Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 70
Coincidence II


Notas iniciais do capítulo

Florzinhas e cravinhos, quase os matei...
hahahahaha

Não posso negar que ri com os diversos comentários me chamando de má.
Mas meu povo, eu não sou tão malvada assim... Sou boazinha, porém fã de uma angst... XD

Quero agradecer as florzinhas que estão acrescentando beleza nesse nosso jardim! *-*

E um agradecimento especial para a Gabs Oliveira, a responsável por me fazer escrever até aqui. :D

Bom... Vamos ao que interessa...
Boa leitura!



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No capítulo anterior

(...)

– KATE! KATE!

Uma voz me chama insistentemente. Essa não é uma sensação nova. Não é a primeira vez que passo por isso. Mas da ultima vez não era essa voz que me despertava. Onde é que eu estava mesmo?... Espera!

– KATE! ACORDA KATE!

Eu vi o Rick...

– KATE!

(...)

POV LANIE

A Kate exagera né? Olha esse rostinho... Eu estou maravilhosa! Eu sei, eu sei... Um pouquinho menos de amor próprio seria bem vindo... Mas os espelhos não mentem para mim. Não é, benzinho?

– Garota! Vai ficar ai a noite inteira? – Uma garota entojada me incomoda.

– Vai procurar outro canto, estou ocupada, não está vendo? – Sim, eu estou petulante.

– O espelho não é só seu! A pia também não! Não sei como ainda não assustou a todos com essa sua cara de panda atropelado...

– Como é que é?! – Agora ela vai ver o que é um “panda atropelado”.

Com minha cara de mais feroz, impus a menina a caminho da parede. Deixei-a encurralada e dei meu aviso. – Olha bem pra minha mão... Decora ela, gata. Vou carimbar no seu rostinho e ai você vai ver o que é um panda atropelado. – A garota tentava me afastar dela, mas era tarde demais. Pus-me em posição e quando me preparei fui interrompida.

– TEM UMA MENINA DESMAIADA AQUI! – Menina desmaiada? Uma outra garota, bem loirinha, vem em minha direção.

– Não tem uma morena que estava com você? Eu vi vocês entrarem juntas... Acho que é ela que desmaiou. – Eu largo a entojada sem nem pensar duas vezes, esse assunto vai ficar pra depois. Primeiro preciso ver o que está acontecendo. Saio pela porta do banheiro em disparada ao corpo que se encontra no chão. Não é preciso ver muito para entender do que se trata. A voz de alguém me alerta que realmente é a Kate que está ali e junto com ela...

– Rodgers?!

– Lanie! Ajuda! – Ele estava com a cabeça da Kate apoiada em seu colo. Eu estava tendo uma miragem? Eu fiquei travada. Precisava ligar os pontos... Agora tenho a certeza que bebi demais. Estou muito lenta para entender o que está acontecendo. – LANIE! Faz alguma coisa, rápido!

– Certo... – Sussurrei. Deixaria para raciocinar depois. – Pessoal, se afastem! Se afastem! Ela precisa respirar! – Eu ordenava a aglomeração e me aproximava dos dois.

– Eu... Eu... Eu só ouvi que uma menina tinha desmaiado, assim que sai do banheiro. Não pude acreditar que era ela aqui. Eu... – Rick estava atordoado. Ele alisava os cabelos da Kate. Talvez se não fosse pelo álcool eu estaria muito mais chocada que agora. Mas espera... – Faz alguma coisa, por favor...

– Rick... Ela estava aqui do lado de fora do banheiro me esperando para irmos para casa e você disse que... Que ouviu gritarem que uma menina desmaiou e você estava do lado de fora do banheiro masculino, aqui do lado e...

– Ela me viu. – Ele concluiu.

– Por isso ela desmaiou... – Falei posicionando o corpo dela. Aprendi já alguma coisa na universidade. Nada muito útil, mas contar os batimentos iria ajudar. – Ponha a cabeça dela no chão. Vai chamar alguém do pronto-socorro daqui. – Ordenei e fui em direção às pernas da Kate me posicionando para elevar as mesmas. Aprendi no pequeno curso de salva-vidas que fiz em um acampamento de verão.

– O que você está fazendo? – Rick perguntou.

– Eu sei o que estou fazendo, agora você faça o que mandei! – Ele me olhou atônito e foi em busca do que solicitei. Em poucos segundos o socorristas chegaram. Antes que Rick os avisasse, eles já estavam a caminho. As câmeras filmaram o desmaio da Kate.

– Se afastem dela, por favor. – Um dos dois socorristas solicitou. – Vocês também. – O homem de jaleco branco e olhar castanho nos deu a mesma ordem. Eu e Rick ficamos a poucos metros e ele apoiou um braço em meu ombro.

– Por que ela não me disse que havia voltado? – Ele perguntou com pesar. – Eu... Eu teria feito algo... Eu...

– Não há nada que você pudesse ter feito, Rick. – Respondi baixinho. Passou alguns segundos de silêncio e ele me questiona novamente.

– Por que não haveria nada? Ela desmaiou quando me viu! Sei que ainda importo ou ela não teria desmaiado por me ver.

– Vamos a levar para enfermaria. Podem nos acompanhar? Precisamos dos dados da moça. – O senhor de cabelo pouco grisalho que acompanhava o outro, informou sobre a Kate e interrompeu o diálogo entre eu e Rick. Acompanhamos os socorristas como foi solicitado. Longe da pista de dança, a enfermaria não apresentava o barulho estrondoso. Rick foi o primeiro a chegar até a Kate. Ele a chamava baixinho, alisava os cabelos dela e dizia insistentemente que eles precisavam conversar e que ele sabia que entre eles ainda havia algo. Acho que ele mesmo estava com medo de que ela acordasse e o visse ali ao seu lado. Sabe-se lá se ela iria desmaiar de novo quando o visse. Ele precisava ir, eu havia chegado a essa conclusão. As coisas ficariam bem mais estranhas do que agora se a Kate acordasse e visse o Rick novamente.

– Rick... Acho melhor você ir embora. – Falei tocando em seu ombro.

– Eu não quero ir. Quero ficar aqui ao lado dela, Lanie. – Ele disse. Gotas de lágrimas escorriam em seu rosto.

– Rick...

– Ela desmaiou por minha causa. Eu quero ficar ao lado dela. É onde eu deveria estar.

– Rick, ela desmaiou quando te viu. Ela vai acordar zonza, desnorteada. Encontrar você novamente vai gerar outro choque. Vai embora, por favor. – Eu pedi insistente.

– E se eu nunca mais a vê-la?

– Vocês vão se vê novamente... – Precisava dizer isso. Nem sei se isso realmente iria ocorrer.

– Eu fui até o apartamento dela. Nenhum Beckett mora mais lá. Ela mudou o número... Não sei onde encontrar ela. Não sei onde ela está... Eu não posso ir. – Ele chorava.

– Você sabe meu número, não sabe? – Lanie, você vai se arrepender do que está fazendo... – Liga pra mim. Quando ela estiver pronta, prometo que serei sincera.

– Fala sério?

– Sim. Prometo a você. Agora, por favor, vá embora. Ela pode acordar a qualquer momento...

– Ok. – Ele falou secando as lágrimas e se levantando. – Eu vou. – Ele sussurrou. Virou-se novamente para a Kate que estava deitada sobre a maca e depositou um beijo casto em sua testa. Pude ouvir algo sussurrado, mas não pude distinguir. Ele se afasta lentamente, bate de leve em meu ombro duas vezes.

– Tchau, Rodgers.

– Obrigado. – Ele sorri e sai pela pequena porta da salinha. Aproximo da Kate e começo a chama-la aos poucos.

– Kate... Acorda amiga... – Ela começa a fazer certas expressões e pelo que eu a conheço, ela não está se dando conta que desmaiou. Ela está preocupada. Posso ver o cenho dela se movimentando negativamente. Sei que não deve sacudir ninguém nessa ocasião, mas ninguém me disse nada sobre chamar, portanto... – KATE! KATE!

Nada...

– KATE! ACORDA KATE!

Acho que estamos quase lá...

– KATE!

END POV LANIE

– Kate...

– Oi? – Digo abrindo os olhos, mas logo fecho... A claridade me incomoda por alguns instantes.

– Amiga você desmaiou, mas está tudo bem agora. – Lanie me fala. Abro os olhos mais uma vez e agora minha visão se acostuma. Olho para Lanie e logo em seguida a encaro me esforçando.

– Eu... Eu vi o Rick. – Minha voz quase não sai. Eu vi o Rick! Lanie apenas me observa em silêncio. Um silêncio ensurdecedor. Decido repetir a informação, dessa vez mais forte. – Lanie, eu vi o Rick!

– Kate, você está se sentindo bem? Você desmaiou, ouviu o que disse? – Lanie falava como seu eu estivesse louca.

– Eu já entendi que desmaiei. Logo a dor na minha cabeça vai passar, mas eu estou dizendo que vi o Rick e tudo girou. Eu desmaiei porque eu vi o Rick! Eu vi o Rick, entendeu? – Ela me olha assustada e indagadora. Decido revelar. – Essa não é a primeira vez que desmaio. Mas isso não vem ao caso... A gente precisa ir embora daqui...

– Kate, relaxe ai! – Ela diz posicionando meus ombros para me fazer deitar novamente na maca. Eu já estava quase sentada. – Você vai aguardar um tempo até você ser liberada. Eu entendi que você viu o Rick e a gente precisa conversar sobre isso, mas não agora, nem aqui. – Ela parece nervosa, tem alguma coisa acontecendo.

– Eu estou bem, não é? Eu só desmaiei... – Peço confirmação com o olhar. Ela balança a cabeça e diz que sim.

– Eu vou chamar o enfermeiro. – Ela diz saindo da sala. Aguardo alguns instantes e ela adentra na sala novamente, agora acompanhada pelo enfermeiro.

– Senhorita Beckett, como está se sentindo? – O rapaz alto, de jaleco branco, me questiona.

– Bem. Posso ir pra casa?

– Vamos medir sua pressão novamente e iremos a liberar. – Ele se aproxima e coloca o aparelho em meu braço. – Sua amiga deu-nos a informação de que você não apresenta histórico de pressão baixa, hipoglicemia ou problemas cardiovasculares. Há algum medicamento que tenha feito uso?

– Não, não uso medicamentos. – Eu respondi indignada. Ele olha para o visor do aparelho medidor de pressão.

– Bom, suponho então que tenha sido por motivo emocional. – Ele retira o aparelho do meu braço. Lanie nos observa em silêncio e ao canto da sala. – Sua pressão ainda está um pouco baixa, mas nada que a faça desmaiar novamente. Saindo daqui procure se alimentar e repousar. – Eu sento na maca e tento ajustar o cabelo. Nem sei onde estão meus saltos. Procuro atordoada. – Senhorita Parish, acompanhe sua amiga até em casa. Garanta que ela se alimente e repouse. Vocês parecem ser boas amigas. – Ele sorri simpaticamente e Lanie surge ao fundo carregando meu par de saltos. – Cuide-se. – O rapaz fala e se afasta, olha mais uma vez para trás e sai da sala. Logo após ele, eu aprumo no salto (algo que não via dificuldade) e Lanie me apoia a caminho da saída.

Entramos no táxi e eu iniciei de volta o assunto. Agora só me restava a dor de cabeça e a lembrança de ter avistado o Rick.

– Lanie...

– Kate, a gente já está chegando a casa... – Lanie tenta não tocar no assunto e eu não entendo o motivo.

– Lanie, nós precisamos conversar.

– Dá pra ser quando chegarmos? – Ela diz e faz referência ao taxista.

– Tudo bem. – Digo sem graça. O táxi passa por mais quatro quarteirões até virar numa esquina, pegar a esquerda e para em frente ao apartamento da Lanie. Descemos e a minha amiga pagou o táxi da volta, como antes havíamos combinado. Subimos ainda em silêncio, era cerca de 3 horas da manhã. Entramos no apartamento e com pés descalços rumamos para o quarto da Lanie. Ela puxou o colchão escondido em baixo da cama e já com tudo pronto.

– Eu durmo em baixo. Você não está em condições de dormir em lugar baixo depois do desmaio.

– Lanie...

– Eu sei! Também quero “conversar” com você, mas vou antes pegar algo para comermos. Tem um pijama embaixo do travesseiro... Se quiser trocar de roupa.

– Ok. – Falo dando-me por vencida.

– Já volto. – Ela diz saindo do quarto. Eu troco meu vestido pelo pijama da Lanie. Ele fica largo em mim. A cintura não encaixa, mas eu não ligo. Lanie volta depois de um tempo e trás consigo dois copos de leite e dois pratos de cookies. Ela entra com um sorriso tímido e eu entendo o que quer dizer.

– Festa do pijama? Leite com cookies? – Perguntei sorrindo.

– É, precisamos voltar um pouco no tempo... – Ela diz entregando minha parte e senta-se na cama de baixo e inicia seu lanche. Comemos e entre um cookie e outro eu inicio novamente a conversa.

– A gente pode começar a falar agora? – Pergunto pedindo autorização para o pontapé inicial. Ela suspira, é profundo... Lanie encara-me por um instante e responde.

– Ok. – Ela dá um gole no leite e continua. – Você viu o Rick... E então desmaiou. Tudo isso quando eu estava no banheiro...

– Eu lembro que estava te esperando, havia movimento de entra e sai na porta do banheiro masculino e de repente lembro-me de ver o Rick... De costas... Acho que alguém o chamou, não sei ao certo... Só sei que daí em diante eu não lembro. Acordei com você me olhando naquela enfermaria.

– Você tem certeza que o viu, não tem? – Lanie me questiona.

– Tenho! Absoluta! Acho que por causa dele eu desmaiei. – Lanie para de me encarar por um instante e passa a olhar para o nada. – Lanie...

– O que está acontecendo? – Eu a encaro calada. Lanie volta a me encarar. – Kate, não olhe para mim com esse rosto de indagação... Você sabe o que estou dizendo. Não me faça de boba. Está acontecendo alguma coisa que não é normal. Porque se fosse, você não teria desmaiado.

– Lanie... – Minha voz falha. Sinto-me embargar.

– Kate, se você não se abrir, mesmo que não seja comigo... Você vai explodir. Conversa com alguém... De preferência se esse alguém for eu... – Ela implora abandonando o prato de cookies e o meio copo de leite.

– Eu... – Ela tem certa razão e eu não quero brigar com ela novamente. – Eu não sei por onde começar.

– Por onde quiser. – Lanie sussurra e depois completa. – Contanto que consiga começar, comece por onde quiser.

– Bom... – Respiro fundo. Coço parte da cabeça e tento iniciar. – Eu decidi por isso. Eu o quero longe de mim, esse era... É! É o meu plano. Manter o Rick distante de mim.

– Kate...

– Eu vou seguir. – Faço sinalização para ela ainda ficar em silêncio. – Você me pediu para falar, portanto vou falar. – Respiro brevemente e continuo. – Isso é o melhor para nós. Eu... Eu estou quebrada e eu não posso dar para o Rick tudo que eu prometi... – Minhas lágrimas começam a cair. Não consigo disfarçar e nem pretendo. – Não consigo nem dar a metade do que um dia eu prometi para ele. Eu não vou voltar a ser a Kate que eu era com ele. A Kate que fez as promessas para o Rick nas saídas da escola. A Kate que jurou que a distância não iria nos separar... – Meu choro é forte demais. Eu jamais havia falado sobre isso. Nem comigo mesma. Sinto como se algo me corroesse por dentro.

– Calma amiga, respira... – Lanie sobe para a cama de cima e acarinha meus cabelos. Ela se esguia até a mesinha de cabeceira e retorna oferecendo-me lenços. Aceito um lencinho e tento manter o controle. Busco o ar e me sinto preparada para continuar.

– Eu o amo, Lanie. Eu o amo tanto que me senti incapaz de continuar a ficar com o cara que merece muito mais do que eu possa oferecer. – Eu não conseguia parar de chorar.

– Você quer parar? Continuar outra hora. – Lanie alisa minhas costas e sugere diante minhas lágrimas.

– Não... Eu vou continuar ou então nunca mais volto a tocar nesse assunto. – Lanie me olha piedosa e eu não posso culpá-la.

– Tudo bem.

– Meses se passaram e eu não consigo tirar ele de mim. Eu não... Quando penso que estou prestes a conseguir eu tenho pesadelos.

– Como aquele que você me contou...

– É... Como aquele... Dói muito, Lanie. Eu queria tanto que nada disso tivesse acontecido. Queria voltar no tempo e encontrar minha mãe quando chegar a minha casa amanhã. Queria abraçar minha mãe e ouvir ela me dizer exatamente o que eu deveria fazer. Que tudo ficaria bem e que eu e o Rick, se soubermos aprender com a vida, iríamos ficar sempre bem... Sempre juntos... Mas eu não posso voltar! Não posso voltar para uma casa onde meu pai não vai beber escondido. Onde foi feita justiça pela minha mãe. Onde eu e o Rick planejaríamos o futuro... Sabe por quê? Aquela Kate não existe mais. Eu tenho responsabilidades que não posso gerir. Eu... Eu não sei o que estou fazendo, Lanie... Não sei o que estou fazendo da minha vida, mas eu tenho certeza que não quero o Rick afundando junto comigo. Quem sabe fazendo o impossível para me tirar de um lugar que ele não pode.

– Oh querida...

– Eu não quero isso pra ele. Eu conheço o Rick e sei do quão longe ele pode chegar. Sei o quanto ele pode ser um escritor de sucesso, sei que ele pode ir até onde quiser. Eu não posso ser a egoísta que o acorrenta. Que vai o fazer perder oportunidade porque não posso acompanhá-lo. – Eu tentava respirar. – Ele precisa ser livre. Livre sem mim... Eu não posso mais voar com ele.

– Kate... – Lanie me envolve num abraço apertado e meu choro aumenta. Ela acaricia meu cabelo e aperta mais o abraço. – Tudo bem amiga, tudo bem... Chora, relaxa...

O dia já queria clarear e aos poucos eu sequei minhas lágrimas. Lanie e eu ficamos nos olhando. Olhares que conversavam palavras em silêncio. Lanie agora podia me compreender. Ela finalmente entendeu o motivo de tudo que me lembra do Rick me abalar tanto. Eu não terminei com ele porque eu deixei de amá-lo ou passei a amar menos, eu terminei por amá-lo tanto, tanto, que precisei libertar o amor da minha vida para que ele não ficasse no tormento que estou. Para que ele não visse o amor da vida dele simplesmente sucumbir a situações inusitadas que a remetem uma perda brusca. Eu não queria ver um Rick traumatizado como eu me encontro. Ele não merece nada do que a vida está me fazendo passar. Ele é muito melhor do que eu. E eu sei que a vida promete um caminho bem melhor para ele se eu não estiver ao seu lado.

– Obrigada, amiga. – Lanie fala enquanto estávamos deitadas lado a lado. Eu me viro para olhar para ela.

– Pelo o quê?

– Por ter se aberto comigo. Por me permitir entender o que se passa entre vocês. – Eu sorri minimamente e sentei na cama. Lanie em um segundo me acompanhou.

– Você é minha melhor amiga. Eu te devia essa.

– Você não me devia nada, mesmo sendo minha melhor amiga.

– Eu sei que vai passar, mas não sei quando. – Lanie me encara como se tivesse dúvidas sobre o que dizer. – Quer dizer algo?

– Talvez... Ah! – Ela sacode a cabeça. – Esquece... Melhor não.

– Nada disso! Fala! Eu contei tudo para você. Agora você fala o que quer falar.

– Kate...

– Vai, Lanie. Eu não vou te morder. Prometo. – Eu sorri para ela tentando amenizar.

– Ok! – Ela se posiciona melhor e ergue os ombros. – Você ama o Rick e Kate... Ele também.

– Lanie, sem suposições tá legal?

– Eu não estou supondo... – Ela carregava o semblante de seriedade. – Eu estou afirmando o que vi e o que ouvi da boca do próprio Rick.

– QUÊ?! – Ela falou com ele?

– Kate... – Ela suspirou. – Eu saí do banheiro com meninas gritando que alguém havia desmaiado. Deparei com a cena da sua cabeça apoiada no colo de um Rick desesperado.

– Ele... Ele estava comigo? E... Ele... Ele me viu? – Eu estava trêmula. Ele havia me visto.

– Foi ele quem te socorreu antes dos socorristas. Ele foi com a gente até a enfermaria e não queria sair do seu lado... – Lanie apertou minha mão. – Eu sei que não é fácil de escutar, se você quiser que eu pare...

– Continua... – Sussurrei.

– Ele não queria te deixar, Kate. Ele se perguntava e me perguntava o motivo de você estar aqui em Nova York e ele não saber. Ele quer falar com você. E só devido a muita insistência minha, ele decidiu ir embora. Kate... – Ela me olha com pesar e as lágrimas escapam pelos meus olhos. – Ele disse que te ama e que sabe que você também o ama. Se não amasse, não teria desmaiado quando o viu... Juro que não disse nada! Não sei se vocês chegaram a se encarar ou se ele fez as próprias conclusões. Eu só sei que... Kate, eu não tenho como afirmar se ele vai ser mais bem sucedido ou se irá fazer mais sucesso longe da “Kate que você se tornou”, mas com certeza ele será um Rick muito mais infeliz sem você ao lado dele.

– Ele disse... – Eu não conseguia formar frases conexas.

– Sim, ele disse. Ele sente, Kate. Assim como você, ele sente. Sabe girl, eu não vou te perguntar se você tem certeza do que está fazendo a vocês. Você nunca foi uma menina de se arrepender. Mas isso... Isso é um fato novo. Não leve a vida tão a sério. Será mesmo que ele fica melhor sem você? E olha pra você... – Ela seca parte das minhas lágrimas. – Você pode não ser a mesma Kate da escola, mas com certeza não é também a Kate que seria se estivesse ao lado dele.

– Ai, Lanie... – Eu chorava tudo novamente. Ainda bem que ela contou. Não me conformaria se ela não me contasse.

– Calma! Não disse isso tudo para que você chorasse. Quero apenas que você reflita. – Ela disse acarinhando meus braços e ombros.

– Eu quero voltar para ele... Mas não posso...

– Você pode, Kate. É só você querer. Ele está esperando só por você.

– Não...

– Logo esse Rick vai estar cheio de mulheres oferecidas dando de tudo para passar uma noite, uma vida, com um lindo escritor de best-sellers.

– Então... – Falei em meio a lágrimas como quem pouco me importasse. Mas era isso que eu esperava. Eu queria que ele me esquecesse, mesmo que eu não conseguisse. Mas agora a Lanie me deixava confusa.

– Garota! Acorda! Ele pode ter todas as mulheres que quiser. E poderá ter quantas mais ele imaginar. O livro dele está só ganhando posição. Mas ele não está feliz por ser o “Richard Castle”. Ele não vê em nenhuma dessas mulheres fúteis o que ele viu em você. Nenhuma delas vai ser você, Katherine Beckett.

– Oh, Lanie! – Eu disse e me joguei em seguida de encontro ao travesseiro. Encolhi-me o máximo que pude e depois de alguns segundos, senti as mãos da Lanie pegar o cobertor e me empacotar como criança. O sol já entra pela janela e vejo a sombra da Lanie fechar as persianas e deitar no colhão ao lado da cama. Ao mesmo tempo em que choro, eu agradeço mentalmente por a Lanie ter pedido que ele fosse embora. Teria sido difícil encontrar ele frente a frente diante daquela situação. Eu pego no sono enquanto contemplo os dois goles deixados no copo de leite colocado sobre a mesa de cabeceira. Antes de fechar meus olhos, peço mentalmente para não ter novos pesadelos com o Rick. Não consigo mais lidar com isso. Não consigo!


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Notas finais do capítulo

E ai pessoal? O que vai acontecer com a Kate após toda essa reflexão?
Será que realmente ela é apenas teimosa ou o que ela contou para a Lanie fez vcs entenderem o que se passa com ela?
O Rick não estava em silêncio... Ele revelou para a Lanie que ele foi atrás da Kate, mas ele não consegui achar a moça.
Palpites para o que a Kate vai decidir fazer ou ser de agora em diante?

COMENTEM!