Em Família escrita por Aline Herondale


Capítulo 33
O Nonagésimo Oitavo Dia


Notas iniciais do capítulo

Sou a única que já está derramando lágrimas aqui? T.T
Ok, parei com a melação, deixa pra na hora.
Espero que gostem.
Algo me diz que esse capítulo vai provocar bastante comentários...



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Charlie correu os olhos sobre todos os detalhes daquele quarto peculiar e sorriu. As paredes vermelhas, a cama com dorsel, as janelas cobertas por finas cortinas. Tudo lembrava um quarto da realeza. Virou o rosto.

Lena estava no recinto ao lado, seu local de conforto, onde se trocava, arrumava o cabelo e passava horas se admirando no espelho como uma perfeita narcisista. Mas agora tudo o que o homem via era um cabrito assustado.

– Eu vim me despedir. – Anunciou.

Lena balançou a cabeça.

– Sabe que não posso permitir que faça isso. – Mesmo com o extremo medo que sentia, conseguiu soar firme. Ela deixou seus braços caírem pesadamente ao lado do seu corpo.

– Porque não?

Por algum motivo Lena se sentiu mais confiante ao escutar aquela pergunta e fechou uma das portas que dava para seu quarto. Ela suspirou antes de começar.

– Há pequenas coisas que percebemos ao longo do caminho mas que não queremos ver porque... – Ela não conseguiu continuar.

– Porque? – Charlie insistiu.

– Porque você acha? – Ela alfinetou, balançando sua perna de forma nervosa.

– Por amor? – Charlie decidiu dizer, depois de segundos em silêncio.

Lena piscou. Seus olhos marejavam.

– Bryan amava Evie. Ele jamais teria viajado para tão longe no dia do aniversário dela. A menos que, por algum motivo, ele tivesse sido chamado, por alguém que ele não pudesse dizer “não”. A tia Green queria falar comigo sobre você mas... Ela não voltou mais depois daquela noite, não foi?

– As pessoas desaparecem. O tempo todo. – Charlie disse calmamente e começou a se aproximar de Lena, vagarosamente. Mas como uma repelia ela se afastava dele na mesma proporção. Charlie passou reto por ela e riu, observando o recinto em que sua cunhada estava. Era tão grande quanto o ao lado.

Charlie virou o corpo e tornou a andar em direção a mulher, que dava passos para trás ao mesmo tempo em que ele se aproximava.

Eles entraram novamente no quarto, ligado ao closed de Lena, e passaram ao lado da cama. Charlie tirou as mãos dos bolsos.

Lena temia pelo futuro. Via uma fome naqueles olhos azul acizentados que a fazia temer pela própria vida. Mas não podia, não conseguia. Podia menosprezar o quanto quisesse mas Lena sempre teria o instinto materno dentro de si.

Por isso disse o que disse.

– Fique comigo. Mas fique longe da minha filha. – Pediu.

– Ela já é adulta. – Ele respondeu, se aproximando cada vez mais da loira arruivada, sedento com o olhar.

– Adulta para quê? – Lena conseguiu perguntar antes de perder totalmente o ar ao sentir suas costas encostarem na janela de vidro.

– Para morar sozinha nesta casa. Enquanto, finalmente, a mãe viaja pelo mundo. Você não quer falar francês na França? – Charlie lembrou-a de uma das suas inúmeras vontades que havia revelado num dos passeios que fizeram.

– O que está insinuando? – Ela perguntou chorosa.

Charlie não respondeu. Diferentemente do que Lena esperava ele desceu os olhos para seu pescoço alvo e levou uma mão para alisá-lo. No primeiro momento Lena acreditou no pior mas depois relaxou.

– Vem comigo. – Ele disse e deslizou a ponta dos seus dedos por todo o braço de Lena, até chegar à sua mão, onde a puxou e a posicionou sobre o seu cinto de couro marrom.

Lena estava enfeitiçada.

Charlie segurou seu rosto com as duas mãos e vagarosamente lhe deu um selinho. E depois outro. E no terceiro Lena ainda lutava em não se deixar levar mas já abria desesperadamente o fecho da calça de Charlie e soltava profundos suspiros.

Ele virou o rosto e começou uma trilha de beijos no pescoço de Lena.

No cômodo da outra ponta do corredor, Evie pegava uma mala de mão caramelo e a enchia com as roupas que acreditava serem mais adequado para o lugar que iriam – mesmo não sabendo qual era –. Não esqueceu seu Oxford preto com branco e a presilha que Charlie a dera. Numa outra bolsa menor organizou seus produtos pessoais .

Charlie depositava beijos cada vez mais demorados e lentos no pescoço e bochecha da mulher, o que só a deixava ainda mais excitada.

Lena já havia retirado o cinto de Charlie e agora lutava com sua barganha que não queria abrir. Ela jogou a cabeça para trás e gemeu.

Charlie se afastou e roçou os seus lábios nos dela antes de descer sua mão à procura de um dos braços da mulher. Relutante ela deixou ele segurar seu pulso no alto de sua cabeleira cor de fogo.

Oras, ela ainda não havia aberto a calça?!

Ele beijou seu ombro e deu fracas mordidas, abrindo um sorriso provocativo na mulher. Eles não haviam quebrado o contato físico até então.

Charlie virou Lena bruscamente de costas e apertou seus seios contra o vidro frio da janela. No mesmo segundo se agachou para pegar o seu cinto, do chão, e o passou pelo pescoço da viúva. Com uma mão ele apertava o pescoço da mulher e com a outra garantia que ela continuassem pressa contra a parede.

Foi nesse momento que Evie apareceu na porta do quarto.

Ela escutava o ar sair dos pulmões da sua mãe, e não voltar. O apertar do couro contra a carne. E seu tio Charlie fazendo esforço para abrir a janela e continuar enforcando Lena.

Evie soltou a sua bolsa de mão que bateu alto no chão de madeira.

Porém num movimento em falso Charlie virou o rosto para a menina e deixou a mãe de Lena escapar. Ela se impulsionou na parede e empurrou Charlie para longe, o assustando. Ele caiu pesadamente no chão de madeira.

Lena gritou de raiva e ia partir para cima de Evie quando fez-se um estrondo ensurdecedor e a mulher parou no lugar.

A viúva olhou para a própria barriga e tirou suas mãos delgadas que automaticamente cobriram o buraco que acabara de ser feito. O líquido escarlate já escorria incessantemente da ferida, manchando o vestido, sapato e chão. Lena subiu a cabeça e olhou para Evie, que segurava uma espingarda – a mesma que usava sempre quando ia caçar com seu pai –.

Lágrimas escorreram pelas bochechas rosadas da mãe e, sem dizer uma palavra, ela deu dois passos para trás, sendo o suficiente. Lena caiu pela janela aberta por Charlie e morreu na hora.

Charlie riu e se sentou na cama. Ele ajeitou o cinto nas mãos e depois olhou para sua menina segurando a espingarda.

Evie ainda olhava para a janela por onde sua mãe caíra. Ela suspirou e seus ombros subiram e desceram. Depois olhou para Charlie e deixou seus braços caírem. Charlie ficou de pé. Ainda estava receoso.

Sem perde o contato visual ela encostou a arma na parede mais próxima e caminhou até ficar bem próxima do seu tio.

Evie pegou o cinto de suas mãos e começou a colocá-lo de volta nas calças do seu tio – de onde Lena o havia tirado –. Charlie olhou para aquilo e levantou as mãos. Quando Evie terminou, apertou bem firme.

Ficaram alguns segundos se encarando.

– Vamos? – Ela perguntou.

Charlie sorriu.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam? Mereço uma recomendação de despedida? T.T
XOXO