Persona 3: Reconstruction - Male's Route escrita por Bruno Tavares Pacheco, Teud


Capítulo 3
First Moon #2: New School Life


Notas iniciais do capítulo

Depois de um bom tempo, aqui estou eu de volta! Desculpem-me pela demora, mas, bem, eu estou dividindo a história em arcos. Cada arco será de uma Arcana/Lua Cheia. Isso vai ficar claro mais pra frente para quem nunca jogou/leu/assistiu nada relacionado à Persona 3. Pois bem, eu estava na dúvida se incluía o "despertar" nesse capítulo e ficava próximo de fechar o primeiro arco. Mas decidi que não, pois iria demorar muito mais para sair o capítulo. Então aí está! Espero que gostem.



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[Iwatodai Dorm – April 7, 2009 (Tue) – Early Morning]

Ao amanhecer do dia seguinte, alguém bateu várias vezes na porta de Minato. Ele começou a se levantar devagar. Teria mais um dia de aula a enfrentar.

— É a Yukari. Você está acordado? – perguntou ela atrás da porta.

Minato suspirou, mais de sono mesmo, saiu da cama sonolento e abriu a porta.

— Bom dia! – ela sorria... – Dormiu bem?

A cara sonolenta respondeu tudo. Yukari desfez o sorriso e continuou:

— Mitsuru-senpai me pediu para eu te levar na escola. Está preparado para ir?

— Sim, tô – respondeu simplesmente.

— OK! Então vamos lá! – confirmou sorridente, puxando-o pela mão por todo o corredor.

[New City “Anehazaru” Train – April 7, 2009 (Tue) – Early Morning]

Ele tinha receio da cidade ainda estar daquele jeito macabro. Porém, da noite para o dia, ela estava normal e infestada de gente, assim como na hora que ele chegou e antes de bater a meia-noite... Achou tudo muito estranho, mas sentiu que ninguém iria responder as suas perguntas, então as guardou para si.

Yukari e Minato estavam sentados no trem, conversando. Minato percebeu que depois que Yukari se acostuma com alguém, fica bem falante.

— Nós temos que pegar esse trem para chegar à escola. Para a sua antiga escola você não precisava disso, né?

Minato simplesmente confirmou rapidamente com a cabeça. Depois de algum tempo em silêncio, Yukari se virou para a janela e apontou para o lado de fora sorridente. Minato também olhou, e ela revelou:

— Essa é minha parte favorita do caminho... Quando sentimos que estamos passando por cima do mar!

Os trilhos do trem passaram por cima do mar por alguns segundos, fazendo uma curva por causa da montanha ao lado esquerdo. Uma baía enorme estendia-se por toda à direita do trem, e o Sol iluminava a tudo radiante, como todo bom dia de primavera japonês. Yukari parecia encantada. Minato não expressou, mas até achou a paisagem bonita. Contudo não a encarou por muito tempo. O trem prosseguiu reto. Eles já estavam chegando. Ao perceber que o trem estava chegando no destino, Yukari explicou:

— Nossa parada é na Estação do Porto da Ilha no fim dos trilhos. Depois disso, temos que andar. Você já ouviu falar de Porto da Ilha Tatsumi? É uma ilha artificial. Eles construíram a nossa escola bem no meio. Oh, olha, você pode ver isso agora!

A visão da baía da ilha artificial encerrava-se, dando uma breve visão do alto da cidade de Iwatodai e de toda a ilha Tatsumi. A escola era um prédio de três andares branco, com quadras e uma entrada gigantescas. Os muros eram altos e tinham plantações ao norte, leste e oeste da escola, deixando apenas a entrada livre. A escola era colossal, muito grande para a que Minato estava acostumado. O trem parou ao realizar um declive nos trilhos e frear por um minuto e meio. Ao saltarem, Yukari empolgadamente carregou o garoto até a escola à pé.

[Gekkoukan High School’s Gates – April 7, 2009 (Tue) – Early Morning]

— Dia! – cumprimentou uma aluna da mesma escola que os dois à Yukari.

— Dia! – devolveu carismática. – Bem, – voltou-se ao Minato. – estamos aqui... Bem-vindo a Escola Gekkoukan! Você vai amar isso aqui!

Alguns transeuntes, a maioria alunos, olhavam para o casal com olhares maldosos. Rapidamente começaram a espalhar boatos. Yukari deveria ser mais cautelosa, já que era tão popular...

[Gekkoukan High School’s Entrance – April 7, 2009 (Tue) – Early Morning]

Eles caminharam até os interiores da escola. Logo ao entrar encontrava-se os armários em quatro fileiras e o desnível tipicamente japonês. Após isso, a escola seguia, toda ladeada de pisos brancos. Havia uma bancada ao fundo, mais à esquerda, onde uma mulher vendia algumas coisas de comer. À direita, várias pessoas conversavam, principalmente em volta de um mural enorme cheio de papéis colados; além das escadas para o segundo andar no fundo. Yukari encarou Minato normalmente, querendo atenção. E conseguiu até mais do que esperava. Por algum motivo, Yukari parecia um Sol para Minato, a definição de Belo em forma humana.

— Você vai ficar bem por aqui, certo?

Essa é uma despedida?”, questionou-se meio frustrado.

— É melhor você visitar o professor representante da sua turma antes. A Sala Docente é logo ali à esquerda, no corredor. E isso conclui o tour! – concluiu sorridente. – Alguma pergunta antes de eu ir?

— Você é de que turma? – perguntou Minato constrangido e de uma vez.

Sorte que Yukari não percebeu como ele se sentia, ficando apenas um pouco confusa, e, depois de uma curta pausa, respondeu:

— Eu? Não sei... Eu ainda não olhei a relação de turmas.

Minato confirmou com a cabeça, receoso de que eles não caíssem na mesma turma.

— Ei... – Yukari chamou, lembrando-se de algo. Olhou para o lado, preocupada. – Sobre a noite passada... Não conte pra ninguém o que você viu, tá? ...Até mais! – e sorriu, seguindo seu caminho em seguida.

Quando ela sumiu de vista, Minato resolveu explorar um pouco o hall de entrada da escola. Haviam dois alunos conversando próximo a ele, então o mesmo resolveu ouvir a conversa. Eram um garoto alto e pardo e uma menina baixinha e negra. Ela usava o uniforme completo de inverno, com a saia e o jaleco pretos, além da blusa branca por baixo e o laço vermelho. Já ele usava o uniforme de educação física.

— Ei, Kaz... Por que você tá usando seu uniforme de educação física?! – questionou a garota, levemente irritada. Eles pareciam ser íntimos há um bom tempo. – As aulas acabaram de começar! Sério, você tem que encontrar algum lugar pra se trocar e vestir roupas normais!

— É... Eu acho... – respondeu ele, sem graça e suando frio. Ela piorou o olhar contra ele. – Okay, okay, tudo bem. Pare de me olhar desse jeito... – ele parecia meio chateado consigo mesmo.

— Ei, onde tá o mural de comunicados onde estão postados nossas salas...? – questionou-se a garota, achando-o em seguida. Minato sorriu, pois não precisava mais procurar. – Tá BEM AQUI! Você tá na turma F, Kaz. Eu tô numa turma diferente, então não vou poder te vigiar... – suspirou pesarosamente. – Eu me preocupo com você às vezes.

Minato parou de espionar a dupla de amigos e resolveu ir mural olhar o seu nome e o de Yukari. As pessoas em volta do mural falavam consigo mesmas:

— Oh, ótimo... – uma garota começou a reclamar após ler o seu nome. Parecia ser uma veterana. – Eu peguei o pior professor de todos...

Ela deve estar falando do professor representante...”, pensou Minato.

— Não há necessidade deles postarem os nomes dos pirralhos que vão estudar conosco... – observou um veterano enquanto mexia no celular. – Quero dizer, nós não os veremos mais depois que nos formarmos, de qualquer forma.

— O quêêêêêêê?! – gritava um estudante gordo. – Eu não consigo encontrar o meu nome...! O que eu faço...? O que eu faço...?

— Hmm... Oh, aqui está! – a quarta pessoa intrigou Minato. Era um garoto de cabelos castanhos e olhos pretos, uniforme completo. Tinha mais ou menos a sua altura. – Classe F, né...? Representado por... QUÊ?! Toriumi-san?! Aurgh...! Bem, ela É mais velha que eu, mas... Eu esperava ansioso pela Kanou-san...

Decidiu deixar o pervertido por professoras de lado e resolveu finalmente olhar o seu nome. Procurou, procurou e cansou de procurar, mas não encontrou o seu nome. Talvez a noite anterior tenha lhe deixado cansado e ele não conseguiu enxergar seu nome. Resolveu procurar novamente e, após uma incessante busca, achou uma nota abaixo das listas com o nome dele escrito:

“Arisato Minato – Classe F”

Depois de ver que seu nome estava l´, tranquilizou-se. Suspirou refinadamente e procurou o nome de Takeba Yukari. Rapidamente achou e, por sorte, os dois estavam na mesma turma. Um entusiasmo entrou em Minato como nunca visto, fazendo-o ignorar que na mesma turma teria um louco por esportes e um tarado por professoras e mulheres mais velhas.

Depois de olhar, resolveu seguir o conselho de Yukari de visitar a professora representante, Toriumi, na Sala Docente. Só que, como Minato estava hipnotizado pelo sorriso dela, esqueceu-se de onde ela tinha dito que era. Achou uma garota mexendo no celular. Perguntou-a onde era a Sala.

— Hm? A Sala Docente? Hmm... Eu acho que é por ali – apontou para um corredor à esquerda deles. – Atualmente sou nova por aqui, então você pode provavelmente me perguntar mais alguma coisa, que talvez eu saiba.

Agradeceu e, quando estava quase indo pelo corredor, ouviu um homem estressado que parecia ser um professor reclamar aos gritos com uma funcionária que estava na bancada de lanches. Minato se aproximou. O homem começou a falar com o jovem:

— Hmpf! As crianças de hoje em dia não sabem como respeitar os mais velhos. Nós somos professores. Nós vivemos mais que elas. Mas Moriyama e sua turma vieram com essa de desistir bem no início das aulas...

— ...Me desculpe, senhor, mas eu não posso te ajudar com isso. Tenho que atender a todos aqui – disse a vendedora.

— E por isso VOCÊ ESTÁ me enxotando? Olha que maneira de começar o ano letivo... Não acho que meus nervos aguentam isso.

— Tudo bem, já entendi. Você quer que eu prepare mais desses pães com recheio de creme que você gosta muito, certo? Você só precisava pedir...

Minato sentiu que aquilo não havia importância no momento e decidiu seguir até o corredor indicado por Yukari e a outra garota. Ao entrar no corredor, viu duas pessoas conversando. Um era um homem com mais ou menos cinquenta anos usava um kabuto – capacete dos samurais – parecia ser um professor; e o outro parecia ser um aluno estrangeiro, usava o uniforme da Gekkoukan e possuía olhos azuis com cabelos louros... Além de carregar um... abanador?!

— Você entende? Todo homem deve ter o espírito adormecido de samurai dentro de si! Na nossa escola, encorajamos nossos alunos para pensarem como samurai para que realizem grandes feitos!

— Zisto és fantástico! – disse o aluno transferido, falando com um forte sotaque europeu e algumas palavras errado. – Zeus ensinamentos de Bushido são zão importantes naquela época zanto agora!

— Sim, sim, sim! Você não nativo deste país, mas o espírito dos samurai correm pelas suas veias como nós!

Eles pareciam estar se divertindo. Minato decidiu deixá-los de lado e entrar na Sala Docente. Antes de entrar, porém, ouviu mais algumas frases cortadas dos dois...

— E então tinham lágrimas nos olhos de Masamune... Sim.

— Que lição fascinante! Zê testa seus alunos com zestas histórias?

— Ah, mas é claro!

Ao entrar, viu uma sala dos professores aparentemente normal. Uma professora apenas estava lá. Ela o viu e rapidamente foi falar com ele.

— Ah, você é o aluno novo? Arisato Minato... – ficou algum tempo pensando até continuar. – Segundo ano, certo? – depois disso, começou a mexer em algumas páginas em um diretório em suas mãos. – Uau, você morou em um monte de lugares diferentes... Vamos ver... Em 1999... Isso é o que, dez anos atrás? Seus pais—suspirou assustada, interrompendo-se.

Minato nada disse a respeito, porém sentia certa raiva dessa reação nas pessoas quando elas descobriam sua posição... Ela prosseguiu, lamentando:

— Me desculpa... Eu tava muito ocupada, então não pude ler esses relatórios com antecedência. – Minato nem piscou. – Eu sou a Toriumi-sensei. Dou aula de Literatura e Redação. Bem-vindo a nossa escola!

— Oh... Obrigado – Minato respondeu para não deixá-la falando sozinha.

— Já viu a relação de alunos? – ela parecia empolgada como antes. – Você é da 2-F, minha turma. Mas antes, precisamos ir ao auditório. A Cerimônia de Boas-vindas começará logo. Siga-me.

[Gekkoukan High Auditorium – April 7, 2009 (Tue) – Early Morning]

— Como vocês estão iniciando o ano letivo, eu gostaria de lhes lembrar o provérbio: “Se um trabalho é prazeroso de se fazer, então é válido”. Quando aplicados a vida estudantil, isto significa...

O velho, barrigudo e barbudo Diretor usava óculos fundos e fazia um belo discurso de boas-vindas lendo com dificuldade de um papel, mas Minato e nenhum dos outros alunos próximos a ele se importavam ou interessavam, fazendo até um certo alvoroço. Os colegas dele, porque o próprio ficava sempre calado e naquele momento, em devaneios. Em um dado momento, alguém cutucou-o, despertando o tal.

— Psst... ei...!

O garoto que estava ao lado dele estava tentando chamar a atenção de Minato. Ele a concedeu.

— Você veio para a escola com a Yukari essa manhã, certo?

Minato não respondeu. O garoto prosseguiu seus sussurros fofoqueiros.

— Eu vi vocês dois andando juntos. Ei, tenho uma pergunta. Você sabe se ela tem um namorado?

Minato ficou com certa raiva. Só por causa disso, mentiu:

— Sim, ela tem.

— Caralho, eu sabia... – o cara reclamou. – Quero dizer, por que ela não teria? ... Espera, como você conhece ela?

— Escuto vozes – o professor que estava criando confusão por causa dos pães advertiu. – Acredito que vem de alguém da turma da Toriumi-sensei...

— Shhh! Cale-se! – pediu Toriumi-sensei. – Você vai me meter em um problema!

Mesmo assim, haviam muitas pessoas falando junto ao Diretor.

[Gekkoukan High School, 2-F Class – April 7, 2009 (Tue) – After School]

A aula finalmente terminou para todos os alunos da Gekkoukan. O primeiro dia após as aulas de Minato deu-lhe a sensação de que muito havia pela frente. Vários alunos já haviam saído de sala, sobrando pouquíssimos além de Minato.

— E aí, cara?! – chamou um aluno detrás do nosso jovem protagonista.

Minato virou para ele. Era um adolescente de sua idade. Ao invés de usar a blusa branca por baixo do jaleco, que estava aberto, era azulada, quase roxa. Usava um boné preto, tinha olhos e cabelos pretos e curtos. Tinha uma barbicha rala.

— Como vão as coisas? – perguntou com um grande sorriso.

— Quem é você? – inquiriu Minato, estranhando toda a intimidade do cidadão à sua frente.

— Eu? Iori Junpei! Prazer, mano – ele estendeu a mão direita para Minato. O mesmo retribuiu, sem uma única expressão. Soltaram-se e Junpei prosseguiu, desta vez com o sorriso amigável. – Me transferi pra cá no oitavo ano. E eu sei como é difícil ser o “cara novo”... Então eu decidi dizer um “Oi.”... Veja como eu sou um cara legal!

Yukari, vendo aquilo, suspirou pesarosamente.

— Ei, é a Yuka-tan! – exclamou Junpei, animado. – Eu não achava que a gente iria ficar na mesma turma de novo.

Yukari suspirou de novo, irritada com a presença de Junpei.

— De novo isso, né? Eu aposto que você vai falar com qualquer um que te der bola. Você não acha que está incomodando?

Junpei ficou meio assustado com isso.

— Quê? Mas tô sendo apenas amigável!

— Se você diz, então... – Yukari pausou e então sorriu para Minato. – De qualquer forma, que coincidência nós dois – e apontou para Minato empolgada. – sermos da mesma turma...

— Deve ser o destino – afirmou em resposta. Sentia que muitas coincidências ocorriam ao mesmo tempo, mesmo sem ele saber quais eram todas elas.

— Destino? Hmm, sim. – ficou séria, mas logo riu um pouco. – Ainda assim, ainda estou um pouco surpresa.

— Hm, alô? Vocês se esqueceram que eu também estou aqui? – questionou Junpei, contrariado. Mas logo sorriu para fofocar e provocar. – De qualquer forma, eu ouvi que vocês dois vieram juntos para a escola essa manhã. Como é que foi isso? Vamo lá, me deem os detalhes das tretas!

— Ma-mas do que você tá falando?! – gaguejou Yukari, totalmente confusa. – Nós moramos no mesmo dormitório! Não tem nada rolando entre a gente, tá? Por que essas pessoas sempre falam sobre isso?! Agora tô preocupada...

Yukari puxou Minato para um canto da sala e começa a dizer em sussurros:

— Ei... Você não disse nada pra ninguém sobre... você sabe o quê, disse?

— An hã – assentiu Minato.

— OK, ótimo – ela concordou, sorrindo docemente. Desfez o sorriso e continuou, clamando. – Sério mesmo... Não conte nada sobre a ontem à noite, tudo bem?

Junpei ouviu os últimos dizeres de Yukari e ficou mudo por alguns segundos. Encarando-a que nem besta, arrepiado, fez com que ela gaguejasse perguntando:

— O-o-o que foi?

— O-ontem à noite...? – gaguejou também, ainda assustado.

— P-pera aí! Não pense na maldade! – ela também se assustou com o pensamento maldoso dele, mas logo continuou. – Escuta! Eu apenas o encontrei ontem, e não tem absolutamente NADA entre nós! Poxa... – isso machucou um pouco o orgulho de Minato. – Eu tenho que ir. Tenho que fazer uma coisa no clube de arqueiros. Mas, é melhor você não começar nenhum rumor!

E ela se foi, batendo a porta de correr da sala de aula com violência.

— Ah, quem se importa? Ninguém liga pra rumores mesmo. Ela é tão paranoica... – estava com a face meio incomodada, mas logo voltou a sorrir. – Mas olha! Esse é o seu primeiro dia aqui, e as pessoas estão toda hora falando sobre você! Acreditando ou não, ela é atualmente muito popular. Você é o cara! – Minato sentiu-se meio constrangido com isso, mas como sempre, não demonstrou. – He, he, he, he, esse ano parece que vai ser divertido. Sinto isso!

***

Minato decidiu ir para casa com Junpei. Eles já estavam nos portões da escola quando Junpei começou a comentar, indicando com a cabeça a pista de corrida profissional dentro da escola.

— Uooh! Olha as gatas correndo! – Minato olhou e logo suspirou com a atitude do amigo. Ele riu levemente e continuou. – Diz aí, tá pensando em entrar pra algum clube? – ele arregalou um olhou curioso. Junpei lançou-o um olhar maquiavélico e um sorriso pervertido. – Você tem que entrar como um novo membro, de qualquer forma, senão não pode apreciar um pouco mais...

Eles caminharam um bom tempo até chegarem em suas respectivas casas, sendo que Minato morava no prédio do Dormitório Iwatodai, e Junpei em uma casa do mesmo bairro, por sorte próximo.

[Iwatodai Dorm – April 7, 2009 (Tue) – Evening]

Ao entrar no prédio, Minato olhou novamente o balcão da recepção, assim como fizera ao chegar no dia anterior. Havia um livro em cima dela, onde todos os residentes deveriam assinar ao chegar e colocarem um pequeno relatório de seu dia – no jogo, é um ponto de salvamento. E, depois de encarar o livro por um tempo, ouviu a voz de Mitsuru, que lia um romance e logo olhou para ele, pausando a leitura:

— Okaerinasai*.

— Ta-tadaima*... – Minato respondeu, como se não estivesse habituado com isso.

— Ah, só avisando que você não pode sair à noite. É contra as regras do dormitório. Infelizmente, regras são regras. Mas você parece bem cansado. É melhor ir dormir cedo hoje...

— OK... – assentiu inexpressivamente, assinando o livro e caminhando.

Resolveu dar uma olhada melhor pelo dormitório. Descobriu que o segundo andar era só para garotos, enquanto que o terceiro, só para garotas. Também percebeu que haviam uma mesa em casa andar com quatro cadeiras em volta de cada uma para afazeres e conversas. O quarto andar só tinha dois banheiros, cada um para cada sexo, assim como no primeiro andar, e uma sala trancada. Além disso, o acesso à cobertura, também trancado. Após averiguar isso e mais coisas, passou novamente pelo primeiro andar e encontrou Yukari lendo uma revista sozinha, sentada em frente à mesa de madeira. Ela, ao vê-lo, perguntou somente para se livrar do tédio:

— Oh, oi. O que você tá fazendo?

— Só olhando as coisas por aí...

— Bem, não tem muito o que olhar... Você provavelmente está muito cansado, não? Melhor você ir dormir cedo essa noite.

— Tá, mas... O que você está fazendo? – perguntou Minato, demonstrando leve curiosidade por detrás da cara fria e, por dentro, tímido.

— Só passando o tempo, fazendo nada... É melhor você ir logo. Está pálido...

Minato conformou-se com aquilo e foi até seu quarto, quieto e calmamente. Mas, antes disso, assistiu um pouco de TV, pois alguns rumores o incomodavam. E estavam certos. Várias pessoas já haviam sido contagiadas pela epidemia da Síndrome da Apatia. A reportagem não deu detalhes, da doença, mas parecia ser algo sério... Ao entrar no quarto, olhou-se no espelho rapidamente. Não estava pálido. Realmente se sentia um pouco cansado por causa da mudança, mas não ao ponto de largar tudo para dormir. Tinha alguma coisa muito errada naquela cidade e naquele dormitório...

***

Algum tempo depois, no nicho de estar com os sofás no primeiro andar, um homem jovem desceu as escadas enquanto Mitsuru lia um livro.

— Vou sair um pouco – ele avisou.

Tinha cabelos brancos e olhos negros como a noite, porém com um brilho singular. Usava o uniforme da Gekkoukan, porém, por cima da camisa branca, vestia um colete vermelho e soqueiras pontudas, como um roqueiro. Era bem alto e parecia ter a idade de Mitsuru ou um pouco mais.

— ...Hm? – estranhou Mitsuru.

— Não tem visto os últimos noticiários?

— ...Eu sei – confirmou, hesitante. – Pessoas que não houveram nenhum problema antes agora apresentam casos agudos da Síndrome da Apatia... Eu tenho visto isso nas notícias frequentemente. O que eles dizem dobram o stress, mas...

— É. Isso mesmo. E isso foi feito por AQUELES. Fora isso, isso não é um contratempo...

— Você tem uma mente enigmática... Você vai ficar bem por sua conta?

— Não esquenta. Eu só vou praticar um pouquinho – e saiu, fechando a porta atrás de si.

Mitsuru suspirou, preocupada.

— Isso não é um jogo, Akihiko...


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Notas finais do capítulo

Vocabulário:

1 - Okaeri: Bem-vindo de volta. Cumprimento japonês para quando alguém volta para casa.
2 - Tadaima: Cheguei, estou de volta. Resposta à Okaeri ou tradicionalmente a primeira coisa que o recém-chegado diz.

Deixem comentários! Eles me animam a continuar a adaptação!