História Real escrita por Nathalia S


Capítulo 3
2- Real


Notas iniciais do capítulo

Como prometido...um novo capítulo.
Agradeço o comentário de Helena Carvalho e dedico esse capítulo a ela. *-*
Boa leitura.



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Deborah sentiu um forte cheiro de álcool em baixo de seu nariz e aos poucos foi recobrando os sentidos. Primeiro imaginou que tivesse sonhado que vira um homem desconhecido muito parecido com o Kishan do livro. Mas então sentiu o colchão abaixar-se mais ao seu lado, então abriu os olhos e sentou-se rapidamente.

O homem que invadira seu quarto estava ao seu lado, olhando-a com um olhar confuso, mas sereno. Ela, entretanto, fitava-o assustada. Olhou para as mãos do homem e viu que ele segurava um dos seus panos de limpeza embebido em álcool, provavelmente utilizara aquilo para acordá-la.

A jovem pensou em correr, mas sentia-se tonta demais para levantar da cama. Então pensou que o homem não havia feito nenhum mal a ela até aquele momento então, talvez, ele fosse apenas um turista perdido. Quem sabe ela não havia deixado a porta aberta. Mantendo esses pensamentos com o intuito de acalmar-se, a jovem saiu de seus devaneios quando o rapaz pronunciou algumas palavras em uma língua desconhecida. A voz dele era grave e máscula, e, pelo seu tom, ele estava fazendo alguma pergunta a ela.

Usando todo seu auto controle para não gritar nem tentar correr, a jovem falou, tentando demonstrar tranquilidade com sua voz, o que não deu muito certo, sendo que sua voz saiu falhada:

–Quem é você? Desculpe, mas não entendi o que disse naquele outro idioma! E como entrou na minha casa?

Deborah percebeu que o rapaz compreendeu o que ela disse, mas isso o deixou ainda mais confuso.

–Desculpe-me a invasão, senhorita, mas não sei dizer-lhe como cheguei aqui. Pode parecer-lhe loucura, mas em um segundo eu estava numa floresta com meu irmão e minha cunhada e, no outro segundo, eu eu estava aqui, vendo-a desmaiar. Sinto muito se lhe assustei, mas não se preocupe, não pretendo lhe fazer mal. E eu falo seu idioma, posso encontrar dificuldade em algumas palavras, mas falo razoavelmente bem. E, respondendo sua primeira pergunta, meu nome é Sohan Kishan Rajaram, prazer em conhecê-la senhorita.

Deborah esqueceu-se de tudo a sua volta e arregalou os olhos para o rapaz a sua frente. Não podia ser coincidência. Quero dizer, não era todo dia que ela lia um livro em voz alta e o personagem do livro aparecia na sua frente alguns segundos depois. Aquilo só podia ser um sonho. Ou uma brincadeira de mal gosto.

Apostando na segunda opção, a jovem falou, sarcástica:

–Ok, senhor Kishan, muito engraçado. Mas não estou com paciência para brincadeiras. O senhor invadiu minha casa e isso é um crime, logo trate de me dizer onde estão as câmeras, não gostei nenhum pouco dessa pegadinha!

A expressão da jovem era irritada, mas o do rapaz era confusa. Ele falou, expressando toda sua confusão, com seu forte sotaque:

–Desculpe-me, mas não entendo o que está dizendo. Perdoe-me por invadir sua residência, mas, como já lhe expliquei, não sei como vim parar aqui.

Assim que terminou de falar, o rapaz dirigiu seus belos olhos dourados para o livro ao lado da moça. Ele se debruçou sobre a jovem, que prendeu a respiração e ficou temerosa. Pegando o livro ele leu algumas páginas silenciosamente. E então foi como se uma luz se acendesse em seu cérebro e ele olhou para a garota a sua frente, perguntando:

–Por acaso você leu isso em voz alta?

–Li sim, algum problema? - Mesmo que ela não quisesse, sua voz estava na defensiva.

–Sim, ou não. Quero dizer, você já ouviu falar sobre os ''línguas encantadas''?

A jovem negou com a cabeça e o belo moço, após respirar fundo, contou-lhe a história.

Apesar de não querer que tudo aquilo fizesse sentido, a jovem não pode deixar de que, lá no fundo, a história que ele contava-lhe parecesse real. Até porque, ela não tinha mais nenhuma explicação que tornasse a história mais aceitável.

Quando ele chegou no fim de sua narrativa sobre o dom dos línguas encantadas, a garota respirou fundo e fitou os belos olhos dourados a sua frente. Ele lhe encarava como se esperasse para ver se ela acreditava nele.

–E o que faremos agora? - perguntou ela, resignada.

– Quer dizer que acredita na minha história? - Perguntou ele, com um sorriso aliviado.

–Não queria acreditar, mas sua explicação me parece a única aceitável no momento, então, sim, acredito em você. Embora tenha uma pergunta que me incomoda bastante.

–E qual seria?

–Você falou que, segundo a lenda, sempre que algo ou alguém é retirado do livro, algo ou alguém entra no livro. Nesse caso...o que entrou?

Ele parecia tão confuso quanto a garota.

–Você não deu falta de nada? - Perguntou, avaliando a expressão pensativa dela.

A jovem passou a mão pelos seus belos cabelos loiros e então olhou-o com os olhos verdes iluminados com uma resposta:

–Creio que tenha sido a minha borrachinha de cabelo. Assim que você saiu, meu cabelo se soltou e eu não encontrei mais o que o prendia.

Ele respirou, aliviado.

–Ainda bem que foi algo simples, muitas vezes entes queridos se perdem nas páginas de livros.

A palidez tomou conta da garota, assustada com aquele terrível dom.

–Ainda bem que meus pais não estão em casa! - Falou ela, que aos poucos voltava a cor normal. - Mas você não respondeu a minha pergunta: O que faremos agora?

–Eu poderia pedir a você que lesse novamente para que eu tentasse voltar a minha vida, mas não vou pedir isso, não agora. Não quero que você acabe perdendo algo de grande valor para si própria. Além disso, não quero que nada assustador acabe saindo do livro e cause problemas a sua vida.

–Obrigada por cooperar. -Falou a garota, sentido-se admirada pela postura dele.

Sempre o admirara nos livros, mas nunca imaginou que ele fosse realmente estar ao lado dela em algum momento. Talvez ela estivesse apenas sonhando e, uma hora, abriria os olhos e sentiria-se uma idiota por sonhar com algo tão maluco. Mas aproveitaria o máximo aquele sonho, enquanto durasse.

–Disponha. - Falou ele, com um sorriso de tirar o fôlego. - Mas não se preocupe, não vou me intrometer em sua vida. Tentarei encontrar outro leitor que me leve de volta, não quero ser um incômodo.

–Não está sendo. - Falou a garota, rápido demais e sentiu seu rosto corar. - Quero dizer, você pode ficar aqui por enquanto, ao menos até descobrir a localização de outro leitor. E eu posso ajudá-lo a encontrar essa outra pessoa, estou de férias mesmo!

–Seria maravilhoso, obrigada. Afinal, imagino que estejamos no Brasil, e eu nunca estive no Brasil antes.

Ela apenas assentiu, ainda admirando-o, mesmo que disfarçadamente.

–Bem, está tarde e você teve muitas...emoções hoje. Deveria dormir. - Falou ele. - Não vou machucá-la.

–Sei que não. - Falou a garota. - Afinal, acho que você já teve tempo o suficiente para fazer isso, caso quisesse.

Ele apenas riu e a garota o acompanhou.

–Você pode dormir no quarto de hóspedes. Meus pais estão viajando, então não se preocupe, ninguém irá incomodá-lo.

–Obrigado! - Falou ele, parecendo satisfeito. - Mas ainda não me disse o seu nome, Gōrā.

–Meu nome é Deborah. - Respondeu a jovem. - Mas o que significa isso do que me chamou?

–Loirinha. - Respondeu ele, sorrindo.

A garota não entendeu o porque, mas aquilo a fez corar intensamente. Parecia que ficar vermelha era algo natural quando estava na presença do seu personagem favorito.

Após mostrar para Kishan onde ele podia dormir e emprestar para ele um dos pijamas de seu pai, a garota voltou para seu quarto, pensando apenas no quão louca era aquela história.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que estão achando? *--*
Beijos e amanhã volto com o 3º capitulo.



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