Mesmo estando com ela colada em mim, sentindo seu calor se misturando ao meu, ainda assim é difícil acreditar que isso está acontecendo, ela me olha sorrindo e o meu sorriso é ainda maior que o dela.
– O que foi? - ela pergunta me olhando, ainda estamos no sofá, ela está com as pernas dobradas e encostada em mim.
– Nada! - eu respondo sorrindo – Eu te amo - eu falo e ela se desencosta, ficando de frente pra mim.
– Eu também te amo! - ela fala sem desviar o olhar do meu e não importa quantas vezes ela repita isso eu sempre vou sentir a mesma emoção da primeira vez, não tenho o que dizer por isso eu não digo nada apenas a puxo pra mim, minha mão na sua nuca e nossas bocas se juntam novamente, a mão dela também vai pra minha nuca e corresponde ao beijo com a mesma intensidade que eu, nossas línguas se movem na perfeita sintonia e nossos corpos se juntam ainda mais, o beijo só para quando estamos sem ar.
– Isso é real? - eu pergunto olhando esses pares de olhos cinzentos que me encaram.
– Parece bem real pra mim! - ela fala rindo e me da um beijo rápido – Eu tô com fome! - ela reclama se afastando de mim e se jogando no sofá.
– Eu também! - eu confirmo e me aproximo dela deixando nossos lábios pertos demais, eu olho pra sua boca e sorrio, posso sentir a respiração que ela parece prender, então eu me levanto do sofá e estico minha mão pra ela que parece decepcionada mas aceita.
– Melhor você tomar banho primeiro! - eu sugiro e ela concorda.
– Você também podia tomar um! - ela revida.
– Eu vou! Só vou pedir alguma coisa pra gente comer! - eu aviso e ela concorda, vai na direção do quarto enquanto eu vou pedir um lanche reforçado, logo em seguida eu vou para o outro quarto, entro no banheiro me livro das roupas e deixo a água cair em mim, o sorriso que está no meu rosto mesmo que eu quisesse disfarçar seria impossível. Katniss acaba de dizer que me ama, ela disse isso duas vezes e não tinha nenhuma câmera ou ameaça contra nossas vidas, nada exigia que ela dissesse isso e mesmo assim ela disse, ela me escolheu mesmo tendo outra opção, ela poderia ter escolhido o Gale, mas é comigo que ela está e isso vai além do que eu poderia esperar depois da noite de ontem e quando eu penso nisso novamente eu sinto uma apreensão e um sentimento de culpa, eu a machuquei poderia ter feito pior.
Como eu posso ser o melhor pra ela? Mas eu não posso abrir mão disso, não agora que eu escutei ela dizer que me ama, se antes já era difícil me afastar dela agora é definitivamente impossível, todas as vezes que eu me decidi por me afastar dela algo sempre me fez voltar atrás, é como se nossa ligação estivesse acima de nós mesmos, parece que nós estamos destinados a ficar juntos, eu perco a noção do tempo e acabo demorando no banho, me seco e coloco uma calça de moletom e uma camiseta, saio do quarto, o lanche já está pronto, eu pedi que colocassem em uma bandeja e a levo para o quarto, Katniss ainda está no banheiro, eu coloco a bandeja em cima da cama, ela abre a porta do banheiro, está com um short e camiseta, seus cabelos estão preso, ela se aproxima e olha pra bandeja.
– Gostei! - ela fala sorrindo e se sentando na cama, eu também me sento deixando a bandeja no nosso meio, nós começamos a comer, tem sanduíches, frutas cortadas em cubo, suco, leite e bolinhos, ela parece satisfeita e eu a observo com certa curiosidade.
– O que foi? - ela pergunta curiosa.
– Nada! - eu falo mas não consigo ser muito convincente, ela bebe um gole do leite e o coloca na bandeja de novo.
– Você não é tão bom mentiroso como pensa ser - ela avisa me olhando, eu dou um pequeno sorriso – Fala, o que foi? - ela insiste, eu penso em inventar alguma coisa ou mudar o assunto mas decido esclarecer tudo, eu me endireito e respiro fundo.
– O que você e Gale conversaram? - eu pergunto mas ela não parece surpresa – Quer dizer... vocês se entenderam? - eu melhoro a pergunta, ela também se endireita sentando de frente pra mim.
– Sim e não! - ela fala enquanto pensa em algo – Eu e Gale não somos mais os mesmos. Na verdade nenhum de nós é o mesmo de antes... - ela completa com a voz mais baixa mas ainda me olhando – Muita coisa aconteceu! Você estava certo ontem, é uma culpa idiota, mas mesmo sabendo disso eu acho que nunca vou conseguir separar e olhar pra ele sem me lembrar do que aconteceu, eu queria conseguir mas não consigo, eu não o culpo mas é mais forte do que eu... - ela fala e eu me mantenho atento as suas palavras e entendo que ela ainda está machucada com ele – Isso não tem nada a ver com nós dois - ela alerta quando percebe meu olhar.
– Mas era ele que você amava... - eu falo com a voz baixa, não estou acusando-a de nada e nem desconfiando que seja mentira, eu só quero entender.
– Não! Eu nunca amei ele! - ela afirma – Eu já pensei que sim, mas agora, sentindo o que eu sinto quando tô com você, a falta que você me faz e o medo que eu tive de te perder ... Eu nunca senti por ele algo parecido do que eu sinto por você e eu não tenho por que mentir - ela declara com a voz firme, seu olhar é fixo no meu e eu sinto toda sua sinceridade,, sei o quanto é difícil pra ela falar, ainda mais sobre esse assunto, ela sempre foi reservada demais – Nós éramos amigos, eu o via todos os dias, a maior parte do meu dia eu estava na floresta com ele, isso acabou misturando as coisas, mas na verdade ele sempre foi meu melhor amigo e eu me odeio por não conseguir olhar pra ele assim de novo - ela confessa e respira fundo – Eu quero ele bem, que as coisas dêem certo pra ele, eu não o odeio, nunca odiei e nem vou odiar, só que não faz sentido insistir em uma coisa que não existe, nós estamos em fases diferentes, vivendo coisas diferentes ... Eu estou bem assim e é assim que eu pretendo continuar - ela fala e se aproxima se mim, seus dedos vão até alguns fios de cabelo na minha testa, ela olha nos meus olhos e sorri– Eu só preciso que você esteja do meu lado! Por que você é a única coisa que eu preciso! Fica comigo? - ela pede e aproxima a boca da minha, ela para esperando minha resposta e ela sai como um sussurro mas totalmente verdadeira
– Sempre! - nossos lábios se encostam e eu quebro o pequeno espaço, quando nossas bocas se juntam o beijo acontece lento mas intenso, nossos olhos se abrem no mesmo instante e um sorriso aparece nos dois ao mesmo tempo.
– Onde você foi hoje de manhã? - ela pergunta quando já voltamos a comer o lanche.
– Dr. Aurelius! - eu respondo e ela me olha esperando que eu diga mais e eu decido assim como ela esclarecer logo as coisas, eu me viro pra ela – Eu fui perguntar sobre o tratamento - eu falo e ela fica atenta.
– E aí? - ela pergunta ansiosa e eu gostaria de dizer outra coisa mas não posso.
– Eu nunca vou ser o mesmo! - eu afirmo claramente – Os flashes podem voltar a qualquer momento e ... - eu crio coragem pra falar – Você deveria pensar melhor sobre isso... - eu alerto, se ela realmente quiser ficar comigo ela tem que saber de tudo, ela não parece surpresa com o que eu digo.
– Eu também nunca vou ser a mesma! Se você quiser pensar melhor... - ela sugere dando de ombros.
– Isso é diferente! Eu posso te machucar... Ficar perto de mim é arriscado e perigoso, eu não acho que seja seguro pra você - eu falo tentando manter meu lado racional maior do que a vontade que eu tenho de tê-la comigo, ela afasta a bandeja de nosso meio e a coloca para o canto, antes que ela fale algo eu continuo – Eu te amo e tudo que eu quero é viver uma vida com você, mas eu não posso ignorar isso, o que fiz ontem foi... Horrível! E eu não consegui controlar - eu começo a tentar falar mas ela me corta.
– Nós passamos por muita coisa e nenhuma delas foi fácil! Eu não desisti antes e não é agora que eu vou desistir! Eu sei que não vai ser fácil mas eu também não sou fácil, se você conseguir lidar comigo, eu consigo com você! Nós só precisamos estar juntos! - ela afirma sem nenhuma indecisão na voz, coloca a mão por cima da minha.
– Juntos! - eu repito e ela concorda satisfeita – Agora será que eu posso comer? - ela pergunta fingindo irritação, nós finalmente terminamos o lanche, eu coloco a bandeja na mesa que tem no quarto e volto pra cama, ela se aconchega em mim, colocando a cabeça sobre meu peito e sua mão em volta do meu corpo, eu aperto meus braços em volta dela e sinto meu corpo finalmente relaxar assim como o dela, o dia foi corrido e cansativo, eu acordei com a certeza que não a teria comigo outra vez mas aqui estou com ela abraçada a mim, com certeza isso vai além do que eu esperava para o final desse dia. Ela não demora muito a pegar no sono e vendo ela tão perto de mim eu também fecho os olhos me entregando ao sono, sou acordado por Katniss se debatendo e gritando, eu tento acorda-la mas ela continua deitada se debatendo, eu odeio vê-la assim, tento entender o que ela diz mas são palavras desconexas, até que um nome é gritado.
– Prim! - ela chama com desespero e eu entendo tudo, eu a puxo para mim tentando senta-la na cama e ela continua se debatendo e acaba me acertando no rosto mas eu não me importo.
– Katniss! É um pesadelo! Acorda ... Eu to aqui! - eu falo e então ela abre os olhos, sentada na cama ela respira forte e ofegante, o cabelo está bagunçado sobre o rosto dela, ela passa as mãos afastando e me encontra parado na sua frente.
– Eu estou aqui! - eu repito mas não me movo, ela ainda parece perdida e assustada, então ela se lança em mim e me abraça forte, seus braços me envolvem com desespero, ela apoia o rosto no meu ombro e começa a chorar, seu choro é alto e soluços logo assumem seu lugar, eu deixo que ela chore, aperto meus braços nela com a mesma intensidade e de forma protetora, faço sons tranquilizantes mas espero até que ela se acalme, seu soluço diminui e ela já não me aperta tanto, agora ela apenas se mantém abraçada em mim, ela afasta o rosto do meu ombro e paro o rosto de frente pro meu, seus olhos estão inchados e vermelhos, seu nariz escorre e ela tenta limpá-lo com as mãos, eu a sento encostada na cabeceira da cama, as lágrimas continuam descendo, eu tiro minha camiseta e a uso para limpar seu rosto, enxugo suas lágrimas e seu olhar está perdido, ela parece paralisada e isso me assusta por que foi assim que ela ficou por meses.
– Katniss! Foi um pesadelo! - eu falo baixo tentando ganhar sua atenção, ela vira o rosto pra mim e me olha – Foi um pesadelo! Tá tudo bem, eu estou aqui! - eu tento tranquiliza-la e ela mantém os olhos no movimento dos meus lábios, eu já a vi assim e sei que eu preciso trazê-la de volta logo – Katss, olha pra mim! -eu peço com a mão no queixo dela forçando ela a me olhar – Eu...estou...aqui! - eu falo lentamente e ela volta a chorar.
– Eu não consegui...Não consegui alcançar ela! - ela fala chorando – É minha culpa! - ela fala com as mãos tampando o rosto, eu seguro as mãos dela afastando do seu rosto e a olhando nos olhos.
– Não foi culpa sua! - eu garanto e ela nega com a cabeça – Foi um acidente! - eu afirmo e ela volta a chorar, eu a puxo para os meus braços e ela não tenta resistir, ela apoia a cabeça no meu peito, ela se encaixa no meu colo e eu a abraço tentando conforta-la, acaricio seus cabelos e deixo ela se acalmar novamente, seu corpo estremece e ela continua chorando baixo, até que acaba dormindo ainda soluçando. Eu lentamente a endireito, me deito e a seguro perto de mim, mantendo meus braços em volta dela, eu a olho e mesmo dormindo ela parece perturbada, seu sono é inquieto e eu simplesmente não consigo fechar os olhos, vê-la nesse estado me faz me sentir impotente, por que por mais que eu queira fazer ela se sentir melhor, isso só vai acontecer quando ela se recuperar, embora eu acho que isso não é o tipo de coisa da qual se recupere, eu sei o que ela sente, eu perdi toda a minha família e a dor disso ainda aparece, mesmo com todas as nossas diferenças eles ainda eram minha família, de todos meu pai é quem mais me faz falta, eu costumava passar várias horas com ele na padaria e isso nos aproximava mais ainda, por isso eu posso imaginar o que ela está sentindo, a perda da Prim é algo de que ela nunca vai se recuperar, talvez a dor diminua mas sempre estará lá e eu preciso encontrar um jeito de ajudá-la a passar por isso. Eu passo o resto da madrugada acordado, o sol nasce e eu decido me levantar, agora ela já está dormindo mais tranquilamente e eu saio devagar da cama, o quarto está escuro o que faz parecer mais aconchegante, entro no banheiro, tomo um banho, escovo os dentes e saio do banheiro arrumado, apenas uma calça jeans e camisa, vou até ela na cama, ela se mexe e abre os olhos, seu olhar ainda parece confuso, seu semblante mostra todo seu cansaço e desespero, eu me ajoelho ficando na altura da cama, meu rosto próximo do dela e ela apenas me olha.
– Eu tenho que sair agora, tudo bem? - eu pergunto e ela continua em silêncio, assim como antes seus olhos acompanham o movimento dos meus lábios – Katniss... eu vou sair tudo bem? - eu insisto – Sim ou não? - eu exijo uma resposta dela por que ela precisa sair desse estado – Sim ou não? - eu repito com a voz mais alta porém calma.
– Sim! - ela fala como um sussurro, eu confirmo com cabeça, por que já é um avanço.
– Eu não demoro! - eu aviso, beijo sua testa e me levanto do chão, ela me acompanha com os olhos e eu não queria ter que sair do lado dela mas eu preciso fazer isso por ela mesma, eu saio e ela continua deitada encolhida. Eu sigo rapidamente até o apartamento do Haymitch, toco a campainha e no segundo toque ele abre, ele está com a camisa aberta e amassada, a mesa calça de ontem e pela cara deve ter acabado de acordar.
– Eu preciso falar com você! - eu aviso já entrando pela sala, ele continua parado na porta tentando se despertar.
– Isso explica você ter vindo até aqui! - ele fala mesmo com sono ele mantém sua ironia.
– Temos um problema! - eu anuncio, ele fecha a porta.
– Por que vocês sempre começam com essa frase! - ele reclama com essa mão na cabeça, eu ignoro suas ironias.
– Eu vou sozinho pra festa! - eu aviso e isso ganha a atenção dele.
– Então vocês não estão mais juntos? - ele pergunta me avaliando.
– Não, não é isso - eu nego e ele parece confuso.
– Qual problema então? - ele volta a balançar a cabeça enquanto vem para o meio da sala.
– Hoje tem um ano da morte da Prim! Ela não tem condições de sair... Ela tá em choque, paralisou! - eu esclareço e ele parece entender, respira fundo e se joga sentado no sofá – Eu não vou deixar levarem ela até lá! - eu deixo bem claro, ele me olha e concorda com a cabeça.
– Como ela tá agora? - ele pergunta preocupado.
– Mal! Como antes! - eu aviso e ele apoia os cotovelos na perna enquanto passa as mãos no rosto.
– Então nós realmente temos um problema! – ele fala se encostando no sofá de novo.
– Eu vou! Mas não posso demorar, não vou deixar ela sozinha muito tempo.. - eu aviso e ele concorda sem reclamar.
– Você só precisa aparecer para as pessoas certas e algumas fotos! No máximo quinze minutos! - ele me apoia sem reclamar, eu estranho mas não digo nada.
– Eu vou sair de lá e pegar o primeiro trem pra casa! - eu complemento.
– Você tem que falar com a Effie logo, ela já deve está indo lá arrumar a garota! - ele fala e realmente deve ser verdade, Effie sempre chega horas antes.
– Tudo bem, eu vou falar com ela! - eu aceito já indo até a porta – Você vai comigo pra mansão? - eu pergunto já abrindo a porta.
– Vou! - ele fala deitado no sofá e com as mãos tampando o rosto, eu saio e espero o elevador, quando a porta se abre Gale está lá dentro, alguns segundos passam e apenas nos encaramos, a porta já ia fechar quando eu coloco o braço impedindo.
– Descendo? - eu pergunto já que o andar da Effie é apenas dois abaixo, ele confirma com a cabeça. Eu entro.
– Bom dia! - eu falo cumprimentando ele.
– Bom dia! - ele responde e estende a mão pra mim, eu aperto.
– Como ela está? - ele pergunta preocupado.
– Vai ficar bem! Hoje não é um bom dia... - eu digo e não preciso explicar ele sabe exatamente o por que.
– Eu posso imaginar! - ele fala com a voz baixa e desviando o olhar de maneira desconfortável, a porta do elevador se abre.
– Cuida dela! – ele pede, eu já estava saindo mas não consigo terminar isso assim, eu me viro pra ele.
– Eu vou cuidar, não precisa duvidar disso - eu falo na defensiva.
– Eu não duvido! - ele garante.
– Eu não tenho nada contra você e sei que ela também não, mas você não tem direito nenhum de fazer isso, sumir e aparecer quando quiser! - eu digo e ele permanece me olhando – Essa história acabou... Não procura mais ela! - eu aviso com a voz decidida, isso tem que ficar claro, confesso que eu sinto ciúmes ao vê-lo perto dela mas não é só isso, ela também quer virar esse assunto e é melhor assim.
– Já me disseram isso antes! Você não tem que se preocupar! - ele fala sem querer discutir.
– Que bom! - eu encerro e saio do elevador, a porta volta a se fechar e eu volto ao meu destino, toco a campainha e sem muita demora ela abre a porta, está em um robe de seda até o pé.
– Oh Peeta! Aconteceu alguma coisa? - ela se assusta quando me vê.
– Aconteceu! - eu confirmo e ela parece preocupada.
– Entra! - ela pede abrindo a porta e eu entro – Agora fala... - ela pede ansiosa.
– A Katniss não vai poder ir hoje - eu dou a notícia e é o suficiente pra ela se apavorar.
– Como assim? Hoje é a grande festa! Todos estamos esperando por isso - ela lamenta enquanto se senta no sofá preocupada.
– Ela não tem condições de ir! - eu aviso – Ela não tá bem, tá passando mal - eu minto tentando fazer ela entender.
– Nós podemos chamar um médico - ela fala mais calma.
– Não vai adiantar - eu digo e ela parece confusa – Ela tá assim por causa da morte da irmã dela! - eu esclareço e ela parece entender.
– Oh eu sinto tanto! - ela lamenta com a voz chorosa – Mas eu acho que posso anima-la e será bom pra ela ir em uma festa .. - ela fala já se levantando.
– Isso tá fora de opção! Eu não vou deixar ela ir! - eu falo com a voz firme, eu sei que ela não quer nosso mal mas eu não vou deixar ela fazer isso, ela se surpreende com o modo como eu falo – Eu vou sozinho! Eu explico que ela não poderá ir! Faço nossa parte e pronto! - eu explico e ela me olha meio desapontada mas não me interrompe – Eu só preciso saber que horas sai o primeiro trem! - eu pergunto a ela.
– Os trens só serão liberadas depois da festa e não tem hora pra acabar! - ela me informa avaliando minha reação, eu não posso ficar com ela do jeito que está e eu sei que ela só irá melhorar longe daqui, eu não tenho outra opção, preciso tirar ela daqui o quanto antes.
– E os aerodeslizadores ? - eu pergunto e ela parece pensar.
– Eles estão liberados, mas apenas se alugarem! - ela fala me olhando.
– Eu pago! - eu falo rápido.
– Oh não! vocês são nossas estrelas, não vou deixar vocês pagarem! Eu resolvo isso! - ela fala já mexendo em uma bolsa.
– Tudo bem! Quanto mais rápido melhor - eu aviso e ela concorda, já indo até o telefone, ela disca o número e demora alguns segundos pra começar a falar, eu acompanho de longe e então ela desliga e se vira pra mim.
– Prontinho! - ela fala batendo palmas – O aerodeslizador busca vocês aqui mesmo! - ela fala orgulhosa.
– Que horas? - eu pergunto apressado.
– Uma hora depois que a festa começar! - ela avisa ainda satisfeita mas eu não consigo disfarçar minha cara de decepção, uma hora ainda parece muito, ela percebe minha cara – Foi o melhor que eu consegui! Ninguém quer perder a festa! - ela fala ainda orgulhosa.
– Tudo bem! Obrigado! - eu agradeço e já me preparo pra sair– Eu vou ver a Katniss! - eu aviso e abro a porta.
– Eu mando o Flavius pra você! - ela garante.
– Não precisa! - eu tento dispensar mas sem sucesso.
– Ele irá! - ela afirma e eu não discuto, fecho a porta e volto para o nosso andar, entro e vou direto para o quarto Katniss está do mesmo jeito de quando eu sai, eu me aproximo devagar.
– Você tomou café? - eu pergunto mesmo sabendo a resposta, só quero que ela fale, ela nega com a cabeça, eu respiro fundo e saio do quarto de novo, peço um café da manhã e sem muita demora está pronto, eu levo para o quarto, entro, coloco a bandeja na mesa, vou até a janela e abro as cortinas deixando a luz do sol entrar, pego a bandeja e vou até ela na cama.
– Você tem que comer alguma coisa! - eu alerto e ela nega com a cabeça – Isso não foi uma pergunta! Você tem que comer Katniss! - eu falo olhando ela nos olhos, ela pisca lentamente como se tivesse me evitando, mas eu não vou desistir, ela não pode ficar assim.
– Eu falei com Haymitch e a Effie, você não tem que ir a lugar nenhum hoje... - eu falo e ela rapidamente me olha com surpresa porém confusa – Você só tem que sair daqui pra ir pra casa! - eu falo e ela se mexe na cama se sentando mas ainda sem dizer nada, ela parece ainda não acreditar – Mas você precisa comer alguma coisa! - eu insisto.
– Eu não preciso ir? - ela pergunta com a voz rouca.
– Não! - eu confirmo e ela parece um pouco mais aliviada.
– Nós vamos embora! Eu consegui um aerodeslizador, mas só depois do almoço! - eu completo – Agora...Come...Por favor! -eu peço pela última vez e mesmo ela ainda estando visivelmente abalada ela acaba cedendo e bebe o leite e um pedaço do pão.
– Mais um pouco! - eu peço oferecendo o restante do pão, que ela afasta e nega com a cabeça, eu não insisto, pego a bandeja e coloco na mesa – Você tem que levantar um pouco! - eu falo pra ela que já está sentada enrolada nos lençóis, ela olha pela janela perdida em algum pensamento, eu deixo ela assim e vou até o banheiro, abro as torneiras da banheira e deixo ela encher com água morna, pego alguns dos frascos e despejo uma quantidade de cada na água, quando está pronto eu vou até ela.
– Katss! - eu chamo e ela desvia o olhar da janela pra mim, lágrimas descem do rosto dela mas ela enxuga com as mãos, seus olhos estão avermelhados e eu sinto um aperto no meio peito ao vê-la – A banheira está cheia! - eu anuncio mas ela parece não entender, eu preciso ir até ela, puxar seus lençóis e a colocar de pé, eu preciso guio até o banheiro e ela parece entender.
– Eu faço isso! - a voz dela sai rouca e embargada, eu concordo e saio do banheiro encostando a porta. Eu paro na porta, passo as mãos no cabelo, volto pra cama e fico por lá aguardando ela sair, os minutos passam e ela ainda está lá, eu aguardo mas quando olho as horas já faz quase uma hora que ela está lá, eu bato na porta, mas não ouço nada.
– Katniss! Você tá bem? - eu pergunto preocupado já me preparo pra abrir a porta, ma a voz dela me faz parar.
– Eu to bem! - ela responde mas pela sua voz eu sei que ela está chorando, eu deixo que ela fique um pouco mais, depois de alguns minutos ela sai do banheiro com o roupão, ela vai até a gaveta e pega uma roupa, volta pro banheiro e sai vestida, eu a observo andando pelo quarto até a cama, ela se deita ao meu lado e naturalmente coloca a cabeça no meu peito, seu braço passa ao lado do meu corpo e ela fica assim, colada em mim, eu acaricio seus cabelos e ela parece relaxar um pouco, eu acabo pegando no sono, depois de passar noite acordado eu consigo dormir algumas horas mas sou acordado pela campainha, Katniss também acorda assustada.
– É só a campainha! - eu a acalmo e ela se senta confusa, eu saio do quarto e vou abrir, Flavius chega carregando uma maleta e uma roupa no cabide, eu deixo que ele entre e levo pelo corredor até o quarto vazio, encontro Katniss no caminho.
– Você disse que a gente não ia - ela fala me olhando de forma acusadora.
– Não, eu disse que você não iria! - eu a corrijo.
Flavius a cumprimenta, deseja melhoras e segue para o quarto vazio.
– Um de nós tem que ir! - eu tento me defender do seu olhar.
– Eu achei que nós fôssemos embora! - ela fala com a voz mais cansada.
– São só algumas fotos e um discurso rápido! - eu digo e ela parece pensar em algo.
– Eu vou! - ela fala depois de respirar fundo, dessa vez eu que me surpreendo.
– Você não precisa ir! Está tudo certo - eu lembro ela.
– Juntos lembra? - ela fala e me lança um olhar triste.
– Katniss não tem problema! Eu vou! - eu insisto mas ela se nega.
– Eu vou me arrumar! - ela fala entrando no quarto, eu fico parado no corredor surpreso pela reação dela, eu achei que ela não iria mas como sempre ela me surpreendeu, eu vou até o quarto e aviso a Flavius que Katniss vai, ele me deixa lá e vai ajudá-la, eu tomo um banho, me arrumo sozinho mesmo e vou até o quarto ver Katniss que também já está terminando de se arrumar, ela está com um vestido laranja, seu cabelo cai pelos ombros e como sempre ela está linda, porém nada animada.
– Você está linda! - eu digo quando me aproximo, passo meus dedos pelo cabelo dela – Você tem certeza? - eu pergunto percebendo ainda o quanto ela está abalada mas ela se mantém firme na decisão, chega a hora e quando Haymitch e Effie entram se surpreendem, ele não faz perguntas ao contrario de Effie que insiste em saber como ela está e por que ela está com aquele vestido e não o que ela escolheu, Katniss apenas a ignora e depois que eu peço pra que Effie pare de fazer perguntas ela para de falar e contrariando a Effie nós preferimos sair já na hora que a festa está marcada, Katniss faz o caminho até lá inquieta e nervosa, sua perna se balançando e sua mão apertando a minha a cada metro que o carro avança, quando paramos em frente a mansão, sua respiração parece presa, ela me olha com apreensão, eu tento lhe passar segurança, antes de sairmos do carro eu beijo sua mão, nós somos deixados na entrada principal, Katniss aperta minha mão com força e para no lugar ela se paralisa na entrada da mansão, o portão principal está aberto enfeitado com flores e já podemos ver as pessoas espalhadas para todo canto, a música alta e animada também pode ser escutada a vários metros de distância, nós ficamos parados enquanto ela aperta minha mão e olha lá pra dentro com certo desespero, eu sabia que não era uma boa ideia, eu nunca deveria ter deixado ela vir, Effie e Haymitch param logo atrás de nós.
– O que houve? Vamos, vamos! - Effie se agita enquanto praticamente nos empurra.
– Da um tempo pra eles queridinha, você não tá vendo como ela tá? - Haymitch que reclama, ela parece entender mas continua batendo o pé atrás de nós – Ouou, melhor vocês irem logo - ele fala e aponta duas equipes de filmagens que vem na nossa direção.
– Katss, você quer voltar? Eu te coloco no carro! - eu pergunto e ela vira o rosto pra mim, ela está assustada e ainda abalada mas nega com a cabeça.
– Vamos! - ela fala tentando manter a voz mais forte possível.
Damos nossos primeiros passos e as câmeras nos alcançam, fotos são tiradas a cada passo que nós damos.
– Como vocês se sentem participando dessa grande comemoração? - uma mulher pergunta colocando o microfone a nossa frente, Katniss me olha e eu sei que ela não irá conseguir falar.
– Esse é um grande dia pra toda Panem e estamos muito contentes de estarmos aqui! - eu respondo tentando parecer simpático e acabar logo com isso.
– Ok mocinha, respondido! Agora será que eles podem pelo menos continuar o caminho ou devemos todos ficar no portão? - Haymitch aparece e mais uma vez nos salva, a mulher fica um pouco sem graça mas nos deixa passar, Katniss olha para ele de forma confusa, eu acho que posso entendê-la, Haymitch realmente tem nos ajudado e se tratando dele é algo que tem muita importância.
Nós conseguimos entrar e somos encaminhados para dentro da mansão, os olhos de Katniss passam por cada pedaço, somos guiados até uma sala onde a própria presidente nos recebe mais pessoas também estão na sala, Plutarch e Beete, e mais alguns governantes e autoridades que eu mal lembro os nomes, a presidente agradece mais uma vez a nossa presença e o apoio de todos nos tempos difíceis e que agora nós temos que comemorar e aproveitar o novo tempo, eu tento manter atenção mas só espero que o tempo passe logo, Katniss nem ao menos disfarça, ela está.olhando para um ponto fixo e mantém sua atenção lá, a presidente termina de falar, nós saímos e começamos a nos preparar para aparecer para todos, Johanna aparece reclamando de alguma coisa, logo somos guiados até a varanda que é uma espécie de palco, as pessoas gritam e aplaudem quando aparecemos, embora tenham outras pessoas o nome da Katniss é gritado por todas as pessoas, eu a olho e ela tenta manter a calma, ela acena e força sorrisos mas ainda parece a mesma que se assustou com essa recepção depois dos primeiros jogos, ela não soltou minha mão nem por um único momento, a presidente aparece e também é aplaudida, ela pede silêncio e começa seu rápido e direto discurso, ressaltando a importância desse dia, de como devemos ser gratos e alegres com essa nova realidade, nenhuma surpresa até aí, mas as coisas mudam quando ela começa a falar sobre como isso começou, da importância de Katniss para onde estamos hoje, posso sentir a apreensão de Katniss a cada palavra dela, então ela diz que Katniss sempre será o tordo da revolução e nada pode expressar quão importante ela foi e para essa história estar sempre viva uma homenagem foi preparada, Katniss me olha surpresa e eu devolvo o mesmo olhar por que não faço ideia do que pode ser, então a atenção se volta para o meio do jardim, um pano tampa algum objeto grande e eu desconfio do que seja, a presidente ordena e o pano é retirado, revelando uma estatua da Katniss, ela está com o arco e flecha apontado pra cima, lembrando a imagem dela atingindo o campo de força, pessoas aplaudem e se animam, Katniss solta um som de espanto e sua mão vai até a boca, câmeras se viram para ela, eu a olho e ela balança a cabeça como se não quisesse acreditar nisso, para as outras pessoas isso pode ser alegria mas eu sei que não, ela começa a chorar, eu abraço e ela aperta as mãos nas minhas costas, ela afunda o rosto no meu peito e isso não tem nada a ver com emoção e sim horror, eu olho e vejo Haymitch me olhando e pelo modo que ele me olha e balança a cabeça ele também sabe que Katniss não está emocionada, as pessoas continuam gritando ainda mais pelo nome dela, a presidente libera o microfone e nos indica, não há a menor chance de Katniss falar mas todos querem ouvir algo, por isso quando trazem o microfone eu o pego, Katniss me aperta ainda mais seu rosto ainda afundado em mim.
– Acho que Katniss não está em condições de falar agora... Mas se não tiver problema eu gostaria de falar algumas palavras, prometo ser rápido! – eu começo a falar e as vozes diminuem, eu continuo – Sem dúvida essa é uma grande homenagem, algo realmente grandioso e inesperado... Tenho certeza que Katniss sabe do carinho que todos sentem por ela ... - eu falo e gritos de concordância são liberados – Mas o que aconteceu para chegarmos até aqui não teria acontecido apenas por uma única pessoa ou melhor uma garota ... uma garota - eu repito e rostos confusos começam a aparecer– Claro que é uma grande honra receber uma homenagem como essa e essa atenção, mas Katniss assim como eu e assim como vocês é também uma pessoa normal - Katniss levanta o rosto do meu peito e me olha um pouco surpresa – O que ela fez despertou a coragem de muitos e realmente foi importante mas quando vocês olharem pra essa estátua e relembrarem não esqueçam de lembrar que ela também era uma garota, com medo e assustada mas que não se entregou em nenhum momento, não se trata do arco, da flecha, da luta, se trata de coragem, determinação e recusa a derrota e isso sim nós devemos lembrar... Não importa quão difícil se tivermos coragem e estivermos unidos mesmo sendo difícil nós conseguimos mudar e melhorar, o tempo que nós estamos agora é graças a um país que cansou de ser humilhado e deixado de lado, não apenas Katniss merece os aplausos mas Panem inteira! - eu termino e Katniss está me olhando de uma forma diferente, seu olhar bloqueia o meu e então ela me beija, o beijo é rápido e acompanhado se aplausos e gritos, ela termina o beijo e continua com o rosto próximo do meu.
– Obrigada! - ela fala apenas com os movimentos dos lábios, eu lhe dou um pequeno sorriso e beijo sua testa, mais gritaria e dessa vez Plutarch que assume a frente, nós nos afastamos para um canto, Katniss me olha o tempo todo, paramos ao lado do Haymitch que me da um leve tapa no ombro e um aceno de cabeça como apoio, Plutarch anuncia o início da festa e músicos tomam seu lugar, nós saímos da varanda e estamos dentro da mansão de novo, algumas pessoas vem nos cumprimentar, parabenizam a Katniss pela estátua, elogiam meu discurso e tentam puxar assunto, mas com educação eu consigo sair das conversas, Katniss voltou a segurar minha mão parecendo com medo de me soltar, nós procuramos por Effie para nos despedirmos e irmos embora, no meio de nossa procura encontramos Gale, ele e Johanna estavam conversando.
– As estrelas da festa! - ela fala enquanto ergue a taça em nossa direção.
– Johanna! Gale! - eu cumprimento.
– Oi! - Gale fala olhando para mim e para Katniss que não responde, apenas da um leve balanço de cabeça.
– Nós temos que ir! - eu aviso tentando continuar a procura.
– Pra quê tanta pressa? - Johanna pergunta.
– Nós temos que ir embora! - eu aviso querendo acabar com isso.
– Mas nem começou! - ela fala animada – Nós podemos continuar nossos drinks - ela fala com um sorriso irônico.
– Já é o suficiente! - eu confirmo enquanto vejo Gale olhando pra Katniss.
– A Effie! - Katniss me avisa mostrando ela a alguns passos de nós.
– Licença! Boa festa pra vocês! - eu desejo e vamos em direção a Effie.
– Queridos! - ela se vira nos recebendo com um grande sorriso – Eu estava procurando por vocês - ela anuncia – Todos querem uma foto sua ao lado da estátua - ela avisa pra Katniss – Ela não é magnífica – ela fala realmente animada.
– Depois nós vamos embora! - eu aviso e Effie parece desapontada mais aceita, vamos para o lado de fora em direção ao monumento que agora ocupa o jardim frontal da casa, pessoas se aproximam de nós, tocando nossas roupas, braços e rosto, crianças agarram nossas pernas sorrindo e o caminho de apenas alguns passos parece maior do que realmente é, quando chegamos várias câmeras nos esperam, Katniss se recusa a soltar minha mão e se separar de mim, mesmo eles querendo uma foto dela sozinha, por isso as fotos saem com nós dois a frente da estátua, depois de retirada as fotos procuramos por Haymitch e Effie que já estavam nossa espera.
– Nós vamos agora! - eu aviso quando olho a hora e já passaram cerca de quarenta minutos que chegamos.
– Oh, eu sentirei tanta falta de vocês! Meus queridos! - Effie choraminga enquanto abraça a nós dois juntos – Vocês são minhas pérolas! - ela fala com emoção e essa é a primeira vez hoje que eu vejo a sombra de um sorriso aparecer na Katniss.
– Nós também sentiremos sua falta! - eu garanto e ela limpa as lágrimas – Nós vamos te esperar pra uma visita - eu falo e ela se anima.
– Oh, eu irei... - ela nos abraça de novo.
– Tá bom, tá bom! Vamos logo - Haymitch reclama nos apressando.
– Eu sentirei sua falta também Haymitch! - ela fala e o abraça surpreendendo ele que revira os olhos. O carro que irá nos levar para o hotel aparece e nós entramos deixando uma Effie chorosa, o caminho é um pouco demorado por causa das pessoas espalhadas na rua e quando elas vêem eu e Katniss dentro do carro a notícia se espalha causando uma agitação, mas finalmente chegamos, Haymitch vai buscar sua mala no quarto dele e eu e Katniss vamos até o nosso quarto e também pegamos nossas malas que já está arrumada, eu já estava indo pra porta quando Katniss deu a volta e foi em direção a escada do terraço, eu deixo as malas na sala e a sigo, Katniss para olhando em volta, o único lugar da Capital que faz com que eu me sinta confortável é esse e pelo visto ela concorda comigo, eu me aproximo dela por trás e a abraço, meu queixo encosta no ombro dela, ela coloca as mãos por cima da minha.
– Eu gosto desse lugar! - ela fala olhando o céu.
– Eu também! - eu concordo e beijo sua bochecha – Mas nós temos que ir! - eu aviso e ela se vira pra mim estamos próximos demais, ela olha o meu rosto com certa concentração, suas mãos encontram meu rosto, afastando os fios de cabelo da minha testa, passam pela minha sobrancelha, contornando meu rosto, ela acompanha o caminho com o olhar e o meu olhar não consegue se desviar dela e da forma como ela parece impressionada, seus dedos acham meus lábios e o contornam também, então seu olhar encontra o meu e eles estão com lágrimas que ela ainda consegue segurar.
– O que você fez foi... Incrível! - ela fala com a voz baixa– O que você falou eu... Eu não sei nem o que dizer! - ela fala e as lágrimas escorrem pelo rosto dela, minha solta a sua cintura se enxuga suas lágrimas lentamente.
– Eu só falei a verdade! - eu falo com segurando o queixo dela.
– Obrigada! - ela sussurra.
– Não tem nada pra agradecer! Eu te amo! - eu declaro e ela junta nossos lábios, o beijo é lento e não muito rápido mas eu sinto a sinceridade dela nesse gesto.
– Eu não mereço você! - ela fala com a testa encostada na minha.
– Não fala isso! - eu aviso - É voce que eu amo! Que eu quero ficar pra sempre - eu falo baixo mas com a voz decidida, nossos olhares se encontram e permanecem assim por alguns segundos apenas para confirmar o que eu já sabia, que não existe nada que me importe mais do que ela, por isso o pedido praticamente encarrega da minha boca – Casa comigo? - ela afasta nossas testas e permanece me olhando, eu começo a achar que não deveria ter falado isso, talvez tivesse que esperar outro momento.
– Sim! Eu quero me casar com você! - ela responde sem nenhuma indecisão, um sorriso possivelmente grande demais aparece no meu rosto e eu a beijo, ela corresponde e quando o beijo acaba já posso ver um pequeno sorriso nela.
– Agora vamos pra casa! - ela fala ansiosa, nós descemos do terraço, pegamos a mala e saímos para nos encontrarmos com Haymitch, vamos para o espaço onde o aerodeslizador está e já somos recebidos e encaminhados para seu interior, o piloto aparece pra avisar que já iremos partir e sem muita demora estamos longe do chão e sobrevoando a Capital, Haymitch está com uma garrafa de bolso despejando o conteúdo num copo de suco, eu e Katniss ficamos sentados em um sofá, ela coloca os pés pra cima e se aconchega em mim, meus dedos penteiam o cabelo dela, a primeira hora da viagem se passa assim, eu dei alguns cochilos assim como Katniss e toda vez que eu abria os olhos Haymitch estava bebendo seu suco batizado.
– O que a Johanna quis dizer com "continuar os drinks" ? - ela pergunta lembrando e me olhando com curiosidade, parece que agora que ela está começando a encaixar as coisas.
– Naquela noite que eu sai... Eu encontrei com ela - eu explico de forma simples, ela se vira pra mim e avalia isso.
– Você bebeu com ela? - ela me pergunta desconfiada.
– Bebi! Eu não sabia pra onde ir, ela apareceu e me ofereceu um copo, eu acabei aceitando ... - eu tento me explicar, ela concorda com a cabeça e olha para as próprias mãos perdida em algum pensamento – Foi só uma bebida, nada mais! - eu completo e ela balança a cabeça.
– Eu sei... - ela volta a me olhar me dando um sorriso fraco, então desvia o olhar do meu, coloca suas pernas pra baixo do sofá e se levanta – Eu preciso ir no banheiro! - ela avisa seguindo o corredor, eu me jogo encostado no sofá respirando fundo.
– Você deveria ter mentido! - Haymitch fala rindo, eu levanto meu rosto e ele me encara se divertindo – Então você, o garoto certinho saiu por aí enchendo a cara com a Manson! - ele fala com ironia mas aprovando.
– Eu não enchi a cara! - eu conserto – E nem sou certinho - eu complemento e ele ri mais ainda.
– Eu acredito na parte que você não encheu a cara - ele debocha, eu desisto de discutir com ele e volto a encostar minha cabeça no sofá, talvez ele esteja certo e eu devesse ter mentido, eu penso mas logo discordo, eu não vou mentir pra ela do mesmo jeito que eu espero que ela não minta pra mim, ela volta do banheiro.
– Alguém tá com fome? - ela pergunta parada no nosso meio, nós concordamos – Tem uma mesa preparada na outra sala - ela anuncia e nós vamos até lá, a mesa está realmente cheia, não sei se é por que nós estamos aqui ou se sempre é assim para todos passageiros mas a variedade é muito grande, até mesmo espetos de carne e queijo está na opção, Katniss parece ter voltado a seu estado normal, quanto mais nos afastamos da Capital mais leve ela parece ficar, embora as vezes seu olhar parece vago, mas isso logo passa, assim como seu humor seu apetite também voltou, ela experimenta praticamente tudo que tem na mesa, até mesmo Haymitch se impressiona, ele implica com ela que o ignora, nós terminamos e voltamos para uma espécie de sala, a televisão está ligada e mostrando a festa que está acontecendo em tempo real, pessoas já estão bêbadas dançando de maneiras ridículas, outras mantém toda sua educação enquanto são entrevistadas, mostram a estátua da Katniss, as fotos e filmagens que nós fizemos também aparecem, em seguida reprisam o momento que revelaram a estátua e a reação da Katniss, quem não a conhece tão bem quanto eu e o Haymitch realmente acreditaria ser emoção e alegria e não pavor e desespero, a televisão se apaga.
– Chega! - ela fala com o controle na mão – Eu não suporto mais ver nossas caras - ela explica largando o controle no sofá.
– E como foi a reunião com a presidente? - eu pergunto tentando preencher o silêncio, Katniss começa a contar em detalhes enquanto Haymitch a corrige o que a irrita e logo eles estão em uma discussão, mas diferente das outras vezes ver eles dois assim me da uma sensação boa, de que as coisas estão começando a se ajeitar. Depois de cinco horas de viagem, chegamos ao Doze, menos da metade do tempo do trem.
– Por que nós fomos de trem? - Haymitch resmunga enquanto descemos o aerodeslizador nos deixou praticamente ao lado da aldeia, pegamos as malas e vamos em direção as casas, Haymitch vai logo para casa dele e eu já estava indo para minha quando Katniss me segurou.
– Onde você vai? - ela pergunta confusa.
– Deixar a mala em casa - eu respondo naturalmente.
– Deixa lá em casa! - ela sugere me olhando, um sorriso aparece no meu rosto e ela volta a andar em direção a casa dela, nós entramos e deixamos a mala perto do sofá, ela olha em volta, respira fundo e se joga no sofá.
– Eu senti falta daqui! - ela fala de olhos fechados.
– Eu também! - eu confirmo e ela abre os olhos virando o rosto pra mim.
– Você podia trazer suas coisas pra cá - ela sugere e posso sentir ela meio nervosa, meus dedos passam colocando seus fios de cabelo atrás da orelha, eu sorrio.
– Eu não brinquei quando te pedi pra casar comigo - eu aviso.
– Que bom! Por que eu não menti quando aceitei! - ela afirma me olhando.
– Eu não quero esperar! - eu confesso, já que passamos por tanta coisa, eu não vejo motivo pra adiar mais.
– Nem eu! - ela confirma e aproximo nossos rostos mas então me lembro de algo e paro.
– Eu não menti sobre a história da Johanna, foi só uma bebida mesmo! - eu esclareço por que eu maneira que ela reagiu não pareceu acreditar e eu não quero que fiquem dúvidas em nada.
– Eu sei! Eu acredito em você! - ela garante.
– Então por que você ficou daquele jeito? - eu pergunto confuso, ela desvia o olhar do meu e se senta direito, ela olha para seus dedos e eu fico ainda mais curioso.
– É que... Não é nada demais - ela começa a falar– Deixa pra lá! - ela pede.
– Katss, eu acabei de te pedir em casamento, eu não posso deixar pra lá! Pode me contar ... - eu insisto e ela começa a falar se novo.
– As vezes eu acho que eu não sou uma boa opção pra você! - ela fala e eu já ia interromper quando ela me impede – Deixa eu falar... Teve aquela garota que estava na padaria aquela vez - ela fala da Grace – Vocês estavam sujos de farinha, ela também tava com um avental, eu entrei vocês estavam rindo, sentados no chão - ela fala mais eu estou ainda mais confuso.
– Nós fizemos pão - eu falo tentando me defender explicar sei lá o quê.
– Eu sei! Vocês fizeram pão, conversaram, riram... agora você e Johanna, ‘’a Johanna’’ – ela destaca o nome dela - beberam em um bar no meio da madrugada, falaram sobre sei lá o quê... Isso é tão ... Normal! - ela declara e eu começo a entender – E você merece isso, um pouco de algo normal na sua vida! - ela declara
– A única coisa que eu preciso na minha vida é você! - eu afirmo – Não me importo com o resto! Mas concordo que com a gente nada seguiu uma regra básica, mesmo assim valeu a pena pra mim! - eu confirmo é ela se mantém atenta – Mas nós podemos resolver isso batendo um bolo, fazendo um pão, ficando bêbados... - eu falo e ela ri – Não me importa! Eu faço qualquer coisa, desde que você esteja comigo! - eu garanto e ela se aproxima de mim, suas mãos no meu cabelo seus dedos se entrelaçando nele, ela aproxima nossas bocas e eu posso sentir sua respiração – Eu...amo...você! - eu falo parando a cada palavra, a resposta dela não vem em palavras mas quando ela junta a boca na minha eu sei que elas não precisariam ser ditas, nossas linguas se misturam com necessidade e paixão, eu a encosto no sofá e meu corpo fica por cima do dela, o beijo avança e só para quando estou sem ar, ela sorri e diferente dos últimos sorrisos dela esse é realmente verdadeiro e isso me faz sorrir de volta. Assim como eu disse, ela é o que eu preciso.