The Last Flame of Fire escrita por Bea


Capítulo 29
Capítulo 29 - Especial - Daisuke Part.1


Notas iniciais do capítulo

Hey o/. Voltei!!! Mas agora é definitivo, quero que alguém me dê um tapa se eu atrasar de novo! Não... Na verdade, espera...
Mas, tanto faz, esse capítulo ficou até que grande, e vou ter que dividir em duas partes, não quero um capítulo com cinco mil palavras ou por ai, fica cansativo pra ler.
Como vocês podem ver, esse é o especial! Aproveitei e resolvi colocar na ordem especial > batalha, fica mais organizado. Então, essa é meio que uma das memórias do Daisuke, que a Sabrina acabou vendo quando ela usou os poderes psiquicos, e como você facilmente perceberão, esse capítulo foi escrito em 1ª pessoa. Não, não estou mudando definitivamente, apenas coloquei em primeira porque é um especial e para mostrar sentimento dos personagens eu achei que ficaria melhor em primeira pessoa do que terceira :3
Espero que gostem e me desculpem qualquer erro!



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Flashback on*

Pouco mais de um ano atrás...

Eu andava por um dos corredores da Equipe Rocket a passos lentos e silenciosos. Os corredores têm as paredes de cor cinza, de cimento puro, e o piso é preto. Qualquer pessoa que não conhecesse estes corredores, com certeza se perderia em dez minutos, tendo bom senso de direção ou não. Até mesmo eu, nem preciso dizer o quanto me perdia antes... E até mesmo outros membros se perdem facilmente, mesmo trabalhando há anos aqui.

Mas, atualmente, para mim é bem fácil saber para onde ir. Chego ao fim do corredor que estava percorrendo, passando por algumas portas trancadas, e então me encontro podendo escolher ir para o corredor da esquerda e da direita. A direita fica o refeitório e a sala de reuniões de novatos da Equipe Rocket, à esquerda, os dormitórios dos novatos e dos Rocket’s Ranks C e B, e também... A sala de execução da Equipe Rocket. Vou para o corredor da esquerda, depois de um tempo, me encontro na mesma situação de antes, só que, desta vez, as opções são: para direita e a frente. À direita ficam os novatos e os Rank C, à frente ficam os Rank B – os Rank A e superiores ficam em outro lugar mais afastado e privilegiado. Sigo em frente para o dormitório dos Rank B andando por um corredor bem extenso com várias portas, cada uma com um número e um nome.

Eu faço parte da Equipe Rocket, pois a mesma mantém minha mãe presa e ameaçam matá-la se eu não trabalhasse pra eles. Eu não sei até quando eles pretendem me fazer trabalhar pra eles antes de soltarem minha mãe. Franzi a testa e estreitei os olhos. Não me arriscarei a ir contra eles se eles podem fazer algo contra minha mãe. Não importa o que eu passo aqui.

Alguns Rocket’s estavam parados nos corredores, fora dos seus dormitórios, e me encaravam com descrença. Eu ficava irritado com isso no começo, mas já me acostumei faz um tempo. Pela Equipe Rocket normalmente só aceitar membros com a idade acima de 13 anos – Era tipo uma regra da Equipe Rocket –, apenas entravam se tinham menos de treze anos se fosse realmente um prodígio com habilidades boas, e por eu ter oito anos, me encaravam como se eu fosse mais um fantasma do que qualquer outra coisa. Encarei um dos Rocket’s de volta com o melhor olhar sério e tenebroso que consegui fazer no momento, estreitando os olhos e torcendo a boca com falsa raiva – Falsidade que, obviamente, o Rocket não percebeu.

O Rocket estava com os braços cruzados, encostado na parede e se apoiando em apenas um pé, pois o outro estava levantado e encostado na parede. E quando recebeu meu olhar, arregalou os olhos e se desequilibrou, quase caindo, segurei a risada. Todos os membros ‘não prodígios’, claramente temem os prodígios da Equipe Rocket, pois se um Rocket mesmo sem habilidades tão boas já é perigoso, então, imagina um prodígio... Acho que pensam que eu seja um prodígio, por eu ser muito jovem e mesmo assim eu estar na Equipe Rocket...

E estão certos. O próprio Giovanni já me disse isso.

Ele me disse que o primeiro ano que me ‘recrutou’ – Obrigatoriamente -, foi apenas um teste para ver se minhas habilidades valiam a pena todo o esforço de manter uma refém para conseguir mais um membro, senão, apenas mataria minha mãe e a mim. Mas, como eu conseguia aprender as coisas rapidamente, como por exemplo: como lutar, alguns truques e outras coisas; Ele me avaliou um prodígio e decidiu que valia a pena o esforço, deixando minha mãe viva, e acho que essa é uma das únicas vezes que agradeci realmente por me acharem inteligente e habilidoso...

Paro na porta com o número 565, o nome na porta era: Daisuke Waizu. Coloco a mão na maçaneta do quarto.

Abro a porta e entro no meu dormitório. As paredes são mescladas de cinza e preto, o piso é um vermelho vinho. Não que eu queira reclamar do tamanho do quarto, mas os dormitórios eram realmente pequenos, e os de todos os Ranks baixos eram assim. Só tinha espaço para uma cama pequena com um colchão mais duro que o chão e com travesseiro provavelmente de tijolos e lençóis acabados, um guarda roupa de madeira caindo aos pedaços, um criado-mudo de... Sei lá que tipo de material é esse. E outra porta que levava para um banheiro, que sinceramente na minha visão, parecia maior que o quarto em si... Ótimos engenheiros esses. Acho que pensavam que iriamos dar festas nos banheiros e ai diminuíram o tamanho dos quartos para aumentar os banheiros...

– Geniais... – Revirei os olhos e sussurrei sarcasticamente sobre o meu pensamento, trancando a porta do quarto com a chave do meu bolso e então jogando em cima do criado-mudo ao lado da cama.

Mas, mesmo os banheiros sendo grandes, não têm praticamente nada neles, temos apenas uma pia, um chuveiro que, aliás, está bem acabado, um espelho e uma privada. Ótimo banheiro.

Fui em direção do banheiro e parei em frente do espelho verticalmente retangular. Eu estava usando o uniforme para assassinos de Rank B da equipe Rocket: Uma camisa preta de manga comprida com capuz, uma calça comprida também preta, botas de couro e uma fita preta com um ‘R’ vermelho para ser amarrada no braço, o símbolo da Equipe Rocket. Mas, mesmo sendo um assassino, é preciso alguma proteção, então a Equipe Rocket também coloca no seu uniforme algumas partes de armadura que protegem: a parte do peito até o pescoço, outro pedaço que protege a parte superior da perna e o antebraço e outra que protege as costas, e obviamente nos dão armas, no meu caso são duas adagas de metal completamente de prata foscas com os cabos pretos.

Retirei as partes de armadura que eram ‘acopladas’ ao uniforme e me senti até mais leve após isso, levei elas até o armário e as coloquei lá, pegando algumas roupas para dormir, depois de tomar banho. Voltei ao banheiro e só quando realmente prestei atenção no meu reflexo no espelho que percebi que uma parte da camisa de manga comprida, um pouco abaixo do seu ombro, estava com uma tonalidade mais escura e cortada. Coloquei a roupa que eu levava na mão no canto da ‘bancada’ da pia e passei a mão naquele lugar, e assim que tirei a mão de lá e olhei pra ela, vi que ela estava molhada. Mais precisamente, com sangue. Suspirei me lembrando do que me levou a aquele corte.

Foi uma das missões que Giovanni havia me dado mais cedo nesse mesmo dia. Era para que eu matasse um espião de outra Equipe que queria se infiltrar na Equipe Rocket. Eu não gostava de matar pessoas, mas se eu tivesse que fazer isso para salvar minha mãe... Então, eu não tinha nem que pensar. Sei que isso pode parecer horrível para muitas pessoas, mas, dou mais valor à vida da minha mãe do que a vida de alguém que nem conheço. Um ato egoísta, mas, afinal de contas, humano. Raramente algum humano escolheria poupar a vida de alguém que não conhece sendo que isso custaria a vida de alguém que você ama, seja família ou qualquer outro. Esse tipo de coisa é apenas ato de heróis de filmes, não atos da realidade.

Voltando ao que levou ao corte, bem, digamos que, mesmo comigo sendo silencioso, o espião da outra Equipe não estava tão despreparado, e então, me acertou de volta.

Mas não posso dizer que essa história terminou bem pra ele, a não ser que você considere estar morto uma coisa boa. Eu não falhava quando eu tinha uma missão, afinal, quanto mais missões eu cumprir, mais perto chego deles soltarem minha mãe.

Abri o armário do banheiro e peguei lá um pote com um creme da planta Mirashoku e uma bandagem e deixando-as perto da pia para que eu usasse depois de tomar banho.

Suspirei novamente. Felizmente estou animado com o passar dos dias, quanto mais rápido passarem mais rápido chegarei a ter dez anos e poderei ir até a minha casa ler aquela carta que minha mãe disse para eu ler apenas quando eu tivesse dez anos. Atualmente, eu tenho oito anos, e hoje é trinta e um de Janeiro. Era difícil eu ficar ansioso para algum dia, principalmente esse dia, mas, eu estava empolgado para amanhã.

...

Havia terminado de tomar banho e de me trocar, e no momento eu enrolava as bandagens no local do corte no meu braço após passar o remédio. Após terminar, estiquei o braço para ter certeza de que a bandagem estava bem colocada. Eu olhei para a única janela do quarto, o quartel da Equipe Rocket era em um prédio - Apesar de que sempre estavam trocando de quartel-, mas tinha seu nível subterrâneo, um local que os cientistas da Equipe ficavam para fazer experimentos e pesquisas e também onde os superiores da Equipe Rocket ficavam, e o líder da Equipe, Giovanni. Os andares superiores eram onde os Rocket’s ficavam, ou seja, os dormitórios, o refeitório, e algumas outras coisas. Quanto mais baixo seu Rank, mais alto é o seu andar, isso porque, colocando os menos importantes no mais alto do prédio, menos destruição um ataque faria no prédio, ou se o mesmo fosse derrubado. O subterrâneo é o mais seguro caso algo aconteça, até mesmo por ter uma passagem de fuga caso necessário.

Eu, por ser Rank B, estava no quinto andar. Sinceramente, eu preferia um andar superior a o subterrâneo. O subterrâneo não pode ter janelas para fora, você fica praticamente confinado.

A neve caia tranquilamente, marcando o céu da noite com pontos brancos. Observei a neve caindo e se acumulando no parapeito da minha janela.

Nessa época do ano, Kanto passava por um frio extremo. Era o período ‘daikan’ do inverno, o período do ano que começava lá para o dia vinte de janeiro, com os dias mais frios do ano, e só terminava dia quatro ou cinco de fevereiro, no começo da primavera.

Suspirei. Por mais que muitas pessoas gostassem do inverno, pra mim era o contrário. Preferia qualquer outra estação ao inverno. Por quê? Simples, a maioria das coisas ruins que aconteceram na minha vida foram no inverno. Senti um aperto no peito quando me lembrei de cada uma delas, mas permaneci inexpressível. Foi no inverno que, eu perdi minha mãe quando ela foi levada pela Equipe Rocket, foi no inverno que eu, por ter sido ingênuo, matei o pai da minha primeira amiga, Katsumi. Foi em um inverno que meu pai foi atropelado.

E mesmo eu ‘odiando’ tanto o inverno, foi a estação que eu nasci. Ironia, não?

E para fechar tudo com chave de ouro, amanhã, dia primeiro de fevereiro, é meu aniversário... Eu comemorava meu aniversário antes da minha mãe ser levada, mas agora eu sei que é algo completamente inútil e sem sentido para se fazer. Fazer uma festa só porque alguém ganhou um ano a mais? Não vejo ninguém fazendo uma festa se um Pokémon completa mais um ano de vida. E, se os Pokémon’s vivem sem, então porque os humanos tem que serem os exclusivos?

Mas, não posso evitar ficar ansioso, já que quero ter logo dez anos. Não entendo porque minha mãe colocou uma regra de idade naquela carta. Mas, eu sei que se ela fez isso, é porque é necessário.

Andei até minha cama e me deitei, mas eu sabia que eu não ia dormir. Eu não conseguia, não mais. Mesmo depois de eu ter me acostumado que esses barulhos, eu não consigo dormir... Parando para pensar nisso agora, mesmo no silêncio, eu nunca consigo dormir direito.

Ah, ótimo, graças a essa porcaria de Equipe Rocket agora eu tenho até mesmo insônia.

Olhei para um relógio que ficava no criado-mudo ao lado da cama. Onze da noite e cinquenta e oito. Faltavam dois minutos.

Fechei os olhos para tentar aproveitar um pouco o silêncio desses dois minutos, eu apenas ouvia o barulho da minha respiração e do relógio. Olhei novamente para o relógio depois do que pareciam cinco segundos, mas havia se passado um minuto.

Falta um minuto. Fechei os olhos novamente e suspirei.

Meia noite. E então, começou o barulho.

Sons de gritos agonizantes.

Infelizmente, em todos os andares, tirando os subterrâneos, tem uma sala de execução da equipe Rocket, o meu quarto é praticamente do lado da desse andar. Nessas salas, são executados Rocket’s que traíram a Equipe, ou que apenas não cumpriram uma missão. Pessoas que são alvo da Equipe Rocket e trazidas por Rocket’s por causa de missões pra cá, também são executadas lá.

Escuto um grito de um homem, e logo em seguida... O grito agudo e sufocado de uma criança.

Viro-me para baixo na cama, com o rosto no travesseiro um pouco para o lado e puxo o cobertor para me cobrir, aperto os olhos com força, franzindo a testa e fechando a mão em punhos. Às vezes até mesmo crianças são alvos da Equipe Rocket, assim como já foi dito pra mim aquela vez, que Katsumi era um alvo e ela que era para ser morta.

Em seguida, escuto um grito longo e sofrido, sem forças, de uma mulher, com certeza um dos piores.

Tento dormir, para que eu não tenha mais que escutar isso. Mas falho, não consigo dormir, abro os olhos.

Após todo esse tempo sem conseguir dormir por causa desses gritos, agora tenho insônia, e mesmo se fosse no silêncio não consigo dormir direito.

Mais um grito. Não é atoa que depois da meia noite, as salas de execução são chamadas de “Fabricas de Gritos”.

Isso normalmente durava até umas duas ou três da manhã, mas pra alguém que não consegue dormir, isso é muito tempo. Mas não há nada que eu possa fazer, por isso não posso falhar nas minhas missões... Eu... Não quero ser o único sendo morto e dando algum desses gritos.

Sinto como se algo estivesse entalado na minha garganta e ‘torço’ a boca, essa sensação ruim me vem todas as noites.

Realmente, tudo que me resta fazer é fechar meus olhos, escutando os gritos, esperando o tempo passar, para então ir para outro dia.

Outro dia igual a esse, que vou ter que passar por isso... Novamente.

...

Duas e quatorze. Foi essa hora que aquilo tudo parou finalmente. Eu me reviro na cama e tento dormir, apenas conseguindo vinte e cinco minutos depois, mas no meio da madrugada, as quatro e cinquenta eu acordo novamente.

Olho para o relógio e, ao perceber o horário, tento dormir novamente, me viro de um lado para o outro na cama, até achar um jeito que eu conseguisse dormir, demoro um pouco para cair no sono, mas quando eu finalmente durmo, só acordo novamente ás cinco e seis da manhã, e então acordo definitivamente.

Levanto da cama e vou para o banheiro, me olho no espelho e percebo que a bandagem que eu tinha colocado no meu ombro estava um pouco manchada com sangue. Desenrolo-a do meu braço e jogo a tira da bandagem no lixo.

O corte havia se fechado, mas a sua marca havia ficado, em uma cor mais clara, e antes do corte se fechar, ele ainda havia sangrado um pouco, pois um pouco de sangue estava grudado e manchando o meu ombro. Toco na cicatriz e meu rosto se contorce um pouco de dor.

Resolvo tomar um banho, volto para o meu quarto e pego um dos meus uniformes da Equipe Rocket, levo a roupa para o banheiro.

...

Quando já estou arrumado, com o uniforme e armadura da Equipe Rocket, também pego as adagas e as coloco nas suas bainhas, uma de cada lado do corpo.

Saio do meu quarto, passando por todos aqueles corredores novamente, só que dessa vez, seguindo para o refeitório. No caminho vejo no máximo três Rocket’s transitando pelos corredores, um deles, estava com seu Pokémon, um Haunter, fora da pokebola. Eu queria poder ter um Pokémon, mas até mesmo a Equipe Rocket respeita regra de que, para se ter um Pokémon, é preciso no mínimo dez anos. Eu nunca entendi essa regra.

Assim que cheguei ao refeitório, peguei algo para comer, não sei o que era, mas pelo menos o gosto não era tão ruim. O privilégio de acordar cedo era poder escolher o que quiser no refeitório, e não ficar com as ‘sobras’.

Após terminar de comer eu não sabia o que fazer e apenas fiquei sentado em um banco do refeitório. Eu não podia sair sozinho sem ser supervisionado. Suspirei e estiquei minhas costas. É, teria que ficar no tédio até as sete, e seria um longo tempo, levando em conta que agora não eram nem seis horas ainda.

...

Olhei para o relógio pelo que parecia a centésima vez e finalmente ele marca sete horas, me levantei e sai do refeitório, passei por alguns corredores e desci escadas até o primeiro andar - Era lá que ficava as salas de treinamento.

É impressionante como eles gostam de numerar tudo aqui, já que havia sala um, dois, três, e muito mais. Parei na frente da sete, a última no corredor. Bati na porta e entrei, abrindo a porta lentamente.

– Ah! Daisuke, olá. – Cumprimentou-me o meu responsável aqui na Equipe Rocket, Rickard Sparks. Ele usava o uniforme da Equipe Rocket e uma armadura preta com detalhes vermelhos, ela com certeza cobria mais partes do corpo do que as do Rank B.

Eu posso dizer que ele é um dos poucos por aqui que não é um idiota arrogante. Ele é do Rank S e apenas está aqui porque precisa de remédios muito caros para sua esposa, e ele também tem três filhos, um de cinco anos que eu não me lembro o nome no momento, uma filha de treze anos chamada Michele e o mais velho tem dezesseis anos e se chama Rafael. Ele na verdade é uma pessoa bem legal, mas ele finge ser frio na frente dos outros Rocket’s, para não perder o emprego, afinal, ele não podia deixar sua mulher na mão.

Ele levantou, abriu uma gaveta e da mesma tirou uma câmera. Ele a virou pra mim e apertou o botão para fotografar, provavelmente nesse momento eu fiz a cara mais idiota do mundo por não estar entendendo nada.

– O quê...? – Eu disse, praticamente atordoado.

– Oras, é seu aniversário pelo que eu vi no seu relatório, garoto. Você tem que ter pelo menos alguma lembrança dos seus aniversários. – Ele sorriu, apesar dele ter trinta e oito anos, as vezes ele age igual um adolescente. Mas é legal saber que pelo menos ele consegue manter-se feliz mesmo nessas situações, eu admiro isso bastante.

– Besteira... – Eu murmurei, ontem eu estava tão ansioso para ter logo nove anos, e agora eu me esqueço. Haja genialidade, hein.

– Ah, não fala assim não garoto. – Ele se aproximou e passou a mão na minha cabeça, bagunçando todo meu cabelo, eu apenas bufei nervoso por esse costume dele. – Comemorar seu aniversário é um modo de comemorar e agradecer por você ter vivido mais um dia na sua vida. É um modo de comemorar que você ainda está vivo. – Eu revirei os olhos.

– Certo... Chega de falar de aniversário agora, eu estou feliz por ter nove anos e tudo mais, pronto. – Eu disse. – Agora vamos ao treinamento de hoje. – O sorriso dele sumiu e sua expressão mudou para uma triste.

– Um garoto da sua idade não deveria ter que ser tão sério. – Ele suspirou e continuou. – Bem, hoje vamos treinar sua mira e depois a sua agilidade para esquivar de ataques. – Eu concordei com a cabeça.

...

Depois de treinar lançando facas de arremesso e Shurikens, nos tivemos uma pausa e então eu passei pelo treino de agilidade, onde eu tinha que desviar do que quer que fosse atirado em mim. No treino de arremesso eu falhei apenas o centro de um dos oito alvos, e no de agilidade eu desviei de tudo. Eram cinco da tarde quando terminamos.

– Você foi muito bem dessa vez, a sua única falha no treino de arremesso, naquele último alvo, é que você ficou muito nervoso, por ter acertado todos os outros e ficou com medo de falhar apenas aquele, querendo acertar todos perfeitamente. Uma dica para quando você for treinar, olhe, arremesse e não olhe para ver se você acertou o centro, desse modo, você não vai saber o quanto acertou, ou seja, não vai afobar tanto tentando acertar o último. – Rickard disse, com um sorriso.

– Sabe, já vi você falando muitas dicas e tudo isso, mas não vi você fazer pra valer... – Eu disse, aborrecido, fácil falar, difícil é fazer.

– Ah, você nunca viu? – Seu sorriso alegre mudou para um consideravelmente sinistro e que me mandou de verdade arrepios pelo meu corpo. – Certo, então, me dê dez Shurikens da mesa ali, por favor. – Sem hesitar eu peguei as Shurikens e entreguei para ele. Ele sorriu. – Obrigado.

Ele se posicionou na linha na frente de um dos alvos, com uma distância de uns quatro metros ,e arremessou a Shuriken no primeiro alvo, depois, rapidamente se esquivou para o alvo da esquerda, arremessando novamente, e assim consecutivamente, sem pausas, até acertar o último alvo. Eu só conseguia ficar boquiaberto, ele consegui fazer os oito alvos em quatro segundos, e sem errar o centro de nenhum. Eu raramente errava os centros, mas eu demorava muito mais.

– Certo, o que acha de repassar isso com a dica que eu te dei? – Ele perguntou e eu apenas concordei.

...

No segundo treino de arremesso, fiz como me foi dito e consegui acertar os alvos todos no centro, mas mesmo assim, meu tempo foi quatorze segundos. Suspirei cansado.

– Garoto, você suspira demais. Sabe, você não está morrendo. – Rickard brincou e eu apenas olhei para ele.

– Ha ha, que engraçado. – Fingi uma risada falsa e ele riu da minha reação, eu apenas revirei os olhos. Rickard olhou para o seu relógio de pulso.

– Ainda temos que fazer uma missão hoje, então, espero que não esteja muito cansado ainda.

Ah, eu havia me esquecido que tínhamos uma missão, e ainda mais uma das que eu mais odeio. Cerrei os dentes. Uma missão de assassinato.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Bom, falei o que tinha pra falar nas notas iniciais, então...
Até ^^



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