Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 3
Ameaças


Notas iniciais do capítulo

Promessa é dívida e como a história recebeu uma recomendação, aqui vai um post duplo só para vocêsss
Imaginem minha surpresa quando eu entrei hoje e vi que recebemos uma recomendação!!! Obrigada a Cidade dos livros, eu ameeei!!! Estou muuuuito feliz que você esteja gostando e como a fic está apenas no começo eu tenho a enooorme responsabilidade de fazer jus a recomendação =)) Esse capítulo é todinho seeeu, espero que goste
Boa leitura a todas...



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Eu estava tão feliz essa manhã. Primeiro porque eu acordei com cheiro de chocolate, dessa vez Alberta tinha realmente feito meus brownies favoritos. E em segundo lugar porque eu estava caminhando até a casa dos Dragomir e não vi sequer a sombra de certo cowboy muito alto, tomara que ele já tenha ido embora para bem longe.

Eu subi os degraus da casa da Lissa, ajeitei meu vestido e bati na porta. Nem dois minutos depois André, irmã da minha amiga, abriu a porta com um sorriso encantador. Quando ele me reconheceu seu sorriso aumentou. Eu me lembrava do André sempre como um moço muito bonito e divertido, mas agora que ele era um homem eu tinha que tirar meu chapéu. Seu cabelo loiro despenteado e os olhos verdes iguais ao da Lissa só fechavam o pacote.

– Rose! – ele me abraçou rapidamente. – Que surpresa vê-la aqui. E, Nossa! Você está incrível. Eu nem a reconheceria se a visse andando pela rua.

– É bom te ver, e você também não está nada mal André. – eu dei meu sorriso sedutor. Ele piscou surpreso.

– Não vai me convidar para entrar?

– Claro, por favor! – ele abriu caminho. A casa dos Dragomir ainda se parecia com a mesma. Rhea Dragomir amava plantas e por isso sua cama tinha mais verde do que o marrom tão comum aqui.

Ele trocou algumas palavras com uma empregada que passava e se virou para mim.

– Lissa já vai descer. Vamos, sente-se enquanto espera. – eu me sentei no sofá de couro e a mesma empregada apareceu me servindo um chá gelado. Eu aceitei agradecida.

– Onde estão Rhea e Eric? – perguntei pelos seus pais.

– Minha mãe foi ao mercado, deve estar de volta em breve, ela sentiu a sua falta – ele disse com um sorriso - Meu pai, como você sabe é um homem ocupado. Um vagão de trem contendo seus bois chega hoje, ele gosta de supervisionar o processo.

Os Dragomir eram uma das famílias mais ricas da região e Eric era um homem que fazia todo tipo de negócios, assim como o meu pai.

– Rose! – Lissa disse empolgada enquanto descia as escadas. – Estou surpresa em vê-la aqui tão cedo, eu pensei que você não levantava a essa hora.

– Alberta fez brownies, reais dessa vez.

– Vejo que ainda mantém o mesmo apetite Rose. – André riu.

– Eu não mudei tanto assim.

– Eu discordo. – ele me olhou com olhos desejosos. Lissa deu um empurrão no irmão.

– Você está comprometido André. – ela o castigou. – E você não vai jogar seus charmes pra cima da minha amiga.

– Comprometido? Eu não achei que viveria para ver esse dia. – Eu me lembro do André no auge da sua adolescência e de como ele gostava de flertar, mas nunca era nada sério.

– Bem Rose, essa é a prova de que as coisas realmente mudam.

– Até parece. Meu pai disse que ou ele se casava ou ficava sem mesada, ele não teve escolhas. – Lissa provocou me fazendo rir.

– Agora eu estou entendendo. E quem é a sortuda?

– Você se lembra da Meredith? – ele perguntou meio tímido.

– Eu me lembro de quando vocês dois sumiam por horas dentro das minas abandonadas e quando eu perguntava o que vocês estavam fazendo você dizia que estavam brincando, só para avisar e nunca foi inocente. – disse com malícia. André ficou roxo e Lissa caiu na gargalhada.

– Agora vocês terão que brincar de marido e mulher irmãozinho.

Nossa conversa se seguiu nesse tópico. André estava noivo há apenas um mês e se casaria porque o pai precisava do filho para herdar a fortuna, e ter uma família era essencial por aqui. Eu já tinha bebido três copos do delicioso chá gelado com limão quando ouvimos tiros sendo disparados do lado de fora.

Nós três corremos para a janela, puxando a cortina para espiar o que estava acontecendo.

– Essa não! – Lissa disse com a mão na boca.

– O que foi? – eu perguntei.

– É o grupo do Nathan. – André parecia preocupado.

– Quem são eles? – perguntei sem intender porque tanto alarde.

– Quem são eles? – André riu sem humor. – Eles são apenas o mais temido grupo de pistoleiros de todo o velho oeste.

– Então o que eles estão fazendo aqui? – um grupo tinha descido e entrava no bar. Os outros ficavam do lado de fora atirando para o alto, fazendo as pessoas correrem de medo para dentro de suas casas.

– Eu não sei, mas coisa boa não deve ser. – um arrepio passou pelo meu corpo enquanto eu observava um dos homens que atiravam para cima. Ele era alto e magro, mas era só isso que eu podia enxergar porque ele usava um chapéu baixo e uma bandana vermelha tapando seu rosto. Mas suas roupas eram caras e bem cuidadas.

Eu assisti os homens saírem do bar e apontarem para o final da cidade. A poeira subiu enquanto eles desciam pela rua.

– Aonde eles vão? – perguntei me afastando da janela e me dirigindo para a porta. A cidade estava deserta e todas as janelas e portas das casas e estabelecimentos estavam fechadas.

– Vamos entrar e esperar até que eles vão embora Rose, eles não são conhecidos por sua generosidade e paciência.

Eu estava voltando para dentro quando vi que eles pararam em frente a uma casa. Eu me senti como se brasa quente me queimasse, eles estavam de frente para a minha casa. Quatro deles desceram, atirando para cima e chutando a porta da entrada aberta.

– Meu pai. – eu saí correndo pela rua e tinha apenas um intuito, saber o que estava acontecendo lá.

– Não Rose! Você não vai querer encrenca com eles. – Lissa e André vinham atrás de mim, mas eu coloquei as minhas pernas para correr levantado a minha saia comprida.

Eu olhei para trás para ver se eles estavam me alcançando e quando olhei para frente novamente fui parada bruscamente por dois braços fortes.

– Onde você pensa que vai? – uma voz com sotaque perguntou e não parecia nenhum pouco feliz.

– Eu não entraria no meu caminho se fosse você. – tentei me soltar. Ele soltou a respiração de forma exasperada e sem nenhum esforço me jogou nos seus ombros e me levou para dentro de uma hospedaria próxima.

– Me coloca no chão seu bruto, idiota e arrogante. – eu batia nas suas costas, mas era como bater em um muro.

Quando entramos pela recepção ele voltou a me colocar no chão e fechou a passagem com seu corpo grande, eu observei que Lissa e André estavam bem atrás dele, me olhando preocupados.

– O que você acha que está fazendo? – sua voz estava furiosa e eu me assustei por um momento, mas seu rosto estava isento de qualquer emoção. – Eu achei que você fosse mais inteligente, sabe quem são eles?

– Eu sei que eles estão na minha casa, com o meu pai. – não era só ele quem estava furioso. Aliás, eu nem sabia o motivo da sua fúria.

– Rose, é loucura. Você não sabe do que eles são capazes. – Lissa tentou ajudar.

– É o meu pai quem está lá. – gritei. Eu vi pena nos olhos do Tiro Certeiro, mas foi apenas um flash e logo ele voltou para sua máscara.

– O que você pretende fazer indo até lá? – ele perguntou agora mais calmo.

Quando eu não respondi, ele soltou uma respiração e continuou.

– Eu não sei o que seu pai fez para trazê-los até aqui, mas você teve sorte de estar fora daquela casa. Eles poderiam usá-la para fazer Mazur sofrer. – talvez eu tenha tido sorte, mas a preocupação pelo meu pai apenas cresceu.

Mais alguns tiros foram ouvidos e eu me encolhi com o barulho ensurdecedor. Eu agradeci que Tiro Certeiro estava mantendo uma postura dura agora, eu não aguentaria uma das suas provocações.

Ele ficava espiando pela janela, e depois que um o grupo de bandidos passou indo embora pela rua, rápidos como lobos, ele fez sinal para sairmos.

A cidade toda pareceu fazer a mesma coisa, as janelas foram abrindo aos poucos e as pessoas voltavam para as ruas, eu só tinha um objetivo, correr para casa.

Quando eu entrei, encontrei minha tia caída ao lado do sofá. Seu vestido estava rasgado e ela chorava.

– Tia Kirova. – me abaixei ao seu lado. – Você está bem?

– Não, aqueles brutamontes me bateram. – então eu observei seu rosto e soltei a respiração. Havia um corte nos lábios e os seus olhos estavam formando manchas roxas.

Eu observei que meus acompanhantes estavam ali também.

– Onde está o meu pai? – perguntei relutante, minha tia apontou para o gabinete.

Tiro Certeiro foi na frente, e assim que ele abriu a porta Lissa soltou um grito. Um dos empregados estava caído e sangue saia pela sua cabeça, ele estava morto.

O cowboy correu para olhar por detrás da mesa de mogno e soltou uma maldição em uma língua desconhecida. Ele se abaixou ao lado de alguma coisa, e quando eu olhei corri para o seu lado.

– Pai! – meu pai estava meio grogue, e havia uma mancha vermelha no seu terno bem passado, uma macha posicionada na sua barriga. Eu me senti tonta, mas me forcei a ajoelhar ao seu lado e pressionar um lenço na ferida causada por uma bala.

– Você. – Tiro Certeiro apontou para André. – Me ajude a leva-lo daqui.

Os dois carregaram o meu pai até o andar de cima e colocaram-no em sua cama. Lissa tinha saído para buscar um médico.

...

– Ele vai ficar bem? – perguntei assim que o médico acabou de tirar a bala. O quarto cheirava a álcool e sangue.

– Ele vai ficar bem, a bala não pegou nenhum órgão vital, mas é extremamente importante que ele fique de repouso por pelo menos um mês. – eu soltei a respiração que eu tinha prendido todo esse tempo. Depois de mais alguns curativos o médico saiu me deixando sozinha com o meu pai desacordado.

O xerife da cidade tinha vindo para cá e feito a carta de óbito do funcionário morto. Ele disse que há anos estavam atrás do bando, mas que era como pegar poeira no ar, impossível.

Ele ficou de voltar para interrogar o meu pai quando ele se sentisse melhor. Já a minha tia, a coitada estava em choque. Lissa e André tinham voltado para casa, preocupados com a mãe.

– Você está bem? – Tiro Certeiro tinha ficado aqui até agora ajudando o xerife e me assustou quando apareceu na porta.

– Não é comigo que eu estou preocupada, disse olhando para o meu pai adormecido.

– Estou indo embora amanhã, mas se você quiser eu posso...

– Eu não estou interessada em um mulherengo como você, eu não sou como as outras garotas que vão cair nos seus braços quando você abaixar o chapéu. – ele me deu um sorriso torto.

– Eu percebi que você não é igual, mas eu só queria saber se você precisa de mais alguma coisa já que eu estou indo embora amanhã para Santa Helena.

– Eu não preciso de nada vindo de você. E fique longe da Lissa, você me ajudar hoje não muda o que eu sinto por você.

– Você já deve ter ouvido falar que eu não beijo uma mulher uma segundo vez, portanto, não é a Lissa que me interessa. – ele disse se aproximando, eu recuei, ficando presa entre a cômoda de madeira atrás de mim e seu corpo. De repente respirar parecia difícil.

– Não adianta tentar usar seu charme comigo camarada. – eu empurrei seu peito o afastando bruscamente.

– Eu tenho charme? – ele perguntou divertido.

–Saia daqui. – eu apontei para a porta.

Ele virou as costas, mas não sem antes abaixar a aba do chapéu me cumprimentando.

Um pouco mais tarde, meu pai acordou e depois de tomar uma canja de galinha eu achei que era hora de interroga-lo.

– Está melhor? – eu disse puxando uma cadeira e me sentando ao seu lado na cama.

– Sim, é preciso mais do que isso para me derrubar. Mas devo confessar que eu já fui melhor.

– O que eles queriam aqui? – fui direto ao ponto. Meu pai suspirou antes de continuar.

– O chefe deles é um homem muito poderoso e fez uma oferta na minha mina alguns meses atrás, mas eu recusei. Como você pode ver ele não ficou muito feliz, o que me faz pensar que aquela mina tem alguma coisa mais importante do que ouro.

– E só por isso eles vieram aqui e tentaram mata-lo?

– Eles vieram me intimidar a aceitar a proposta. Mas comigo não é assim tão fácil, não é uma pistola que me fará curvar a cabeça.

– E o que você disse então?

– É claro que eu disse não.

– E... – não sei por que eu fiquei com a impressão de que tinha mais.

– Eu tenho um mês para repensar, mas até parece que eu vou repensar alguma coisa. Não se preocupe minha filha, assim que eu melhorar estou indo para Santa Helena. Não é só ele que tem um grupo de pistoleiros fiéis, eu só preciso encontrar Billy Black e ele saberá o que fazer.

– Assim que você melhorar? O médico disse que você deve ficar pelo menos um mês sem fazer viagens longas.

– Eu não preciso esperar tanto tempo. – ele protestou e quando tentou levantar gemeu de dor e voltou a se recostar nos travesseiros.

– São cinco dias de viagem até Santa Helena, você não está em condições. Mande recado para esse tal Billy Black te encontrar aqui. – ele riu sem humor.

– Não é tão fácil assim encontra-lo, na verdade, eu não o conheço. Mas ouvi dizer que ele sabe onde encontrar esses bandidos e o chefe deles, Nathan, que é um homem jovem para sua posição. Depois o resto é comigo. Não é a toa que eu sou temido nessas terras minha filha. – eu sabia que meu pai não era flor que se cheirasse, e que ele estava envolvido em assuntos obscuros, como era o caso dessa mina.

– Essa viagem não vai acontecer. Trate de mandar um dos seus capangas fazer o serviço.

– Eu posso tentar, mas nenhum deles vai querer ficar contra o grupo do Nathan.

– Nós vamos dar um jeito nisso depois. – eu disse me levantando. – Vou ver como a tia Kirova está, descanse.

Minha tia estava mais preocupada com o rosto roxo ficar deformado do que qualquer outra coisa e depois de assistir a tanta futilidade fui andar com a Lissa pelas ruas.

– Eu já ouvi falar nesse Nathan, na verdade Rose, eu acho que já o vi uma vez enquanto ia pra Santa Helena. Ele é realmente jovem, loiro e tem os olhos claros. E pelo o que eu ouvi falar dele, só é encontrado quando quer. É um dos maiores ladrões de bancos que se têm notícias, sem falar na quantidade de assassinatos que ele já cometeu. – eu tinha contado toda à conversa para ela e a cada detalhe que eu tinha desse Nathan mais preocupada eu ficava.

– Meu pai disse que um homem em Santa Helena sabe onde encontra-lo antes que ele venha e nos ameace novamente.

– Então só temos que achar esse homem.

– Não é tão fácil assim, o nome dele é Billy Black e não sabemos como ele se parece, na verdade o cara poderia até mesmo ser uma lenda.

– O que seu pai vai fazer? – ela perguntou agoniada.

– Ele quer viajar para Santa Helena, mas o médico o proibiu de fazer viagens longas. – eu tinha uma ideia na minha cabeça, uma ideia que eu sabia que ninguém aprovaria.

– Eu conheço essa cara.

– Que cara? – perguntei inocentemente.

– Essa cara de quem está planejando algo totalmente inapropriado.

– Eu vou para Santa Helena encontrar Billy Black. – eu disse por fim. Lissa engasgou e depois riu.

– Eu quase acreditei que você estava dizendo a verdade. – mas então ela viu minha cara séria. – Rose, você não pode estar falando sério?!

– É isso ou daqui a um mês minha família inteira pode estar morta, pelo o que você fala desse Nathan.

– Deve ter outra saída. – ela já estava começando a ficar branca. – Na estrada existem bandidos, índios selvagens, lobos e isso sem falar nos estripadores Rose e são seis dias pelo menos até Santa Helena.

– Eu sei um jeito de viajar em segurança, mas eu vou precisar da sua ajuda.

– Eu vou conseguir te convencer do contrario? – ela ainda não estava acostumada com a ideia.

– Absolutamente não. – ela deixou os ombros caírem e suspirou.

– Tudo bem, me conte o que você tem em mente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Alguma ideia do que a Rose está planejando?? Essa tá fácil, vaaai =))
Beijos e até o próximo...