Em Família escrita por Aline Herondale


Capítulo 21
Os Últimos 60 Segundos


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelos comentários do capítulo anterior.
Já li e respondi todos com carinho♥
Espero que gostem! Mais um personagem novo entrando...



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Eu havia sido convidada, pelo professor de música, a tocar em um evento beneficente que aconteceria na minha escola. Não seria a primeira vez que o Senhor Martins tentava me expor à público, mas ele nunca triunfava.

Até hoje.

Talvez um dos maiores motivos pelo qual aceitei o convite de tocar uma peça no evento foi que, no mesmo dia, também fariam uma corrente de oração para Whip - que ainda estava desaparecido, segundo a polícia. Eu já não dormia mais com a mesma tranquilidade que antes, e tudo piorara quando aqueles seus supostos amigos me abordaram dentro do colégio.

Eu só queria apagar tudo o que tinha acontecido.

E tocar seria o meu melhor remédio. Ter algo para ocupar meus pensamentos, sem ser matéria de escola e formas de evitar meu tio Charlie, decidir algo para tocar para um público relativamente grande era melhor do que qualquer das outras opções anteriores.

–Muito bem, por hoje é só. - O senhor Martins dispensou a classe. Enrolei mais do que de costume para guardar meus materiais e quando a sala inteira esvaziou caminhei até sua mesa.

–Senhor Martins? - Chamei timidamente. Ele levantou o rosto da sua bolsa transversal e me olhou sobre as lentes do seu óculos. Abriu um sorriso.

–Sim, Evie?

–Eu aceito participar do evento esse ano. Aceito seu convite. - Anunciei e o vi abrir um largo sorriso e comemorar abrindo os braços. Por um momento acreditei que fosse me abraçar.

–Isso é maravilhoso, Evie! Eu nem acredito! Qual foi o motivo da mudança? - Ele não me deu tempo para formular uma resposta e disse logo em seguida. - Ah, que bobeira, porque quero saber. O importante é que, finalmente, aceito. Nem acredito. Senhorita Evie, todos vão adorar sua apresentação. Que ótimo, ótimo…

Ele continuou a dizer mais algumas exclamações até, por fim, combinar que eu fosse encontrá-lo na sala de músicas, onde me apresentaria para os outros alunos que também fariam apresentações e explicar o que fosse necessário.

Às uma em ponto eu estava entrando na sala.

Levei um pequeno susto.

Haviam vários. Alunos e alunos, dos primeiros anos e outros tantos dos últimos, espalhados por entre os instrumentos e acomodados sobre o palco de teatro.

Procurei uma cadeira vazia pra me sentar e apertei minha bolsa transversal contra o peito. Não demorou muito e logo o senhor Martins apareceu sobre as mesmas portas por onde eu havia entrado, acompanhado por um homem que nunca vi.

– Olá, olá para todos. Por favor venham, se juntem mais desse lado para que todos possam me escutar. - Ele foi dizendo enquanto caminhava em direção ao palco e subiu os degraus, parando em frente aonde eu estava sentada.

Depois de alguns segundos de tráfico sonoro o silêncio pousou sobre o recinto e nosso professor sorriu, admirando o quanto de cadeiras havíamos ocupado: bastante.

– Quero que saibam que estou muito feliz pois esse ano foi o ano em qua mais alunos irão se apresentar no evento da escola. Estou realmente muito feliz. Agora, particularmente estou empolgado com alguém que, também, decidiu participar esse ano.

Por favor, não..., pedi mentalmente mesmo sabendo que não mudaria nada.

– Senhoria Biltmore, estaremos ansiosos pelo seu solo. - O senhor Martins disse, abrindo um sorriso e estendendo a mão na minha direção. Pelo canto do olho pude notar todos virarem seus rostos para mim, inclusive o homem misterioso que veio acompanhado do nosso professor.

Abaixei a cabeça e encolhi os ombros.

Ele continuou com seu discurso sobre o que aspirava das apresentações, falou da sua paixão pela expressão dos sentimentos através dos movimentos e por fim nos apresentou aquela pessoa.

–Esse ano meus alunso terão, além de mim, outro pessoa que os acompanharam e que irá ajudar em tudo que for preciso. - Senhor Martins chama com a mão o homem e este caminha até o seu lado, no meio do palco. - Este rapaz já foi aluno meu e hoje está se formando em teatro e é graduado em música clássica. Lhe dei a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos vindo até aqui e me ajudando com vocês. Tudo que precisarem podem pedir dele também, em. - Senhor Martins deu uma piscadela e fez alguns alunos rirem.

–Muito prazer, me chamo Waylon e tentarie ajudá-los o máximo possível.

E por alguns segundos seu olhar caiu sobre mim e ali ficou. Foi como se só naquele momento, quando por descuido rolou seus olhos na minha direção, notou minha presença e parou para continuar a me observar - e talvez ter a certeza de que eu fosse um fantasma pela tamanha brancura da minha pele.

–Pois bem, agora podem ir. Amanhã, mesmo horário, aqui, para eu poder lhes passar os horários que cada um terá para ensaios, etc. Não se esqueçam de convidar seus amigos! - Nosso professor esbravejou enquanto a multidão de alunos saía as preças dali.

Pretendia fazer o mesmo quando fui chamado pelo Senhor Martins a ir até onde ele estava, no palco. Caminhei receosa e subi as escadas prestando atenção em cada degrau para não cair.

Ali de cima a visão era mais assustadora ainda. Será que conseguiria tocar para aquele lugar completamente lotado?

–Senhor Holt esta é Evie Biltmore, a aluna de quem lhe falei. - Meu professor puxou-o pelos ombros e nos aproximou. Aquele homem caiu os olhos sobre mim e abriu um pequeno sorriso, revelando seus dentes imaculados.

–Muito prazer. - Ele estendeu uma mão. Fitei-a e depois seu rosto simpático demais.

Dei um passo para trás.

–Ele será seu tutor, senhorita Biltmore. O senhor Holt é professor de piano na univerdade de Boston. Veio à pedidos meus. O chamei assim que soube que iria tocar no evento este ano, espero que se dêem bem.

Foi quando arregalei meus olhos e tornei a fitar os orbes negras daquele homem. Talvez não tenha escondido adequadamente minha surpresa pois quando encarei novamente ele levantou as sobrancelhas e mexeu os ombros, apontando com o queijo para sua mão aberta. Ele continuava com sua mão estendida para mim. Assim como eu, ele também sabia que precisaríamos “nos dar bem” desde dali, e tudo deveria começar comigo correspondendo seu cumprimento.

E de forma relutante e carrancuda apertei-a.

– O prazer é meu. - Ele respondeu.


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Notas finais do capítulo

EAI O QUE ACHARAM? COMENTEM!
XOXO
Agora mereço uma recomendação?...



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