Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 5
Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Oi geeente
Estou um pouco chateada pq o número de leitoras aumentou, mas o número de comentários diminuiu =// Participem, isso é mtt importante e me deixa muito feliz hahaha
Espero que gostem...



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Na manhã seguinte tudo parecia ainda pior. Se você já foi atingindo por uma enorme parede de tijolos então você sabe do que eu estou falando. Todos os meus músculos doíam, todos, sem exceção. Eu mal podia me mover e minha cabeça latejava tanto que parecia que um mineiro a martelava sem parar.

Mason, com quem eu dividi a tenda, colocou a cabeça ali dentro quando viu que eu não me levantava.

– Ei parceiro, já estamos saindo. – ele riu do meu estado completamente lastimável.

– Ai! – eu gemi quando tentei esticar o braço. – estou indo.

– Kaluanã não gosta de esperar, é melhor se apressar. – ele saiu rindo e me deixou sozinha novamente.

Eu tirei o meu chapéu e tentei arrumar meu cabelo emaranhado com os dedos, um ninho de rato seria mais apresentável. Eu não tirado o chapéu para dormir, o que provocou certo falatório vindo do Mason, mas depois que eu disse que o chapéu era um objeto que me trazia sorte, ele não questionou, pelo contrário, ele me mostrou uma corrente da sorte que ele trazia no pescoço, eu dormi em algum momento em que ele contava a longa história do objeto.

Uma vez com o cabelo no lugar e a aba abaixada eu fui até o rio me limpar o máximo que era permitido. Todo o meu corpo coçava e pinicava, e eu parecia ter sido um imã para a poeira, mas o banho teria que esperar.

Quando as tendas foram todas desmontadas nós pegamos a estrada novamente. Dessa vez me colocaram atrás da boiada, onde era mais fácil, na verdade eu quase não tinha trabalho nenhum ali, mas em compensação eu comia toda a poeira.

Eu estava literalmente travada quando chegava perto do meio-dia. Eu nunca tinha estado tanto tempo em cima de um cavalo antes e estava começando a sentir os efeitos e se eu procurasse acharia vários roxos espelhados na minha pele. Eu agradeci por ter trazido pão, todos os homens comiam pedaços de carne seca essa manhã, e só de pensar em comer algo tão pesado meu estomago revirava.

Ao pé de um cânion que fazia uma boa sombra nós paramos para fazer um curto descanso e para alimentar os animais com ração. O homem mais velho que além de cozinheiro eu tinha descoberto que pilotava a carroça, cozinhava feijão para acompanhar a famosa carne salgada.

Eu me sentei em uma longa pedra lisa e tirei as botas que ferviam no meu pé, peguei um pouco da água da minha garrafa e joguei um pouco ali e no meu pescoço, eu praticamente gemi com a sensação refrescante e libertadora. Nesse momento eu daria tudo para ter uma limonada bem gelada na minha frente.

– Você nunca fez uma viagem de cavalo não é mesmo? – Tiro Certeiro se sentou ao meu lado com total elegância, mesma com sua altura.

–Fiz. – resmunguei.

– Não é o que parece. – ele levantou uma maldita sobrancelha.

– Você acha que sabe de tudo não é camarada? – eu disse colocando a bota de volta para poder sair de perto dele. Tarde demais eu percebi que eu usei o apelido que Rose, não John usava. Mas ele não pareceu perceber, porque não comentou nada.

– Não tudo, mas eu sei que esse não é lugar para alguém como você. – eu estaquei. Ele poderia saber quem eu era?

– Eu não sei do que você está falando. – eu saí de perto dele e fui me juntar aos outros homens.

A parada foi muito breve, mas depois disso Tiro Certeiro insistia em seguir viagem ao meu lado. Mesmo eu dizendo na cara dura que eu queria ficar sozinha ou mais precisamente sem a presença dele. Mas foi bom porque os homens gritavam instruções para mim que eu nunca entendia, com ele ao meu lado as coisas estavam se saindo um pouco mais fáceis.

No final do dia eu ponderei que hoje tinha sido bem melhor, não pela companhia silenciosa do cowboy arrogante ao meu lado, mas porque meus músculos já estavam começando a se acostumar e o sol já não me incomodava tanto.

– Vamos ficar aqui essa noite. Você. – ele apontou para mim. – Ajude o senhor Nagy com a refeição.

Eu nem ao menos protestei, era melhor ajudar com a comida do que ter que escoltar os bois ou vigia-los durante a noite.

Depois de amarrar meu cavalo junto aos demais, eu fui até a carroça ajudar o senhor Nagy. Ele era um senhor de aparência humilde, cabelos brancos se misturavam com os castanhos bem penteados por baixo do chapéu reto.

Eu pigarreei para não assustar o homem que estava de costas mexendo em um monte de suprimentos e panelas.

– Olá meu garoto, você quem será meu ajudante essa noite?

– Sim. – o pior de tudo era me lembrar de fazer a voz grossa, eu parecia mais com um garoto que estava entrando na fase adulta, minha voz falhava constantemente.

– Tiro Certeiro colocou você para fazer o pior serviço, os homens fazem de tudo para fugir da cozinha. – ele levou uma panela até o fogo e a colocou sobre um tripé.

– Eu não me importo. – dei de ombros.

– Você pode começar descascando isso. – ele me deu um saco de cenouras e batatas.

Eu descobri que eu era ainda pior na cozinha. Eu preferiria ter ficado com a tarefa de olhar o gado, agora eu entendia porque os homens fugiam desse serviço e Tiro Certeiro também deveria me odiar para me colocar aqui. Estar próximo ao fogo me fazia suar como uma condenada, sem falar que eu tinha vários pequenos cortes na mão, feitos enquanto eu tentava cortar os legumes, ênfase no tentar porque no fim o senhor Nagy se contentou apenas com a minha companhia.

– Me fale sobre você. – eu pedi enquanto ele temperava o cozido que ele fazia. O vapor tinha um cheiro de tempero forte e delicioso e os homens viam de minuto e minuto perguntar pela comida. Bando de mortos de fome.

– O que gostaria de saber garoto?

– Você parece deslocado no meio desses cowboys mais novos. – ele deveria ser um homem casado e com família para sua idade, que eu diria ser de cinquenta talvez cinquenta e poucos.

– Eu estou com Kaluanã desde que ele resolveu se tornar um vaqueiro, ele perguntou se eu sabia atirar e me chamou para fazer parte do grupo. – isso me surpreendeu.

– Isso faz quanto tempo?

– Três talvez quatro anos, a gente perde a conta no meio de tantas viagens.

– Quantos anos ele tem? – eu deveria parar de perguntar sobre ele, mas ao mesmo tempo eu queria saber quais os segredos que ele escondia.

– Eu acredito que vinte e cinco.

– Ninguém sabe nada sobre ele? – perguntei exasperada.

– Eu sei o suficiente. – ele disse por fim. – Ele é o melhor atirador e lutador que se tem por aqui. Fala várias línguas e sua profissão é a sua paixão.

– Você o conhecia antes? – continuei meu questionário.

– Eu já tinha ouvido falar sobre ele, ele se tornou famoso quando tinha dezesseis anos, mas foi quando ele salvou a minha filha que eu o conheci de verdade.

– O que aconteceu?

– Ele salvou a minha filha do Nathan, mas isso não foi o suficiente porque dois meses depois ela foi encontrada morta, boiando no rio Appaloosa.

– Meu deus, eu sinto muito. – eu toquei seu braço inconscientemente tentando trazer conforto.

– Minha esposa ficou louca depois disso, ela se matou meses depois.

– Eu nem sei o que dizer. – eu tinha ainda mais raiva desse Nathan. Lissa tinha razão, eu não tinha noção do que esse homem era capaz.

– Não precisa dizer nada, eu sei que tenho uma vida desgraçada, mas já superei isso. Eu não conseguia ficar naquela casa, então depois disso eu passei a ficar na estrada, acompanhando kaluanã, ele tem sido muito bom comigo desde então, eu o considero um filho.

Eu me peguei observando o cowboy novamente. Talvez fosse realmente esse anonimato e mistério todo que chamava a atenção das meninas. Ou talvez sua beleza e imponência. De onde isso veio Rose? Eu balancei a cabeça, afastando pensamentos impróprios dele sem uma camisa.

– Agora, me fale sobre você. – Sr. Nagy me olhava com um sorriso.

– Ah...bem...eu... eu estou indo para Santa Helena. – eu poderia ter feito melhor do que isso.

– Santa Helena?

– Sim, preciso encontrar alguém lá. – ele me olhou por um bom tempo.

– Seu segredo estará seguro comigo. – ele disse por fim.

– Que segredo? – perguntei rápido demais, isso só ajuda a levantar mais suspeitas.

– Eu não sei o que uma moça como você está fazendo aqui e muito menos porque está indo para Santa Helena sozinha. – suas sobrancelhas se ergueram com diversão. Droga, como ele poderia ter descoberto?

– Como? – eu sussurrei com a minha própria voz de volta ao normal.

– Primeiro você se esqueceu de mudar a voz enquanto conversava comigo, várias vezes. – isso não podia voltar a acontecer, eu me repreendi mentalmente. – E tenho outras evidencias, eu vi suas mãos delicadas enquanto cortava os legumes, sua forma de andar e eu aposto que debaixo desse chapéu você esconde um belo cabelo, e o que realmente ajudou foi que você me lembrou da minha filha, ela tinha a sua idade quando morreu. Eu acho que os homens só não descobriram ainda porque você ficou em cima de um cavalo a maior parte do tempo e eles não são tão espertos, se você me entende.

– Não conte para o Tiro Certeiro, por favor. – pedi. Eu tinha medo de que ele fosse me mandar de volta no mesmo instante. Eu não tinha esquecido a forma como ele me arrastou em El Passo para me afastar de encrenca.

– Kaluanã vai descobrir, é um homem esperto. E acho que ele já desconfia que você esconda algo, ele tem estado de olho em você o tempo todo, mesmo inconscientemente.

– Eu só preciso chegar a Santa Helena.

– Eu vou guardar seu segredo, mas eu tomaria mais cuidado se eu fosse você.

– Obrigada Sr. Nagy.

Eu sentei com a roda de cowboys depois disso e estava tendo uma ótima noite com eles. Hoje era dia de contar histórias em volta da fogueira. Eu descobri o nome de mais alguns homens, entre eles Eddie e Adrian. Eddie era um loiro alto com lindos olhos castanhos, já Adrian era muito bonito. Se eu não estivesse vestida como um homem com certeza eu teria paquerado com ele. Seus cabelos eram de um castanho claro que ficavam lindos a luz do sol e seu olho verde sempre mostrada uma expressão divertida e relaxada. Eu me lembrei dele em El Passo, havia muitas garotas a sua volta, quase tanto quanto as que ficavam em volta do Tiro Certeiro.

– O velho Jack é o pior bandido que já existiu nessas bandas. – Eddie contava. A lua estava grande em cima das nossas cabeças e podíamos ouvir o uivo de lobos a distancia.

– Velho Jack não supera o Nathan. Eu ouvi dizer que ele arrancou cada um dos seus dentes com um alicate, um por um, apenas para ganhar uma aposta. Depois ele os substituiu por dentes de ouro. – Adrian contava enquanto bebia de um cantil que tinha um cheiro de bebida forte.

– Eu também ouvi que o Nathan tem uma enorme cicatriz no corpo, que desce do seu pescoço até o quadril. Eles dizem que o próprio diabo lhe deu a cicatriz quando eles fizeram um pacto. – eu revirei os olhos com a história que Mason contou. Eu nunca acreditei em nenhum tipo de religião, muito menos em pactos com demônios.

– Nathan é como um homem qualquer. – Tiro Certeiro interrompeu seus homens. Eles já tinham começado a contar mais historias assustadoras sobre o bandido. – Ele só tem mais influencia que qualquer um de nós, e ficou temido por conta disso.

– Mas eu ainda acredito que ele tenha um pacto com o demônio. O cara só é encontrando quando quer, eu acho que ele se transforma em poeira e simplesmente some. – Eu esperava que esse tal Billy Black pudesse me ajudar, todos insistiam em dizer que ninguém encontrava o terrível bandido e eu já estava começando a acreditar nisso.

Tiro Certeiro ignorou o restante dos comentários. Alguns chegavam a dizer que Nathan prometeu sujar sua mão de sangue todos os dias, e era sempre sangue de inocentes. Outros falavam em como ele era tão rico que poderia comprar todo o Texas se quisesse.

Eu me sentia desconfortável falando sobre ele, esse era o homem que estava ameaçando minha família afinal. E mesmo que eu soubesse que meu pai pudesse se defender sozinho e que nessa hora deveria estar furioso comigo, eu não poderia ficar sentada enquanto o relógio trabalhava contra nós.

– Sr. Nagy me disse que você não leva muito jeito na cozinha também. – eu pulei quando Tiro Certeiro se sentou ao meu lado, longe das vozes dos homens. Eles ainda continuavam a contar suas historias de terror.

– Também? Eu fui muito bem levando o gado hoje. – protestei. Porque ele gostava tanto de acabar com meu bom humor.

– Tão bem que eu precisei colocá-lo atrás da comitiva. – ele riu.

– Eu poderia ter ido à frente, na verdade, eu poderia ficar de vigia essa noite. – ele levantou uma sobrancelha enquanto me olhava divertido.

– Essa noite é o meu turno, você pode me fazer companhia e mostrar que é um homem de palavra. – eu tinha a leve impressão de que ele sempre estava me caçoando. E isso foi durante todo o dia. Quando eu gemia por contas dos músculos doloridos ou quando eu tinha grande dificuldade em andar com aquelas botas ele vinha e fazia uma piada sem graça.

– Eu sou um homem de palavra. – minha voz subiu um tom.

– É claro que é. – ele sorriu. - Mas você nunca me disse, o que está indo fazer em Santa Helena?

– Eu já disse que isso não é da sua conta.

– Eu estou levando você até lá então acho que é sim da minha conta.

– Você não está me levando seu idiota, eu estou indo com as minhas próprias pernas. – eu o olhei e ele ainda parecia divertido. – Você é um estúpido. – eu me levantei me dirigindo para a tenda, ele nunca me levava a sério.

– Eu achei que você fosse um homem de palavras. – ele gritou atrás de mim.

– Eu prefiro perder minha dignidade a passar a noite com alguém como você. – eu entrei na tenda bufando de raiva.


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