O punhal entrou em minha barriga, não tive nem tempo de gritar, cai de joelhos no chão, o sangue jorrava das minhas vestes.

– Lyn! - Ouvi Ed gritar, em algum lugar atrás de mim.

A lâmina logo foi arrancada, Ed está na minha frente agora, sinto que estou perdendo as forças junto com o sangue.

– Me diz quem foi, me diz quem foi...- sussurro, e, antes de desmaiar, posso escutar Ed dizendo um nome.

E eu duvido do que ouço.

Horas antes.

Logo depois do meu encontro com Ed, fui para a biblioteca, não para ler ou pesquisar alguma coisa, mas era o único lugar que eu poderia ficar sozinha.

Escolhi a mesa mais afastada para me sentar, pensando se Ed realmente me contaria a verdade, se ele realmente sabia quem era o culpado.

– Oi.- Remus estava parado em frente à mesa.

– Oi.- sorri.

– Fiquei sabendo que Liv vai embora- ele comentou- o diretor pediu para que fizéssemos uma lista das pessoas que vão voltar para casa.- se explicou.

– É, ela vai.- mordi o lábio inferior.- muitas pessoas vão embora?

– Quase metade da escola.

– Isso é horrível. Senta.- ele puxou uma cadeira e se sentou.- você acha que eles têm alguma pista do culpado?

– Bem, quem está investigando é Dumbledore, e só por isso eu diria que sim, mas as coisas estão ficando feias, eu acho que se já soubessem, teriam feito algo.

Um pesado silêncio recaiu sobre a mesa, Remus tinha razão, é claro que tinha, o culpado, quem quer fosse, era inteligente o bastante para enganar o maior bruxo de todos os tempos.

– Acabo de chegar à conclusão que o culpado não pode ser um aluno, é inteligente demais para ser um.- comento.

– Bem, não acho que devíamos subestimar...- Remus falava quando foi interrompido.

– Remus! Te achei! - Sirius entrou na biblioteca gritando, atraindo um olhar feio da bibliotecária.- oi, Lyn, não deveria estar aqui, volta para seu salão comunal.

– Eu estou bem aqui.- digo.

– Mas é perigoso!

– Dá pra falar baixo? Estamos em uma biblioteca.- resmungo.

– Desculpa.- Sirius revira os olhos.- o que estão fazendo aqui juntos?

– Conversando.- digo.- Liv vai embora, já sabe?

– É eu fiquei sabendo.

– Ficou sabendo? Ela não te contou?

– Nós estamos meio brigados.- ele olhou para Remus.- James está te procurando, vamos? Toma cuidado, Lyn.

– Vamos.- Remus se levantou, e me deu um sorriso antes de seguir Sirius para fora da biblioteca.

(...)

Eu fugi de Liv o resto da manhã, eu sei que ela iria embora hoje mesmo e que isso chegava a ser cruel, mas eu estava preocupada demais com Ed e no que ele iria me dizer que eu não me importava.

Merlin, nem parece uma lufana falando.

Eu estava sinceramente pensando em pular o almoço apenas para não ver Liv indo embora, mas Sam me viu no salão comunal e veio falar comigo, eu não sabia se estávamos bem, porque eu o ignorara mais cedo para ir falar com Ed.

– Oi, você está bem? - Ele perguntou, se sentando ao meu lado no sofá de frente para a lareira.- Liv estava te procurando. E o que foi aquilo no café da manhã? Você me ignorou. Está tudo bem?

– Eu tô bem, só tô um pouco, sei lá, triste.- falei, me levantando, não queria discutir agora.- vamos almoçar?

Seguimos para o salão principal juntos, assim que entrei, vi Liv na mesa da Corvinal, e quase chorei em saber que minha melhor amiga ia embora daqui a algumas horas.

Andei até ela, que me encarou quando me aproximei.

– Onde esteve o dia todo?

– Me desculpa, eu não estava bem.

Abri os braços para que ela me abraçasse, e assim ela fez.

– Eu não quero que você vá.- falei.

– E eu não quero que você fique, estou tão preocupada com a sua segurança.

Nos separamos, ambas chorávamos.

– Eu vou ficar bem, você sabe.

– Eu sei que até agora apenas nascidos trouxas foram atacados, mas...- ela suspirou, limpando uma lágrima que caia.- só tome cuidado, tá?

Assenti, olhando para Ed sentado sozinho, do outro lado da mesa.

(...)

Liv foi embora, assim como a metade de Hogwarts, a escola nunca foi tão triste assim, as pessoas que foram embora estão seguras, mas é como se as tivéssemos perdidas para sempre.

Eles foram embora logo depois do almoço, e eu corri para a torre de astronomia para encontrar Ed, ciente de que estava atrasada.

Assim que cheguei lá, pude vê-lo parado, perto da janela.

– Pensei que não vinha mais.- ele disse, se virando para me olhar.- pensei que tinha desistido, não é isso que os lufanos fazem?

– Eu estou aqui, não estou? Então pelo jeito não é o que fazem.- suspirei, cansada.- vamos direto ao ponto, tá?

– Está.- ele dá alguns passos na minha direção, e eu me afasto.- mas antes precisa saber que eu fiquei sabendo por acidente, sabe, eu estava no lugar certo, na hora certa, e eu vou te contar porquê.... Bem, eu não sei porque, mas você faz o que quiser com a informação, mas vai ter que me prometer que meu nome não vai ser mencionado.

– Porque?

– Porque? Bem, eu quero chegar a maioridade, é obvio!

Ele me olhou.

– Promete.

– Eu prometo, pode me contar agora?

Ele abriu a boca, e eu percebi que ele ia falar.

Mas aí aconteceu.

Ed gritou, e caiu no chão, gemendo de dor.

Me virei, e vi alguém parado na porta da torre, a pessoa usava uma capa preta que lhe cobria o rosto, sua varinha sumiu em meio as vestes, e Ed parou de gritar, agora a pessoa segurava um punhal, e vinha em minha direção.

Eu não tive muito tempo para pensar no que faria.

O punhal entrou em minha barriga, não tive nem tempo de gritar, cai de joelhos no chão, o sangue jorrava das minhas vestes.

– Lyn! - Ouvi Ed gritar, em algum lugar atrás de mim.

A lâmina logo foi arrancada, Ed estava na minha frente agora, sinto que estou perdendo as forças junto com o sangue.

– Me diz quem foi, me diz quem foi...- sussurro, e, antes de desmaiar, posso escutar Ed dizendo um nome.

E eu duvido do que ouço.