A família oficialmente aumentou e a minha alegria junto com ela, eu poderia viver cada segundo do dia, cada segundo da minha vida ao lado deles e nada me faria falta, por que eles são tudo que realmente me importam. Depois que chegamos em casa era como se tudo estivesse diferente, ainda melhor, Pérola nao conseguia conter a animação de ter um bebê em casa e nao se desgrudava dele por nada, sempre por perto, atenta a seus menores movimentos, preocupada quando ele chorava ou quando simplesmente dormia demais, isso era o que mais a irritava, ela queria seu irmãozinho correndo junto com ela, brincando e falando, então tivemos que explicar a ela que isso ainda iria demorar um pouco e mesmo parecendo decepcionada, ela nos olhou sorrindo e com a voz mais doce e inocente ela afirmou pra ele.
– Tudo bem, eu te amo assim mesmo! - eu e Katniss a abraçamos e beijamos sua bochecha enquanto ela parecia nao entender, mas é lindo ver todo carinho e cuidado que ela tem pelo irmão, quando os outros vieram conhecer ele, ela se pôs ao lado dele sempre atenta a quem se aproximasse e quando ele estava dormindo o que acontecia bastante ela simplesmente se sentava na sua cama de frente pro berço e enquanto pintava ou brincava com sua boneca esperava ele acordar e quando isso acontecia ela vibrava, até mesmo durante as madrugadas quando ele chorava alto com fome ela nao se importava, embora muitas vezes o sono falasse mais alto e ela acabasse dormindo antes dele, quanto a Katniss, por mais cansada que ela parecia estar ainda assim um sorriso surgia em seu rosto quando ela olhava eles dois juntos, ela ainda acordava irritada alguns dias, afinal tinha noites que Pyter acordava cerca de quatro vezes, e por mais que eu o pegasse e tentasse acalmar apenas Katniss conseguia isso, parecia que apenas o calor dos bracos dela era suficiente pra ele, isso é claro a deixava um pouco exausta, por isso eu tirei o mês pra ficar em casa, passando apenas na padaria a parte da tarde e mesmo assim por pouco tempo, eu ficava em cada e tentava ajudar com qualquer coisa possível, arrumando a casa ou fazendo a comida, cuidar de Pérola era a tarefa mais agradável, quando Pyter dormia e Katniss aproveitava para descansar também eu e Pérola tínhamos um tempo só pra gente, parte desse tempo era pintando, ou desenhando, e é incrível como a cada dia que passa ela parece ainda melhor nisso, ela consegue juntar as cores de forma tao natural que parece um dom, esse tempo juntos acabou nos aproximando ainda mais e eu confesso que poderia passar a vida inteira assim, ver ela sorrindo e me abraçando, dizendo que me ama são coisas que afastam qualquer outro sentimento que nao seja gratidão e amor. Sra. Everdeen apareceu para nos visitar e conhecer Pyter dois meses após seu nascimento, ela chegou sem avisar, pediu desculpas mas ela disse que só havia conseguido permissão na noite anterior por isso nao teve tempo, depois do que eu disse a ela na ultima visita achei que ela nao voltaria mas me enganei, ela apareceu e dessa vez passou uma semana inteira aqui, Pérola pareceu nao se lembrar do que aconteceu da ultima vez e a recebeu normalmente, claro que nem de longe é uma relação forte como a dela com o Haymitch mas é o máximo que elas podem chegar, ainda assim eu nao consigo evitar esse sentimento de proteção, nao quero que ela se magoe de novo, talvez ela tenha se esquecido da última vez mas por enquanto é facil de levar, embora já tenha 3 anos ela ainda é um bebê mas nao sera assim pra sempre, infelizmente, acho que Sra Everdeen percebeu meu receio com ela por que certa manha quando eu acordo e a encontro na cozinha ela me olha um pouco envergonhada mas me garante com sinceridade.
– Eu nao vou magoa-la, eu os amo! - e mesmo sentindo a sinceridade em suas palavras pra mim já nao são mais suficientes, é preciso mais do que palavras, mais do que declarações.
– Eu espero que não - eu encerro o assunto e mesmo parecendo querer dizer algo ela nao diz, e assim se passou a semana dela aqui, ela ajudou Katniss com o bebê, passando algumas receitas e dicas do que fazer caso ele tivesse cólicas ou dificuldade para dormir, Katniss assim como eu nitidamente estava receosa com a mae, ela não rejeitava sua ajuda mas também não parecia entusiasmada com nada que ela pudesse fazer, e na ultima noite que ela passou conosco logo depois do Pyter dormir ela se ofereceu para contar a historia de dormir para Pérola, então eu e Katniss demos nossos beijos de boa noite e as deixamos sozinhas entre sussurros para nao acordar Pyter, e só então quando eu me deito na cama ao lado dela que ela solta o ar cansada.
– Ela pensa que pode compensar todos os anos com alguns dias - ela fala e sua voz é baixa mas nao melancólica apenas constata um fato e dessa vez ao contrario das outras eu não discordo, nao digo nada afinal ela esta certa, por isso apenas a puxo para os meus bracos, beijo sua testa e a aconchego em mim e é assim que eu sei que tudo ficará bem. Na manha seguinte eu levo a Sra Everdeen ate a estação e volto pra casa rapidamente, quando desco do carro Haymitch e Pérola estão saindo de casa, ela corre ate a mim e beija minha bochecha mas logo continua seu caminho com ele enquanto eu entro em casa, o choro começa quando estou na metade da escada, entro no quarto e o pego, ele me olha e diminui o choro, eu sorrio e o aconchego em mim aproveitando esse raro momento quando apenas eu sou suficiente pra ele, eu caminho pelo quarto conversando com ele, falando sobre o como ele já parece muito maior e o quanto o tempo tem passado rápido, claro que não tenho uma resposta mas seus olhos estão fixos em mim em um silêncio atencioso.
– Você não acha que ele vai responder, acha? - eu me viro e encontro Katniss encostada na porta nos observando com um olhar divertido.
– Mas ele já respondeu - eu falo dando de ombros e me aproximo dela - Não é? Fala pra mamãe - eu falo olhando pra ele e então como se entendesse ele sorri, eu sorrio junto com ele - Viu! A gente se entende - eu falo orgulhoso e ela sorri.
– Então continuem se entendendo por que eu preciso de um banho - ela fala e beija a bochecha dele e depois me da um beijo rápido, ele resmunga mas eu volto a caminhar e conversar e logo ele está calmo de novo e então depois de alguns minutos assim ele dorme, eu o coloco no berço e o observo por alguns segundos sem conseguir parar de sorrir, depois eu saio do quarto lentamente e entro no nosso quarto, Katniss esta saindo do banheiro com o roupão.
– Dormiu? - ela pergunta me olhando curiosa.
– Calmo e sereno - eu afirmo e me aproximo dela, meus braços passam em volta da sua cintura e a aproximo mais ainda de mim, a correria tem aumentado e com isso nosso tempo a sós diminuído e quando acontece geralmente estamos cansados ou já esta tão tarde que tudo que fazemos é dormir abraçados, nao que eu esteja reclamando mas eu também a desejo com minha mulher e cada dia esse sentimento só aumenta, eu aproximo meus lábios do seu pescoço e inspiro seu perfume.
– Você esta muito cheirosa - eu falo com os lábios na orelha dela, ela solta uma pequena risada e tenta se esquivar.
– É por que eu tomei banho! Ao contrário de você - ela fala com ironia e eu paro meu rosto de frente pro dela e sorrio de forma divertida.
– Nós podemos resolver isso! - eu falo e suas sobrancelhas já estavam se juntando de forma curiosa quando eu começo a caminhar ainda abraçado a ela conduzindo-nos ate o banheiro, ela ri.
– Não Peeta! - ela pede, a voz tentando se manter estável e tenta me fazer recuar mas ela esta sorrindo.
– Sim Katniss - eu falo também sorrindo e entramos no banheiro, eu desfaço o nó do roupão e ela tenta segurar minha mão.
– Peeta... - ela reclama segurando a corda do roupão.
– Katniss... - eu a imito e então abro seu roupão deixando a corda caída pelo chão, eu me movo e a encosto na parede, prendendo-a entre meus braços - Pérola está com Haymitch, e nosso pequeno garoto esta num sono bem intenso agora - eu falo com o rosto quase colado ao dela - Então... - eu falo e sorrio, meus lábios descem pelo seu pescoço e aos poucos minhas mãos invadem seu roupão, tocando sua pele nua e subindo pelo seu corpo, sua resistência começa a se desfazer e quando eu paro meus lábios encostados ao dela nossos olhares também se encontram e eu sei que ela também quer, por isso a beijo, nossas respirações se misturando, o calor do seu corpo se juntando ao meu, ela finalmente desiste de resistir e seus dedos se entrelaçam nos meus cabelos me puxando ainda mais pra ela e é isso que eu faço, intensifico o beijo deixando nossas línguas se misturarem rapidamente, cada vez mais intensas e logo o ar começa a faltar e quando afasto meus lábios dela suas mãos sobem minha camisa e a tiram, ela a joga no chão e eu sorrio antes de voltar a beijá-la, suas mãos abrem a minha calça e um sorriso escapa dos meus lábios mesmo com nossas bocas ainda juntas, eu mantenho o aperto em sua cintura e a outra mão eu aperto sua coxa e a encaixo no meu quadril, nossos corpos se movendo e se encaixando de forma perfeita e sincronizada, o calor que nossos corpos liberam só faz aumentar a falta que eu sinto dela, nós já tínhamos estado "juntos" antes mas ainda assim meu corpo sentia falta do seu, por que assim que me sinto completo, como se nada alem de nós dois existisse, nossos corpos se completam perfeitamente, mesmo com tantas coisas acontecendo, sendo pais e donos de casa e tantas outras obrigações ainda assim somos homem e mulher e eu a desejo tanto quanto da primeira vez, eu ainda pertenço a ela e ela a mim, já estávamos no chuveiro, no meio do banho quando o choro inicia, eu já estava saindo quando ela me impede.
– É fome! Eu vou - ela avisa e puxa a toalha - Você me fez perder meu horário dr descanso - ela fala já pegando o roupão do chão.
– Claro, você parece ben irritada - eu falo implicando com ela que tenta Mr olhar com desprezo mas acaba sorrindo.
– Faz o café antes de sair - ela fala já saindo do banheiro, eu volto com a cabeça debaixo da água e termino o banho, me enrolo na toalha e saio do banheiro, pego minha roupa e me visto, quando saio do nosso quarto e entro no quarto das crianças, vejo Katniss sentada na poltrona, Pyter nos seus braços mamando enquanto seus pequenos dedinhos seguram uma mecha do seu cabelo, eu paro na porta observando eles e é desnecessário dizer que o sorriso no meu rosto era enorme tanto que depois de alguns minutos senti meus músculos do rosto doloridos, Katniss me viu ali mas voltou sua atenção a Pyter, mesmo querendo ficar ali eu me viro e saio descendo as escadas rapidamente, entro na cozinha e começo a rotina, o tempo em que termino de preparar o café Haymitch e Pérola entram em casa, ela vem até a mim animada contando sobre um dos gansos que estava doente e agora já esta bem de novo, ela parece realmente feliz e vendo-a assim mesmo sem me importar com o ganso fico feliz também.
– O que você acha de ir pra padaria comigo? - eu pergunto enquanto a pego no colo.
– Eu queria ficar com a mamãe - ela fala e eu estranho, por que ela sempre queria ir a padaria.
– Mas vamos ser eu e você fazendo bolos - eu falo e ela nao parece muito animada.
– Leva o Pyter e eu fico com a mamãe - ela fala e então eu entendo o problema, Pérola ama o irmão e isso é visível mas Katniss passa o tempo todo com ele o que acabou diminuindo e muito o tempo delas duas e por mais que ela seja apegada a mim, Katniss é a mãe! É obvio que ela sente sua falta, eu olho pro Haymitch em busca de alguma coisa pra falar mas ele apenas dá de ombros.
– Mas ele nao pode comer bolo de chocolate - eu falo e um brilho aparece nos seus olhos e ela sorri.
– Eu posso comer bolo de chocolate? - ela pergunta meio duvidosa.
– Claro! Tudo pra minha princesa - eu falo e beijo sua bochecha, ela me libera um sorriso.
– A gente podemos trazer pra mamãe? - ela pergunta curiosa mas já sorrindo.
– Claro que podemos - eu garanto e ela parece mais animada - Mas vamos deixar o menor pedaço pra ela - eu finjo sussurrar em seu ouvido o que faz ela soltar uma risada.
Então depois de lhe dar pelo menos um copo de leite subimos e eu a ajudo a se arrumar e enquanto eu fechava suas sandálias ela mantinha os olhos fixos na Katniss e no Pyter, mas nao havia mais ciumes ou tristeza, ela o olhava com o mesmo carinho e pureza de antes.
– Vai demorar muito pra ele crescer? - ela pergunta depois de alguns segundos.
– Um pouco - eu falo e ela faz uma careta triste e então pula da cama parando em pé - Vamos? - eu falo e lhe ofereço a mao que ela aceita rapidamente.
– E meu beijo? - Katniss pede antes que a gente saia do quarto e o sorriso da Perola quase divide o rosto dela ao meio, ela corre ate ela mas se aproxima com cuidado e entao beija a bochecha dela fazendo um estalo e as duas riem, então ela beija a mao do Pyter.
– A gente vamos trabalhar mas já volta - ela fala como se fosse uma adulta, eu ignoro os erros e sorrio orgulhoso, ela volta a me dar as mãos.
– Amo vocês dois - eu falo quando saímos do quarto, Perola sempre de mãos dadas a mim e saímos de casa, Haymitch estava saindo da Aldeia também e nos acompanhou ate a metade do caminho, depois fomos apenas Perola e eu, a padaria estava movimentada e quando entramos com Pérola falante atraimos praticamente todos os olhares.
– Hey Princesa. Tem uma coisa que você vai gostar lá atrás - Benny fala quando ela se aproxima tímida pelos olhares e sorrisos recebidos, eu libero sua mão e ela corre pra cozinha.
– Como estão as coisas? - eu pergunto parando no balcão.
– Tudo em ordem! - ele garante fazendo sinal de continência - Ah ligaram da filial - ele avisa quando já estava me afastando, eu sinalizou que ouvi e entro na cozinha, Pérola ja está sentada na bancada sendo bajulada por Marie, ela ri e se aproveita para experimentar os doces que ela acaba de confeitar.
– Pega leve nos doces com ela Marie, ainda nao são nem dez horas - eu aviso e ela faz uma careta assustada pra Perola que ri escondendo o doce - Eu já vi Pérola! - eu aviso e elas se olham rindo.
– Só um - ela pede com uma carinha melosa.
– Só um! - eu afirmo indicando o um com o dedo - Eu já volto - eu aviso e entro no escritório, me surpreendo com a quantidade de correspondências, dois dias sem vir aqui e quatro envelopes a espera, três de contas, e um é um convite, assim que vejo o nome nele rasgo, o nome era Plutarch Heavenbense seja la o que for nós não iremos mesmo, me sento e ligo para o Distrito sete, depois de quase 49 minutos de conversa termino com um sorriso satisfeito, as coisas por lá andam tao boas que terão auê comprar mais dois fornos e contratar no minimo mais três pessoas, sem falar no dinheiro que também aumenta, fico feliz nao só por mim mas pelos outros também, eles irão a loucura com uma novo aumento mas ainda terei que refazer algumas contas.
– Papai! - ela entra correndo e traz na mao uma colher de pau suja de chocolate que acaba sujando minha camisa.
– Agora sua mãe vai puxar nossas orelhas - eu falo e ela tenta limpar esfregando a outra mão - Tudo ben! - eu falo parando a sua mão então olho para a colher em sua mão - O que eu disse dos doces - eu falo e ela me olha meio confusa.
– Não é doce, é chocolate - ela fala convencida disso, eu acabo rindo, como não rir com uma figura dessas, eu beijo sua testa e esclareco.
– Mas chocolate É doce! - ela nao discute, apenas termina de passar os dedos pela colher, eu volto pra cozinha com ela e começo a ajudar nas coisas sempre a tendo ao meu lado até que as duas figuras entram.
Junior vem na frente trazendo o papel e o recibo, algumas vezes quando o movimento esta forte Philip chama por Junior que faz as entregas para nós, a principio ele nao queria aceitar que eu pagasse o garoto pra isso, foi preciso conversar com ele, expliquei que se ele estava trabalhando era justo receber afinal que tipo de exemplos dariamos a ele, Philip pareceu meio relutante em aceitar dizendo que já tinham suficiente mas trabalho é trabalho e se ele o faz deve receber, e ao que se comenta Junior tem aproveitado o dinheiro, alem de ser um ótimo garoto ele também é bonito e juntando isso a algum dinheiro por semana, logo temos uma fila de garotas interessadas nele, Philip fica orgulhoso, Delly tem crises a cada vez que falamos disso, quanto a mim me divirto e torço para que demore muito ate eu passar por isso.
– Tio Peeta! - ele me cumprimenta com um pequeno tapa no ombro e então outra figura entra correndo atrás dele - Ian nao corre - ele briga com o garotinho loiro que para a frente da Pérola que também já quer descer da bancada.
– Ian - ela comemora quando o vê.
– Pérola - ele também parece animado enquanto a aguarda no chão, Rory a desce e ele a abraça quase caindo os dois no chão, eu o seguro pelo ombro.
– Ei rapaz, é minha filha! Cuidado - eu brinco e Philip ri.
– Ah é e ele é muito bravo - nao foi a ironia que me chamou atenção e sim por que eu conheço muito bem essa a voz, foi isso que me fez virar rapidamente e quase não acreditar no que vejo, Katniss esta na padaria trazendo Pyter no carrinho.
– Katss...? - meu rosto com certeza demonstra a minha surpresa, a primeira vez que eles saem, e dessa vez foi mais rápido do que com a Pérola.
– Surpresa - ela fala dando de ombros - A gente não aguentava mais ficar em casa - ela fala e logo Marie esta no carrinho animada querendo pegá-lo no colo, mas com pena de acordá-lo - Tudo bem, eu vou acordá-lo de qualquer maneira - Katniss fala incentivando-a e então ela abre um sorriso grande demais e o pega, alguns resmungos, um coçar de olhos mas logo ele se acalma novamente.
– Você podia ter me avisado e eu trazia vocês - eu falo quando me aproximo dela, ela me encara desaprovando a ideia - Péssima ideia, entendi - eu falo e ela sorri e então me beija rapidamente.
– Eu pensei em dar uma volta no parque com eles - o parque na verdade é um espaço próximo a Campina onde fizeram uma especie de segunda praça mas dessa vez algo mais para as crianças, alguns bancos para os pais e cadeiras de ferro alinhadas formando um circulo que roda de acordo com a força das crianças, alguns balanços e um escorrega, o que já é algo simplesmente impensável e incrível pra quem viveu aqui anos atrás, antes de tudo.
– Vamos! A gente queremos ir no parquinho mamãe - Pérola logo se anima pulando ao nosso lado acompanhada do pequeno Ian que cada dia fica mais longe de um pequeno assim como Pérola e esse pensamento me assusta, nao estou preparado pra ver ela crescer tão rápido.
– Você tem que pedir seu pai, Ian - ela avisa e logo ele corre falando apressado que quer ir no parque com a Pérola, Philip mão precisa pensar muito e libera, apenas pedindo para que ela o deixe em casa, mas como nao é próximo Katniss garante que nao haverá problemas.
– Eu vou com vocês - eu falo e pego Pyter do colo de Marie - Eu acho que não volto a tarde - eu aviso e eles concordam, já estávamos alcançando a porta quando Philip me chama da porta da cozinha.
– Telefone! Da distribuidora e parece importante - ele fala como se pedindo desculpas, eu olho pra Katniss e ela me aconselha a ir.
– Pode ser importante - ela fala enquanto estamos parados na porta - Depois você nos encontra - ela completa e mesmo querendo seguir com eles eu concordo, beijo- a rapidamente e retorno - Mas se você demorar muito melhor encontrar a gente em casa! Ainda tenho que dar almoço pra eles - ela avisa e eu concordo mas espero nao demorar e estar presente no primeiro passeio ao parque do Pyter e mesmo nao sendo a primeira vez da Pérola, ainda assim seria a primeira que todos nós estaríamos juntos. Eu corro até o escritório e atendo o telefone, murcho assim que descubro o motivo da ligação, houve um problema com os pedidos que fizemos e tudo foi perdido, nao apenas daqui como da filial no sete também, agora terei que refazê-lo todo, eu me sento na cadeira meio derrotado e puxo o caderno a minha frente, a lista trabalhosa com certeza me custará tempo, e realmente custa, 40 minutos, alem de refazer o pedido tive que lhe passar alguns dados das notas anteriores, quando termino todos já estão terminando suas tarefas também, eu saio rápido na esperança de ainda encontra-los mas quando chego o parque esta praticamente vazio, tirando duas crianças se balançando no que eu considero ser forte demais, mas nada deles, eu solto o ar frustrado e faço meu caminho pra casa, quando chego subo logo as escadas e entro no quarto das crianças, Katniss esta sentada na poltrona segurando Pyter e Perola está sentada na cama, pernas dobradas de frente pra eles contando uma de suas histórias confusas mas que me faz sorrir sempre.
– Papai - ela para e e ergue os braços assim que me vê, eu vou até ela e a pego no colo levantando-a ate que uma dor nas costas me lembra que o tempo passou pra mim também, eu a seguro no colo colocando beijos na sua bochecha e fazendo ela rir.
– Era imperante pelo visto né - Katniss fala me distraindo da brincadeira com a Pérola.
– É, era sim! Eles perderam todos os registros de pedidos da padaria, nao só os daqui como a do Distrito Sete - eu explico e ela parece preocupada.
– E agora?
– Agora.. . tudo resolvido - eu garanto e ela parece aliviada - Mas isso me custou o primeiro passeio da familia completa - eu lamento e aperto meus braços em volta da Pérola - E então como foi lá? - eu pergunto e Pérola se apressa em responder.
– Foi legal! Ian quase caiu do escorrega - ela conta fazendo caras e bocas e eu já estou sorrindo só de imaginar a cara dela em todas as cenas até que uma revelação trava o meu sorriso - E o tio Gale empurra lá no alto - ela fala se referindo ao balanço levantando os braços o mais alto que consegue.
– Gale? - minha atenção se volta pra Katniss mas é Pérola quem responde.
– É, ele ficou empurrando a gente mas o Ian tava com medo, eu não tava com medo - ela fala orgulhosa de si mesma, e eu mantenho meus olhos em Katniss.
– Quando nós chegamos lá ele já estava com a Hazel - ela fala me olhando de volta.
– Você tinha que tá la papai - Perola fala segurando meu rosto com as duas mãos pra que eu a olhe.
– É, acho que eu tinha mesmo - eu falo e forço um sorriso, beijo a testa dela e a coloco em pé na cama.
– Vocês já almoçaram? - eu pergunto pra Katniss sem conseguir disfarçar a minha voz.
– Ainda nao - ela responde enquanto me encara, como se nao entendesse minha reação, eu me aproximo dela e pego Pyter dos seus braços, ele abre os olhos lentamente e quando me vê abre o que parece ser um sorriso e volta a fecha-los se aconchegando em mim.
– Vão vocês duas primeiro - eu falo enquanto ela se levanta.
– Se colocar ele no carrinho ele dorme e nós podemos almoçar ... Juntos! - ela fala destacando a palavra.
– Tô sem fome - eu falo olhando apenas para o Pyter nos meus braços, então ela o pega, caminha ate o berço e o coloca lá.
– Pérola, olha o seu irmão um pouquinho? - ela pede e logo Perola esta a postos ao lado do berço com um sorriso orgulhoso, entao Katniss me puxa pelo braco ate o corredor e quase me empurra na parede.
– O que você queria que eu fizesse? - ela pergunta rapidamente e irritada, enquanto com um olhar rapido ela olha para dentro do quarto.
– Me contasse logo - eu falo também irritado mas mantendo a voz calma.
– Você acabou de chegar - ela fala como se tivesse me explicando lentamente, eu nao digo nada - Eu nao entendo por que isso... Você sabe que nao tem nada entre a gente - ela fala realmente sem entender mas pra mim é muito simples.
– Era pra eu estar ali com vocês! Foi a primeira vez que vocês saíram de casa e eu queria estar lá - eu falo e seus olhos parecem confusos, surpresos e finalmente compreendem - A família completa e justo "ele" estava lá - eu falo sem conseguir encarar ela, por mais idiota que possa parecer eu odeio saber disso.
– Ei - ela vira meu rosto pra de frente pro dela, segurando-o pelo queixo - A familia nao estava completa! Faltava você certo? Então, oficialmente nao tivemos um passeio com a familia - ela fala e libera um sorriso, e mesmo nao substituindo esse sentimento, eu sorrio, minhas mãos encontram sua cintura e então eu a beijo.
– Anda, eu já estou com fome - ela fala se soltando de mim, entramos no quarto novamente e ela pega Pyter e eu desco com Pérola, ele é colocado em seu carrinho e nós vamos almoçar, já estava tudo pronto, eu ou Katniss sempre deixamos nosso almoço adiantado já que as vezes pode ficar muito corrido, nós três almoçamos tranquilamente e só então quando Katniss se levantada mesa pra recolher os pratos que Pyter chora.
– Você anda treinando com ele pra nao ter que lavar a louça? - eu pergunto enquanto ela já está pegando-o.
– Nós somos uma boa dupla - ela fala com ironia com ele no colo já sem chorar.
– Espero que tenham separado o meu - Haymitch avisa já entrando pela cozinha.
– Vovô - Pérola corre ate ele que esta mancando mesmo tentando disfarçar.
– O que houve? - eu pergunto apontando para a perna.
– Nao te interessa - ele fala sem nem me olhar e então puxa uma cadeira, ele pega Pérola com certa dificuldade mas a coloca no colo.
– É impressão minha ou você esta ainda mais linda? - ele pergunta e ela sorri envergonhada porem orgulhosa.
– Sabia que a gente fomos no parquinho hoje - ela fala e começa a recontar a historia, eu começo a lavar a louça, Haymitch se serve sempre atento a historia de Pérola e Katniss foi pra sala com Pyter, quando eu termino de lavar tudo Haymitch praticamente joga o prato na pia.
– Faltou um - ele fala e se afasta dando a mao pra Pérola e saindo da cozinha, eu penso em nao lavar e fazer com que ele mesmo lave, afinal ele nunca faz isso, mas eu me dou conta que será inútil, o prato ficaria sujo para sempre então em poucos minutos tudo já esta limpo de novo e eu vou pra sala, Katniss esta na poltrona com Pyter e Haymitch e Pérola no sofá maior, eu consigo um lugar também e ficamos ali, Pérola falante, Katniss amamentando, eu observando e Haymitch estranhamente quieto, ele tenta disfarçar elogiando Pérola ou soltando alguma piada idiota mas a verdade é que é nítido que algo esta errado eu só nao sei o que ainda.
– Você percebeu como o Haymitch estava hoje? - eu pergunto a Katniss quando nós já estávamos nos deitando.
– Velho? Irritante? Ele tem estado assim nos últimos 20 anos - ela fala sem se abalar e já puxando o lençol para se deitar.
– Ele estava estranho! Quieto - eu falo me lembrando dele.
– Ele quer chamar atenção Peeta... E pelo visto conseguiu - ela conclui quando percebe meu olhar preocupado.
– Ele tava mancando - eu relembro e s olho a espera de uma preocupação também mas apenas encontro um revirar de olhos despreocupado.
– Peeta, nós estamos falando do Haymitch, tudo que ele faz é pra ter atenção! Ele esta bem e você não deveria se preocupar com ele - ela fala e se deita amassando o travesseiro com as mãos - Quer algo com que se preocupar? Então preocupe-se com o fato que você só tem três horas de sono ate o primeiro choro - ela fala e eu solto un sorriso, então me inclino sobre ela, nossos lábios próximos demais.
– Três horas é? - eu pergunta sorrindo e lentamente, ela também sorri mas suas maos vão pro meu peito e me afastam ate que eu me deite ao seu lado.
– Sim! Três horas! De sono, por que eu to cansada - ela esclarece e eu a puxo pela cintura pra mais perto de mim, meu nariz passando pelo seu pescoço, ela já estava quase abandonando a ideia quando volta a me afastar.
– Peeta é sério! Eu preciso mesmo dormir ou pelo menos tentar... - ela fala e realmente parece cansada, eu finjo uma cara triste e ela sorri, se aproxima e me beija, mas antes que o beijo avance eu mesmo o paro, ela sorri e então junta o corpo ao meu, seus braços me envolvem e sua cabeca se encaixa sobre meu peito, sinto quando ela solta o ar e seu corpo relaxada junto ao meu, eu passo meus dedos pelas suas costas e afundo meu rosto em seu cabelo inspirando seu perfume e depois de alguns minutos eu também relaxo. Acordo com Katniss saindo da cama, abro os olhos esperando o choro mas nao ha nada, ela vai pro banheiro e eu volto a fechar os olhos até sentir o movimento na cama penso ser Katniss mas quando abro os olhos embora sejam os mesmos olhos cinzentos eles pertencem a uma pequena figura sonolenta.
– Já acordada? - eu pergunto estranhando pois esta cedo demais, ela se aperta a mim, as mãozinhas frias se apertando em mim e o rosto colado no meu peito, ela parece nervosa e assustada.
– Ei meu amor... O que houve? - eu pergunto tentando me sentar mas ela está tao apertada em mim que mal consigo me mover, mesmo sem saber o que foi todos os meus sentidos se despertam - Pérola, fala pro papai. O que aconteceu? - eu pergunto devagar e tento fazer ela me soltar, seus braços afrouxam e eu Mr arrasto na cama ate ficar sentada com as costas apoiadas nos travesseiros, ela se senta no meu colo, uma perna de cada lado e volta a me abraçar, eu passo a mão nas costas dela tentando acalmá-la - Por favor meu amor. Fala pro papai - eu peço mais uma vez e entao ela confessa.
– Eu tive um sonho ruim - ela fala com o rosto ainda no meu peito e eu sinto um medo e uma angustia grande demais, apenas essas palavras, sonho ruim, pesadelos, me trazem tantas lembranças ruins que eu temo por ela, eu seguro o rostinho dela e a faco olhar pra mim.
– Você quer contar pro papai como foi? - eu pergunto olhando pra ela e ainda consigo enxergar seus olhinhos assustados, mas ela confirma com a cabeça, porem fica em silêncio só me olhando - Então? Conta... - eu a incentivo e então ela endireita a postura e me olha e eu me preparo pra algo ruim e em como acalmá-la depois.
– Eu sonhei que o Billy (o coelho de pelúcia) virava de verdade e comia os nansos - ela fala e então me abraça de novo assustada e eu preciso juntar todas as minhas forças pra nao rir, eu esperava algo realmente ruim mas ao invés disso é apenas uma coisa boba, eu continuo acariciando suas costas e seus cabelos pra que ela se acalme e tentando achar algo pra falar, e confesso que também respiro aliviado sabendo que são esses tipos de pesadelos que a acompanham, por que por pior que possam parecer pra ela eu sei que existem muitos piores e as vezes eles nunca se vão por completo, infelizmente também sei disso.
– Vai ficar tudo bem - eu falo pra ela e então a porta do banheiro se abre e Katniss nos olha meio curiosa, se aproxima e seus olhos me perguntam o que sua boca ainda nao formulou.
– Ela teve um pesadelo - eu falo e seus olhos se atentam assim como os meus - Que o Billy comia os nansos - eu falo e se eu segurei a risada Katniss simplesmente a libera fazendo Pérola a olha rapidamente.
– Desculpa - Katniss pede mas a risada já quer lhe escapar de novo.
– Não é pra rir - Perola briga parecendo irritada, com ela.
– É que a mamãe ficou nervosa - eu falo pra Pérola enquanto eu mesmo tento nao rir - Mas eu tenho certeza e a mamãe também que o Billy nunca ia fazer isso - eu falo e ela me olha meio desconfiada - Nao é mamãe? - eu pergunto e Katniss segura o sorriso.
– Eu tenho certeza - ela garante o mais confiante que consegue - Alem do mais coelhos nao comem gansos! Comem cenouras, então você nao precisa se preocupar - ela esclarece e agora Pérola parece mais confiante.
– Só cenoura? - ela pergunta olhando pra mim e depois para Katniss.
– Só cenoura - nós respondemos juntos o que parece dar mais segurança a ela que agora já parece convencida.
– Eu gosto do Billy e gosto dos nansos - ela fala pensativa.
– Que bom! Por que eles ainda vão viver muitos e muitos e muitos anos - Katniss fala enquanto faz cócegas na barriga dela, arrancando altas gargalhadas, ela se deita na cama tentando se debater mas Katniss insiste e só para quando ela já esta parecendo cansada de tanto rir e então o choro aparece.
– Eu vou lá - eu falo ja pulando da cama e indo ate ele deixando as duas curtindo um pouco mais esse momento delas, Pyter demora alguns segundos pra se acalmar mas logo para o choro por completo, eu me sento na poltrona enquanto converso com ele e ele sorri pra mim, e olhando pra ele eu sinto um alivio e uma alegria em saber que eles nunca terão pesadelos como os nossos, em saber que meus filhos jamais terão que passar pelo que eu já passei, esse é o maior alivio que eu já senti na minha vida.
– Cadê o vovô? - Perola pergunta enquanto estamos tomando café já arrumados para irmos a consulta de rotina do Pyter.
– Deve tá dormindo - Katniss fala sem se preocupar - Anda Pérola come logo, assim você vai ficar com seu pai em casa - ela briga e Pérola se apressa, nós terminamos o café e saímos.
– Eu posso ver o vovô antes? - ela pergunta quando já estávamos indo para o carro.
– Nao Pérola, quando voltar você vê ele - ela fala abrindo a porta do carro pra ela.
– Por favor - ela junta as duas mãos e Katniss já ia brigar com ela quando eu interrompo.
– Só vai levar um minuto - eu falo e Perola sorri pra mim mas Katniss me encara desaprovando.
– Você ainda ta com aquela ideia maluca na cabeça - ela constata e eu nao digo nada - Vocês tem um minuto ou eu e o Pyter vamos sozinhos - ela ameaça e eu e Pérola seguimos ate o Haymitch, entro na casa e todas as luzes estão acesas, enquanto eu apago uma Pérola corre pra procurar ele, eu vou logo atrás, ele esta no sofá com uma cara horrível enrolado em um cobertor.
– Por que você nao foi me ver? - ela esta perguntando pra ele e antes de me aproximar já sei que tem algo realmente errado, então aperto os passos e os alcanço, e antes da minha mão encostar nele já sinto o calor que seu corpo libera, mas insisto e confirmo com a mão na sua testa que mais parece um carvão quente.
– Haymitch, o que você ta sentindo? - eu pergunto já puxando o cobertor dele mas ele o segura - Se cobrir só vai aumentar a febre - eu falo e puxo com mais força.
– Ele ta dodoi? - Perola pergunta nos olhando preocupada.
– Ta, mas ele vai ficar bom - eu aviso e ele nega.
– Eu não estou doente - ele afirma rapidamente e sério enquanto se senta e quase teria me convencido se ele nao fosse pelo que acontece em seguida, seu corpo se inclina pra frente e então ele vomita em cima dos meus sapatos, eu afasto meus pés rapidamente mas não sem antes suja-los, o cheiro invade a casa em segundos enquanto eu apenas apoio a mão nas suas costas.
– Vovô? - ela grita assustada.
– Ele vai ficar bem! Espera la com a mamãe tudo bem? - eu falo mais ela se nega.
– Eu vou ficar com o vovô - ela garante e sobe no sofá o abraçando meio de lado.
– Nós vamos pro Hospital - eu aviso e ele levanta a cabeça rapidamente.
– Eu não vou pro hospital - ele fala juntando o pouco de força que tem.
– Você acaba de vomitar nos meus sapatos, esta me atrasando pra consulta do Pyter e esta assustando Pérola - eu falo firme e ele a olha realmente assustada - É Claro que você vai pro Hospital - eu concluo.
– Eu vou ficar bem - ele garante mesmo sendo visível que isso nao é verdade.
– Se você nao levantar agora, você esta proibido de chegar perto da Pérola - eu falo e mesmo acabado ele me olha com ódio ja estava a ponto de me xingar quando Pérola fala com ele.
– Por favor vovô - ela o olha assustada e nervosa.
– Que cheiro é esse? - a voz da Katniss entra na casa - Eu disse um minuto e vocês... - a frase para quando ela alcança a sala - O que aconteceu? - ela pergunta olhando do Haymitch para os meus pés e depois pra mim.
– Haymitch também esta indo pro Hospital - eu falo e o ajudo a levantar, saímos da casa e eu quase preciso carregar ele até o carro, o coloco na parte da frente e me afasto, tiro os sapatos jogando-os no canto pelo quintal, pego outros que estavam logo atrás da porta de casa e saímos.
– O que ele tem? - Katniss me pergunta.
– Nao fale de mim como se eu não estivesse aqui! Por que eu estou aqui queridinha. Ainda não morri, quase, mas ainda não - ele fala com um esforço pra sair irônico.
– O vovô vai morrer? - Pérola pergunta assustada e quase chorando e eu o olho reprovando e ate ele parece reprovar o que disse.
– Não, princesa! Eu vou ficar bem - ele garante e logo chegamos ao Hospital, eu o levo para a emergência, Pérola de maos dadas a ele e Katniss vem logo atrás carregando Pyter.
– Eu levo ele! Vocês tem consulta - eu falo quando paramos no balcão e sou completamente ignorado.
– Precisamos de um médico agora! É urgente - Katniss fala com uma enfermeira que passava na hora, ela lhe pergunta algo que eu nao entendo - Ele esta queimando em febre e já vomitou - ela fala indicando Haymitch.
– Eu vou chamar o médico - a mulher avisa já se afastando, depois somos levados para outra sala - As crianças nao podem ficar aqui - ela avisa e Katniss me olha.
– Eu fico com ele! Você leva eles pra consulta - eu falo e dessa vez ela concorda sem problemas.
– Mas eu quero ficar com o vovô - Pérola reclama se recusando a sair.
– Eu preciso te pedir um favor pode ser? - eu pergunto e ela me olha com atenção - Preciso que você ajude a mamãe com o Pyter! Você sabe que ela esta cansada, então eu posso contar com você? - eu pergunto e ela olha para o Pyter, Haymitch acabou sendo levado para a outra sala e então depois de alguns segundos mesmo desanimada ela aceita.
– Mas cuida do vovô - ela exige.
– Eu prometo - eu garanto a ela e beijo sua testa.
– Assim que saírmos daqui eu passo la - eu falo pra Katniss que também esta preocupada, ela concorda e então sai levando eles, eu procuro pela enfermeira e ela me leva ate onde Haymitch está, entro na sala e ele está discutindo com o médico.
– Eu estou bem! Nem deveria estar aqui - ele bate o pé impedindo o médico de abrir sua camisa.
– Droga Haymitch! Cala essa boca - eu falo alto e firme e ele se surpreende me olhando, o medico também me olha meio assustado - Você vai calar a merda dessa boca e vai deixar o medico trabalhar! Perola está la fora preocupada, chorando e eu prometi que você ficaria bem então ou você deixa por bem ou vai ser por mal - eu aviso sem blefar e sem desviar os olhos dele, então depois de me encarar ele simplesmente abre os botões da camisa se sentando na maca, eu aguardo no canto e passam-se vários minutos, sangue é retirado, sinais são verificados e perguntas são feitas, temos de aguardar um pouco pelos resultados e o fazemos em silêncio, o médico volta lhe aplica uma injeção para febre abaixar, o coloca no soro e então vem a explicação, que em resumo diz que o fígado dele está lhe devolvendo tudo que já recebeu durante toda a vida, Haymitch nunca parou de beber, mesmo depois do nascimento da Pérola ele mantinha o vício, talvez não tanto quanto antes mas depois de uma vida assim o resultado não poderia ser muito diferente, Katniss e eu ignoramos esse fato desde que ele jamais bebesse ou aparecesse bêbado na frente da Pérola, ao que parece seu corpo não o perdoou, o figado dele basicamente está "saturado".
– E o que acontece agora? - eu pergunto já que ele não diz nada.
– Bom, ele terá que tomar alguns cuidados extras, o que incluo principalmente parar de beber! Absolutamente - ele deixa bem claro - Melhorar a alimentação, algum exercício e infelizmente, nesse caso nao podemos pular a cirurgia - ele completa e eu olho pro Haymitch que se mantem inexpressivo, apenas passando os dedos pela borda da mesa.
– Como seria essa cirurgia? - eu pergunto e então segue uma explicação médica que honestamente não entendo muito mas eles terão que tirar parte do fígado dele, mas obmedico garante que ele ira se regenerar o que melhorará sua saúde mas ele nao estará completamente bem, sempre terá que seguir as regras.
– Quando? - eu continuo as perguntas.
– Hoje! Quanto mais rápido melhor! - ele fala e então um silêncio surge na sala, eu encaro Haymitch a espera de sua confirmação mas ao invés disso depois de alguns segundos ele levanta a cabeça e encara a janela logo atrás do Médico.
– Não - ele fala sério e o medico me olha meio sem saber o que dizer.
– Não? - eu pergunto sem acreditar nisso.
– Isso aí! Não, não e não! Eu nao vou passar as ultimas horas num hospital, se eu tiver que morrer eu morro em qualquer outro lugar - ele fala me encarando friamente.
– Doutor, o senhor pode nos dar um minuto? - eu peço sem desviar os olhos do Haymitch.
– Claro, eu tenho mesmo que ver um paciente - ele avisa e se levanta saindo da sala, o silencio continua e nós dois apenas nos encaramos pelo que eu acredito ser alguns minutos, eu tento pensar em algo que o faça mudar de ideia, mas sei o quanto ele pode ser teimoso, ainda assim nao posso permitir que ele desista, que ele morra, por isso decido jogar todas as minhas fichas de uma vez.
– O primeiro dia da escola! A primeira tarefa difícil! O primeiro castigo em sala! O primeiro garoto que quiser chamar pra sair... - eu começo a falar e ele parece confuso.
– Do que você ta falando? - ele pergunta irritado.
– São só algumas das coisas que você nunca vai ver Pérola fazer - eu falo e é como se eu tivesse lhe atingido - Os quinze anos! A escolha da profissão! Nada disso! Você nao estará presente em nada disso - eu complemento e ele desvia o olhar do meu - É isso mesmo que você quer? E isso são só as coisas da Pérola, ainda teriam os primeiros passos do Pyter, as primeiras palavras...
– Ok. Já chega! - ele fala alto demais e com raiva - É a minha vida! Você não pode me obrigar a fazer isso - ele fala sem conseguir me olhar.
– Você tem razão! Eu nao posso te obrigar! É por isso que eu estou te pedindo - eu falo mais baixo e ele me olha dessa vez - Você não pode abandonar a gente! A Pérola, o Pyter, Katniss, eu! Você faz parte dessa familia também, não tem o direito de ser tao egoísta ao ponto de se matar e nos abandonar - eu digo e sinto que essa é a verdade, nós também precisamos dele, ele pode ser um velho irritante e arrogante mas é minha familia, não posso ignorar isso, a verdade é que perdê-lo também me machucaria - Eu já perdi gente demais! Nao me obriga a perder você também - as palavras saem da minha boca baixas mas eu sei que foram ouvidas.
– Você já tem sua família - ele também fala baixo.
– E você faz parte dela - eu afirmo e o silencio volta, assim como o medico também, Haymitch solta o ar cansado.
– Eu faço a droga da cirurgia - ele concorda me olhando, eu sorrio e aperto seu ombro.
– Ótimo! Nós iremos preparar o senhor! - ele fala e então começa toda a preparação, o centro de cirurgia é em outro bloco então enquanto eles se encaminham para la, eu vou atrás da Katniss, sou avisado que ela ainda esta na sala da pediatra e aguardo na sala de espera, ate que eles saem de lá.
– Cadê o vovô? - Perola pergunta assim que me vê.
– Ele vai ficar bem - eu garanto a ela.
– Onde ele ta? - Katniss também parece ansiosa.
– Indo pra sala de cirurgia - eu revelo e ela parece assustada.
– Como assim?
– Era o figado! De tanta bebida, o médico disse que tem que operar - eu falo e os dois olhinhos de Perola exprimem todo seu medo.
– Ele vai morrer? - ela pergunta já chorando, eu me abaixo e a abraço.
– Não. Ele vai ficar bem! Só vai ter que tomar um remédio mas você pode falar com ele antes, você quer? - eu pergunto e ela ainda em meio as lagrimas confirma. Então vou com elas ate o outro bloco, depois de pedir informações chegamos ate ele que já estava sendo preparado pra cirurgia em uma cadeira de rodas, quando vê Perola seu rosto se ilumina, ela corre ate ele e o abraça forte, eles falam algo um para o outro e ela esta chorando novamente.
– Você nao vai chorar né? Uma princesa não chora! - ele fala enxugando as lagrimas dela - Eu te amo ta - ele fala e preciso segurar o nó na garganta que me dá, eu nunca tinha escutado ele dizer essas palavras assim, com tanto carinho e verdade, eles se abraçam de novo - E você queridinha. Vê se da um sorriso, já nao muito bonita com essa cara então - ele fala implicando com Katniss mas ate sua tentativa de ser engraçado soa fraca demais.
– Eu te respondo quando você voltar - Katniss fala tentando se controlar também.
– A gente te espera aqui - eu falo com a mao no ombro dele e então ele é levado pelo corredor a dentro e nós somos guiados para a sala de espera, o relógio é torturante e Pyter já começa a se irritar e chorar cada vez mais alto.
– Ele nao pode ficar aqui! - eu constato - Eu levo vocês - eu falo e mesmo sem concordar Katniss sabe que é o melhor, ele esta irritado por estar longe de casa, provavelmente quer um banho e aqui nao é possível, então resolvemos que eles devem ficar em casa enquanto eu volto e espero por Haymitch, Pérola chorou tanto que acabou dormindo e eu a levo com todo cuidado por que se ela acordar nao ira querer ir embora, eu os coloco no carro e logo chegamos em casa, deixo Perola na cama dela enquanto Katniss vai dar um banho em Pyter e volto para o hospital, aguardo mais uma hora e então o medico aparece na sala de espera, eu corro ate ele e nao tenho coragem de perguntar mesmo assim ele responde.
– Foi um sucesso! Ele esta bem! Só precisa esperar mais alguns minutos por causa da anestesia - ele fala e eu respiro aliviado.
– Quando ele pode ir embora - eu pergunto ansioso.
– Hoje mesmo! Foi tudo melhor do que eu esperava - ele garante e então eu volto a aguardar por quase meia hora r então sou liberado para vê-lo.
Entro no quarto e ele já esta acordado remexendo nos fios.
– Eu nao fico nem mais um minuto aqui - ele fala assim que me vê e eu líbero uma risada.
– É bom te ter de volta - eu falo e ele faz uma careta.
– Sem romantismos! Eu quero mesmo sair daqui - ele fala e arranca os fios do braço.
– Será que você nao pode esperar cinco minutos! O médico já vai te dar alta - eu falo impedindo que ele se levante e então o medico entra, mas antes verifica tudo nele e constata que ele esta condições de receber alta desde que não fique sozinho.
– Ele ficara conosco - eu falo rapidamente e ele ri.
– Isso vai ser bom - ele fala com ironia.
E então dentro de mais uma hora, a noite já iniciando, estamos saindo do Hospital, eu nao liguei pra fazer surpresa, nós entramos em casa e eu o coloco no sofá.
– Katniss! Pérola - eu chamo e logo Pérola aparece - Tenho uma surpresa pra você - eu falo e subo de encontro a ela e quando ela o vê, corre pra ele, pula no sofá e o abraça forte deixando ele soltando um gemido de dor.
– Devagar! Ele ainda ta dodoi - eu falo e ela esta numa mistura de choro com riso falando varias coisas ao mesmo tempo, então Katniss também aparece trazendo Pyter no colo, nós paramos olhando eles dois.
– Ele vai ter que ficar aqui - eu falo e Pérola vibra de alegria.
– O vovô vai morar aqui - ela comemora e o beija eufórica.
– Ótimo! Mais uma criança em casa - ela fala e mesmo sendo verdade não consegue disfarçar o sorriso aliviado que está em seu rosto, ela encosta a cabeca no meu ombro e olha os dois no sofá, eu também me permito respirar aliviado,eu nao posso nem imaginar como Perola ficaria se Haymitch morresse, ainda nao posso imaginar isso e desejo que isso nunca aconteça embora seja um desses desejos impossíveis, ainda assim eu o mantenho, parte por ela, parte por mim, é bom tê-lo por perto também, embora Katniss esteja certa, estamos com mais uma criança em casa e acho que ela concordaria comigo que essa sera a que dara mais trabalho, mas também concordaria em dizer que mesmo assim é bom tê-lo de volta.