Persona 3: Reconstruction - Male's Route escrita por Bruno Tavares Pacheco, Teud


Capítulo 2
First Moon: Contract


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o primeiro capítulo. Espero que aproveitem.



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Personagens, arte e histórias retratadas neste romance são puramente obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. As opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as da Atlus EUA ou de seus funcionários. Muito menos dos autores desta fanfic.

***

Uma borboleta azul passou por você. O sinal e o alerta foram dados.

***

O tempo nunca espera.

Ele oferece a todos igualmente o mesmo fim.

Você, que deseja proteger o futuro,

por mais limitado que possa ser...

Você terá um ano;

siga adiante sem vacilar,

com o coração a te guiar...

***

As nuvens limparam o véu da escuridão após ventos agressivos, revelando a linda e magnífica Lua quase Cheia. Ela iluminava, junto aos milhares de aparatos eletrônicos, a cidade de Iwatodai, no Japão. A entrada da Terminal da estação de trem, no início da noite, estava loucamente agitada naquele momento.

***

Enquanto isso, em outro lugar, uma garota de cabelos castanhos e uniforme customizado em um jaleco rosa, uma blusa branca e uma saia tradicional da escola preto estava sentada no chão de uma aparente cozinha. Ela ofegava, colocando uma mão por cima da metade do rosto. Levantou a arma de fogo que estava na outra, uma simples pistola, e a encarou por alguns segundos. Ainda ofegante, falou para si mesma entre suspiros:

— Eu só... devo colocar isso na minha cabeça... E puxar o gatilho... Não se desespere...

Encostou o cano da pistola no centro de sua testa. Sua respiração ficou mais pesada. Ela estava cada vez mais tensa com o que iria fazer. E, na hora de puxar o gatilho, a estudante acabou deixando a arma cair no chão abruptamente.

— Não, não consigo...!

***

Dentro do Anehazaru, um trem vindo da Nova Cidade, uma voz eletrônica anunciou através dos rádios:

— Devido a uma avaria no sistema de comutação dos trilhos, o itinerário ferroviário de hoje foi muito alterado. Pedimos desculpas a todos os clientes que estavam com pressa.

O jovem de cabelos e olhos estranhamente azuis piscou. Chegaria atrasado no dormitório em Iwatodai por causa disso. Resolveu dormir um pouco e ouvir música enquanto a viagem prosseguia.

Acordou com a voz do condutor do trem informando:

— A próxima parada é em Iwatodai...

A borboleta novamente passou por você.

O trem parou e as portas se abriram. O garoto, ainda sonolento, saiu correndo a passos trôpegos até a estação, escutando a voz do anunciante do trem:

— Iwatodai. Este é o último trem destinado ao Porto da Ilha de Tatsumi. Por favor, cuidado com o embarque antes de sua partida.

O mancebo notou que chegou atrasado. Olhou para o relógio de ponteiros com números romanos acima da portaria da estação enquanto andava. Estava próximo de chegar à meia-noite...

[Port Island Station – April 6, 2009 (Mon) – Evening --> Dark Hour]

Os ponteiros cruzaram-se, indicando o fim do dia cinco de Abril de 2009. Contudo, o tempo pareceu parar. Uma atmosfera bizarra e verde cercou todos os lugares. Um vento sinistro começou a reverberar por todos os cantos, sem origem definida. Os aparelhos eletrônicos, antes iluminando mais do que a Lua quase Cheia, desligaram-se repentinamente. Uma sensação estranha dominou o jovem azulado.

— ...? – estranhou. – ...! – percebeu que seu MP3 não estava funcionando, além da atmosfera ímpar.

Depois disso, sentiu que aquele era um sinal para correr rapidamente para o dormitório. Enquanto caminhava pela estação, o garoto notou caixões rubis, brilhantes e eretos como sendo os únicos objetos que recheavam a cidade deserta. Olhou para a Lua, que estava assustadoramente gigante e com tons de verde e amarelo mórbido. Decidiu correr dali ainda mais rápido e chegar logo no dormitório...

[Gekkoukan High School, Iwatodai Dorm – April 6, 2009 (Mon) – Dark Hour]

Chegando lá, ele reconheceu o dormitório que estava em seu panfleto de admissão. Entrou no recinto. Por mais que estivesse cansado da corrida e desesperado, sua face e gestos não demonstravam, parecendo sempre como um zumbi. Tranquilo e sereno como nunca a todo o momento. Contudo, o que ele ouviu logo que entrou no prédio arrepiou até a sua espinha:

— Bem-vindo.

Era uma voz macabra de um garoto jovem recebendo-o na recepção. Se ele fosse um adolescente normal, teria dado um pulo de susto, entretanto ele apenas deu dois passos e parou para ver quem era. Procurando com os olhos, analisou todo o recinto. Era uma recepção semelhante a de um hotel fino. Haviam sofás formando um nicho de estar com uma mesinha de madeira no centro à direita dele; a bancada da recepção com vários papéis e almanaques de relatórios nas prateleiras da parede, além do livro de recepção que todos assinam ao entrar na madeira da bancada; e alguns outros nichos mais adiante à esquerda como algumas cadeiras espalhadas, uma mesa maior para afazeres, e, no fundo, uma bancada para utilidades rápidas e uma porta dos fundos velha à sua esquerda. À direita, após a bancada principal, havia um corredor. Nele, duas portas que pareciam ser os banheiros e escadas ao fundo. O corredor era separado dos nichos de bem-estar e afazeres por uma parede, sendo metade de cimento e metade de vidros. Após olhar por um longo tempo, finalmente achou um pequeno garoto de cabelos pretos e olhos incrivelmente azul mar a frente da bancada da recepção. Ele usava roupas listradas, sendo uma blusa de manga comprida e calças, que podiam ser confundidas com um pijama ou um uniforme de presidiário. Carregava um maquiavélico sorriso nos lábios finos e infantis. O jovem claramente mais velho arregalou levemente os olhos em espanto. Aquela presença não o fazia se sentir bem, como se fosse morrer a qualquer instante...

— Você está atrasado – observou o garoto desconhecido. – Eu tô esperando a muuuito tempo...

A voz dele era arrastada e podia ser confundida até com uma zombaria misturada com uma ameaça. O de cabelos azuis temia aquele simples garoto, que sorria a sua frente, por mais que tenha acabado de lhe dar um sermão. Ele então notou que o garoto estava com um pedaço de papel branco e, segundos depois, o mesmo estendeu-o para o mais velho.

— Se você deseja prosseguir, então, por favor, assine aqui. Este é um contrato.

Contrato?”, o recém-chegado pensou.

— Não há motivos para ficar assustado – continuou o estranho menino. – Isto apenas obriga-o a ter total responsabilidade por suas ações.

Automática e involuntariamente o mancebo olhou para o fim do papel nas mãos do misterioso novamente, lendo para si mesmo os dizeres em uma belíssima e enigmática caligrafia:

Eu escolho este destino por minha livre e espontânea vontade.

E, acima desta mensagem, havia um espaço em branco para o novato da Escola de Ensino Médio Gekkoukan de Iwatodai colocar o seu nome... Sentiu que, mesmo tudo estando tão estranho, deveria assinar seu nome naquela folha...

Após assinar, o garoto sombrio sorriu ainda mais ao ver o nome e respondeu:

— ...Muito bem. O tempo é algo que ninguém consegue escapar. Ele oferece a nós todos o mesmo fim. Desejos não farão isso mudar. E então isso começará...

O garoto desconhecido desapareceu como se derretesse na escuridão daquele ambiente. Arisato Minato recuou alguns passos... Não sabia o que pensar. Será que havia errado em colocar seu nome ali, entregando sua alma ao Inferno? Estava confuso. As visões do exterior lhe invadiram a mente, deixando-lhe ainda mais inseguro. Suava frio. Respirava mal e sentia-se perdido. Ninguém estava acordado. Não sabia o que fazer. Estava prestes a desmoronar de medo e cansaço vindo aparentemente de lugar algum.

Talvez do Inferno”, concluiu.

Foi então que ouviu uma voz feminina atrás de si...

— Quem é?

Minato virou e viu a face da garota. Ela parecia ter vindo do corredor e sua idade, entre quinze e dezesseis anos, cabelos e olhos castanhos. Tinha uma estatura média, um pouco abaixo dele. Usava um jaleco rosa e uma blusa branca de gola, com uma laço grande e vermelho, além de uma saia preta. Parecia ser um uniforme, estilizado por causa do jaleco. Além disso, havia uma faixa vermelha em seu braço esquerdo escrito em letras pretas “S.E.E.S” e uma gargantilha branca com uma fivela prateada em formato de coração. Ao vê-lo, ela berrou em questionamentos conturbados:

— Como você consegue estar... Mas isso...! Não me diga que...

Minato notou que ela carregava algo semelhante a uma arma afixada em uma bolsa pequena e preta em sua perna direita. A garota estava prestes a pegá-la...

— Espere! – pediu uma segunda garota.

— ...! – surpreendeu-se a primeira garota com a aparição da segunda.

A recém-chegada tinha cabelos e olhos em magenta escuro, usava o uniforme branco com o laço vermelho e saia preta, igual à primeira, só que sem jaleco algum. Era mais alta que Minato, e provavelmente mais velha. Usava um batom combinando com seus olhos e cabelo.

Alguns segundos depois, algo que tranquilizou Minato aconteceu.

[Iwatodai Dorm – April 6, 2009 (Mon) – Evening]

— As luzes...! – observou a primeira garota.

As luzes voltaram. Assim como o MP3 e provavelmente qualquer aparelho eletrônico...

Minato suspirou aliviado e fracamente, de forma que as duas garotas não percebessem.

***

Minutos depois, os três estavam no nicho de estar, sentado em sofás e olhando uns para os outros. A de cabelos rubro-negros quebrou o silêncio enfadonho e entediante que se arrastou por ali.

— Eu não achava que você iria chegar tão tarde.

— Bem, é que... – Minato tentou dizer com a voz fraca, mas viu que era inútil. Ele parecia estar delirando com os fatos recentes. Deveria estar cansado, então decidiu deixar aquilo de lado.

A garota mais velha pareceu não escutar, pois prosseguiu com seu discurso:

— Meu nome é Kirijo Mitsuru. Eu sou uma dos estudantes que vivem neste dormitório.

— ...Quem é ele? – interrompeu timidamente a de cabelos castanhos.

— É um aluno transferido. No último minuto ele decidiu fazer a inscrição para vir aqui. Ele logo se mudará para um dos quartos no dormitório masculino.

— ...Está tudo bem em ele ficar aqui? – a garota em rosa estava hesitante sobre a permanência de Minato ali, como se ele estivesse contaminado com um vírus zumbi. Não que ele fosse muito distante de um pelo seu olhar calmo e mórbido.

— Eu acho que poderemos descobrir... – respondeu Mitsuru, com um olhar misto de curiosidade e maquiavélico. – Ela é Takeba Yukari. Ela é uma secundarista desta primavera, assim como você.

— Oi, eu sou a Yukari.

— P-prazer... – guaguejou Minato. – P-por que você tem uma arma?

— Hã? – ela estranhou ele ter notado isso... – Hm... É mais ou menos como um hobby... – a menina parecia sem jeito. – Bem, não um hobby, mas...

— Você sabe como são as coisas hoje em dia... Isso é apenas para autodefesa – interviu Mitsuru. – Isso não é uma arma de verdade, óbvio.

Minato sentiu que aquilo era mentira, ou pelo menos parcialmente. Mas ignorou o sentimento. Mitsuru prosseguiu:

— Está ficando tarde, então é melhor você ir descansar. Seu quarto é no segundo andar, no fim do corredor. Suas coisas já estão lá.

— Ah, eu vou te mostrar o caminho. Me siga! – chamou Yukari, sorrindo e mostrando os dentes pela primeira vez. O sorriso dela era fascinante e contagiante. Minato sentiu que escolheu certo em se matricular na Gekkoukan...

Yukari o levou até o segundo andar, depois ao final do corredor, passando por algumas portas de ambos os lados. A última era do lado direito. Eles se viraram para ela. Minato encarou-a ao mesmo tempo que a porta.

Então será nesse quarto que viverei nos próximos três anos?”, questionou-se normalmente.

— Então é isso... – disse finalmente Yukari, novamente com um sorriso, após um longo e constrangedor silêncio entre os dois. – Bem fácil de lembrar, não? ...É bem no final do corredor! Então, alguma pergunta?

— De que era aquele contrato? – perguntou Minato, levemente temeroso.

— Hã? ...Contrato? Que contrato? – questionou Yukari, confusa.

Pelo visto, Yukari não sabia do que Minato estava falando. Isso o deixou intrigado. Provavelmente as duas garotas com quem conversara não conheciam o menino misterioso, que sumiu diante de seus olhos. Mas... talvez estivesse sonhando.

Não, aquele contrato e o garoto foram sonho! Eles não poderiam sumir do nada, não é?”, pensou amedrontado. Mesmo não demonstrando com sua postura, sempre fria e rígida.

— Hmm... Eu posso te perguntar uma coisa? – interrompeu Yukari os pensamentos dele.

— Fale... – prontificou-se.

— No seu caminho para cá pela estação foi totalmente tranquilo?

Minato sentiu um arrepio. Lembrou-se da Lua e dos caixões, além da densa atmosfera que o dera sensações claustrofóbicas.

— O-o q-que v-v-você quer dizer? – guaguejou.

— Você sabe o que eu... – interrompeu-se. – Deixa pra lá. Parece que você tá legal. Bem, eu acho que é melhor eu ir... – terminou animada e saiu andando.

Como se estivesse enfeitiçado, olhou na direção de Yukari, que ia até as escadas que davam acesso a um suposto terceiro andar. Ele começou a nadar em direção a garota. Yukari parou de andar de repente e olhou para Minato, preocupada.

— Hm... Eu sei que você deve ter outras perguntas, mas pode guardar pra depois? – e logo em seguida sorriu. – Boa noite!

Yukari desceu as escadas ao invés de subi-las. Minato pensou em ir atrás e perguntá-la, mas acabou deixando isso de lado. Voltou até a porta de seu quarto e encarou-o mais uma vez. Suspirou resigno e entrou lentamente. Ao ver que tudo estava arrumado, simplesmente jogou-se na cama do jeito que estava e caiu no sono... Estava cansado, de qualquer maneira.


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Notas finais do capítulo

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