Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 27
Meio dia


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente
Desculpe por não ter postado o post duplo antes, mas eu estive realmente ocupada!
para compensá-la eu coloquei dois capítulos em um só, por isso esse é o maior da fic até agora =) Espero que gostem

Vou responder a todos os comentários!!! Me desculpem por isso, mas sempre que eu tiver um tempinho corro aqui e por favor nunca deixem de comentar, eu amo isso!

Boa leitura



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Capítulo 27 – Meio dia

Eu acho que poderia morrer de tédio a qualquer momento. Tinha me esquecido como ficar em um pequeno espaço por tanto tempo com a minha tia Kirova era quase enlouquecedor.

– Henry Conta se formou com diploma de honra em Cambridge. Ele já é um dos advogados mais conceituados de toda a Geórgia, isso porque ele ainda está com seus 23 anos. Seria perfeito para você, Rosemarie. Mas não se esqueça do que falei, ele aprecia mulheres bem arrumadas e educadas, ele ama música clássica, e gosta de vestidos azuis, tudo isso segundo sua tia Kristin. Além de amar crianças, imagina só, um homem bem formado, de bom gosto e que sonha em ter uma família, ow, Rosemarie, ele é perfeito...

Blá, blá, blá...

Deixei minha tia falando sozinha e me afundei em meus próprios pensamentos, rezando para que a cidade de Santa Fé chegasse logo. Era onde passaríamos a noite e enfim eu poderia dar aos meus pobres tímpanos um pouco de paz.

Chegamos à cidade quando já estava anoitecendo. Apenas um pedaço do sol manchava o horizonte. Santa Fé era uma pequena cidade rica da região, famosa por seus assaltos à banco e por seus cabarés vindos diretos da França. Ou seja, atrai muito homem rico. Mas era a única cidade próxima o bastante onde poderíamos passar a noite, era isso ou convencer minha tia a dormir em uma barraca no meio das pradarias.

As ruas largas já estavam quase vazias, a não ser pelos bares movimentados. Nossa diligência seguiu até um hotel bem apresentável e que era discreto. Não queríamos atrair atenção de ninguém, tínhamos que passar por todo o Texas sendo invisíveis. E mesmo assim meu pai se preveniu, mandando dois de seus homens para nos acompanhar de cavalo.

Já no hotel, minha tia pediu por um banho relaxante e disse que me veria amanhã de manhã. Ela estava resmungando de dor nas costas e em todas as partes do corpo quando subiu as escadas para o segundo andar. Eu adoraria ver como ela se sairia tendo que permanecer quase um mês na companhia de cowboys.

Os homens do meu pai pegaram um quarto ao lado dos nossos e ficaram mais tranquilos quando eu prometi não sair do hotel. Eles provavelmente foram avisados da minha reputação.

Assim que acertamos a estadia eu saí para procurar comida, pois estava morrendo de fome a horas. O restaurante estava quase vazio, o que era bom. Então não vi problema em comer ali ao invés de me trancar no quarto.

Fiz meu pedido e fiquei tomando um chá gelado enquanto esperava pela refeição.

Tim e Mark, os homens do meu pai, ficaram ali tomando uma bebida e esperando pela sua própria comida. Mas eu sabia que eles ficariam ali de qualquer jeito para me vigiar.

Meu chá já estava quase no final quando eu senti uma mão pousando no meu ombro. Meu primeiro instinto foi pegar a mão e a torcer para longe de mim, um gemido de dor foi seguido.

Então a situação ficou realmente muito louca quando Mark e Tim tiraram suas pistolas da cintura e se aproximaram as apontando para o homem atrás de mim. Que eu só percebi quem era quando me levantei e o encarei.

Diego tinha as mãos em rendição e parecia assustado com toda a situação inesperada. Eu soltei um suspiro de alívio percebendo que não era ninguém ameaçador.

– Podem abaixar as armas, ele é inofensivo. – Eu me dirigi aos meus dois seguranças.

– Estou feliz que se lembre de mim, Rose. – O espanhol sorriu de forma brilhante.

Mark e Tim pareciam não saber se confiavam realmente no homem, então ele se apressou.

– Não vou fazer nenhum mal para a Rose, eu só a encontrei e vim para dar um olá.

Os dois abaixaram as armas e voltaram para sua mesa, mas não tiravam os olhos do estrangeiro que não soube mostrar confiança. Eu voltei a encarar Diego.

– Está me seguindo?

– Estou na cidade desde ontem. Depois que você me rejeitou não tinha mais nada para fazer em El Passo.

– E o que você está fazendo aqui? – Perguntei com curiosidade.

– Apenas de passagem, estou indo visitar minha irmã no México. Ela acabou de dar a luz ao meu primeiro sobrinho. – Ele sorriu com orgulho e eu imaginei que sua irmã fosse importante para ele.

– Sente- se estrangeiro. – Pedi, ele ficar de pé ali já estava me deixando desconfortável. Ele sorriu, se sentando na pequena mesa de madeira, de frente para mim enquanto tirava o chapéu.

– Agora que eu respondi sua pergunta é a sua vez de responder a minha.

– Eu não fiz nenhum acordo sobre isso. – O lembrei.

– Essa é a regra da vida. Não há nenhum acordo.

– A vida diz que eu mando na minha boca e digo o que eu quiser na hora que eu quiser. – Ele riu.

– Eu tinha me esquecido de como você é arisca. Achei que estava delirando de bêbado, mas vejo que tudo o que eu me lembro daquela noite é verdade. Aliás, eu lhe devo um obrigado.

– Se você me chamar de arisca novamente eu juro que você vai esquecer esse obrigado em breve. E não foi nada, como eu disse não ia deixar você passar a noite na rua.

– Eu gosto de conversar com você, esperar por qual será sua próxima resposta surpreendente é contagiante.

– Não se empolgue demais só por que o convidei para se sentar na minha mesa.

– Eu já aprendi essa lição.

Minha comida chegou nesse momento, e o cheiro fez meu estômago gritar em desespero, fazendo Diego rir. Ele pediu uma bebida para me acompanhar.

Sem perder tempo eu comecei a devorar o frango com bacon e batata.

– Então, você ainda não respondeu a minha pergunta. – Diego estava bem a vontade na sua cadeira, com seu peso todo para trás.

– Que pergunta?

– Você vai me permitir perguntar?

– Só diga de uma vez. Mas não prometo nada. – Eu estava mais curiosa na verdade.

– Por que você está aqui? E com toda essa segurança? – Eu engoli um pedaço de batata e o encarei.

– Também estou de passagem. – Eu não poderia ser menos específica que isso.

– Desculpe-me a curiosidade. – Seus olhos dourados me encaravam. – Mas você é uma mulher de muitos mistérios. Primeiro a encontro se escondendo em El Passo e agora quando tento tocá-la sou ameaçado por dois brutamontes. Você por acaso é uma foragida?

Eu ri, pois parecia que ele estava mesmo considerando essa possibilidade.

– Posso garantir que não estou fazendo nada que esteja fora da lei.

– É um alívio ouvir isso. Pois eu pensei que conversar com você poderia colocar minha integridade em risco, e o pior é que eu adoraria correr esse risco. – Diego era um homem bonito e faria qualquer mulher suspirar com suas palavras, mas meu coração já estava muito bem domado.

– Eu devo chamar Mark e Tim ali ou você vai parar com o flerte. – O encarei com um sorriso zombeteiro. Ele engoliu em seco e voltou a se recostar na cadeira, tomando certa distancia de mim.

– Também me esqueci de como você é uma mulher difícil.

– E espero não ter que lembra-lo.

– Isso não será necessário. Mas voltando ao assunto. – Ele disse depois de limpar a garganta. – Você está indo para onde depois daqui?

– Pegar um trem em Santa Helena. – Eu disse sem olhá-lo, me concentrando na minha comida.

– Eu adoraria acompanha-la. Mas vejo que você está bem assessorada. – Ele falou olhando para meus seguranças, que o encaravam de volta, mas não podiam ouvir o que conversávamos.

– Meu pai pode exagerar na minha segurança às vezes.

– Seu pai está certo, essas redondezas são perigosas para uma moça bonita como você. Se você estivesse sozinha eu faria questão de acompanha-la.

– Amanhã vou estar bem longe daqui. – Dei de ombros.

– E quando você volta? Eu adoraria vê-la mais uma vez, como eu disse, gosto de conversar com você. – Diego era um cara legal de se conversar também, mas eu nunca iria admitir.

– Ainda não sei. Mas eu sei que volto.

– Então você está se mudando? – Ele pareceu surpreso e eu até vi uma luz de decepção nos seus olhos claros.

– Sim. Estou voltando para minha antiga casa na Geórgia. – Bufei.

– Você não gosta de lá. – Ele observou. – Então por que voltar? Fique aqui.

– Eu adoraria, mas eu não posso.

– Por que não? Alguém a está obrigando?

– Ninguém está me obrigando. Estou apenas fazendo o que eu acho certo e eu fiz uma promessa também.

– Promessa é algo forte. – Ele suspirou.

– Eu sei.

– E o Tiro Certeiro? – Eu o olhei franzindo a testa.

– O que tem ele?

– Ele deixou você ir embora?

– Por que não deixaria? – De onde Diego poderia tirar essas suposições?

– Eu não sei, mas pela forma como ele defendeu você naquela noite eu supôs que você fosse importante. – Se erámos tão óbvios assim estávamos perdidos.

– É só... É complicado. Mas digamos que ele está esperando por mim.

– Então estou certo em dizer que vocês têm algo? – Ele parecia decepcionado mais uma vez.

– Sim. Ele tem meu coração. Eu disse pra você não se empolgar demais quando o convidei para se sentar.

– Posso ver. – Ele disse cabisbaixo. – Tiro Certeiro sempre foi sortudo. – Eu não sabia o que dizer então eu fiquei em silêncio.

Eu acabei de comer logo depois e me sentindo cansada me despedi do estrangeiro. Desejando boa sorte com o sobrinho.

– Foi bom encontra-la novamente, Rose. – Ele sorriu brilhantemente.

– Srta. Mazur, sua tia está chamando por você. – Mark estava de pé ao lado da minha mesa.

– Já estou me retirando.

– Srta. Mazur? – Diego parecia surpreso. – Você é filha de Ibrahim Mazur? – Droga!

– Não diga a ninguém que você me viu aqui, Diego.

– É claro, mas por quê? – Agora ele estava ainda mais confuso.

– Apenas esqueça esse nome. – Ele acenou em concordância e eu confiei que ele manteria a boca fechada e também ele estava indo para o México, bem longe de onde o Nathan estaria.

...

Na manhã seguinte, eu acordei com a minha tia quase derrubando a porta do meu quarto. Eu me perguntava onde estava a boa educação dela nessas horas.

Com muito custo, eu me levantei e coloquei mais um dos meus vestidos caros e apertados. Dessa vez um amarelo apagado com uma quantidade exagerada de panos na parte de trás. Eu não tive opção quando percebi que minha tia tinha deixado minhas roupas confortáveis para trás. Aquela megera ia me pagar ainda.

O café foi servido ainda no quarto, pois segundo Mark e Tim, o restaurante estava mais cheio do que na noite de ontem e era melhor evitar multidões.

Antes das sete da manhã já estávamos todos prontos para seguir viagem.

– Ande logo, Rosemarie. Não vejo a hora de deixar toda essa poeira para trás. – Kirova disse, para em seguida soltar um espirro fino. Mark a ajudou a subir na diligência e quando eu já estava fechando a porta, um cavaleiro parou ao meu lado. Com roupas de couro e parecendo pronto para viajar. Eu afastei a cortina de algodão para poder vê-lo melhor.

– Veio dizer adeus? – Diego me cumprimentou com seu chapéu marrom.

– Na verdade eu gostaria de acompanha-la.

– O que?!

– Rosemarie, o que está acontecendo? – Minha tia viu pela janela que eu conversava com um cowboy e fez cara de desgosto.

– Estou indo para Santa Helena pegar um trem para o México e achei que seria uma boa companhia. – Ele tinha seu sorriso brilhante e eu percebi que durante as manhãs seus olhos ficavam ainda mais claros.

– Estou ouvindo direito? Quem é esse, Rosemarie?

– Ele é um amigo, tia. – Disse com cautela. Então me virei para o Diego. – Você poderia viajar muito mais rápido se estivesse sozinho.

– Como eu disse, gosto de conversar com você, Rose. Vou apreciar a viagem.

– Rosemarie! – Minha tia já estava berrando nos meus ouvidos. Indignada com a proposta. Mark e Tim pareciam receosos, mas não pareciam achar que o espanhol fosse trazer problema.

E também me lembrei de que com Diego ali eu poderia ao menos fugir um pouco da minha tia, além de aborrecê-la...

– Se você nos atrasar ou me aborrecer eu não vou hesitar em te dar um tiro, entendido? – Ele sorriu divertido com minhas palavras, mas pareceu leva-las a sério.

– Tudo bem, estranha.

– Você não pode passar por cima das minhas ordens, Rosemarie...

– Podemos ir Mark! – Gritei. Então nosso cocheiro começou a se mover, enquanto Diego seguia com Mark e Tim, já fazendo amizade com os dois. Ele era um homem simpático e poderia ser uma companhia muito melhor do que minha tia Kirova.

– Seu pai vai saber disso, Rosemarie! Mais um cowboy? Você acha que Henry Conta ficaria feliz ao ouvir sobre essa sua reputação e...

Eu daria tudo para ter um cavalo e poder viajar com os outros rapazes.

...

POV Terceira Pessoa

O meio dia se aproximava da pequena El Passo. Todos os moradores ali sabiam o que aconteceria naquele horário e por isso muitas janelas e portas estavam sendo fechadas e crianças estavam sendo postas para dentro de suas casas. Nathan era um assassino e era temido também naquela cidade onde já deixara tantas desgraças, um nome que já era temido há tempos, desde seu avô.

Ibrahim Mazur e Dimitri Belikov estavam no escritório da propriedade dos Mazur, uma propriedade grande e um nome que emanava respeito ali.

Ibrahim estava agradecido por ter uma filha inteligente e esperta. Rose era a coisa mais preciosa para o fazendeiro e ficara preocupado quando ela sumiu por quase um mês, ele até chegou a pensar que o Nathan e seus homens a haviam levado como forma de vingança, mas Vasilisa o havia acalmado e quando a filha apareceu com nada menos que o famoso justiceiro Billy Black ele não pode ficar bravo com ela, preocupado sim, mas acima de tudo orgulhoso. Mas sua filha não precisava saber disso, ele não queria apoia-la para se meter em novas encrencas.

E ele se surpreendeu ao descobrir que Billy Black era o famoso cowboy conhecido aqui como Tiro Certeiro ou como Rose gostava de chama-lo, Dimitri Belikov. Ele era mais jovem do que qualquer um poderia esperar, mas dos homens ali era o mais preparado para enfrentar o assassino. Não podia se deixar enganar, Dimitri lhe dissera sua história. O russo poderia ser o melhor assaltante de bancos ou assassino que quisesse ser, era um homem perigoso quando queria e quando precisava. Mas tivera tudo o que já amou tirado dele, e tinha cede de vingança contra o vilão que tinham em comum. Mas o maior trunfo do cowboy era conhecer Nathan como ninguém mais conhecia.

– O que Nathan mais dá valor são seu nome e status. – Dimitri dizia. Ibrahim estava sentado na sua cadeira de couro, mas Dimitri permaneceu em pé e parecia ocupar grande parte daquele espaço, não apenas pelo seu tamanho, mas também pelo seu jeito de comando. – Vamos enfraquecê-lo se o colocarmos em posição de humilhação. Ele não vai aceitar a perda tão fácil, mas ele é um homem sensato e não vai transformar isso em um banho de sangue logo de cara. Se precisar ele irá recuar e se preparar novamente. Mas ele não vai simplesmente aceitar que perdeu, e temos que torcer para que ele não venha com nenhum truque na manga. – Isso era o que mais preocupa Dimitri, ele sabia que Nathan não ia simplesmente aceitar uma recusa, e tinha receio da reação que isso provocaria.

– Então ele não ficará nenhum pouco feliz quando eu recusar sua oferta. Você não acha que ele pode usar seus homens como escudos enquanto dispara contra nós? Eu não gostaria que isso se transformasse em um tiroteio. – Ibrahim dizia enquanto coçava sua barbicha, ele estava pensando em como poderia intimar o bandido.

– Ele não gosta de receber um não como resposta e não vai aceitar isso facilmente. Mas ele também não vai arriscar perder seus fiéis homens enquanto não tiver algo contra nós, por isso temos que estar bem armados para intimidá-lo. – Dimitri conhecia muito bem seu irmão de criação. Ele sabia que Nathan não era temido e tinha chegado aonde chegou por pura sorte. O bandido era inteligente e usava a cabeça, não fazia nada de forma precipitada.

– O que você sugere que façamos, Dimitri? – Ibrahim confiava no ultimato do russo. Assim como ele passou a confiar nele para proteger sua filha. Ele sabia que Rose estava apaixonada por ele e vice versa, era fácil perceber isso apenas olhando para os dois. Mas ele colocou essas preocupações para depois, sua filha estava em segurança e eles precisam resolver o aqui primeiro.

– Vamos apenas segurar as coisas por enquanto. Não podemos dar a vantagem para ele, ou ele usará sem hesitar. Vamos mostrar que nessas terras quem manda é Ibrahim Mazur.

Abe gostava de como o russo pensava e estava confiante que o plano iria funcionar, pelo menos temporariamente.

–Meus homens estão dispostos a defender a cidade. – Ibrahim disse.

– Assim como os meus. Eles odeiam o Nathan quase tanto quanto eu. – Dimitri sabia que ele não fora o único a sofrer perdas por conta do assassino. Muitos dos seus homens já tinham perdido parentes nas mãos do Nathan ou dos seus homens. Sem falar que o Sr. Nagy e Ivan eram queridos por todos.

– Somos maiores em número. – Ibrahim meditou, ainda coçando a barba. – Ao menos teremos essa vantagem, e com Rose longe não há nenhuma fraqueza que pode ser usada contra nós.

Dimitri suspirou ao se lembrar de sua amada. Ele nunca se perdoaria por tê-la magoado. Mas ele não podia deixar que Nathan a usasse para atingi-lo, ela sabia disso ao menos e ele esperava que quando tudo se acalmasse ela o perdoasse, pois ele faria de tudo para que eles ficassem juntos. Ele pediu silenciosamente para que ela estivesse em segurança, e confiava em Mazur para proteger a filha.

Acertaram mais alguns detalhess e passaram tudo para os homens dispostos a ajudos. Quando o relógio apontou que faltavam quinze minutos para o meio dia todos se colocaram em uma enorme fila na entrada da cidade, pistolas na mão e olhos no horizonte. O sol forte acima de suas cabeças e a poeira impregnando suas roupas não era nenhum incômodo quando havia preocupações maiores.

Logo uma nuvem de poeira foi vista ao longe. Os homens parados na entrada da cidade pareciam nervosos e seguravam as rédeas dos cavalos com força, na outra mão havia armas carregadas e prontas para serem usadas se fossem necessárias.

Um grupo de homens se aproximava da cidade e agora todos podiam ver que realmente se tratava do grupo do Nathan.

O bandido seguia na frente, com o termo preto bem passado e sem um grão de poeira. Assim que se aproximou do grupo ele tirou sua famosa bandana vermelha e sorriu, mas ele não estava feliz com o que estava vendo e desejou matar cada um daqueles homens e faze-los sofrer por desafiar sua autoridade. Mas o que mais o surpreendeu foi encontrar Dimitri Belikov ali, seu irmão de criação sabia tudo sobre ele, inclusive suas fraquezas. Isso não era algo animador, mas o bandido tinha outro trunfo em mãos e não via a hora de usá-lo se fosse necessário.

– Ora, ora! – Nathan parou a uma distancia segura, mas que era boa o suficiente para ser ouvido. – Dimitri Belikov! Não esperava encontra-lo novamente em tão pouco tempo e aqui de todos os lugares. – O homem loiro tinha um sorriso sádico no rosto. Todos seus homens já estavam com pistolas em mãos, apontando para os homens que estavam ali para defender a honra do Mazur assim como esses, que a propósito estavam em maior número do que ele imaginava. Mais uma vez ele culpava Dimitri Belikov por atrapalhar seus planos. Parecia que Billy Black estava de volta. Talvez ele não tenha sofrido o suficiente ainda, Nathan teria certeza de não repetir esse erro novamente.

– Não perca seu tempo com formalidades, Nathan. Nós dois sabemos o porquê de você estar aqui e eu só tenho a dizer que o melhor que você deve fazer é virar as costas e voltar de onde quer que você tenha vindo. – Dimitri estava se segurando para não acertar o bandido com seu winchester, mas isso não o impediu de manter a arma apontada para ele o tempo todo.

Nathan pareceu ignorar suas palavras e mantenho seu sorriso frio se virou para o Mazur.

– Ibrahim Mazur! Onde está minha educação? Espero que tenha melhorado do nosso último encontro, creio ter sido um pouco brusco. – Nathan tinha um sorriso zombeteiro que faria qualquer homem com raiva. Mas Mazur era um homem que podia se controlar muito bem.

– Eu pareço melhor do que da última vez não é? Afinal eu tenho minha espingarda apontada para sua testa. – Nathan gostou da provocação. Tudo era um jogo para ele e ele gostava de jogadores hábeis.

– Eu não estaria aqui se não achasse que você fosse um homem de altura para mim, caro Mazur. E vejo que você sabe escolher muito bem seus aliados. – Ele voltou a encarar Dimitri, que estava totalmente concentrado nele.

– E como meu aliado já disse, eu sugiro que você volte de onde quer que tenha vindo, você não vai conseguir nada aqui.

– Calma, cavalheiros. – Nathan tinha uma pistola grande em mãos, mas ela não estava apontada para lugar nenhum. Ele tinha seus homens para cuidar do trabalho sujo se fosse preciso. – Não precisamos tratar isso com grosserias. Estou aqui apenas para conversar e eu espero que vocês colaborem.

A cidade estava em silêncio total enquanto ele falava, e os homens que ali estavam apenas se concentravam em manter as armas apontadas uns para os outros, esperando para ver quem seria o primeiro a atirar.

– Espero que tenha trazido a escritura da minha mina, Senhor Mazur. – Nathan ainda tinha seu sorriso zombeteiro. Ele sabia a resposta, afinal, nenhum daqueles homens estaria ali se o acordo tivesse sido favorável para ele. E ele também sabia do homem que o Mazur era e tivera apenas sorte da primeira vez, pois o havia pegado desprevenido. Mazur era um nome respeitado nessa região, mas Nathan precisava da mina para ter total poder sobre quatro grandes cidades e amedrontar essa pequena cidade matando o maior nome seria apenas prazeroso para ele. Mas vendo Dimitri entre eles tornava a situação pessoal demais, se ele perdesse era mais do que negócios, era o ego ferido.

– Você não vai ter minha mina, Nathan! – Mazur gritou, sua voz fazendo eco pelas ruas vazias da cidade. – Essa cidade é minha, você não vai ter poder aqui. E vou dizer apenas mais uma vez, vai embora se não quiser ter uma bala enfiada no meio dessa sua testa maldita.

Dimitri se surpreendeu com as palavras do homem mais velho. E ele não pôde deixar de sorrir com isso, pois agora ele sabia de onde Rose tinha puxado seu gene.

Nathan estalou a língua em desaprovação, uma mania que ele não conseguia perder.

– Eu esperava resolver as coisas rapidamente por aqui. – Ele balançava a cabeça em desaprovação. – Mas são vocês que me forçam a ser o vilão... – Ele quase parecia desapontando de verdade. Quase.

– Já acabou com seu discurso, Nathan? Ninguém aqui tem medo de você e tenho certeza que teríamos uma discussão ao decidir quem teria o prazer de acertá-lo primeiro. – Dimitri não queria deixar o bandido gostar do jogo. Ele precisava lembra-lo o tempo todo de que naquelas terras Nathan não tinha autoridade.

Nathan não gostou nada da intromissão e achou que aquele era o momento perfeito para usar sua arma secreta. Pois uma coisa que o seu pai o ensinou era que não importa os meios, mas sim vencer no final. E ele sempre tinha um plano B em mente.

– Tudo bem, vocês querem que eu seja o vilão. – Ele estalou a língua. – Acho que vocês me pegaram de surpresa hoje. Mas adivinhem, tenho uma surpresa para vocês também.

Ibrahim sentiu um nó no estômago. E Dimitri franziu a testa, preocupado, ele sabia que podia esperar qualquer coisa do Nathan.

– Do que você está falando? Não adianta vir com suas mentiras. – Dimitri resolveu jogar, não mostrar a fraqueza para o bandido era importante.

– Estou falando da sua preciosa Rosemarie. – Dimitri achou que tivesse levado um tiro no coração naquele momento e sabia que não conseguiu esconder suas emoções. Assim como Ibrahim que soltou uma maldição e avançou seu cavalo um pouco.

– Não há lugar para ameaças vazias aqui. – Mazur disse.

Mas Dimitri já sabia melhor. O bandido não fazia ameaças vazias e isso o encheu de medo. Ele já tinha visto esse filme.

– Parece que o Dimitri não ensinou tudo sobre mim. Eu sei que Rose é sua filha, Ibrahim, eu sei que nosso russo aqui é apaixonado por ela, e eu sei que ela esta nesse momento seguindo viagem até Santa Helena.

Todos congelaram com as informações, a maioria ali conhecia a jovem Rose, principalmente os homens do Dimitri, que gostavam muito da garota e todos estavam dispostos a defendê-la, principalmente Adrian, Christian e Mason que tinham enorme consideração por ela. O próprio Dimitri apertou a arma ainda mais, ainda a apontando para o irmão de criação. Ele nunca sentiu tanta raiva como agora. Sua Roza estava correndo perigo, mesmo que ele tivesse feito de tudo para impedir isso. Ele se perguntava onde ele tinha errado, e Mazur estava se perguntando a mesma coisa.

– Agora vocês ficam mudos? – Nathan ria, alegre pela vitória.

– Deixe minha filha fora disso, seu maldito! Ou eu juro que mato você.

– O que você quer para deixa-la em paz, Nathan? – Dimitri sabia que não conseguiria nada com o bandido de outra forma.

Nathan continuou sorrindo para isso.

– Eu sempre te ensinei que o amor é o ponto fraco de qualquer homem, Dimitri. – Ele dizia.

Dimitri sabia que Nathan e o pai o ensinaram muitas coisas erradas, e essa era uma delas. Ele nunca tinha sido tão feliz.

– Apenas diga o que quer?! – Mazur gritou. Ele faria qualquer coisa para ter sua filha em segurança. E mesmo não sabendo se aquilo tudo não se passava de um blefe, ele não iria arriscar.

– Eu quero a escritura da mina. – Nathan parecia impaciente agora que o controle estava nas suas mãos.

Mazur tirou o pedaço de papel grosso e amarelado do bolso interno do paletó e o estendeu para o bandido.

– Fique com a mina, mas deixe minha filha em paz. – Nathan não disse nada, apenas deu sinal para que um de seus homens avançasse, pegando a escritura.

– Foi ótimo fazer negócio com você, senhor Mazur. Não irá se arrepender. – Nathan sorria triunfante. Aumentando a raiva de cada um daqueles homens.

Dimitri já pensava em outra maneira de impedir o bandido, quando seu nome foi chamado e ele sabia que daquilo não viria boa coisa. Seu peito se apertou ainda mais

– Dimitri! – Nathan sorria em sua direção e estalou a língua antes de falar teatralmente. – Você sabe que eu sempre ganho. E sabe também que eu não gosto de traição. – Sua cara agora ficou séria. – Eu te dei uma chance para pensar em entrar no meu grupo no nosso último encontro, que aliás, sinto muito pelo seu amigo velho. Mas isso é passado, eu não gosto de deixar pessoas impunes por seus atos. Eu avisei que você não iria gostar desse caminho contrário ao meu. Espero que tenha dito adeus a sua Rosemarie, porque eu vou sair para encontra-la agora e vou ter prazer de aproveitar daquele rostinho lindo e mata-la de uma forma bem dolorida em seguida. – Dimitri sentiu seu sangue ferver, ele ficou praticamente cego de raiva.

– Não se atreva a encostar um dedo nela! – Ele rosnou com a voz sombria. Seus homens também estavam inquietos.

– Você já teve o que queria, deixe minha família longe disso. – a voz do Mazur saiu firme.

– É uma pena, uma jovem tão bonita. Acho que devo agradecer ao meu amigo Victor Dashkov pela informação. Ele disse que você era apaixonado pela moça e eu não posso deixar isso acontecer, não é? Que tipo de tutor eu seria se o deixasse fazer o contrário do que eu ensinei?

– Você não vai sair vivo daqui. – Dimitri enfureceu-se, apontando a arma para o loiro.

Com um sinal de mão vindo do próprio Nathan o tiroteio começou. Dimitri tentou acertar o bandido, mas antes uma bala o acertou no ombro, desviando sua mira. Ele tinha quase certeza de que não deixou Nathan sair ileso. Enquanto isso Nathan se virou e fugiu pela pradaria, acompanhado de alguns homens. Os poucos que ficaram seguiram com o tiroteio, mas como eram em menor número ou foram mortos ou levados para a prisão.

– Você está ferido, Dimitri. Sugiro que procure o médico da cidade. – Mazur o olhava preocupado. Eles estavam de frente para a cadeia da cidade. O xerife tinha sido morto a dois meses pelo próprio Nathan e o substituto ainda não havia chegado, mas os homens do Sr. Mazur ficariam ali de guarda até que a segurança voltasse.

– Estou bem. - Dimitri não estava nem sentindo seu braço sangrando, provavelmente não era uma bala tão profunda, ele estava mais preocupado com as mortes que aconteceram ali, incluindo homens seus. Mas seus pensamentos estavam na sua Roza e em como ele tinha que livra-la das garras do Nathan.

– Você não vai poder ajuda-la desse jeito. – Mazur parecia um pai mandando seu filho para a cama. – Cuide do seu braço. Eu vou cuidar de tudo pra podermos deixar a cidade o mais rápido possível. – Dimitri via a preocupação de pai nos olhos dele, mas sabia que Mazur era um homem poderoso e que nunca deixaria que fizessem algo com sua preciosa filha.

Dimitri queria sair naquele momento, correr atrás da sua Roza e leva-la com ele, onde ela estaria em segurança. Mas Ibrahim tinha razão, ele não podia sair e sangrar até a morte. Não ajudaria em nada.

– Tudo bem. – Sua voz estava devastada e derrotada.

– Não se preocupe, Nathan pode ser cruel como dizem, mas ele ainda não conheceu minha Rosemarie. Vamos encontra-la.


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Notas finais do capítulo

Ferrou? Esperam por essa? Me contem o que acharam?



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