olhando.
– O que aconteceu? – eu pergunto preocupado e confuso enquanto me aproximo da escada, ela balança a cabeça como se estivesse sido despertada e desvia o olhar do meu quando volta a falar.
– Eu achei que você tivesse ido embora! – ela fala com a voz baixa como se envergonhada.
– Eu disse que ia ficar! – eu confirmo e ela volta a me olhar – É que você demorou no banheiro e eu achei que não teria problema se eu usasse o do outro quarto – eu falei sinalizando com as mãos o quarto atrás de mim.
– Não tem problema! – ela falou enquanto voltava a subir as escadas – Eu só... Deixa pra lá! – ela começa a falar mas parece mudar de ideia, ela para a minha frente e parece não saber o que dizer ou fazer.
– Vamos! Já está tarde – sou eu quem falo enquanto indico o quarto com a cabeça, ela concorda e me libera o que parece ser a sombra de um sorriso, então volta a andar entrando no quarto, ela dá a volta na cama e se senta esperando que eu faça a mesma coisa e é o que eu faço, eu me sento e depois escorrego meu corpo me deitando, ela me lança um olhar como se estivesse decidindo algo e então como se decidisse o que fazer ela se aproxima de mim e coloca a cabeça sobre meu peito, o simples toque dela em mim me desperta coisas que eu tentei enterrar a muito tempo, mas agora sentindo ela se deitando em mim me parece impossível ser imune a ela, como instinto meu braço a envolve, ela não parece incomodada pelo contrário, ela também coloca o braço sobre meu peito e eu sinto todo seu corpo relaxar quando meus dedos passam pelo cabelo dela, eu quase consigo ouvir sua respiração sendo solta ou talvez possa ter sido a minha mesmo, ela levanta o rosto do meu e nossos olhares se encontram rapidamente.
– Boa noite! – ela fala com a voz baixa, seu rosto próximo ao meu de uma maneira que me faz prender a respiração.
– Boa noite! – eu falo com a voz também baixa, um sorriso escapa dos meus lábios mesmo antes de eu perceber, ela volta a cabeça pro meu peito e eu continuo olhando pra ela ali. Alguns minutos se passam e pela respiração calma eu acredito que ela tenha dormido, mas eu simplesmente não consigo dormir, uma parte minha parece ter medo de dormir e tudo não ter passado de um sonho, eu não consigo desgrudar meus olhos dela, da forma como o braço dela está em volta do meu corpo, eu me concentro em cada detalhe como se quisesse deixar essa cena guardada, assim como eu disse uma vez, eu poderia parar o tempo exatamente assim e viver nele pra sempre, tê-la aqui comigo, dormindo tranquilamente me faz esquecer todo o resto, mas infelizmente outra parte minha grita na minha cabeça que isso está errado, que eu não deveria está aqui, por que depois tudo vai ser como antes e nada vai mudar, mas eu ignoro esses pensamentos quando a olho novamente, eu a tenho agora, aqui nos meus braços e isso me basta no momento, é assim que eu pego no sono. Quando eu acordo o sol já está nascendo e eu percebo que eu finalmente consegui dormir uma noite inteira, nada de pesadelos, nem de vozes que existiam apenas na minha mente, eu realmente consegui dormir, já fazia tanto tempo que eu não sabia o que era isso, meu corpo parece revigorado, uma noite de sono inteira me é um luxo que eu achei que já havia perdido, é estranho dormir assim depois de todo esse tempo mal conseguindo fechar os olhos, mas o que é mais estranho e curioso é que o principal motivo que não me deixava dormir é o mesmo que acabou de me proporcionar uma das melhores noites de sono dos últimos meses e quando eu a olho ainda deitada com a cabeça sobre mim, eu tenho a certeza que ela é a única que consegue me deixa dessa maneira, ela é única capaz de me tirar o sono e me devolvê-lo de forma tão completa, não tem como negar que ela é minha benção mas também minha maldição. Eu a observo enquanto ela dorme e ainda estou tentando entender como foi que isso aconteceu, ela mesma que me pediu pra ficar eu não achei que fosse ouvir ela falar essas palavras novamente e eu devo reconhecer que conhecendo ela do jeito que eu conheço deve ter sido realmente difícil pra ela me fazer um pedido desses, me pedir pra ficar deve ter sido um grande desafio pra ela, logo ela que odeia pedir ajuda a qualquer pessoa, que sempre se mantém firme e orgulhosa, ela realmente deve ter tido um motivo muito forte pra isso, eu só queria entender melhor qual foi esse motivo, uma parte minha me diz que ela queria que eu ficasse por que sentiu falta de mim, por que queria tanto quanto eu dormir abraçado a ela de novo, mas outra parte racional minha me diz que existe outra explicação: ela estava cansada dos pesadelos e só queria uma noite de sono, foi pra isso que ela me pediu pra ficar, por que é muito mais fácil se livrar deles acompanhada do que sozinha e eu não posso culpá-la por isso, por que eu sei o quanto é horrível e perturbador ter esses pesadelos toda noite, esse foi o verdadeiro motivo para o pedido, isso não tem nada a ver com sentimentos tem a ver com sobrevivência. Sobrevivência. Quando eu penso nessa palavra eu me lembro de uma madrugada, nós estávamos na Capital, me lembro de estar acordado e Gale vir falar comigo, no meio das poucas palavras que trocamos foi impossível não chagar a nosso ‘’assunto’’ em comum, lembro que quando eu levantei a questão de quem ela escolheria, ele me deu uma pequena risada e disse : ‘’Essa é fácil, Katniss escolherá aquele sem ao qual ela não conseguirá ‘’sobreviver’’ , na hora eu não disse nada, não tinha argumentos pra concordar e nem discordar dele, mas agora olhando essa cena, encaixando as peças eu vejo que ele estava certo, não é amor ou paixão ou saudade, é apenas necessidade, ela precisava dormir e não conseguia fazer isso sozinha, assim como eu também não consigo, eu poderia ignorar esse pensamento e me agarrar a um fio de esperança de que no fundo ela precisava era de mim e não apenas de uma companhia mas os outros pensamentos são muito mais fortes pra esse vencer, eu a olho mais uma vez e mesmo tendo chegado a essa conclusão eu não sinto raiva e nem estou irritado com ela, eu a entendo, realmente entendo, só que eu não posso simplesmente continuar aqui deixando outras esperanças brotarem em mim quando eu sei que não são verdadeiras, eu tenho que encarar os fatos e aceitá-los, mas eu não conseguirei fazer isso continuando deitado aqui com ela, esperando ela acordar e me olhar novamente, por que eu sei que basta um único olhar dela em mim pra abalar tudo que eu possa ter resolvido, por isso com muita calma eu retiro o travesseiro que estava embaixo da minha cabeça e lentamente escorrego meu corpo da cama enquanto o troco pelo travesseiro, deixando a cabeça dela sobre ele da mesma maneira como estava sobre meu peito, ela continua dormindo tranquilamente e eu consigo sair da cama, eu a olho pela ultima vez e não consigo segurar o impulso de passar meus dedos no cabelo dela, afastando alguns fios que estavam caídos no seu rosto e eu a encontro ainda mais linda do que antes, na verdade sempre que eu a olho ela parece ainda mais bonita do que no segundo anterior, ela se mexe lentamente e eu me afasto devagar, puxo as cortinas bloqueando o sol que já aparece e saio do quarto sem olhar pra trás, eu fecho a porta lentamente e desço as escadas, saio da casa dela e vou diretamente pra minha, entro e subo as escadas rapidamente, entro no quarto e vou me livrando da roupa pelo caminho até o banheiro, abro o chuveiro e deixo a água cair na minha cabeça enquanto eu tento me convencer de que eu fiz o certo, não podia simplesmente continuar lá deitado ao lado dela, criando falsas esperanças, eu não conseguiria olhar pra ela e afastar esse sentimento que surge quando ela me olha de volta, já é forte demais quando estou longe dela quando eu estou perto é simplesmente impossível de ser ignorado, é como se algo me ligasse a ela e eu não posso fazer nada contra isso, ao menos longe dela eu não tenho grandes esperanças, eu sei que eu a amo mas não me iludo em relação a ela sentir algo por mim. Não sei quanto tempo eu fico ali no chuveiro mas quando saio eu estou certo de que fiz o que tinha que ser feito. Eu pego uma roupa limpa e me visto, desço as escadas e vou pra cozinha, abro o armário e separo algumas coisas em cima da mesa, pego algumas sacolas e coloco o que posso precisar ali, pego as chaves e saio de casa antes que eu pense em fazer algo idiota como ir até a casa dela, eu tomo meu caminho apressando os passos até chegar na padaria, não tem ninguém lá por que hoje é a folga, mas eu não suportaria ficar em casa sem ter nada pra fazer, então decidi passar o dia aqui, eu entro e vou direto pra cozinha, colocando as coisas que trouxe sobre a bancada, como não teria o que fazer hoje eu resolvi testar algumas das receitas do livro do meu pai e como a inauguração será em poucos dias na verdade eu estou até atrasado pra isso, então eu pego o livro que estava no escritório e começo a escolher o que eu posso fazer com base nos ingredientes que eu tenho, eu separo as receitas que ainda não tinha feito e podem ser feitas agora, já que eu trouxe algumas coisas de casa e ainda tem algumas coisas por aqui, eu começo a separar os ingrediente verificando a medida que eu terei que usar em cada receita e depois de um tempo nessas verificações eu confirmo que realmente tenho condições de preparar as receitas, só me custará tempo, mas isso eu tenho de sobra, eu separo os tabuleiros deixando os separados e começo a preparar a primeira receita, coloco o avental amarrado a cintura e começo a preparação, uma das coisas positivas nisso é que eu preciso me concentrar na receita o que acaba afastando qualquer outro pensamento que eu possa ter, eu termino a primeira massa e começo rechear o pão, quando termino essa parte, eu ligo o forno e coloco a primeira ‘’experiência’’ pra assar, enquanto espero começo a preparar a segunda, minutos depois eu a coloco no forno também e enquanto essas assam eu vou até o escritório e quando entro lá vejo uma caixa com algumas coisas velhas que eu tinha pedido pro Benny jogar fora junto com os entulhos mas pelo visto ele esqueceu então eu mesmo terei que fazer isso, eu coloco a caixa sobre o ombro e vou até o lado de fora deixá-la junto com alguns outros lixos do outro lado da rua, já estava colocando a caixa no chão quando senti alguém atrás de mim.
– Hoje é domingo, não me diga que você está trabalhando? – a voz me alcançou e eu me virei pra vê-la parada a alguns passos de mim com as mãos na cintura, Grace estava com uma cara divertida enquanto me encarava, ela estava com um vestido roxo até os joelhos e provavelmente estava indo ou voltando de algum lugar.
– Trabalho nunca é demais! – eu falei sorrindo enquanto limpava as mãos, ela sorriu mas negou com a cabeça.
– Eu defendo exatamente o oposto! Trabalho demais é trabalho demais – ela fala como se fosse óbvio – Eu não acredito que você não tem nada a mais pra fazer – ela fala erguendo a sobrancelha e me encarando.
– Tem gente que gosta de trabalhar – eu devolvo sorrindo enquanto me aproximo de onde ela está, ela faz uma cara de ofendida mas não parece se abalar muito.
– Tá bom então! – ela fala dando de ombros e eu me lembro do pão no forno.
– Esqueci do forno! – eu aviso enquanto corro pra dentro da padaria de novo, abro o forno e o pão já estava quase queimando, eu puxo o tabuleiro e quase queimo minha mão, escuto a risada e percebo que ela veio atrás de mim.
– A culpa foi sua! – eu reclamo enquanto coloco o tabuleiro em cima da bancada sem nenhum acidente dessa vez, ela ri.
– O cheiro parece bom pelo menos – ela fala se divertindo.
– Quase que queimou – eu anuncio e ela dá de ombros.
– Mas parece bom assim mesmo! – ela confirma se aproximando e examinando o pão, pega uma faca que estava na bancada e a ergue pra mim – Posso? – ela pergunta me olhando, eu confirmo com a cabeça.
– Cuidado que tá quente! – eu alerto quando ela ia cortar, ela para e me encara.
– Nossa, muito obrigada por esclarecer que um pão que eu vi acabar de ser tirado do forno está quente! Eu acho que não teria chegado a essa conclusão sozinha – ela debocha e revira os olhos, eu me divirto com o modo como ela fala, então ela corta um pedaço do pão e com cuidado ela experimenta, eu espero a reação dela, mas ela mantém um rosto sem expressão enquanto mastiga lentamente.
– E então? – eu pergunto sem esperar mais.
Ela me dá um sorriso misterioso – Guarda meu lugar na fila daqui a duas semanas! – ela fala sorrindo grandemente.
– Então tá bom? – eu pergunto encarando ela.
– Não, está ótimo! – ela confirma sorrindo e pegando mais um pedaço, eu retiro o outro pão do forno.
– Mais um? – ela pergunta sem acreditar.
– É que eu to testando algumas receitas – eu falo apontando todo o material espalhado na mesa.
– Preciso vir aqui mais vezes, isso tá ficando interessante – ela fala sorrindo e cortando o outro pão, novamente com cuidado ela experimenta, mantém um certo suspense antes de falar, dessa vez eu espero a reação dela.
– Isso são nozes? – ela pergunta enquanto ainda saboreia.
– São! E castanhas também – eu confirmo e ela sorri mais ainda.
– Eu amo nozes! – ela fala empolgada e suspirando, eu rio da reação dela – Esse fica comigo! – ela fala puxando o pão pra ela.
– Pode ficar! – eu concordo sem problemas e ela continua concentrada nele.
– Eu só queria deixar claro que eu não sou essas garotas que entram em todas as padarias sem serem convidadas e saem comendo os pães alheios – ela fala fingindo seriedade.
– Tem certeza que não? – eu falo implicando com ela enquanto volto a preparação de outra massa.
– Eu vou ignorar seu comentário! – ela fala sem se abalar, eu olho pra ela e ela sorri dando de ombros e volta a atenção pro pão novamente.
– E você também não tem o que fazer aos domingos não? – eu pergunto enquanto espalho farinha na mesa.
– Você tá me expulsando? – ela pergunta fingindo surpresa.
– Não foi isso que eu disse! – eu falo rapidamente – Eu apenas perguntei, por que você tá toda arrumada eu achei que você fosse a algum lugar – eu expliquei mas ela continuou me olhando desconfiada – É sério, eu não te expulsei! Não tem problemas você ficar aqui, eu só achei que.. sei lá – eu tento explicar novamente mas ela começa a rir e eu paro.
– Relaxa, eu não me ofendo fácil! – ela fala se divertindo – Mas respondendo a sua pergunta, não, eu não tenho nada pra fazer, na verdade eu nem conheço ninguém que não seja lá da obra – ela explica dando de ombros – Será que eu posso ficar aqui? – ela pergunta erguendo a sobrancelha e esperando a resposta.
– Pode! – eu confirmo e assim que eu falo ela dá impulso e se senta na bancada.
– Que bom, por que eu ia ficar de qualquer jeito – ela fala sem me olhar mas quando eu a olho posso ver ela sorrindo.
Eu continuo seguindo a receita ela termina com o pão de nozes e me oferece ajuda.
– Tudo bem, eu faço sozinho – eu agradeço enquanto continuo.
– Ah qual é, você não confia em mim? – ela pula da bancada parando na minha frente com as mãos na cintura.
– Na verdade eu te conheci ontem, hoje você ta na cozinha da minha padaria depois de ter comido o meu pão e nem ao menos me oferecer, agora se recusa a sair daqui, acho que eu não tenho muitas coisas boas em relação a você – eu falo virado pra ela com um pequeno sorriso, ela me olha de uma forma engraçada, seu olhar vai de surpresa a diversão, então ela solta um sorriso grande no rosto.
– Quer saber, eu gosto mais de você assim – ela fala apontando pra mim sorrindo.
– Assim como? – eu pergunto curioso.
– Assim! – ela fala dando de ombros – Irônico, direto! – ela esclarece rindo.
– Mas eu estava sendo realista e não irônico – eu falo rindo e ela sorri mais ainda.
– Ponto pra você – ela fala satisfeita – Posso ajudar agora? – ela insiste e eu tenho que aceitar, mas me surpreendo com o jeito que ela leva na cozinha.
– Então você sabe cozinhar? – eu pergunto enquanto ela dá forma a massa, ela me olha sorrindo.
– Você achou que não? – ela devolve a pergunta me encarando sem parar o trabalho, eu dei de ombros – Minha mãe morreu quando eu tinha 8 anos, eu era a única mulher da casa, então... Acho que isso ajudou bastante – ela fala sem sorrir mas também não tem nenhuma compaixão na voz.
– Eu sinto muito! – eu falo olhando pra ela mas ela não me olha e pela primeira vez ela fica em silêncio.
– Eu sinto muito a falta dela! – ela quebra o silêncio depois de alguns minutos – O pior é que eu estou começando a esquecer – ela fala e me empurra o tabuleiro com o pão, eu o coloco no forno e me viro pra ela esperando ela continuar – Eu ainda me lembro dela, mas tem coisas que eu estou começando a esquecer, como por exemplo a voz dela, antes eu me lembrava perfeitamente mas agora... – ela fala e suspira.
– Eu sei como é! – eu falo tentando compreender ela – Mas o que importa é que você a amava e ainda ama – eu falo sabendo bem o que é isso, ele me olha e me da um sorriso fraco.
– É, eu sei! – ela confirma.
Algum tempo depois nós terminamos de preparar os pães e eu os coloco no forno.
– E agora o que a gente faz? - ela pergunta com as mãos na cintura me olhando.
– Arruma essa bagunça e espera! - eu falo naturalmente.
– Tá bom! Você fica com as primeira parte e eu fico com a segunda - ela fala enquanto se aproxima da bancada e novamente da um impulso se sentando nela, eu paro olhando ela – Eu já comecei minha parte, tô esperando, agora arruma! - ela fala e joga um pano que estava ao lado dela em cima de mim, o pano estava sujo de farinha e acaba me sujando ainda mais do que eu estava.
– Você podia parar de ser folgada sabia! - eu sugiro e ela faz uma careta, eu me viro e começo a guardar o que sobrou das coisas enquanto ela realmente fica sentada olhando, depois de guardar tudo eu começo a limpar a mesa que está suja de farinha.
– Já que nós estamos nessa fase do nosso relacionamento eu acho que precisamos conversar - ela fala se endireitando e me olhando, eu paro o que estava fazendo e me viro pra ela.
– Nós temos um relacionamento? - eu pergunto surpreso, ela ri.
– Não se faça de bobo... Eu estou aqui na sua padaria e você está fazendo pães pra mim! - ela fala naturalmente, dessa vez sou eu quem rio.
– Eu não fiz pães pra você e você está aqui por que entrou atrás de mim! - eu falei e ela não se abalou.
– Então você tem dificuldades de assumir relacionamentos? - ela fala erguendo a sobrancelha e sorrindo, eu ri.
– Deve ser isso! - eu falo dando de ombros.
– Tudo bem eu te entendo! - ela fala me encarando – Era sobre isso que eu ia falar com você! - ela fala e eu paro na frente dela encostado na mesa.
– Estou escutando - eu falo sorrindo.
– Bom, quando eu te vi na televisão eu te achei muito bonito mas te vendo pessoalmente você é ainda melhor, confesso que eu tinha más intenções quando eu te encontrei - ela fala sorrindo maliciosamente – Mas, agora que eu te conheci um pouquinho melhor eu tenho que falar que me surpreendi com você - ela fala e dessa vez eu que me surpreendo mas ela continua – Eu gostei de você! - ela fala me olhando sinceramente – Só que não daquele jeito... - ela fala ironicamente.
– Ah não? De que jeito então? - eu pergunto encarando ela.
– Sei lá ... Como amigo? - ela sugere erguendo a sobrancelha – Sabe... o problema não é com você, sou eu! - ela fala exagerando no drama fingindo caras e bocas – Você é um cara legal mas não acho que nós dariamos certo! Espero que você entenda e não se culpe - ela continua com a expressão triste, eu sorrio quando ela fala.
– Eu nem sei o que falar - eu falo entrando na dela e fingindo decepção.
– Não fala nada, não adianta você insistir! - ela fala erguendo a mão em sinal pra que eu pare.
– Então eu vou ter que me conformar! - eu falo fingindo tristeza, ela pula da bancada parando na minha frente.
– Amigos? - ela pergunta estendendo a mão, eu aperto com um sorriso no rosto e não minto o sorriso por que ela é realmente uma boa companhia, o dia pareceu voar hoje e eu mal senti, ela é engraçada e eu me sinto bem do lado dela, por isso eu respondo sinceramente.
– Amigos! - eu falo apertando a mão dela e ela ri.
– Você fica mais bonito sorrindo! - ela fala enquanto solta minha mão.
– Você é maluca sabia! - eu falo e ela ri ainda mais.
– E você vai queimar o pão pela segunda vez - ela fala apontando o forno e eu me viro rapidamente, tiro os pães do forno e os deixo esfriar, dessa vez ela me ajuda tirando a outra fornada eu coloco os pães em uma cesta.
– Pronta? - eu pergunto levantando a cesta pra ela que faz uma cara animada.
Eu termino de limpar a mesa.
– Posso te perguntar uma coisa? - ela pergunta enquanto nós saímos da cozinha indo pro salão.
– Já perguntou! - eu falo implicando com ela.
– Você falou com ela? - ela pergunta e eu me surpreendo com isso.
– Falei! - eu falei dando de ombros puxei uma das cadeiras que estavam pro canto e coloquei a cesta com os pães em cima, depois me sentei no chão mesmo encostado na parede.
– Falou tudo? - ela pergunta sem acreditar muito enquanto se senta ao meu lado.
– Tudo? - eu finjo confusão.
– Que você ama ela! - ela fala me encarando.
– Ela sabe! Aliás eu acho que todo mundo sabe - eu falo dando de ombros.
– Fala de novo! - ela insiste – Todo mundo gosta de escutar - ela fala já pegando um pedaço do pão. E eu tenho que concordar com ela, todo mundo gosta de escutar, só que acontece que eu também sou todo mundo e é bom escutar de vez em quando, eu não falo nada apenas começo a comer o pão também.
– É verdade aquilo que você falou nos jogos... Que você gosta dela desde criança? - ela pergunta curiosa.
Eu confirmo com a cabeça – Desde os 5 anos! - eu falo e ela se vira de frente pra mim curiosa.
– É bastante tempo - ela fala sorrindo, eu confirmo com a cabeça.
– Eu acho que eu nunca me apaixonei mais de 5 minutos - ela fala rindo e eu também ri – Se bem que tinha um garoto quando eu tinha uns 9 anos... mas meu irmão botou ele pra correr depois disso ele nem olhava pra mim - ela relembra rindo.
– Eu tenho certeza que você deve ter alguns pretendentes - eu falo enquanto encaro ela rindo.
– E tenho mesmo! - ela fala orgulhosa.
– Você podia tentar ser mais humilde de vez em quando - eu sugiro.
– Eu tô bem assim! - ela fala sem se abalar.
– E qual é o problema desses pretendentes? - eu pergunto curioso.
– Acho que eu ainda não encontrei a pessoa certa - ela fala sinceramente.
Nós continuamos conversando e aprovando os pães, ela aprova a todos mas ainda diz que o de nozes é o melhor. Depois de experimentar todos nós estamos satisfeitos e ainda sobrou um pouco de cada um, exceto do de nozes, a tarde já está começando a cair.
– O dia passou rápido ou foi impressão minha? - ela pergunta olhando pra janela logo acima das nossas cabeças.
– Acho que um pouco de cada! - eu falo também olhando pra janela.
– Eu gostei de passar o dia com você ... - ela dalai sorrindo enquanto se aproxima e coloca a cabeça no meu ombro– Mas não crie esperanças, eu já disse que é só amizade! - ela fala levantando o rosto e me olhando.
– Vou me esforçar mas não posso prometer nada! - eu falo dando de ombros.
– Eu tenho que ir! Meu pai já deve tá me procurando - ela fala mas sem muita animação.
Antes que eu falasse alguma coisa a porta da padaria abre e Katniss entra rapidamente mas para quando nos vê sentados no chão.
– Katniss! - eu falo o nome dela surpreso por ela tá aqui de novo, ela não responde e nem fala nada apenas continua parada nos olhando sem demonstrar muita coisa a não ser surpresa depois de alguns segundos no silêncio Grace que fala, ela se levanta sorrindo.
– Katniss! Legal te ver de novo! - ela fala e eu também me levanto– Eu vou deixar vocês aí, eu já tava saindo mesmo! - ela fala sorrindo.
– Não precisa! Eu já vou sair! - Katniss fala com a voz irritada e sem nenhuma tentativa de esconder isso.
– Mas eu já ia sair mesmo, eu até falei pro Peeta que.. - ela começa a falar e Katniss a interrompe.
– Eu já disse que to saindo. Eu não quis atrapalhar nada - ela fala de forma rude se vira e sai deixando a porta bater, eu fico parado sem entender essa cena que ela acabou de dar sem nenhuma necessidade.
– Anda! Vai atrás dela, o que você ainda tá fazendo aqui? - Grace fala enquanto me empurra na direção da porta, mas eu forço meu corpo a ficar parado, ela para de me empurrar e para na minha frente com as mãos na cintura.
– Eu não to entendendo! Você ama ou não ama aquela garota ? - ela pergunta me encarando.
– É complicado! - eu falo e me virou pegando a cesta com os pães e indo pra cozinha, ela vem atrás de mim.
– O que é complicado? - ela pergunta enquanto vem atrás de mim – Me pareceu bem simples! Você ama ela e ela no mínimo gosta muito de você, por que só isso explica essa cena de ciúme! - ela fala e eu me viro pra ela.
– Ciúmes? eu me surpreendo com as palavra.
– Ah e você não percebeu! Vocês homens são muito lerdos - ela fala revirando os olhos.
Eu ainda estou em dúvida quanto a isso mas eu não vejo muitas outras opções pra ela ter agido daquela maneira, mas eu volto a guardar as coisas.
– Se você quer uma dica vai atrás dela! - ela fala parando ao meu lado, então me da um beijo na bochecha – Vai atrás dela! - ela cochicha novamente no meu ouvido e sai da cozinha me deixando sozinho lá parado ainda entendendo o que aconteceu, Katniss veio aqui pela segunda vez e de novo ela reagiu estranhamente, eu termino de juntar as coisas, saio da padaria e começo meu caminho pra casa, a tarde já está caindo e o sol se pondo logo atrás de mim, eu sigo tentando manter meus pensamentos em ordem logo chego na Aldeia e vou até a casa do Haymitch deixar os pães pra ele, eu entrei sem bater na porta e encontrei ele e Katniss discutindo sobre algo.
– Eu não sei por que eu te escutei! - ela reclamou com ele irritada e se virou pra deixar ele falando sozinho, foi nessa hora que ela praticamente deu de cara comigo, a irritação deu lugar a surpresa mas assim que ela se recuperou do susto me olhou irritada de novo.
– Eu não te vi! - ela falou como se pedindo desculpa então continuou o caminho saindo e deixando a porta bater com força.
– O que aconteceu com ela? - eu pergunto enquanto me aproximo dele que está sentado na mesa, eu coloco o saco com o que restou dos pães na frente dele na mesa, ele analisa o conteúdo e retira um dos pães, eu continuo olhando pra ele esperando ele responder.
– Você tá deixando ela assim! - ele fala sem se importar muito.
– Eu? o quê que eu fiz? - eu pergunto confuso ele solta uma risada.
– Você largou ela hoje pra ficar com a sua namoradinha - ele fala parando pra me encarar, meu rosto deve ter demonstrado ao menos um pouco da minha confusão – Olha só garoto, vamos ser direto! O que você pretende com isso? - ele pergunta e mesmo dando pra sentir o cheiro da bebida ele ainda está de certa forma sóbrio e fala sério e firme.
– Pretendo? Haymitch do que você tá falando? Se você quer ser direto então seja claro - eu falo cada vez mais intrigado com essa história.
– Hoje de manhã ela passou por aqui procurando você! - ele fala e eu me surpreendo, achei que ela não fosse se importar, ela queria que eu dormisse com ela pra evitar os pesadelo e foi isso que eu fiz.
– E daí? - eu índico pra ele continuar.
– Eu falei pra ela ir até a padaria que você podia tá lá, ela não quis ir mas no final das contas foi e te encontrou lá com uma garota! - ele esclarece e para de falar como se já tivesse dito tudo.
– Não tem nada a ver! Ela entendeu errado - é o que eu falo.
– Então explica pra ela - ele fala dando de ombros.
– Eu não tenho nada pra explicar pra ela! Eu não devo nenhum explicação pra uma pessoa que mal olhava na minha cara - eu falo e me surpreendo comigo mesmo.
– Todo mundo sabe que você é apaixonado por essa garota, esse papel de que não se importa não combina com você - ele fala me encarando – Você fez seu show e deu certo, ela tá morrendo de ciumes, mesmo que ela não admita isso! E agora qual é o próximo passo? - ele pergunta de um jeito como se eu tivesse planejado isso.
– Não tem show nenhum, eu não armei nada disso e duvido muito que ela esteja com ciúmes! - eu falei já irritado.
– Ah não seja idiota! - ele bufa enquanto se joga na cadeira– O que você quer agora? Já não tá bom não? - ele me olha com as sobrancelhas erguidas.
– Você quer saber o que eu quero mesmo? - eu pergunto alto demais enquanto me levanto quase derrubando a cadeira, ele parece surpreso mas continua me encarando – Eu quero pela primeira vez na minha vida que alguém realmente queira estar ao meu lado, não por obrigação, não por não ter opção e nem como um consolo pra pesadelo, eu quero que alguém queira estar comigo, simplesmente por querer, eu quero poder ter alguém que goste de mim e não que me encare como uma última alternativa - eu explodo falando tudo que precisava falar – Eu acho que eu mereço pelo menos isso não? - eu pergunto encarando ele que agora não me encara mais irritado apenas com certo pesar nos olhos.
– Mas é ela que você ama! - ele fala dando de ombros mas com um olhar solidário.
– Só que eu cansei de amar por dois! - eu falo e me viro de costas.
– Sabe o que é mais inacreditável ? - ele pergunta e eu paro – Você era mais feliz amando por dois do que agora amando por um! - ele fala e eu não sei o que responder por que que simplesmente é verdade, eu sempre disse que a amava, ela nunca me disse isso, mas mesmo assim eu tive momentos "bons" com ela, momentos que me fazem sentir ainda mais falta dela.
– Só que isso cansa - eu falo sinceramente enquanto me viro pra ele de novo.
– E o quê que você vai fazer? Vai ficar com essa garota pra esquecer ela? -ele pergunta me olhando.
– Eu nunca vou esquecer ela - eu respondo sinceramente.
– Esse é o ponto! - ele fala apontando pra mim.
– E o que você sugere que eu faça? - eu pergunto sem saber o que fazer.
– Sinceramente... Eu diria pra você investir nessa outra garota ou em qualquer outra. Curtisse sua vida enquanto é tempo, essa seria a melhor opção! - ele fala se levantando e indo ate a mesa de centro na salá e pegando uma garrafa e dando um gole– Mas por outro lado você não leva jeito pra isso! - ele fala rindo mas quando ele me olha de novo ele fica sério – Faz aquilo que você quer e não o que você acha que tem que querer! - ele fala com a voz séria, então se joga no sofá – Agora sai e me deixa aqui - ele resmunga voltando a beber, eu dou uma última olhada nele tentando entender como alguém pode ser tão diferente em tão poucos segundos, eu me viro e saio da casa dele, vou direto pra casa, subo as escadas e vou pro banheiro, enquanto estou no chuveiro eu repasso as palavras dele e da Grace, os dois me disseram a mesma coisa, que a Katniss está com ciúmes, mas eu não tenho tanta certeza disso quanto eles, ela mal olhava na minha cara não faz sentido sentir ciúmes, mesmo assim as palavras dele ecoam pela minha cabeça, por que parte de tudo aquilo é verdade, eu a amo e nunca vou amar ninguém assim e eu realmente era mais "feliz" mesmo com a ilusão de que ela gostasse de mim, ainda tem o que ele me disse no final pra que eu fizesse o que eu queria e não o que eu achava que deveria ser o certo, e eu sei o que eu quero, eu quero ela mesmo sabendo que ela não me ama, eu a quero por que eu a amo e isso não vai mudar, quando eu termino de pensar isso eu me dou conta que eu sei exatamente o que eu quero e eu não posso abrir mão disso. Eu desligo o chuveiro e rapidamente coloco uma roupa, desço escadas em tempo recorde e saio de casa a passos largos, eu já perdi tempo demais mesmo com o óbvio na minha frente, não vou mais tentar mudar algo que não tem como ser mudado, apenas vou me agarrar aos fatos, eu a amo e mesmo que ela não me ame do mesmo jeito eu quero ficar ao lado dela. Eu bato na porta mas ninguém atende, bato novamente e nada, mas eu me recuso a voltar pra casa e desistir por isso abro a porta que sempre está destrancada, entro e no mesmo momento ela vem descendo as escadas.
– Eu bati mas ninguém respondeu! - eu explico ainda parado na porta.
– Então você resolveu invadir! - ela fala parada me olhando.
– Eu não invadi, só abri a porta - eu falo aliviando.
– Que seja! - ela fala dando de ombros e terminando de descer as escadas – O que você veio fazer aqui? - ela pergunta enquanto entra pela cozinha evitando o meu olhar.
– Eu achei que nós iríamos trabalhar no livro! - eu falo tentando avaliar o humor dela, ela vai até as panelas e as verifica, então se vira na minha direção.
– Tudo bem! Vamos! - ela fala já se afastando do fogão.
– Você não vai jantar? - eu pergunto já que ela abriu as panelas mas pareceu desistir.
– Não, hoje a Greasy não veio e eu nao fiz nada - ela fala já passando por mim na direção da sala.
– Eu posso fazer! - eu sugiro e ela para e me olha – Se você quiser! Eu também não jantei - eu falo mesmo estar com fome, apenas pra tentar melhorar o humor dela.
– Se você insiste - ela fala tentando parecer indiferente, eu sorrio.
– Posso? - eu pergunto me referindo ao armário, ela concorda e eu começo a ver minhas opções, ela avisa que vai tomar banho e me deixa na cozinha, eu opto por fazer macarrão com queijo por ser mais rápido e também é o que da pra fazer, eu me concentro nisso e quando ela desce já está pronto. Nós nos servimos e comemos em silêncio, apenas algumas vezes nossos olhares se encontram mas ela logo desvia, quando terminamos de comer ela retira os pratos e coloca na pia e em seguida começa a lava-los, eu os enxugo e em poucos minutos terminamos, vamos até o escritório e recomeçamos a preparação do livro, no meio de um dos desenhos eu sinto a sensação dela me olhando e quando eu levanto meus olhos eu a pego parada me olhando com muita concentração, quando eu a olho ela parece sem graça e desvia o olhar do meu tentando disfarçar, eu volto a atenção pro papel mas um sorriso aparece no meu rosto. Eu acabo de fazer um desenho do Cinna e ela leva um bom tempo analisando o desenho, posso ver as lágrimas rolando pelo rosto dela, ela enxuga com as costas da mão e me entrega o desenho de novo, ela pede um minuto e sai pra beber água.
– Será que a gente pode parar? - ela pede quando volta, eu paro o desenho e me viro pra ela, quando eu a olho sinto um aperto no peito, os olhos dela estão avermelhados, na verdade todo o rosto dela está, o que só me comprova que ela chorou.
– Tudo bem! - eu confirmo largando o lápis e fechando o livro, eu me levanto ficando de frente pra ela, ela me olha como se quisesse dizer algo mas desiste e apenas recua seus passos do escritório me deixando passar, eu saio do escritório e ela continua me olhando do mesmo jeito, eu suspeito o que ela queira falar ainda mais agora depois de saber o quanto esse livro mexeu com ela, mas eu também sei que ela não me pediria pra ficar novamente muito menos depois do que aconteceu hoje, por isso dessa vez sou eu quem me virou pra ela.
– Será que eu posso ficar? - eu pergunto torcendo pra que ela diga que sim, ela me olha surpresa mas confirma rapidamente com a cabeça.
– Claro! - ela fala mostrando novamente a sombra de um sorriso, eu sorrio sem reservas.
Ela sobe as escadas e eu vou logo atrás dela, me deito no mesmo lado que ontem e logo ela se deita ao meu lado dessa vez ela nem parece pensar muito e logo se encaixa com a cabeça no meu peito, eu sorrio novamente e meu braço a envolve, alguns segundos depois ela levanta o rosto do meu peito.
– Você tá namorando aquela garota? - ela pergunta de maneira rápida e então eu percebo que esse realmente foi o motivo dela ter ficado de cara fechada comigo, ela está com ciúmes, uma pequena risada escapa e ela se afasta um pouco parando o rosto de frente pro meu.
– Qual é a graça? - ela pergunta irritada.
– Nenhuma - eu falo mãos sério – E não! Eu não to namorando ela! - eu respondo e olhar dela se suaviza.
– Mas você gosta dela! - ela fala.
– Isso foi uma pergunta ou uma afirmação? - eu pergunto olhando ela que desvia o olhar do meu.
– Uma pergunta - ela fala dando de ombros.
Eu libero um sorriso antes de falar – Eu achei que você soubesse que isso é impossível pra mim! - eu falo olhando ela diretamente nos olhos e eu encontro neles uma certa confusão, por isso eu explico da forma mais verdadeira e sincera que eu consigo – É você que eu amo, que eu sempre amei! Isso não é algo que vai mudar - eu falo e ela parece tão surpresa em ouvir isso como quando ela ficou a primeira vez que eu falei, eu me lembro do que Grace falou me incentivando a falar pra ela de novo e agora eu tenho que concordar que talvez fosse realmente necessário, ela continua me olhando nos olhos dessa vez sem desviar, mas ao mesmo tempo ela não sabe o que dizer.
– Peeta, eu... - ela começa a falar mas parece confusa.
– Já tá tarde! Melhor a gente dormir! - eu falo antes que ela fale algo, ela só desvia o olhar do meu quando volta o rosto pro meu peito e seu braço em envolve assim como o meu a envolve, eu não esperava ouvir ela dizer nada em troca, eu apenas disse aquilo que eu não aguentava mais guardar, eu me sinto bem melhor depois de ter dito, eu vi pelos olhos dela que ela não esperava que eu dissesse mesmo que todos saibam disso pra ela pareceu uma surpresa. Eu aperto meus braços ao redor dela e sinto sua mão sobre meu peito corresponder a isso e agora eu tenho ainda mais certeza que essa foi a decisão certa, não existe nenhum outro lugar que eu queira estar que não fosse aqui, ela é única que me faz sentir isso e eu não posso continuar a abrir mão disso, eu a amo e agora eu tenho ainda mais certeza.


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