HIATUS - This Love escrita por Pequena Stiff, SheWolf


Capítulo 4
Three


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, já voltei! Rápido, eu sei.
Mas, tipo, eu não vejo necessidade de demorar pra postar tendo o cap pronto no meu pc.
Espero que gostem, sinceramente. A história de verdade começa à partir daqui!
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Edit da SheWolf: capítulo betado :3



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"As palavras tem a leveza do vento, e a força da tempestade."

(Victor Hugo)

Quem era esse homem que eu não conhecia?

Arrumei o termostato da banheira e ela começou a esquentar novamente. Eu precisava de mais tempo ali.

Sasuke Uchiha era um dos mais jovens empresários do ramo de marketing com uma carreira invejável. Tinha tudo. Então qual seria o sentido de colocar tudo a perder?

Eu às vezes me indago se o que ele sentiu por mim um dia foi verdadeiro. Ele devia amar Karin, amá-la de verdade, e isso dói tanto... talvez na mesma intensidade com a qual eu o amo.

Pois, mesmo depois de tudo, eu o amo.

Eu não sei ao certo se amo aquele jogador de futebol do time da escola que dava em cima da líder de torcida que eu era, ou se o amo.

Pois não são as mesmas pessoas. Não mesmo. O Sasuke que eu conheci era um mala, se achava o dono do mundo, e tinha um gênio dos infernos. Mas era carinhoso e gentil.

E me amava.

Depois que nos casamos, todos os dias chegava do serviço e me beijava. Durante a minha primeira gravidez, conversava mais com nosso filho do que comigo. E eu não consigo enxergar onde eu errei para estar assim hoje.

Robert Frost disse uma vez que conhecia o ódio o suficiente para saber que a ruína pelo gelo seria ótima, e bastaria. Hoje isso faz tanto sentido para mim que chega a ser sufocante.

Decidi terminar meu banho e saí da banheira.

Voltei para o quarto, andando na ponta dos pés para não acordar meus filhos, e fui até a mala pegar algo para vestir. Olhei para o criado mudo e pude ver a tela do celular acesa, sinal de que ele ainda ligava. Me vesti e decidi ir para cama.

Peguei o celular com a intenção de desligá-lo e, quando vi, havia mais de uma mensagem na caixa de entrada, e um e-mail havia sido anunciado. O celular começou uma nova ligação, e, no automático, rejeitei. Droga, ele saberia que eu estava vendo, e ficaria fulo. Coloquei o celular novamente no lugar e deitei virada para o outro lado. Não consegui dormir. Depois de rolar algumas vezes, a curiosidade foi maior. Decidi ler os sms's e o e-mail. Não faria mal algum.

Peguei o celular, desbloqueei, e cliquei na caixa de mensagens. Eram quatro mensagens no total. Li a primeira.

"Por que não avisou que iria viajar? 00:02 a.m."

A segunda dizia:

"Chyo disse que você saiu com muitas malas. Pretende passar quanto tempo fora? Temos um evento no sábado, sabe disso. 00:13 a.m."

Passei para a terceira...

"Liguei para todas as nossas casas em lugares que normalmente você vai, e você não está em nenhum lugar. Pra onde foi? 00:26 a.m."

A quarta e última tinha um ar mais urgente...

"O closet está praticamente vazio. O de Deisuke também, assim como o da menina. Que porra está acontecendo, Sakura? Atende a droga das minhas ligações! Isso é uma ordem! 00:38 a.m."

Comecei a chorar novamente. "O da menina", nem escrever o nome dela ele escrevia! Que monstro é esse?

Temi ler o e-mail e me decepcionar mais. Mas eu precisava fazer aquilo. Ele havia sido enviado depois das mensagens. Respirei fundo, tomei coragem e abri.

"Sakura, o que está acontecendo? Onde estão você e as crianças? Porque não atende a droga das minhas ligações? Qual o seu problema? Eu exijo saber onde você está agora. Você passou três dias fora, indo para o quarto, pelo que os empregados disseram. Logan disse para mim que te deixou no aeroporto, mas eu chequei e vi que o jato não foi utilizado, e tanto o seu passaporte como o de Deisuke continuam no cofre. Você não saiu da cidade, mas não voltou para casa. Liguei para Naruto, Ino, Sai, Tsunade, liguei até mesmo para seus pais, e você não está em nenhum desses lugares. Onde você se enfiou? Que droga, isso já passou dos limites! Eu já te liguei umas trinta vezes e você não atende! Eu exijo uma resposta imediata, se não, colocarei a policia no caso! Vou até a delegacia amanhã de manhã, alegando sequestro! Sei que você não foi sequestrada, mas o jeito é colocar a policia pra te encontrar.

Vou continuar te ligando até você atender, então não adianta me ignorar

Sasuke Uchiha,

CEO Uchiha Marketing"

As lágrimas voltaram com força total, ele colocaria a policia atrás de mim? Droga.

O celular tocou novamente.

Uma hora ou outra, eu teria que enfrentá-lo, e seria agora. Respirei fundo, levantei da cama e caminhei até a varanda. O ar frio da noite se chocou contra mim, mas foi bom, pois eu sentia meu corpo transpirar de nervosismo. Tudo terminaria com aquela ligação. Eu estava tremendo dos pés a cabeça.

Atendi.

— QUE PORRA QUE ESTÁ ACONTECENDO? ONDE É QUE VOCÊ ESTÁ?

A voz grossa de Sasuke chegou ao meus ouvidos e me causou um calafrio. Ele estava exaltado, e eu respondi com toda a calma do mundo:

— Não está acontecendo nada, Sr. Uchiha. E onde eu estou não convém a você.

Eu ouvi sua respiração ofegante do outro lado da linha, mostrando o quão estressado ele estava. Ele continuou gritando:

— COMO ASSIM NÃO CONVÉM A MIM? SOU SEU MARIDO! TUDO O QUE VOCÊ FAZ DIZ RESPEITO A MIM! E QUE PORRA DE SR. UCHIRA? O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO?!

— Nada, Sr. Uchiha. Não acontece nada a um bom tempo. Mas fique tranquilo, meu advogado entrará em contato com o senhor e acertará tudo. Não quero...

Ele me interrompeu, depois que, aparentemente, minhas palavras fizeram sentido para ele. Só que dessa vez ele quase sussurrava, e eu podia ver sua expressão: dentes cerrados, assim como os olhos:

— Que história é essa de advogado? Que droga está acontecendo? Eu chego de uma conferência, e você simplesmente sumiu! Me explica essa história agora! Ou rastrearei essa ligação, e isso terá outro patamar.

Respirei fundo e respondi, decidindo esclarecer tudo de uma vez:

— Dessa vez, não me interrompa, por gentileza — ouvi-o bufar do outro lado da linha, e, vindo de Sasuke, isso significava sim. Continuei: — Eu saí de casa, como pode perceber, mas não foi só eu, como parece afirmar. Seu filho e a minha filha também. Onde eu estou não será dito a você, e nem a ninguém. "Sr. Uchiha" é porque é assim que normalmente nos dirigimos à pessoas desconhecidas. O advogado tratará do nosso divórcio e da retirada do seu sobrenome da certidão da minha filha. Nós dois sabemos muito bem que você não chegou de uma conferência e deu por minha falta. Sabemos que chegou de um dos seus encontros prolongados com Karin...

Ele me interrompeu, ainda ofegante, mas falando baixo:

— Não coloque-a no meio dessa história! A errada aqui é você...

Cortei-o:

— Eu ainda não terminei, se me permite. Desculpe se o ofendi, Sr. Uchiha, eu também agiria assim se qualquer pessoa dissesse algo leviano sobre alguém que amo. Mas se vamos falar de erros, como não comentar sobre a Srta. Uzumaki? Você começou errando e, não que isso venha de meus princípios, apenas estou errando no seu erro. Mas vou esclarecer tudo - suspirei. - Eu estou cansada de viver naquela casa enorme, sozinha. Meu filho fica quase o dia todo fora, cumprindo suas exigências. Convenhamos... que criança de seis anos faz quatro aulas de línguas, seis de instrumentos, hipismo e futebol, por semana? Com uma carga horária de dez horas por dia? POR EXIGÊNCIA DO PAI? Nenhuma. Ele é só uma criança e, como tal, deveria estar em casa. Mas ele nunca está também. E minha filha é só um bebê. Eu cansei, Sr. Uchiha. É por isso que eu deixei sua mansão. O porquê do divórcio você já deve saber, é claro. Não é de hoje que você tem a ciência de que eu sei da Srta. Uzumaki. Quando você jurou, diante de uma igreja, me amar e respeitar por toda vida, jurou também a monogamia. Coisa que não respeitou. Você não cumpriu nada disso. Nunca. Eu cansei de cumprir também. Eu quero que me responda uma coisa, Sr. Uchiha, e, dependendo da resposta, eu direi onde estou. Dependendo da sua resposta, eu entro em um táxi e volto para sua casa agora... Mas seja sincero, pois eu sei a verdade. Você só precisa negar ou concordar. Quantas vezes pegou Mei no colo?

Eu respirei, e engoli o choro quando o silêncio perpetuou. Ele nada disse. Eu o tinha atingido? Talvez... Como uma pessoa não seria atingida depois de ter isso jogado na cara? Continuei:

— Resposta errada, Uchiha. Perdão. Se está preocupado com o evento de sábado, me perdoe novamente, mas irá sozinho. Mas, pensando bem, essa pode ser a oportunidade perfeita para assumi-la, não é mesmo? Dois coelhos com uma cajadada. Anuncia o divórcio e a sua nova mulher.

Não disse mais nada, mas não desliguei a ligação. Esperei, e ele finalmente respondeu:

— Você não tem o direito de fazer isso. Volte para casa agora, para conversarmos como duas pessoas civilizadas! E daí que eu nunca peguei a garota no colo? Isso muda alguma coisa? Não, Sakura, não muda. Nosso casamento não tem nada a ver com isso! E você não pode acabar com ele assim!

— É ai que você se engana, Sasuke! Não é só por isso! Não mesmo! Ela se chama Mei Mikoto Uchiha! Não "Mei Sakura Uchiha", como você anunciou para o mundo em uma revista no mês passado! Que tipo de pai não sabe o nome da filha? Ah, é, você nem ao menos estava presente no dia em que ela nasceu! Não foi ao hospital, não me levou flores, não estava lá para me recepcionar em casa! VOCÊ NUNCA A PEGOU NO COLO! Que tipo de pessoa é essa? Cadê o Sasuke com qual eu me casei? Ein? Cadê? Pois a pessoa com quem eu estou falando no telefone é um completo desconhecido para mim! Eu vou entrar com o pedido de divórcio sim!

— EU NÃO VOU ASSINAR!

— E vou tirar o sobrenome Uchiha da minha filha!

— Eu não me importo com a porra do nome! Só quero vocês em casa agora!

Perdi o fôlego:

— Eu sei que você não se importa com o nome, EU SEI, DROGA! Você não se importa com ela. COM A SUA FILHA! E isso dói! Demais! Você não a queria, não é mesmo? Eu sei que não! Mas queria escutar diretamente de você! Com todas as palavras! Você mesmo disse que nós estávamos bem com um filho só, e que não precisávamos de outro quando eu disse que estava grávida. Eu escutei sua conversa com Karin quando eu estava quase pra ter minha filha! Eu acho que você deve se lembrar dessa conversa, não faz muito tempo e, pelo visto, te rendeu problemas também! Que droga, eu estava com quase nove meses de gravidez de um filho seu! Da sua primeira filha! Você poderia ao menos tentar se resolver com a sua amante fora da minha casa. Eu ouvi quando você disse "eu não quero essa menina também, ela só me causou problemas com você, meu amor". Vai negar isso? Eu queria que você dissesse para mim "eu não quero ela", em vez de agir assim, indiferente, como se ela fosse um nada. Ela é um bebê, só um bebê! Que não tem culpa alguma de ter nascido nessa droga que nós ainda insistimos chamar de casamento! Você sabe ao menos que ela já ficou internada? Sabe que ela tem uma mancha de nascença igual a sua? PORRA, como eu vou querer que saiba se você não sabe nem o nome inteiro dela! Você deveria amá-la mais que a si mesmo. Mais do que qualquer outra coisa no mundo. Ela deveria ser a sua prioridade, mas não é. Eu cansei, Sasuke, cansei. Eu não tenho uma casa para simplesmente "ir pra casa", faz tempo que eu não tenho uma casa. Para mim já chega, sabe? Acabou. E não foi por falta de tentar.

Eu soluçava de tanto chorar, e ele estava mudo do outro lado da linha:

— Eu cansei, droga, eu cansei. Cansei de você sair e não voltar, cansei de dormir sozinha, cansei de ser só uma boneca que você usa quando quer! Cansei, Sasuke! Porquê? Ein? Porque você fez isso com a gente? O que foi que eu fiz de errado? Onde foi que eu não te agradei? Quando foi que eu fiz você deixar de me amar? Me responde, por favor. Foi algo que eu disse? Eu não te satisfazia como homem? Eu não sou bela o suficiente? Ein, me diga! O que foi que eu fiz?

O silêncio permanecia.

Eu só ouvia o meu choro, e mal podia ouvir a respiração dele. Continuei na linha e, depois de um bom tempo, ele respondeu, com a voz calma e receosa:

— Sakura, por favor, venha para casa. Essa é sua casa, você tem uma casa. Nós precisamos conversar. Por favor, Sakura, eu imploro. E... Eu não sei, Sakura. Não sei.

Chorando, eu disse, prestes a desligar o telefone:

— Eu também não sei, Sasuke.

E, finalmente, coloquei um fim àquela ligação. Fim naquela conversa. Fim no choro excessivo. Fim naquela fase da minha vida. Fim ao meu casamento.

E eu nunca me senti tão mal ao fazer algo certo.

I will not make
The same mistakes that you did
I will not let myself
'Cause my heart so much misery

Kelly Clarkson Because of you


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