- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 4
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/483119/chapter/4

Mesmo olhando pra ela parada na minha frente ainda parece mentira, ela junta as mãos de uma maneira meio nervosa.
– Oi! - ela fala com a voz tão baixa que se eu não tivesse olhando pra ela talvez não tivesse escutado.
– Oi! - eu falo forçando a voz a sair normal e espero ela continuar a falar, afinal não sei o que ela pode ter vindo fazer aqui.
– Eu estava andando por aqui e ... Vi que ainda tinha gente... - ela começa a falar e eu sei que é mentira, ela nunca anda por aí, o máximo que ela faz é ir até a floresta e voltar pra casa, durante todos esses meses essa é a rotina dela, isso me confunde mais, ela desvia o olhar do meu, olhando ao redor – Já está bem adiantado! Tá lindo! - ela fala e me lança um olhar rápido. E é incrível como mesmo sem falar com ela durante todo esse tempo, mesmo sem nem ao menos ficar cara a cara com ela eu ainda a conheço de um jeito que eu não conheço mais ninguém, de um jeito que chega me assustar, mas é como se eu conseguisse ler ela através dos movimentos, do olhar, eu a conheço quase melhor do que a mim mesmo, por isso as mãos dela que estão juntas, seus dedos se entrelaçando, o modo como ela se balança nos próprios pés e até mesmo o olhar meio perdido que ela me lançou me mostram que ela está nervosa e confusa.
– É, falta pouco! Duas semanas pra inauguração - eu falo e me movo me aproximando mais do balcão.
– É uma ótima foto! - ela fala apontando para a foto emoldurada logo atrás de mim, eu me viro pra vê-la e sorrio.
– É, foi sorte ter achado essa! Foi a única que sobrou depois de tudo... - eu paro de falar por que não é necessário mais explicações, ela concordou com a cabeça olhando para as próprias mãos. Eu não sei o que fazer, nem o que falar.
– Eu fiz pão! Você quer? - eu falo numa tentativa de ter um assunto.
Mas antes que ela pudesse responder a porta abre de novo, a mesma garota de ontem entra.
– Oi! – ela fala animada entrando pela padaria – Eu pensei e pelas minhas contas duas semanas é muito tempo – ela falou sorrindo – Eu vi que tinha gente aqui e parei pra dar um oi! - ela fala naturalmente sem se abalar com a presença da Katniss, que se virou pra vê-la.
– Sem problemas! Já acabou o expediente - eu respondo tentando ser simpático.
– Katniss! - ela sorri cumprimentando a Katniss com um aperto de mão – É um prazer te conhecer! Todo mundo só fala de você! - ela fala com um sorriso, Katniss da um sorriso que eu reconheço como um de seus sorrisos forçados, então ela solta a mão dela e se vira pra mim de novo.
– Eu tenho que ir! - ela fala com certa irritação na voz que eu realmente não entendo, mas antes que eu pudesse entender ela se vira e sai me deixando aqui sozinho com a Grace.
– Cheguei em má hora? - ela pergunta fazendo uma careta.
– Não. Ela só... - eu paro sem saber o que ela realmente veio fazer aqui – Deixa pra lá! Não atrapalhou nada! - eu falo mais firme e retiro o avental que estava amarrado – Eu já tava fechando tudo! - eu aviso.
– Bom, eu vim perguntar se você não quer dar uma volta - ela sugere me olhando com certa expectativa, eu sorrio.
– Tudo bem! Só tenho que fechar as coisas - eu falo e ela concorda, eu vou pra cozinha pego a broa que sobrou coloco no embrulho e volto pro salão, ela estava olhando a foto.
– Você sempre foi o bonitão da família né?! - ela fala sorrindo.
– Isso é você quem diz - eu falei dando de ombros.
– Não seja modesto! - ela reclama enquanto eu passo para o lado dela, então ela segura meu braço me apontando a foto– Olha só, você tá super bem! - ela fala rindo, eu nego com a cabeça – Mas eu tenho que confessar que você tá bem melhor agora - ela fala se virando pra mim, de um jeito próximo demais, eu dou um sorriso sem graça.
– Vamos? - eu pergunto querendo mudar de assunto.
– Ah que lindo! - ela fala rindo – Você fica vermelho ! - ela se diverte com a situação o que só consegue me deixar ainda mais sem jeito mas eu tento disfarçar.
– Você está exagerando - eu falo me afastando um pouco – Você veio aqui me convidar pra uma volta não foi?- eu pergunto erguendo a sobrancelha, ela ri mas concorda, nós saímos, eu fecho a padaria e nós tomamos o caminho para a praça principal.
Enquanto estamos no nosso caminho, eu olho para o lado da floresta e a visão me faz parar no caminho, o céu está em alaranjado com alguns tons de rosa, o sol já está se pondo, as arvores ao fundo junto com a montanha faz a vista ficar ainda mais incrível, é impossível não se encantar.
– Isso é fantástico! – eu falo ainda olhando o pôr do sol, sinto ela parar ao meu lado – Eu amo essa vista! – as palavras praticamente saem da minha boca sem eu perceber, ela dá uma pequena risada.
– Eu também! É de tirar o fôlego! – ela fala e eu sinto o olhar dela totalmente em mim, eu viro meu rosto pra ela e ela está me encarando sorrindo – Realmente lindo! – ela fala sem desviar o olhar do meu, eu balanço a cabeça e volto a olhar pro céu – Oh, você estava falando do céu! – ela fala como se só estivesse entendendo agora – Perdão eu me distrai! – ela fala sorrindo maliciosamente, eu libero um sorriso, dou uma ultima olhada pro céu e o sol já está no fim de sua jornada então eu me viro e volto a andar, com ela ao meu lado.
– Você não é daqui do distrito é ?- eu pergunto já que pelo visto temos a mesma idade e eu não me lembro dela na escola, sem contar que ela com cabelos castanho claro e olhos cor de mel não se encaixam muito no padrão daqui.
– Não. Não sou! - ela fala sorrindo – Distrito 7! Eu vim pra cá com meio pai! Nós estamos trabalhando na obra do Hospital! - ela explica enquanto continuamos nosso caminho para a praça.
– Nós? – eu pergunto surpreso.
Ela ri, passa um passo a minha frente e para com as mãos na cintura me olhando divertida.
– Por que eu não tenho cara de quem trabalha duro? – ela pergunta fingindo indignação.
Eu também solto uma risada, até por que olhando pra ela assim na minha frente, com um macacão jeans, camiseta, cabelos soltos caindo no ombro, não dão uma impressão de quem trabalha duro.
– As aparências enganam – eu falo dando de ombros tentando me defender, ela analisa minha resposta me olhando misteriosa e então ri.
– Boa resposta! – ela fala dando de ombros e voltando para o meu lado, nós voltamos o caminho para a praça – É um negocio de família! Só que meu irmão foi pro Distrito 4, ele acabou de casar então foi dispensado, já eu não tive muitas escolhas – ela fala enquanto chuta algumas pedrinhas no caminho.
– Vocês vão morar aqui agora? - eu pergunto tentando manter a conversa.
– Pelo menos por enquanto! - ela fala não muito animada – Eu sinto falta de lá - ela fala e me lança um olhar meio triste mas logo recupera o animo.
– Eu sei como é! Enquanto eu tava na Capital não via a hora de voltar pra casa! - eu falo sabendo bem o que é isso.
– Ah mas você é praticamente uma celebridade! É fácil fazer amizade - ela fala sorrindo.
– Depende da amizade - eu falo fazendo uma careta e ela ri.
– Imagino, deve ter um monte de gente puxando saco né?!- ela fala me olhando.
– Muitos! - eu confirmo rindo.
Nós chegamos a praça e já tem algumas pessoas e algumas crianças brincando por lá, ela indica um banco e nós nos sentamos.
– Eu acho que eu ia gostar de pessoas me bajulando - ela fala enquanto se vira pra mim rindo.
– Nem tudo é tão bom! - eu falo me lembrando de tudo que eu passei durante a turnê.
– Mas você recebeu várias cantadas não recebeu? - ela se diverte enquanto me cutuca com o ombro, eu dou uma risada sem graça.
– Não. De verdade! - eu nego e ela não acredita muito.
– Sei... - ela fala me encarando.
– É sério! - eu confirmo e ela ri.
– Bom, ainda da pra recuperar o tempo perdido então... - ela fala se aproximando mais de mim, eu solto uma nova risada – Você é sempre tímido assim? - ela se diverte e coloca a perna dobrada em cima do banco enquanto fala virada pra mim, os olhares das pessoas a volta se recaem sobre nós, eu encosto no banco e viro o rosto pra ela.
– Você é sempre direta assim? – eu devolvo a pergunta e ela solta uma gargalhada.
– Você ainda não viu nada! – ela fala fingindo sussurrar, eu dou um sorriso, mas confesso que ela tem a incrível capacidade de me deixar sem graça, ela percebe e se senta virada pra frente, deixando os ombros e o quadril dela encostados no meu.
– Você ainda gosta dela, não gosta? - ela pergunta diretamente e me encara, eu desvio meu olhar dela e olho pras minhas mãos – O jeito que você olhava pra ela nos Jogos e na Turnê foi o mesmo que você olhou pra ela agora na padaria! - ela continua enquanto eu olho pra ela e eu não posso negar que é verdade, eu estava completamente decidido a tirar ela da minha vida mas quando eu a vi ali na minha frente todo sentimento veio a tona ainda mas forte, não adianta negar, só existe uma verdade.
– Eu a amo! - eu falo e essa é a primeira vez depois desse tempo que eu falo isso em voz alta. Grace solta uma risada e me olha sem nenhuma surpresa.
– Ela tem sorte! - ela fala me olhando sorrindo, eu dou de ombros – Você não devia ter deixado ela sair - ela fala já ficando em pé, eu também me levanto.
– Foi melhor assim! - eu falo tentando convencer a mim mesmo.
– Não foi não - ela nega– Se fosse você não tava com essa cara - ela fala e afasta alguns fios de cabelo da minha testa em seguida me da um beijo na bochecha o que me pega de surpresa – Foi bom conversar com você - ela fala sorrindo – Fala com ela - ela sugere e me lança uma piscada antes de se virar e sair. Eu ainda fico alguns segundos parado olhando ela se afastar, eu olho ao redor e encontro alguns olhares em mim mas logo se disfarçam e olham pra outro lado, eu me sento no banco novamente, apoio meu cotovelo nos joelhos e enterro meu rosto nas minhas mãos, eu respiro fundo de olhos fechados tentando entender como as coisas mudam de uma hora pra outra. Desde essa madrugada muitas coisas apareceram, eu realmente pensei em aceitar o tal tratamento e apagar minha memória mas daí a Delly me ligou e falou aquelas coisas que realmente mexeram comigo, depois o Haymitch que mesmo com todo aquele jeito ainda assim conseguiu ser mais racional que eu, ainda teve padaria a satisfação que eu senti ao ver as coisas começando a se encaixar, tudo isso contribuiu pra decisão que eu tomei, eu não posso simplesmente apagar minha mente, esse sou eu, com todos os danos e falhas mas sou eu, ou ao menos o que restou de mim e eu não vou abrir mão disso, não vou deixar Snow vencer novamente. Essa é a minha decisão. Mas ainda tem um ponto a ser resolvido, Katniss, Quando eu finalmente decidi tirar ela da minha vida, ela aparece lá na padaria, eu ainda não entendo o que ela foi fazer lá mas isso não impede todo esse sentimento de surgir dentro de mim e querer me fazer enxergar coisas que não existem, ela não me ama, eu preciso aceitar isso e quando eu estava quase convencido a esquecê-la ela surge de novo ali na minha frente, me fazendo fraquejar em tudo. Estava nesses pensamentos quando senti o toque nos meu cabelos, eu levantei o rosto e meus olhos encontraram um par de olhos cinzentos me encarando junto com pequenas mãozinhas que passavam pelos meus cabelos.
– Você tá chorando? - ela perguntou com aquela voz de criança e olhos preocupados. Eu ri diante dessa pequena figura na minha frente.
– Não, só to cansado! - eu falei enquanto me endireitava no banco, ela abriu um sorriso mais tranquilo.
– Quando eu to cansada minha mãe manda eu dormir! - ela fala inocente eu rio de novo.
– Sua mãe é muito esperta! - eu falo sorrindo pra ela que se aproxima mais ainda me olhando.
– Você é aquele moço da televisão não é ? - ela pergunta olhando bem o meu rosto.
– Sou! - eu confirmo com a cabeça mas sem muita animação.
– Legal! - ela fala animada, eu dou um sorriso forçado, por que se tem uma casa que isso não é, é legal, mas como ela é apenas uma criança eu entendo que pra ela deve ser "legal". Ela se estica ficando nas pontas dos pés e passa as mãos no meu cabelo, eu sorrio.
– Eu gosto do seu cabelo - ela fala com um sorriso encantador.
– Mas os seus são muito mais bonito! - eu falo passando as mãos pelos cabelos negros que descem até os ombros dela, ela sorri.
– O que é isso? - ela pergunta se referindo a sacola de papel que eu trouxe da padaria.
– Isso? - eu levanto a sacola e ela confirma – É pão ! - eu falo e seria impossível não perceber a mudança no olhar dela quando eu disse a palavra ‘’pão’’ foi como se seus olhos brilhassem.
– Você quer? - eu pergunto oferecendo a ela. Ela parece pensar nisso.
– É seu! - ela fala e abaixa as mãozinhas.
– Agora é seu! - eu falei e entreguei a sacola na mão dela mas ela se negou a aceitar – Aceita. Por favor! - eu pedi e ela finalmente pegou – Fui eu quem fiz! Se tiver bom você me conta depois, combinado?– eu propus e ela finalmente liberou um sorriso satisfeito – Combinado! - ela falou animada.
– Eu ainda não sei o seu nome – eu falo sorrindo e ela me devolve um sorriso ainda maior.
– Rose! – ela fala orgulhosa.
– É um nome lindo – eu a elogio e ela sorri – Bom Rose, eu sou o Peeta e foi um grande prazer conhecer uma menina tão linda! – eu falo e pego a mão dela colocando um beijo o que faz suas bochechas ficarem vermelhas e um sorriso agora tímido se formar nos lábios dela, então ela me surpreende novamente quando fica na ponta dos pés, apoia as mãos no banco e me da um beijo na bochecha.
– Você é muito legal! – ela fala sorrindo.
– Você também! – ela sorri e então se afasta correndo em direção a uma outra criança que brincava a alguns passos a nossa frente, eu a observo enquanto ela fala animadamente com a menina e mostra o saco com o pão, eu me levanto do banco pronto pra sair mas ainda consigo ver o sorriso e a animação delas enquanto dividem o pão, eu me viro e saio da praça satisfeito, com um sentimento que eu não sentia a muito tempo, me senti útil de alguma forma, claro que tem acontecido mudanças nos Distritos aqui mesmo já temos mudanças consideráveis, a vida tem realmente melhorado mas ainda existem famílias que tem menos que outras, ainda existem pessoas que estão se estabilizando, e ver aquelas duas crianças tão animadas por algo que eu pude fazer por elas não tem preço, eu sinto uma enorme satisfação e o sorriso se forma em meu rosto, mal percebo quando chego a Aldeia, eu olho pra casa da Katniss e vejo uma das luzes acesa, provavelmente a da sala, penso em ir até lá, afinal eu ainda não sei o que ela foi fazer na padaria, por que com certeza ela não estava " passando por lá", mas eu desisto dessa idéia na metade do caminho e sigo pra casa convencido de que esse é o melhor a se fazer, entro em casa e vou direto pro banheiro, tiro minha roupa e entro no chuveiro, fico alguns minutos debaixo da água apenas deixando ela escorrer por mim, nas últimas 24 horas minha vida parece ter recebido uma sacudida mas no fundo continuou a mesma coisa, aqui estou, sozinho e com esse silêncio de novo, talvez esse seja meu destino, o que eu tenho que fazer é apenas me conformar, eu tenho a padaria e é nela que eu tenho que me concentrar, termino meu banho e saio do banheiro.
Vou até o escritório, pego o papel na gaveta e digito o número da Delly, alguns toques depois e ela atende.
– Alô? - a voz dela parece bem melhor do que a dessa madrugada.
– Delly, sou eu Peeta - eu falo assim que escuto a voz dela.
– Oh Peeta que bom que você ligou, eu ia te ligar mas achei que você ainda estaria na padaria - ela começa a falar animada.
– Eu estava. Acabei de chegar - eu confirmo – E então como o Dylan está? - eu pergunto mas pela animação dela acho que já sei a resposta.
– Ele esta ótimo! Nem parece que passou a noite no hospital! - ela fala e posso sentir o sorriso na sua voz.
– Que bom! Eu fico feliz! - eu falo sinceramente.
– Eu sei. E eu queria te agradecer pela força, por ter me escutado mesmo sendo as duas da manhã - ela fala rindo.
– Não tem nada pra agradecer, eu que devia te agradecer - eu falo interrompendo ela.
– Então sem agradecimentos - ela fala encerrando essa parte, eu sorrio.
– Você pensou naquilo? - ela pergunta com voz mais baixa.
– Pensei! - eu falo e dou uma pausa – Foi loucura! Eu não vou fazer! - eu complemento e posso sentir o som de alívio que ela deixa escapar.
– Ai que bom Peeta! - ela fala aliviada – Até por que eu não ia deixar você fazer isso mesmo! - ela fala rindo.
– Que sorte a minha então! - eu falo também sorrindo.
– E a padaria como está indo? - ela pergunta interessada.
– Tudo ótimo! A inauguração será daqui duas semanas mas já tá quase tudo pronto - eu falo animado enquanto me lembro, ela também se anima e nós ficamos por um tempo conversando sobre a padaria e as aulas que ela está ajudando a dar, só paramos a conversa quando ela tem que dar o remédio para o Dylan, nós nos despedimos e eu ainda fico sentado algum tempo olhando pro telefone, então abro a gaveta e guardo novamente o papel com o número dela, já estava levantando quando olhei para o calendário logo a minha frente, o número circulado em vermelho chama minha atenção, mas mesmo que não estivesse marcado eu saberia perfeitamente o que teria naquele dia, o dia marcado era 8 de maio, aniversário da Katniss, novamente eu me lembro dela, penso no que ela poderia ter ido fazer lá na padaria, será que tem alguma ligação com isso? Eu realmente não sei, assim como não sei o que devo fazer amanhã, se eu continuo tentando ignorar a presença dela ou se ao menos amanhã eu devo fazer alguma coisa, depois de alguns minutos eu decido deixar as coisas como estão. Me levanto e saio do escritório, preparo alguma coisa pra comer e depois subo as escadas novamente para o quarto, me jogo na cama e fico a espera do sono.

Mal pego no sono e os pesadelos surgem, estou novamente naquela sala, mas dessa vez a atenção não está em mim, os guardas na sala estão concentrados em um canto da sala onde eu não consigo enxergar, mas quando eu ouço seu grito eu logo reconheço, tento me aproximar correndo até ela mas é em vão, mãos aparecem e me seguram, eu tento me soltar e recebo socos e chutes em troca mas eu revido sem nem ao menos pensar em mais nada que não fosse ela, eu simplesmente não consigo ouvi-la gritando desse jeito e não fazer nada.
– Katniss! - eu grito por ela mas minha voz é abafada por mas gritos – Parem com isso! - eu exijo enquanto cerro os punhos esquecendo qualquer dor que eu pudesse ter e volto a tentar me aproximar dela, dessa vez ninguém me impede, os guardas que estavam com ela também param e eles simplesmente saem da sala normalmente sem nem ao menos me olhar, é como quando aconteceu na arena, com os macacos que nos atacaram e depois se foram, mesmo sem entender o que aconteceu eu corro até ela e a encontra caída no chão, seu corpo sujo de sangue, suas roupas estão rasgada, ela ainda está respirando fracamente e seus olhos encontram os meu com muita dificuldade, eu me ajoelho ao lado dela e a puxo para os meus braços.
– Fica comigo Katniss! Fica acordada! - eu peço urgentemente e é nessa hora que eu percebo as lágrimas rolando pelo meu rosto, os soluços também aparecem e eu mal consigo falar mesmo assim eu continuo – A gente vai sai daqui! Só fica acordada - eu imploro novamente, ela levanta a mão e a coloca no meu rosto, seus olhos continuam nos meus e então se fecham, o desespero me toma e eu imploro que ela acorde, eu balanço seu corpo, tento trazê-la de volta mas é tudo em vão, seu coração parou, sua respiração não existe mais e não tem dor e desespero maior do que esse. Pela primeira vez desde que eu comecei a ter pesadelos eu acordo com um grito meu, ainda preciso de alguns minutos olhando ao redor pra me convencer que não era real e mesmo assim um som estrangulado ainda escapa da minha garganta, meu coração está disparado e eu sinto todo o pavor ainda correndo pelo meu corpo, nada se compara a isso, a sensação que eu pudesse perdê-la, demoro um bom tempo pra me acalmar de novo e quando isso acontece percebo que não conseguirei dormir. Me levanto da cama e fico parado no meio do quarto ainda confuso, mesmo sem ter muito contato com ela como eu tinha antes, eu ainda tenho medo, na verdade muito medo de perdê-la e de nunca mas vê-la, mesmo que de longe, mesmo que ela nem saiba disso, eu preciso dela mesmo que distante de mim. Eu desço as escadas, vou até a geladeira e pego a garrafa com água, bebo quase a metade. Subo novamente e entro no ateliê, pego uma tela e começo a fazer uma das poucas coisas que me acalmam, logo os traços e riscos começam a ter forma. Não sei quanto tempo eu passo ali concentrado na tela, misturando as cores e as vendo se transformar em algo que antes existia apenas na minha mente, essa é uma das coisas que me fascinam, conseguir tirar algo da minha mente e colocar no papel. Quando acabo eu olho a tela e a observo com calma, olho pela janela e o dia já amanheceu, coloco a tela junto com as outras e saio do ateliê em direção ao quarto, entro no banheiro e tomo um banho me livrando da tinta que caiu nos meus braços, termino de me vestir e saio do quarto, hoje pela primeira vez eu acabei me atrasando, vou até a cozinha mas não vou fazer o pão hoje por que tenho que ir pra padaria, então apenas pego alguns dos biscoitos caseiros que eu tinha em casa e saio em direção a casa ao lado, minha mão já estava na maçaneta quando as vozes me alertaram, eu abri a porta devagar e acabei pegando um pedaço da conversa.
– Fala você com ele queridinha! Eu não sou garoto de recado! - Haymitch resmunga.

– Você não pode falar? Você fala com ele todo dia - Katniss devolve irritada.
– Eu não vou ficar levando recadinho - ele continua negando.
Ela bufa e posso ouvir ela batendo o pé irritada.

– Que droga Haymitch, você não pode fazer isso? Você me deve muitas coisas, isso não é nada! - ela reclama e com certeza está irritada.
– Você pode reclamar, bater o pé, teimar o quanto você quiser mas eu já tenho minha resposta! - ele fala sem se importar – Fala com ele! Que problema pode haver? - ele retruca.
– E se ele recusar? - ela fala com a voz baixa.
– Você só vai saber se falar com ele! - ele fala dando de ombros – Agora é uma boa hora, não é mesmo garoto? - ele fala mais alto e levanta a garrafa na minha direção como se brindasse comigo, ela se vira rapidamente.
– Peeta! - ela fala meu nome surpresa e pelo jeito dela eu sei que ela não esperava me ver aqui.
– Katniss - eu falo balançando cabeça e ela me olha ainda sem jeito.
– Pronto, agora você já pode perguntar! - Haymitch fala pra ela sorrindo e ela se vira olhando pra ele de uma forma que se ela pudesse o mataria.
– Me perguntar o quê? - eu perguntei encarando eles dois.
Ela balançou o corpo nos pés, e olhou para as próprias mãos como se não soubesse como falar, eu apenas observei e esperei que ela falasse.
– É que... Não é nada demais - ela começou gaguejando – Mas hoje Greasy insistiu em fazer um jantar e eu vim chamar o Haymitch, então eu pensei que... bom, se você não tiver nada pra fazer... você podia... - ela mal consegue me olhar enquanto fala, eu ainda não sei ao certo o que significa esse convite mas antes dela continuar eu a interrompo.
– Tudo bem! Eu vou! - eu falo e ela me olha.
– Viu! Você ainda tá viva e ele ainda tá inteiro! - Haymitch fala enquanto se joga no sofá.
Ela continua encarando ele de modo nervoso, eu me aproximo dele no sofá e jogo o saco de papel com os biscoitos em cima dele.
– Eu perdi a hora, não deu pra fazer o pão! - eu falo enquanto ele abre o saco com uma cara indiferente, pega um e come.
– E o café? - ele pergunta me encarando .
– Você pode fazer hoje! - eu sugiro dando de ombro e ele resmunga – Eu achei que tinha dito pra você cortar esse cabelo - eu falei já me virando pra sair, encontrei Katniss parada me olhando.
– Que horas? - eu pergunto e ela demora alguns segundos pra entender do que eu falava.
– As oito! - ela falou desviando o olhar do meu.
– Eu tenho que ir! - eu falei pra ela e fui pra porta– Toma um banho Haymitch!– eu grito pra ele e ele me xinga mas eu mal escuto o que é.
Sigo o caminho pra padaria mais rápido que o normal, quando chego lá os garotos já estão parados na porta.
– Mal começou o trabalho duro e já se atrasa! Que exemplo nós teremos? - Benny implica comigo enquanto eu vou abrir a porta.
– Essa é a vantagem de ser o patrão! - eu falo entrando na brincadeira.
Nós entramos na padaria e logo começamos a ajeitar as coisas, ainda tem latas de tintas manchadas no piso de madeira, o que nos exige um esforço pra limpar e embora as coisas estejam adiantadas ainda tem trabalho o suficiente para a manhã inteira que parece voar, por que paramos apenas quando já está na hora do almoço, como de costume Benny e Philip se vão mas dessa vez eu vou até o mercado.

Mal coloco os meus pés lá e já recebo acenos e sorrisos de todas as pessoas que eu encontro, devolvo com toda a simpatia que eu consigo reunir, mas tento ser rápido com o que vim fazer, como já tinha feito uma lista do que eu precisaria antes eu apenas sigo os itens e consigo encontrar tudo em um tempo recorde, na saída mais acenos e sorrisos e então eu consigo sair do mercado e retomo meu caminho pra padaria, chego lá e vou direto pra cozinha, tiro os materiais das sacolas e começo a me organizar, comprei tudo que eu preciso pra fazer um bolo de chocolate, eu não resisti a idéia de que hoje é aniversário dela e eu não faria nada por ela, nossa convivência não está muito boa mas eu não posso ignorar uma data como essa e nem o fato de que ela me chamou pra jantar. Os garotos chegam enquanto eu ainda estou começando a preparação, eles continuam a arrumação do restante das coisas e eu me empenho no bolo, enquanto ele assa vou ajudar os garotos que estão do lado de fora terminando de tirar uns entulhos que tinham lá atrás, quando eu sinto o cheiro do bolo paro meu trabalho e vou até lá chegando no momento certo, retiro o bolo do forno e começo a preparar o recheio, com chocolate e coco, em poucos minutos está pronto, eu corto o bolo ao meio e o recheio, Benny aparece na cozinha e pega a panela que ficou com as sobras do recheio, ele pega a colher de pau e praticamente agarra a panela nele.
– Bem que você podia fazer um pouco mais ein - ele sugere raspando a panela.
– Bem que você podia deixar de ser folgado ein - eu falo rindo e ele da de ombros e continua aproveitando.
– Pra quem é esse bolo? - Philip pergunta curioso, afinal a padaria ainda nem abriu.
– É pra Katniss! Hoje é aniversário dela! - eu falo voltando a atenção pro bolo.
– E você não nos convidou? - Benny finge está surpreso, eu rio.
– Acho que merecemos um bolo como forma de consolação não é Philip? - ele fala se divertindo.
– Não coloca meu nome no meio - Philip avisa rindo.
– Ainda ficou entulho lá atrás por que vocês não resolvem isso - eu falo me divertido com eles.
– Parece até que é o patrão! - Benny reclama rindo enquanto eles voltam pro lado de fora da padaria e me deixando lá terminando o bolo que só falta a cobertura. Eu mantenho a minha missão e termino um pouco depois deles votaram pra cozinha. A tarde já está caindo e nós começamos a preparar as coisas pra adiantar o máximo já que amanhã nós não viremos pra cá. Já são seis e meia quando terminamos e saímos da padaria, tomamos nossos caminhos e sigo carregando o bolo, quando chego a Aldeia eu vou direto pra casa, deixo o bolo na mesa e subo as escadas em direção ao banheiro, tiro minha roupa e entro no chuveiro, essa é a primeira vez que eu chego da padaria e tenho algo a fazer além de simplesmente olhar as paredes ou pintar, acabo ficando um pouco mais no banho do que o normal. Saio com a toalha enrolada na cintura e vou ver a roupa, pego uma calça jeans e uma blusa preta, me visto, passo a toalha no cabelo que ainda estavam molhados, passo a mão apenas para não deixá-los muito bagunçado e desço as escadas novamente, ainda está um pouco cedo por isso vou pro escritório rever alguns papéis da padaria, confirmo a lista com os mantimentos e logo o tempo passa, quando vejo já está passando da hora então saio escritório e sinto uma estranha ansiedade, na verdade ela não me é tão estranha assim afinal ela sempre aparece quando eu penso na Katniss, pego o bolo e saio da minha casa em direção a dela, ao invés desse nervoso diminuir ele aumenta consideravelmente a cada passo meu, eu me recrimino mentalmente tentando exigir de mim mesmo calma e controle.
– É só um jantar! E vocês nem estarão sozinhos! Para de se iludir, está tudo como antes! - esses são alguns dos pensamentos que eu me forço durante os 20 passos que separam minha casa da dela. Quando chego a casa dela já ouço a voz dela e do Haymitch, que provavelmente estão discutindo sobre algo. Eu respiro fundo e bato na porta.
– Entra! – eles falam juntos e enquanto abro a porta posso ouvir ela reclamando com ele.
– A casa é minha! – é o que ela fala reclama com ele enquanto estou entrando, eles estão na sala, Haymitch jogado no sofá da casa dela assim como ele faz na casa dele, ela se vira pra me receber e vê o bolo na minha mão.
– Oh Peeta! – ela se surpreende parando no meio do caminho, olhando pra mim e pro bolo também.
– Meus parabéns! – eu falo dando de ombros e sorrindo, ela também sorri e vem até a mim, Haymitch também se levantou do sofá e vem na minha direção.
– Como você sabia... Quer dizer eu nem falei nada! – ela fala parecendo confusa.
– Katniss, é seu aniversário! Eu não ia esquecer isso! – as palavras saem da minha boca antes que eu pudesse filtra-las e mesmo sendo parte do meu ‘’plano’’ afastar ela da minha vida, essa resposta é a mais verdadeira, por que eu simplesmente não consigo esquecer de nada sobre ela, ela sorri sinceramente e continua parada me olhando sem reação.
– Eu vou colocar na cozinha tudo bem? – eu falo quando percebo que ela não sabe o que dizer.
– Claro! – ela finalmente encontra as palavras e me acompanha até a cozinha, Haymitch vem logo atrás e passa o dedo no bolo.
– Haymitch! – ela reclama com ele enquanto o afasta do bolo, ele não se incomoda.
– Que horas que a gente vai jantar? – ele pergunta já puxando uma cadeira, Katniss revira os olhos.
– Já está tudo pronto! – ela fala enquanto ajeita o bolo longe do Haymitch sobre a mesa – Nós já podemos jantar – ela fala me olhando, eu concordo com a cabeça.
– O que estamos esperando? – Haymitch fala pegando um prato, nós nos servimos com um cozido de carneiro, comida preferida da Katniss e realmente está delicioso.
– Não tem nada pra beber não? – Haymitch reclama ainda na metade do prato.
– Tem água! – ela fala dando de ombros, ele finge uma risada.
– Você não vai beber! – eu falo firme e ele me encara surpreso – Não hoje! – eu nego olhando pra ele, que me olha resmungando mas não insiste.
– Já que nós estamos vivendo esse momento tão lindo – ele fala ironicamente – Por que você não aproveita pra perguntar pra ele o que você me perguntou hoje mais cedo? – ele sugere olhando pra Katniss, que o repreende pelo olhar, um silencio cresce e ela o quebra.
– Posso tirar o prato? – ela pergunta sem olhar nos meus olhos e encarando ele de forma furiosa, eu concordo e me levanto juntando os pratos também coloco na pia enquanto ela e ele continuam na disputa de olhares mortais.
– Do que vocês estão falando? – eu pergunto já cheio disso, eles se olham mas ninguém diz nada – Olha só, eu já to cheio disso! Se vocês tem alguma coisa pra falar e se isso tiver a ver comigo, falem logo! – eu falo perdendo a paciência, eles sempre me escondem tudo e isso está começando a acabar com meu animo.
– Se você não falar, eu falo e eu falo do meu jeito! – ele alerta ela.
– Chega! – eu falo alto demais e eles se surpreendem me olhando com atenção – Agora! O que tá acontecendo aqui? Ou você me respondem ou eu vou embora e vocês não precisam mais se preocupar em falar comigo – eu continuo com a voz alta encarando eles dois.
– Eu só contei ao Haymitch sobre sua namorada! – ela fala com a voz irritada enquanto se levanta e praticamente jogo o prato na pia, eu paro no meu lugar, sem entender o que está acontecendo, eu olho pro Haymitch e ele sorri dando de ombros.
– Por que você falou isso pra ele? – eu pergunto encarando ela que parece surpresa com o que eu falo.
– Então ela é mesmo sua namorada? – ela pergunta com a voz baixa mas me encarando, eu a encaro sem entender onde ela pretende chegar com isso, que diferença faz pra ela se isso é ou não verdade.
– Eu acho que isso não tá em discussão – eu falo sem saber ao certo onde essa conversa vai chegar, ela me olha sem acreditar na minha resposta.
– Eu só comentei! Não sabia que era um segredo! – ela fala dando de ombros e se virando pra pegar outros pratos.
– Não é um segredo mas é minha vida, acho que vocês devem ter outros assuntos além desse – eu falo parecendo mais rude do que eu gostaria, na verdade eu estou confuso, por que pelo jeito que ela fala parece que ela está com ciúmes mas ao mesmo tempo isso é impossível, ela não me ama, não tem por que ela ter ciúme de mim, mas eu também não sei que outro motivo pode ter.
– Será que a gente pode cortar o bolo? – ela pergunta e me lança um olhar rápido, ela me entrega a faca e mesmo que a segundos atrás eu estivesse irritado ou confuso com ela, basta ela me olhar e isso acaba, eu pego a faca e corto o bolo, ela recusa cantar Parabéns por que nas palavras dela isso é ‘’desnecessário’’, então apenas cortamos o bolo, ela e Haymitch comem três pedaços de bolo enquanto eu ainda estou no segundo, quando terminamos, vamos pra sala.
– Eu falei com Dr. Aurelius e ele me indicou que nós continuássemos a fazer aquele livro, só que com todas as coisas boas que nós vimos, eu achei que pudesse ser uma boa ideia – ela fala quando nós sentamos no sofá, ela fala tentando parecer natural mas posso sentir que ela está receosa.
– É uma boa ideia! – eu falo sinceramente.
– É que pra isso, eu precisaria da sua ajuda e como você tá na padaria ... – ela começa a falar e eu a interrompo.
– Sem problema! Ele já tinha comentado comigo mas eu não achei que você fosse querer – eu falo já que ela mal saia de casa.
– Eu posso ajudar também – Haymitch fala já deitado no sofá.
– Tudo bem! A gente pode começar agora? – ela pergunta nos encarando.
– Por mim, tudo bem! – eu falo concordando.
– Então vocês começam e depois eu vejo isso aí – ele fala já se levantando do sofá.
– Onde você vai? – ela pergunta surpresa.
– Pra casa! – ele fala já indo em direção a porta – Juizo – ele fala antes de bater a porta nos deixando ali sozinhos.
– Você quer começar agora? – ela pergunta se levantando, eu concordo com a cabeça e ela me oferece a mão, e quando minha mão se fecha em torno da dela é como se uma ligação antiga estivesse se refazendo, sentir a mão dela na minha de novo me faz sorrir, nós vamos até o escritório e ela pega um novo caderno, me explica no que está pensando fazer, colocar a foto ou desenho de alguém que foi importante para nós de alguma maneira, enquanto ela fala eu me distraio com uma foto da Prim que está bem no meio da mesa, ela me vê olhando a foto, eu tento disfarçar mas ela a pega e a segura olhando com as lagrimas nos olhos.
– Ela era linda! – ela fala e as lagrimas rolam pelo rosto dela, eu me lembro de algo e decido se devo ou não contar pra ela, mas antes que eu tivesse uma decisão as palavras saem da minha boca.
– Ela era parecida com você – eu falo e ela me olha duvidando – Eu me lembro daquela vez que ligaram a cerca e você demorou pra chegar, nós fomos chamados pra cá e ficamos aqui esperando você aparecer, os guardas não saiam de perto e todos estavam preocupados, sua mãe mal conseguia ficar parada mas a Prim se mantinha firme, até que uma hora ela me pediu ajuda para pegar uma caixa, eu saí e fui até a cozinha atrás dela, eu mal tinha colocado o pé lá e ela praticamente me encurralou em um canto, ela me olhou nos olhos ‘’ Você acha que ela tá bem?’’ ela me perguntou aflita, e eu falei aquilo que eu realmente sabia ‘’Eu tenho certeza disso’’ quando eu falei ela se afastou um pouco e pareceu mais calma ‘’Foi o que eu pensei!’’ ela falou tranquila ‘’Agora volta pra lá se não eles vão desconfiar’’ ela falou aquilo com uma voz tão firme e decidida que por alguns instantes eu achei que estivesse na sua frente, ela estava angustiada e preocupada mas ela não deixou isso transparecer lá, por que ela tinha seu espírito de luta também, ela não ia se desesperar e não se desesperou, ela se manteve forte e naquele dia eu tive mais certeza ainda que vocês eram realmente parecidas’’ – eu relembro e falo tudo e quando acabo de falar percebo que ela está chorando, as lagrimas descem rapidamente pelo rosto dela enquanto ela continua olhando a foto – Desculpa, eu... – eu começo a me desculpar e ela me interrompe.
– Obrigada! – ela fala ainda chorando mais me olhando de forma sincera, eu dou um sorriso fraco e quando ela se acalma nós continuamos os desenhos, as horas passam rapidamente e quando eu vejo já está muito tarde.
– Eu tenho que ir – eu falo olhando as horas, ela me olha decepcionada mas se levanta quando eu fico de pé, eu já estava passando pela porta do escritório quando a mão dela segura a minha me fazendo parar, eu paro e a olho.
– Eu sei que eu não tenho direito de pedir isso, mas ... – ela fala e para, meu coração parece parar enquanto eu olho ela – Eu não consigo dormir... – ela solta a frase que eu conheço muito bem, por que é o mesmo que acontece comigo – Fica comigo? – ela pede e as palavras dela parecem fazer parar minha respiração, todas as vezes que eu esperava escutar isso e agora eu estou escutando, mesmo assim eu ainda tenho que manter meus pés no chão por mais que eu tenha esperado isso acontecer, por isso eu tento controlar minha voz.
– Tudo bem! - eu me limito a responder apenas isso, mesmo que minha vontade seja dizer pra ela o quanto eu esperei por isso de novo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Genteee... Mais um capitulo GRANDE como me pediram mas quero avisar que agora vou postar a cada 2 dias, por que minha inspiração pra capitulos grandes está se esgotando... rsrs... Beijos acompanhem



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "- Recomeçando" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.