Quando eu cheguei na sala minha tia já havia retornado. Além dela Louise e Ciprian também estavam lá, o que me deixava ainda mais preocupada. Aquela com certeza era uma reunião bem incomum.

Mas eu não prestei muita atenção nisso já que eu estava espantada com o estado da casa. Estava tudo limpo e arrumado sem um indício sequer que dois seres sobrenaturais haviam brigado bem ali. E

Vendo a minha cara de idiota Kate me deu um sorriso enquanto dizia eufórica.

–Legal né? Parece que bruxas também não tem que se preocupar com a limpeza. Você e a July vão ter que me dar uma mãozinha lá em casa um dia desses.

Ciprian olhou para Kate como se ela fosse um tipo de alien. Ele não devia estar acostumado com garotas com aquele tipo de personalidade, já que falava como algum lorde de épocas passadas.

Revirei os olhos. Sério? Eu mal descubro que sou uma bruxa e a minha melhor amiga já que me usar como doméstica?

Ignorando o comentário da Kate, minha tia fez um sinal para que eu me senta-se no sofá maior, que por sinal era onde Arthur estava sentado com uma expressão indecifrável no rosto. Eu mal tinha notado a sua presença.

Vincent, sem a menor cerimônia se encostou no sofá bem próximo a mim olhando para Arthur com uma ar inocente.

Minha tia pigarreou chamando a atenção de todos na sala.

–Bem como todos vocês bem sabem, minha sobrinha Susan está em sérios apuros. O clã das bruxas está dividido e boa parte dele deseja a morte dela por acharem que ela está associada a vampiros.

Ela deu uma olhada significativa para Vincent que não percebeu ou não se importou (sinceramente, acho que a segunda opção é a correta).

–Mas não está – disse July com convicção.

Olhei agradecida para ela.

–Pelo menos não da forma que eles pensam – disse Kate baixinho.

Vincent ergueu uma sobrancelha. Senti o meu rosto esquentar. Que droga Kate! Se ela estivesse mais perto eu a beliscaria.

Um silêncio esquisito se estabeleceu no local.

Minha tia apenas continuou a falar. Ela já conhecia bem a Kate e sabia que a melhor decisão era ignorar.

–Temos que fazer algo.

Arthur começou a falar.

–Estão sendo incitadas por alguém, e isso é visível.

Mina tia acenou concordando.

–Amanda? – sugeri.

Vincent bufou.

–Peixe muito pequeno. Ela não é esperta e nem ousada o suficiente.

Louise ergueu a mão pedindo a palavra.

–Só uma pergunta – disse ela com seu sotaque chique – o que nós vampiros temos a ver com isso? É um problema de bruxas e deve ser resolvido por bruxas. Vocês sequer conseguem disfarçar que nos odeiam.

Tia Natalie nada respondeu. Pensando bem, acho que até mesmo ela não sabia por que aqueles três vampiros estavam ali.

–Não é um assunto só de bruxas Louise – disse Vincent.

–É sim Vincent, e você sabe – retrucou ela – não deixe a sua culpa por questões do passado interferir no seu julgamento.

O rosto de Vincent se contraiu. Louise cruzou os braços num claro gesto de afronta.

–Louise, cale a boca.

Levei um dois segundos para perceber que não foi Vincent quem falara, mas sim Ciprian.

O tom ameaçador de sua voz era assustador. Eu ainda não tinha visto ele falar assim e isso me deixou apavorada. Quem quer que ele fosse estava acostumado a dar ordens sem ser questionado, até mais que Vincent, algo que eu não achava ser possível.

Louise arregalou os olhos e se encolheu.

–Eu entendo que haja uma certa desconfiança entre nós. Mas decidimos ajudar e vamos ajudar. Todos nós – ele concluiu dando uma olhada para Louise que se encolheu ainda mais.

–Como podemos saber se você não está mentindo? – questionou Kate – você pode muito bem querer enganar todo mundo.

Ela mal tinha terminado de falar e ele já estava de pé a centímetros dela.

–Eu não sou mentiroso – ele falou sua voz quase um rosnado.

Achei que Kate iria se encolher como a Louise. Me enganei. Ela bateu o pé.

–Isso é o que um mentiroso diria senhor espertão. Que tal umas garantias?

Vincent e Louise a olharam espantados. Acho que Ciprian era muito importante no mundo vampiro. Seja lá como fosse Kate Richards nunca foi do tipo que reconhecia algum tipo de autoridade.

–Quanta insolência de um ser tão insignificante – disse Ciprian de cenho franzido.

–Quanta arrogância de um vampiro metido a besta – retrucou ela no mesmo tom.

Eu senti o ar mudar. Ele empurrou Kate em direção a parede e a pressionou.

–Outros já morreram por muito menos humana. Não teste a minha paciência.

Vincent deu uma risadinha.

Kate estava vermelha como um pimentão. Achei que ela fosse sair xingando o vampiro de todos os nomes possíveis mas não foi isso que ela fez.

–Quer se afastar de mim por favor? – disse ela tentando controlar a raiva na voz.

Ciprian recuperou a compostura e se afastou dela como se Kate fosse contagiosa. Aquela reunião não podia ficar mais estranha. Isso, eu falei cedo demais porque o carro da minha mãe estacionou justamente nessa hora.

Se eu não tinha estado desesperada naquele dia, agora eu estava. Como diabos eu iria explicar para minha mãe o que tinha acontecido sem que ela surtasse e me internasse de vez num manicômio?

Olhei para minha tia. Bom, sendo ela a única “adulta” da casa ( é claro tinha os três vampiros mas de jeito nenhum que eu os deixaria falar algo) ela deveria resolver a situação. Ao menos era o que esperava.

Minha mãe entrou rapidamente assustado-se com a quantidade de pessoas na sua sala de estar. Ninguém dizia nada, provavelmente esperando a minha iniciativa.

–Olá – disse minha mãe olhando ao redor.

Minha tia levantou-se e foi abraçar a minha mãe.

–Que bom que chegou! – disse ela entusiasmada. Tão entusiasmada que eu até me assustei. Não era ela que estava super preocupada há dois segundos com a minha vida?

–Desculpe a bagunça mana mas nós queríamos falar com você sobre uma coisa.

Eu quase engasguei. Ela ia mesmo contar a verdade?

–É mesmo? O que é? – disse mamãe curiosa.

Percebi que ela demorou demais para falar, ou seja estava tentando inventar uma desculpa. Mas Vincent se adiantou nisso.

–Eu queria pedir a permissão da senhora para namorar a sua filha – disse ele num tom cínico.