Chego a casa e vejo minha mãe sentada, vendo algum filme da TV.

– Como foi com Augustus?

– Bem- é estranho o tom da minha mãe- por quê?

– Não era pra eu falar...

– Mas?

– Você é minha filha, e eu não consigo esconder nada de você.

– Você escondeu o pedido de noivado.

– Eu fui obrigada a esconder- minha mãe sorri- senta aqui – ela aponta para o sofá- Augustus está passando por uma situação delicada com os pais, por causa da sua insistência em ir pra NY.

– E?

– Ele juntou dinheiro e tudo.

– Eu não sabia disso- começo a ficar nervosa.

– Os pais dele não podem ir porque eles não têm tempo, então eu acho que uma viagem a NY nós conseguimos bancar.

– O QUE?

– É os pais do Augustus vão bancar as despesas dele e bom seu pai falou com a companhia aérea e vão conseguir alguns cilindros de oxigênio pra você, e nos hotéis que pesquisamos vocês não vão poder se divertir muito porque Augustus vai conhecer o campus de algumas faculdades e são apenas 15 dias.

– Que ótimo mãe.

– Comprei uma mala no supermercado pra você, não é muito, mas é que eu e seu pai vamos dividir a grande.

– Está ótimo- me abraço em minha mãe- obrigado, muito obrigado.

– Eu faço qualquer coisa por você- eu e minha mãe ficamos ali abraçadas vendo TV, meu pai chega super entusiasmado.

– CONSEGUI 15 DIAS DE FÉRIAS- minha mãe se levanta e abraça-o, saio lentamente da sala com medo que possa surgir algum gesto afetivo na minha frente, começo a ver roupas, mas a vontade passa e acabo dormindo.

Algumas horas depois.

“Filha saímos para jantar, com amor mãe! P.S: tem frango na geladeira.”, obrigada mãe. Como o frango que minha mãe deixou mais por obrigação do que por vontade, pois sei que quando ela chegar irá checar se eu comi algo. Tomo um banho rápido, quando a água se choca ao meu corpo consigo escutar meus músculos relaxando, me ligo ao bipap, sinto meus pulmões ficarem felizes por minutos, mas eles devem sentir que amanhã irei fazer a drenagem pra deixar os níveis de líquido estáveis, adormeço.

– Hazel, acorda vamos para o hospital.
– Não quero ir pai- me sinto uma criança fazendo birra.

– É só por precaução, vamos Hazel.

– Tá bom, me apronto em 20 minutos- meu pai sai do quarto, retiro toda a aparelhagem de mim, começo a pensar que são só 3 dias no hospital, 3 longos dias, consigo descansar tempo suficiente no hospital, me arrumo o mais rápido que consigo, minha mãe manda eu escolher uma roupa para sair do hospital e também reclama que eu devo comprar uma bolsa pra colocar minhas coisas básicas.

– Tudo pronto?

– Sim- quando chegamos ao hospital Dra. Maria me recebe com um sorriso, minha mãe fala do noivado e outras coisas, ela está realmente empolgada com esse futuro casamento. Vou para uma sala me preparar, sinto a anestesia começar a fazer efeito, vejo antes de apagar vários enfermeiros e médicos me ligarem aos aparelhos de drenagem, não sinto nada enquanto estou apagada. Quando acordo estou na UTI, vejo uma enfermeira checar meus batimentos e como estou, ainda tenho tubos em mim drenando o líquido.

– Olá Hazel, você está se sentido bem?

– Com um pouco de sede.

– vou conseguir água pra você.

– Obrigada- a Enfermeira coloca o canudo na minha boca, faço certa força para sugar a água, pois ainda estou em efeito da anestesia- estava ótima obrigada.

– Volte a dormir.

– Tudo bem- durmo como se não precisasse ver a luz. Acordo com um cheiro familiar era Augustus.

– Olá dorminhoca- ele sorri.

– O que você tá fazendo aqui?

– Seus pais me deixaram vir neste horário de visita- ele passa a mão nos cabelos, usa uma camiseta azul marinho, jeans e tênis- está chovendo muito lá fora.

– Deve estar refrescante.

– Um pouco.

Seis dias depois.

Os dias no hospital foram horríveis, vi duas pessoas morrer, Augustus diz que é o ciclo da vida, mas eu ainda tenho medo, agora estamos aqui e ele está me ajudando a arrumar a mala, nestes últimos dias já parecia que éramos casados.

– Que tal essa saia?

– É bonita, coloca.

– Tudo bem, mas se vira Okay?

– Okay- coloco a saia preta que minha mãe me deu há anos, ela fica ótima no meu corpo, mas não me sinto confortável- deu?

– Deu.

– Uau ficou ótima, você está realmente sexy, Grace.

– Obrigada- terminamos a mala rápido para podermos passar um tempo juntos- já pensou quando casarmos? Onde vamos morar e como vai ser nossa vida?- Deito minha cabeça no peito do Augustus.

– Vai ser divertido, podemos pintar a casa juntos e ter um cachorro, ou até filhos.

– Não sei se meu corpo pode aguentar um filho, mal consigo oxigênio o suficiente pra mim muito mais para uma criança.

– Não seja tão negativa, Hazel Grace.

– Não estou sendo negativa e sim realista.

– Vamos dar um jeito se acalme- ele beija minha testa- vamos dar um jeito, sempre damos um jeito- ficamos ali deitados, escuto os suspiros do Augustus, ele dormiu me levanto bem devagar pra não acordar ele.

– Cadê o Augustus?- pergunta minha mãe.

– Ele dormiu, acho que ficou cansado de me ajudar a escolher as roupas para a viagem.

– Ele vai ser um ótimo marido- minha mãe diz- ele sempre te da atenção, bom ele vai dormir aqui de terça pra quarta porque o voo é cedo.

– Tudo bem, eu aviso ele- pego um copo de suco e me sento no sofá.

– Seu pai está muito feliz com as férias dele.

– é ótimo, ele trabalha demais.

– Falando me trabalho Hazel, bom você está bem e eu tenho vontade de voltar trabalhar- arrumo a postura.

– Mãe você pode voltar a trabalhar, eu vou ficar bem.

– Mesmo, é que é uma renda extra que entra.

– Pode ir.

– Eu comprei uma bolsa pra você, para a viagem, carregue tudo o que for necessário- minha mãe me entregou uma bolsa básica preta, ela era grande e transversal.

– Obrigada mãe- vou pro quarto e arrumo meus remédios e outras coisas em um pequeno estojo, pego a minha carteira e também a coloco, Augustus continua dormindo como um anjo, converso com Kaitlyn pelo Facebook um pouco.

– Aí meu deus que horas são?- Augustus acorda incrivelmente rápido.

– São seis horas.

– Dormi demais

. - Você estava dormindo tão bonito.

– Eu sou muito sedutor de qualquer jeito, Hazel Grace.

– E convencido, você pode dormir aqui na terça porque minha mãe diz que o voo é cedo.

– Vai ser legal, podemos fazer uma festa do pijama.

– Aí meu deus Waters- me viro de frente para ele, há uma pequena distância entre a cama e a escrivaninha- você gosta muito de festas.

– Tem comida e música, festas são ótimas.

– É, devem ser- passo a mão sobre os meus cabelos- quer pedir uma pizza? - Ótimo, esse sono me deixou com fome.

– Dormir combate o câncer.

– Vou começar a dormir mais e pensar menos em você, o que vai ser muito difícil.

– Muito difícil?

– Você está sempre presente nos meus pensamentos.