Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 28
Sem remorso


Notas iniciais do capítulo

Oii gente
Muita gente perguntou se a fic está no final, sim, estamos chegando ao final =/ Mas ainda tem muita coisa para acontecer, então vocês vão me ver aqui por um tempo ainda hahahaha

E também quero agradecer e dedicar o capítulo à Natália, ela tentou recomendar a fic duas vezes e a recomendação não chegou =/ obrigada Natália..o importante é a intenção =)

Espero que gostem e boa leitura =)



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Capítulo 28 – Sem remorso

– Vamos, Rose! Você sabe que eu teria o prazer de compartilhar minha sela com você. – Eu fuzilei Diego com meu olhar mais mortal.

– Estou brincando, só estou tentou evitar seu aborrecimento com sua tia. – Ele sorriu para mim brilhantemente. – Mas se você considerar a ideia eu adoraria... – Eu lhe dei um tapa forte no braço, fazendo Mark e Tim rirem.

– E vocês dois não fiquem rindo às minhas custas. – Os avisei. Eles voltaram para suas refeições rapidamente.

Já estávamos há quatro dias na estrada e tivemos uma pequena parada próxima a um rio raso. Foi bom poder fugir da minha tia e os cavalos precisavam de água e descanso, assim como todos nós.

O dia hoje estava muito quente, na verdade, eu não me lembrava de um dia tão quente assim. Talvez a culpa fosse apenas dessas estúpidas roupas apertadas e cheias de babados.

Eu e Diego estávamos nos tornando bons companheiros, eu não diria amigos, por que enquanto ele ficasse com seu flerte barato para cima de mim eu nunca agiria com ele naturalmente. Eu não podia dar qualquer chance que ele vinha com uma frase de efeito e piscava para mim. Mas no fundo eu sabia que ele era uma boa pessoa e estava se tornando a parte mais divertida da minha viagem. E eu não me arrependia de tê-lo deixado nos acompanhar, mesmo que minha tia ficasse falando sobre como eu era irresponsável e imatura o tempo todo, e claro, ela nunca saia de dentro da diligência, e quando parávamos em algum hotel para passar a noite, ela protestava de dor nas costas. Eu não tinha remédio nenhum para teimosia e dava de ombros, procurando logo pelo restaurante.

Tim e Mark também pareciam não ter nenhuma objeção ao espanhol e até passavam a maior parte do dia viajando juntos e contando suas aventuras e histórias.

– Você vai comer isso? – Perguntei ao Diego quando vi que ele largou suas fatias de presunto cru e um pão.

Ele sorriu divertido antes de me passar seu pequeno prato de metal.

– Todo seu, Rose.

Ele não precisava falar duas vezes, eu me empenhei em devorar o restante da comida.

– Tem certeza de que isso é normal? – Eu me virei para o Diego, o olhando em confusão.

– Comer desse tanto, eu quero dizer. – Eu o soquei no braço mais uma vez por sua brincadeira e seus sorrisos divertidos.

– Sr. Mazur pediu para dobrarmos os estoques uma vez que a senhorita Rose estava de volta à El Passo. – Tim também estava terminando seu pão, seu quinto pão. Ele era quem para falar de mim?

Os três homens riram e o cocheiro que estavam cuidando dos cavalos nos olhava com curiosidade, mas sorria para minha cara de impaciência.

– Seus traidores! – Apontei para Tim e Mark. – Ele é o estrangeiro intrometido e eu a donzela a ser defendida. – Finge estar ofendida.

– Ah, vamos, Rose! Nós todos já percebemos que de donzela em perigo você não tem nada. – Diego me olhava com olhos brilhantes.

– Tem razão. – Eu o soquei mais uma vez, o fazendo gemer e esfregar o braço. – Eu posso me defender sozinha.

Tim e Mark riam.

– Eles não merecem também? – Diego apontou para meus dois seguranças.

– Não. – Disse de forma longa.

– Mas eles falaram do seu apetite também... – Ele protestou.

– Eu sei. – Sorri. – Isso foi por todas as cantadas que você ainda vai usar.

Mark e Tim voltaram a rir ainda mais e Diego tentou esconder um sorriso, assim como eu mesma.

– Rosemarie! – Ouvi minha tia gritar meu nome e bufei antes de ver o que ela queria.

Aproximei-me da pequena janela da diligência, onde minha tia abanava sua mão muito bem enluvada.

– O que foi tia Kirova?

– Já estamos tempo demais aqui. Vamos andando. – Ela protestou com a voz chorosa, me fazendo revirar os olhos.

– Vou avisar aos rapazes.

– E acho que seria mais apropriado se você ficasse aqui comigo na próxima parada. – Nem pensar!

– Desculpe, tia. Mas eu estou a fim de dar às minhas costas uma vida saudável. Você também não quer dar uma caminhada antes de...

– Não vou sujar meus sapatos nessa terra imunda. – Ótimo! Isso é o que a gente recebe ao tentar ser gentil com essa bruaca. – E já disse que vamos continuar a viagem agora.

– A senhora é quem manda. – Eu disse me virando.

– E não me chame de senhora. – Ela avisou mal humorada, me fazendo rir e colocando um adendo na minha mente para chama-la se senhora mais vezes.

– Parece que é hora de ir, rapazes. – Avisei quando voltei até onde os rapazes estavam sentados, na sombra de uma árvore retorcida.

– Ela já está dando suas birras. – Diego também não tinha sido o melhor admirador da minha tia, mas também, quem era? Às vezes eu achava que nem meu pai que era seu irmão a aguentava.

– Esse é o recorde dela, vamos dar um crédito. – Eu ria.

Então terminamos de juntar as poucas coisas e retornamos para a estrada. Eu fingia dormir para não ter que aguentar minha tia falando ainda mais do tal Henry Conta. Droga, ela não percebia que eu não queria saber de Henry Conta? Eu só queria meu cowboy arrogante ao meu lado. E como ele me fazia falta. Na noite passada eu havia sonhado com ele, estava nos seus braços mais uma vez enquanto ele dizia o quanto me amava e me beijava com aqueles lábios quentes. Quando acordei eu até mesmo podia sentir seus braços a minha volta.

Mas isso levaria um longo tempo para voltar a acontecer. Por que tudo tinha que ser tão difícil? A gente se amava e estava mais do que disposto a permanecer juntos, por que parecia que sempre haveria algo ou alguém para nos separar?

Já foi difícil o suficiente para nós dois deixarmos o orgulho de lado e admitirmos que estávamos apaixonados desde o primeiro dia que nos vimos. Mas eu tinha certeza de que ele era o homem da minha vida desde o dia em que nós fizemos amor ao luar. Ok, isso era romântico demais até mesmo para mim. Mas com Dimitri eu me sentia diferente, completa. E me imaginar longe dele agora me fazia com ainda mais raiva do Nathan. Eu espero realmente que aquele bandido pague por tudo o que ele fez.

O dia logo foi se transformando em noite e o único lugar que tínhamos para dormir era uma pequena vila chamada Brownsville.

– Mais uma hora é devemos chegar senhorita Rose. – Tim avisou quando minha tia começou a reclamar da demora.

– Senhora Kirova agradece Tim. – O homem de cabelos avermelhados se afastou sorrindo enquanto minha tia protestava.

– Eu deveria coloca-la na escola de freiras, Rosemarie! Henry Conta merece algo muito mais educado do que essa sua postura de mulher vagal. Ele não pode nem sonhar com essa sua viagem com uma comitiva de cowboys, Senhor! O que a sociedade da Geórgia diria? – Ela parecia horrorizada com o pensamento.

Eu me perguntava todos os dias por que eu nunca aceitava a proposta do Diego e viajava com ele na sua sela. É claro, eu nunca faria isso, apenas uma pessoa era permitida a fazer isso, e essa pessoa era Dimitri Belikov.

– Tia! – Acabei com seus protestos. – Eu nunca vou me casar com Henry Conta ou com qualquer outro jovem idiota da Geórgia. – Eu já estava cansada desse assunto e era melhor ela saber de uma vez por todas que seus esforços eram inúteis.

– Como não? – Ela perdeu a compostura por um momento, mas logo ela recuperou e ajeitou seu chapéu caindo. – Rosemarie, eu farei a escolha certa para você, minha querida. Tenho certeza de que você irá aprovar. – Ela sorriu, tentando ser simpática. Eu revirei os olhos.

– Eu vou voltar para o Texas assim que meu pai controlar a situação.

– Ibrahim não me falou nada disso. Não me venha com seus truques, Rosemarie. Eu conheço muito bem você.

– Eu vou voltar para cá e então irei me casar com o Dimitri. – Sorri com o pensamento.

– Não brinque comigo, Rosemarie! – Ela gritou, agora mais nervosa do que desconfortável. – Você nunca vai se casar com nenhum cowboy sem nome ou família. Como vamos viver sem dinheiro e nome?

– Vou me casar com o homem que eu amo. – Protestei. – E além do mais, meu pai aprova o Dimitri. – Sorri triunfante.

Ela engoliu ar por um longo tempo procurando por palavras. Eu só queria rir da minha tia solteirona.

– Seu pai deixou bem claro que não a quer com aquele cowboy mulherengo. E você não sai da Geórgia. – Ela bateu seu salto no chão de madeira da diligência como se isso fosse um ultimato.

– Bater o pezinho não adianta, você sabe que eu sou teimosa, senhora Kirova.

Ela ficou vermelha e eu sinceramente achei que ela fosse explodir.

– Rosemarie! Eu nunca fui tão desrespeitada na minha vida! Você e sua mãe são iguais, eu sempre falei para o Ibrahim que uma era cópia da outra e ele nunca me deu crédito. Não me surpreenderia se você largasse sua pobre tia para fugir com aquele cowboy.

Ok, eu teria rido dela em primeiro lugar. Principalmente pelo uso da palavra “pobre tia”, e então eu teria defendido minha mãe insultando minha tia fútil mais uma vez. Mas isso não aconteceu.

Nós ouvimos uns barulhos de tiros do lado de fora e a carruagem fez uma parada brusca nos fazendo cair de qualquer jeito.

Minha cabeça se chocou com a madeira da porta e minha cabeça girou.

– Rosemarie! – Minha tia chamou por mim. Ela também estava caída e seu chapéu tinha se perdido em algum lugar.

Eu forcei minha visão e vi que na sua testa estava se formando um enorme galo um pouco vermelho devido a um corte.

– O que está acontecendo? – Ela perguntou. Minha tia estava assustada enquanto se sentava novamente.

– Eu não sei. – Disse. Minha cabeça doía agora. Droga!

– Eu ouvi tiros. – Ela disse apavorada.

Eu ia responder que qualquer um com duas orelhas poderia ter ouvido, mas então a porta se abriu e eu fui puxada para fora e jogada na terra.

Olhei para cima vendo um homem com roupas de cowboy, chapéu e bandana arrastando minha tia também.

– Por favor! – Ela implorava com lágrima nos olhos. – Leve tudo, mas me deixe em paz! Tenho muitas joias na mala, pode levar! Não me importo.

O homem parecia não se importar também por que ele a jogou do meu lado.

Só então eu foquei ao meu redor.

Tim e Mark estavam sendo arrastados de joelhos. Eles pareciam feridos, pois suas camisas tinham marcas de sangue. Muitos homens tinham nos cercado e estavam bem armados, homens que eram familiares para mim.

Eu abafei um grito, colocando a mão na boca quando vi que o cocheiro estava caído de qualquer jeito de cima da diligência. Ele estava morto.

Tia Kirova chorava histericamente ao meu lado, enquanto eu me levantava.

Eu procurava pelo Diego, eu estava preocupado com ele e esperava que ele estivesse bem.

Só então um cavalo se aproximou e a pouca luz do final do dia fez meus olhos se arregalarem e meus pés foram para trás automaticamente.

Nathan. Ele estava aqui da mesma forma que eu me lembrava dele. Um terno escuro bem feito e bem polido, um chapéu reto fazia uma pequena sombra no seu rosto zombeteiro e a bandana vermelha estava amarrada ao seu pescoço.

– Eu presumo que você seja a encanadora Rose? – Ele sorriu para mim com seus dentes perfeitos.

Eu levantei meu queixo o encarando.

– Eu esperava que você conversasse comigo dessa vez. Nosso último encontro não foi muito agradável, eu presumo.

No nosso último encontro esse filho da mãe tinha matado meu amigo.

– Ainda calada? – Ele perguntou com surpresa. Então suspirou e estalando a língua desmontou do seu cavalo, o dando para um dos seus homens. Com passadas lentas e graciosas ele foi se aproximando e eu desejava ter uma arma para poder acertá-lo na cabeça.

– Rosemarie! – Minha tia choramingava ao meu lado. Ainda caída no chão.

Eu respirava fundo, controlando meu nervosismo. Eu não queria ter medo dele, mas ao mesmo tempo tê-lo tão perto era intimidante. Eu não sabia o que esperar. Por que ele estava aqui? Como ele me achou? E o que tinha acontecido em El Passo? Eu não podia deixar de me sentir preocupada e meu coração se apertou me fazendo vacilar.

– Eu não gosto de pessoas tímidas. – Ele agora estava de frente para mim.

– O que você quer? – Eu rosnei.

Ele sorriu ao ouvir minha voz.

– Ainda estou decidindo. – Ele tentou pegar minha mão, para dar um beijo, provavelmente, mas eu a afastei sem tirar meus olhos dos dele.

– Vai bancar a difícil comigo? Achei que você soubesse melhor, Rose.

Diego ainda não tinha aparecido e eu esperava que ele tivesse ido buscar ajuda.

– Só me diga que droga você quer conosco? Eu não tenha nada de valor aqui.

– É ai que você se engana, princesa. – Eu o olhei com olhos arregalados. Era muita coincidência ele usar o mesmo apelido que o Sr. Nagy usava comigo.

– O que foi? – Ele perguntou quando me viu vacilar, eu havia desviado dos seus olhos por um segundo. – Não gostou do apelido? Eu particularmente acho que combina perfeitamente com você, princesa.

Eu estreitei meus olhos, meu ódio crescendo cada vez mais.

– Você é um homem morto. – Eu rosnei, minha voz saindo mais fria do que eu esperava.

– Eu já ouvi isso tantas vezes, princesa! E nada me acontece, veja. – Ele girou ao meu redor. – Por que seria diferente dessa vez?

– Porque eu estou fazendo isso. – Eu avancei nele, dando um belo soco no seu rosto. Na verdade, acho que meu melhor soco até hoje. Eu só não continuei porque um dos seus homens me segurou por trás, apertando meus braços enquanto eu me debatia.

Eu sorri ao ver Nathan colocar seu maxilar no lugar e limpar a boca cortada, então ele me olhou com raiva.

– Você é mais corajosa do que eu pensei. – Sua voz tinha muita raiva e sua sombra parecia fazê-lo ainda mais alto.

– Me solte e me deixe te mostra como eu posso ser ainda mais corajosa.

Ele riu suavemente. Fazendo-me trincar os dentes.

– Você seria uma ótima parceira. – Ele pegou meu queixo com um aperto firme, e eu estremeci de raiva por não fazer nada enquanto estivesse com as mãos presas. – Mas não sabe escolher em quem confiar. – Ele estalou a língua em desaprovação. – Você tem um coração muito bondoso, e isso é uma pena. – Ele disse com decepção.

– Do que você está falando? – Rosnei, tentei me soltar de ambos os braços.

Nathan soltou meu queixo, mas seu capanga ainda me mantinha firme.

– Vamos Diego! Venha dizer para nossa princesa de que lado você está.

Eu sabia bem qual era o sentimento da traição. Quando minha mãe foi embora eu me senti traída e até mesmo fiquei com raiva no começo. E então o Dimitri partiu sem me dizer adeus e eu me senti traída, mas com o coração despedaçado e dolorido. E então Diego. Eu sentia raiva e queria soca-o até meus braços se cansarem. Mas eu também estava decepcionada comigo mesma por ter confiado tanto nele, mesmo depois do aviso do Dimitri.

Diego apareceu ali com passos vacilantes. O sol já estava sumindo e os homens estavam acendendo algumas lamparinas a óleo. Ele mantinha um semblante sério e sem uma emoção se quer. Ele parecia não ter nenhum remorso.

– Seu filho da mãe! – Eu gritei e mais uma vez tentei me soltar para poder soca-lo assim como eu desejava. Mas o homem que me segurava era muito mais forte e maior do que eu.

Minha tia estava com olhos arregalados e eu vi que ela já estava com as mãos amarradas e tinha um lenço na boca. Mas ela chorava compulsivamente.

– Eu confiei em você seu desgraçado! – Minha cabeça doía ainda mais agora, principalmente pelos meus gritos.

– Vamos pular essa parte sentimental e triste! – Nathan nos interrompeu, estalando a língua. – Diego é um homem de muita confiança minha e se dispôs a descobrir mais sobre a Roza do Dimtri. Claro, eu nunca teria essa informação se não fosse pelo Sr. Victor Dashkov. Mas ele foi muito vago e eu precisava de mais.

Mil xingamentos se passaram na minha cabeça, todos direcionados para mais um idiota, Victor Dashkov.

– Victor me disse que Billy Black estaria de volta em breve, e eu estava curioso sobre isso. Dimitri prometeu não usar essa identidade novamente depois da morte do seu melhor amigo, a qual ele se sente culpado. Mas nada como uma mulher bonita para fazê-lo mudar de ideia. – Nathan sorriu para mim.

– VÁ SE FERRAR! – Olhei para os dois homens na minha frente com raiva.

– Eu sabia que ele se envolveria com Ibrahim Mazur mais cedo ou mais tarde e precisava explorar uma fraqueza dele e adivinha, é aqui que você entra, princesa. Conte para ela, Diego. Conte como foi fácil arrancar tudo o que precisávamos.

Eu achei que Diego não fosse falar, mas por fim ele me olhou nos olhos. E isso fez tudo ainda mais dolorido.

– Eu estava seguindo você, e naquele dia na feira eu observei Dimitri e vi que ele a estava vigiando o tempo todo. Eu precisava de uma prova e a consegui quando ele interferiu na minha aproximação. Ele se preocupa com você e Dimitri Belikov é bom em esconder suas emoções, mas não o amor dele por você.

– Então você fingiu esse tempo todo? A história sobre sua irmã grávida, toda sua vida no México que você me contou era mentira?

– Sim. – Ele demorou responder e Nathan não parecia feliz por ele ter hesitado.

– Diego descobriu que você era filha do Mazur e tudo ficou cada vez melhor. Eu matava dois pássaros com uma pedra só.

– O que você fez com meu pai? Onde está o Dimitri? – Escondi toda minha decepção e tentei me manter firme.

– Eles devem estar procurando por você agora mesmo. Na verdade o Dimitri foi baleado e...

– O que? – Meu coração batia rápido e parecia pesar mil toneladas dentro de mim. Meu peito doía.

– Ele deve estar bem. Afinal, eu e o meu pai criamos o Dimitri. – Nathan disse com orgulho e com um sorriso que me fazia se contorcer por dentro.

– Se você o machucou ou ao meu pai eu juro que...

– Não gaste saliva, princesa. Olhe bem para a situação e seja realista.

– Eu não vou sossegar até que você esteja queimando no inferno. Onde é o seu lugar!

– Princesa...

– PARE DE ME CHAMAR ASSIM! – Gritei. Eu tinha medo de estourar em lágrimas se ouvisse esse apelido mais uma vez.

– Termine de contar, Diego.

– Você confiou em mim para segui-la, então eu passei informações do caminho que seguiríamos e assim seria fácil para o Nathan nos encontrar. Foi fácil. – Ele zombou. Eu o olhei com o máximo de desgosto que eu consegui reunir.

– Diga para ela que você atirou nos seus seguranças? – Nathan pediu, se divertindo com meu sofrimento.

– Mark e Tim? Eles te acolheram como amigo. Como você pôde?! – Eu não podia acreditar no monstro que eu estive confiando como um amigo.

– Eu sabia que precisava fazer isso desde o começo. – Ele deu de ombros.

Eu não conseguia acreditar que o homem gentil e sorridente que alegrou meus últimos dias era tão frio e calculista.

– E de onde você acha que eu tirei o apelido de princesa? – Nathan continuou. – Acha mesmo que é pura coincidência?

Então eu me lembrei de que na primeira noite em que o Diego passou com a gente eu havia contado para ele sobre o Sr. Nagy, inclusive eu havia chorado no seu ombro ao contar sobre meu antigo apelido.

– Seu desgraçado! – Minha voz saiu fraca e então eu percebi que estava chorando. Eu não aguentava mais falar do meu amigo falecido e a decepção que eu tinha acabado de sofrer.

– Ah! Vamos, princesa. – Nathan estava sorrindo. – Eu não gosto de vê-la chorar, Diego aqui foi muito cruel, mas isso é bom para que você aprenda a não confiar em ninguém.

– Por que você está fazendo isso? – Pedi com o peito arfando.

– Dimitri precisa se colocar no seu lugar. – Ele disse sério. – Eu não posso colocar minha reputação em risco aqui, não é?

– Então você vai me matar?

– Uma pena, princesa. – Ele sorria. – Não é nada pessoal, são apenas negócios.

– O que o Dimitri fez para você?! Por que você não o deixa em paz? Ele já não sofreu o suficiente? – Meu peito doía e meus olhos estavam ardendo.

– Não o suficiente. – Nathan parecia distante. – Você não sabe de nada, princesa. Sabe o que é ser trocado pelo próprio pai?

– Do que você está falando? – Perguntei em confusão.

– Meu pai amava o Dimitri. O garoto perfeito. Ele sempre foi melhor que eu em tudo e meu pai percebeu isso, e adivinha o que aconteceu?

Eu fiquei muda, sem saber o que dizer. Então o tempo todo Nathan estava em algum tipo de vingança idiota.

– Você sabe a resposta, Rose. Meu pai começou a chamar o Dimitri de seu preferido e dizia que ele seria o próximo nome que o Texas temeria. Mas como sempre o Dimitri é bom demais para isso, ele é perfeito, não é mesmo?

– Dimitri nunca quis isso. – Eu disse com a voz fraca. – A única pessoa que ele considerou seu pai era o Sr. Nagy, e você o matou, seu desgraçado!

– Meu deixe terminar. – Ele tinha um olhar sádico. – Dimitri foi embora e não estava lá quando cercaram a fazenda e mataram meu pai. Sabe quem ele chamou antes de morrer?

Eu não precisava responder.

– Ele pediu pelo seu filho preferido. Dimitri nos abandonou e roubou tudo de mim mesmo depois que eu e o meu pai o ensinamos tudo e o acolhemos. Eu só quero tirar tudo dele também. – Ele disse me olhando com um sorriso estranho.

– Você é doente! – O olhei com raiva.

– Não diga isso, princesa. – Ele voltou a se aproximar de mim, segurando meu rosto. – Eu sou o espelho do homem que você ama, eu o ensinei tudo.

– Dimitri nunca foi e nunca será igual a você.

A próxima coisa que eu sabia era que sua mão acertou meu rosto com força, aquilo ia deixar marca, com certeza. Eu podia sentir gosto de sangue na minha boca, mas não podia me apavorar ou mostrar medo, por isso eu continuava a encará-lo.

– Eu posso ver por que o Dimitri se apaixonou por você. – Ele ainda tinha meu rosto ardendo em suas mãos. Eu podia ver Diego atrás nos olhando sem emoção. – E tenho certeza de que ele nunca vai se perdoar se algo acontecer a você. E isso é ótimo.

– Ele vai caça-lo até no inferno. E tenho certeza de que meu pai estaria ao lado dele. – Rosnei.

– Eu adoraria vê-los tentando. – Ele sorriu e estalou a língua chamando pelo Diego.

– Vamos para Brownsville. Traga ela. – Ele apontou para mim enquanto se afastava para seu cavalo.

Com a ajuda do outro homem, Diego amarrou minhas mãos e prendeu minha boca com um lenço.

Eu mantive meus olhos nele, tentando mostrar todo meu ódio. Mas ele não me olhava e parecia não ter remorso nenhum.

Antes de irmos eu os vi tirando a vida dos meus dois seguranças. Mark e Tim eram homens bons e que tinham família esperando por eles. Perdas que nunca poderiam ser reparadas.

Eu e minha tia fomos jogadas na diligência – literalmente - e Diego nos acompanhava ali dentro. Sempre com a pistola em mãos e olhos para qualquer lugar longe dos meus. Eu só esperava que tudo isso terminasse logo, por que se eu morresse eu queria ter a certeza de voltar para assombrá-los.


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram? Odiaram? Comentem!!!!
Beijos e até o próximo