"A vida não dá "prêmios" ou "castigos", apenas as consequências dos seus atos...”.

Olhava através da imensa janela a neve cair tranquilamente, deixando tudo o que tocava com sua tonalidade branca. Lembrou que quando criança amava dias de neve, passava horas brincando no jardim, travava guerras de bolas de neve com o Sasuke, sendo que o mesmo não gostava e ficava furioso quando ela jogava incessantemente varias bolas em sua direção, mas o Uchiha mais novo não resistia a sua brincadeira de criança levada e acabava aderindo à guerra e às vezes até mesmo o Itachi participava o que me deixava na desvantagem.

Afastei-me da janela terminando de fazer minha trança mal feita que deixava varias mechas róseas cair pelo meu rosto. Meu estranho cabelo estava longo batia um pouco abaixo da cintura e eu realmente detestava quando o prendia em algum galho, ou o vento o soprava em meu rosto.

Andei pelo extenso corredor e desci a longa escadaria do grande palácio e deparei-me com a rainha, Dona Mikoto que me olhava desaprovadora.

—Você está parecendo uma plebeia. — murmurou analisando minhas roupas.

O que ela falou era a mais pura verdade, eu estava usando um vestido bordo pouco acima do joelho e uma grossa meia para que não congelasse no frio lá fora e para finalizar o espartilho preto de couro que me deixava parecendo uma das guerreiras do reino.

—Mas majestade eu sou uma plebeia, uma com muita sorte por terem me acolhido e me criado no castelo — falei com todo o respeito possível, fazendo uma leve reverencia, antes de pronunciar.

— Querida eu já lhe disse que pode me chamar pelo nome e nada de reverencias, você é como uma filha para mim, não aceito que se rebaixe assim, a partir do momento que lhe trouxemos para casa conosco, passou a fazer parte da realeza — aquele olhar seguro e confiante me fez sorrir levemente antes de agradecer e sair.

Passei pela cozinha pegando um pequeno lanche e fui direto para o estábulo, todos ali estavam praticamente prontos, os cavalos já estavam selados, só faltava os dois príncipes, que mais pareciam duas damas, de tanto que demoravam em se arrumar, sorriu com seu pensamento.

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Ouvi suaves batidas abafadas na madeira antiga da porta, sabia quem estava do outro lado, mas eu não precisava pronunciar nada para que meu irmão adestrasse o meu quarto e assim os fatos ocorreram.

—Não consegui ficar um minuto longe de mim Itachi?! —Sorri debochado.

—É melhor que seja eu a lhe chamar do que a rosada, não seria nada bom ela te ver nesses trajes. —ele finalizou dando um sorriso vitorioso.

Ele tinha razão, já que se encontrava apenas com uma tolha em volta de sua cintura cobrindo a parte intima, não seria nada agradável se ela o visse assim. Sabia da impaciência da garota quando ele demorava muito ela mesma como um furacão entrava em seu quarto sem ao menos bater.

Era difícil acreditar que já havia se passado tanto tempo, pois as imagens ainda estavam em sua mente o atormentando, o que lhe causava noites más dormidas.

Olhou inconscientemente para a janela a vendo chegar próximo do cavalo negro, os seus lindos fios róseos eram vistos de longe em meio toda aquela neve, sorriu pensando o quanto ela era teimosa. Sentiu seu irmão se aproximar de si e ficar ao seu lado olhando através da janela o mesmo ponto que ele estava olhando.

—Ela está se tornando uma linda mulher. —estreitou os olhos estranhando o comentário de seu irmão.

—Hum.

—E nos dará muito trabalho. —olhou rapidamente para o local que Itachi apontava.

Um pouco afastado da rosada, estava Kanru, ele tinha 23 anos, três anos mais novo que ele, mas no final das contas tinham a mesma idade para o mundo humano. Não gostou de ver a forma que o moreno de olhos castanhos olhava para ela, já tinha vistos muitos garotos a cercando, mas pela primeira vez sentiu certo desconforto, mas não deu importância para isso, pegou suas roupas que estavam sobre a cama e vestiu-se rapidamente e saio do quarto, mas antes não deixou de ouviu infelizmente Itachi falar.

—Irmãozinho tolo.

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Estava terminando de prender minha bolsa na sela quando senti alguém se aproximar, me virei para ver o belo moreno que se aproximava. Um homem alto de olhos e cabelos negros como uma noite sem estrelas, pele tão branca quanto a minha, muitos comparavam com a neve que dominava toda a extensão do reino.

— Príncipe — fiz uma reverencia apenas para irrita-lo, sabia como Sasuke odiava toda aquela formalidade que lhe era imposta.

—Plebeia — ele falou em um tom e sorriso de canto sarcástico, claramente irritado, mas levando na brincadeira — por que insiste em participar dessas expedições chatas? Apenas para provar que não precisa ser protegida?

— Eu não tenho que provar nada Sasuke — o olhei irritada, com uma enorme vontade de dar-lhe um tapa naquele rosto perfeito — apenas quero poder ajudar de algum jeito, retribuir tudo o que sua família fez por mim em todos esses anos.

— Sabe que não precisa fazer isso — ele abriu minha bolsa e pegou uma maçã, como se ele tivesse o direito de pegar — além do mais, a nevasca foi muito forte, meu pai ordenou que cancelassem a expedição.

Olhei incrédula para ele, procurando algum sinal de que estava brincando, mas ele simplesmente deu de ombros indicando para os lados, onde todos já começavam a retirar as selas dos cavalos.

Bufei irritada, não era possível que eu teria de passar o dia trancada no castelo tendo aulas de boas maneiras e tendo de usar os longos e rodados vestido que eu era obrigada a usar, não que eu não gostasse dos vestidos, pelo contrário, mas eu os achava um tanto quanto irritantes.

— Não se irrite coisa rosa — Sasuke falou me olhando com um sorriso de lado, odiava quando ele me chamava assim, mas antes que pudesse retrucar ele continuou — ainda podemos sair para cavalgar, sei que você odeia as aulas de boas maneiras.

— Jura? – fiquei tão feliz em ouvir aquilo que até mesmo me esqueci de que estava irritada, abri um grande sorriso e o abracei, vendo o quanto eu era baixa comparada a ele, senti os músculos de seu corpo se contraírem em surpresa, Sasuke não era muito de demonstrar afeto por ninguém, principalmente em público.

—É claro, considere um presente de aniversário adiantado — me afastei dele de forma meio brusca e ele parou de sorrir quando viu minha cara nada agradável, foi quando ele percebeu o que me fez lembrar — desculpa, havia me esquecido da guerra, já faz tanto tempo.

— Tudo bem — menti olhando para meu cavalo, que por algum motivo era negro, talvez eu soubesse a resposta, mas preferia evita-la — eu nem me lembro mesmo, só fico triste em saber que meus pais morreram de forma tão trágica em um dia considerado importante para muitos e eu nem ao menos tenho alguma lembrança de quem eles são.

Sasuke ficou em silencio, esse era o lado bom dele, sabia quando ficar quieto e deixar as pessoas com os seus próprios pensamentos, na verdade ele era na maioria do tempo assim, calado.

Em uma semana seria meu aniversário de 16 anos, há dez anos atrás quando fui encontrada em meio aos mortos da terrível guerra, eu não me lembrava de absolutamente nada, pois havia ferido a cabeça que provavelmente foi a causa da minha perda de memória, não lembrava quem eu era, quantos anos tinha, simplesmente a minha vida estava em páginas brancas, como se por obra do destino ela tinha apagado cada detalhe.

E aqui estou, pois o rei e a rainha me acolheram e me criaram como filha, apenas souberam o meu nome graças a um colar que eu usava, um relicário onde estava escrito “A nossa amada Sakura, motivo de nossas vidas”. Não havia foto, mas uma data, a minha data de nascimento, meu aniversário era no mesmo dia que havia ocorrida a ultima guerra dos clãs, onde o clã Haruno foi extinto e os Uchihas denominados os mais poderosos do mundo.