Acidente de Trânsito escrita por Blue Butterfly


Capítulo 4
Diamantes


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora (foge do linha de tiro)
Eu quase perdi a história, mas aqui está mais um capítulo ^^



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Jasper não sabia se aquilo tinha sido realmente um convite ou apenas uma brincadeira, por isso ficou na dúvida se devia seguir Rosalie ou ir para a mesa dos nerds quando a aula de física acabou.

Mas Jane certamente sabia o que fazer, pois saiu da sala ao lado dele e nem por um momento o deixou sozinho. Ela irradiava felicidade, havia sido extremamente elogiada pelo professor e seu bom humor era notável.

Já Rosalie, sentada numa mesa bem no centro do refeitório, não demonstrava nenhum tipo de humor, embora a aula anterior houvesse sido estressante. A menina pegou a maçã a sua frente e deu uma mordida, mas fez uma careta rápida. Ao seu lado Emmet riu discretamente, a boca lotada de pizza, e estendeu sua maçã para ela, uma maçã bem mais doce do que ela pegara.

Rosalie olhou para ele e sorriu o mais doce possível, depois sua expressão esvaziou, deixou a doçura e voltou para o vazio. Emmet também voltou toda sua atenção para o prato lotado na sua frente. E na ponta da mesa, Edward observava-os com aprovação.

–Jasper? – chamou Jane.

Ele observava a mesa dos “estranhos” quando notou que Jane precisava de atenção absoluta.

–Me desculpe – ele pediu –Poderia repetir?

–Eu estava elogiando o seu poema – mas suas palavras já não eram tão amigáveis.

–Obrigado Jane. Você também fez um belo poema.

–Todos nós fizemos – interrompeu Victória, os olhos injetados de maldade – Mas alguém poderia me explicar o que foi aquele poema da Rosalie?

–Eu me arrepiei toda –confessou Jane – Me dá medo o jeito que ela lê, é tão... Assustador.

Ela estremeceu, fosse por medo ou pela rajada de vento que acabara de passar no refeitório, e Jasper, numa atitude mecânica, passou o braço direito pelas costas de Jane, protetor. E ela não reclamou.

–Eu achei meio pretensioso – continuou Victória – Era como se ela fosse irresistível.

O garoto franzino sentado perto deles, chamado Marcelo, riu e disse com simplicidade.

–Rosalie sabe que ela é um diamante.

–Fria e dura – brincou Victória fazendo os outros rirem.

–Não seja idiota – contrariou Marcelo – A palavra diamante significa inconquistável. E Rosalie, queiram ou não, é inconquistável.

As meninas na mesa, todas sem exceção, lançaram um olhar mal para Marcelo e depois observaram Rosalie com desprezo. Na outra mesa, Rosalie continuava impassível, comendo a maçã de Emmet.

O sinal tocou e os alunos saíram do refeitório numa organizada desordem típica dos jovens. Na mesa de Rosalie os estudantes simplesmente se colocaram de pé e saíram sem se despedirem, indo quase separados para suas salas, com exceção para Edward e Bella que andavam de mãos dadas e Emmet e Jacob, que tinham a maioria das aulas juntos

Já na mesa de Jasper, os jovens se despediram, a maioria saindo em duplas ou trios. Jane fez questão de acompanhar Jasper novamente, Victória ao lado da garota parecendo entediada.

Na porta da sala as duas se despediram e foram para as suas salas enquanto Jasper entrava na sala, levemente tenso com o iminente encontro com Rosalie. Porém a garota não estava na sala, e mesmo quando o ultimo sinal soou ela não apareceu. Na aula seguinte ela também não foi e ninguém a viu na saída.

E no dia seguinte, quando Jasper entrou na sala de literatura, o lugar dela estava vazio.

–Você está preocupado – observou Jane no meio da aula.

–Rosalie faltou – ele confessou, o rosto em chamas.

–Rosalie, Rosalie, Rosalie... Você já percebeu que só fala nela? – a voz da garota tremeu numa estranha fúria contida.

–Não percebi, mas acho que é inevitável.

–Você está apaixonado por ela?

O tom era cético, Jasper pensou na pergunta por alguns instantes, o que ele sentia era confuso, estranho e primitivo.

–Rosalie – ele explicou – é como um catalisador, ela me faz reagir de um modo impulsivo, eu me descontrolo quando estou perto dela, atitudes que eu teria depois de anos de provocação ela me faz ter em um único dia. Não Jane, eu não sei se estou apaixonado por ela, tudo o que sei é que a odeio profundamente, mas me interesso por ela com a mesma intensidade de meu ódio.

–Isso é estranho – admitiu Jane – Se ela fosse uma garota comum você sentiria o mesmo por ela?

–Não, na verdade eu nem prestaria atenção na sua existência. Marcelo estava meio certo quando classificou Rosalie como um diamante.

–Por que meio certo?

–Porque Rosalie realmente é inconquistável, mas Rosalie não se vê como um diamante, ela se vê como ela mesma, a garota estranha, terrivelmente impassível, a rocha que ninguém pode atingir, mas que chama a atenção dos outros. Jane, se Rosalie fosse comum ela não seria a Rosalie, porque ser a Rosalie é ser estranha, ou melhor, diferente.

Eles ficaram quietos por um momento, copiando o resumo que o professor passara, mas antes de ter terminado, Jane perguntou:

–Você acha que ela tem sentimentos?

–Não – ele respondeu prontamente – Mas se tiver... – e engoliu em seco.

–Se tiver...? – incentivou a menina.

–Se ela tiver algum sentimento ele deve ser terrivelmente forte.

A voz dele saíra assustada e tremula, Jane percebeu e olhou curiosa para Jasper, ele estava pálido e suava. Tentando acalmá-lo, ela brincou:

–Espero que ela não tenha nenhum sentimento de inteligência, nossa mesa já está cheia.

Ele riu, então se lembrou do que ela dissera sobre Bouwen e uma nova ideia surgiu na sua cabeça. Se Henrique Bouwen saíra da mesa dos nerds para a mesa dos estranhos, os outros do grupo também deveriam ter vindo de alguma outra mesa.

–Jane, aceita uma pequena investigação sobre o passado dos estranhos?

–Querendo saber sobre os antecedentes criminais? – ela perguntou sorrindo.

–Mais ou menos. Aceita?

–Sim, eu aceito – ela continuava sorrindo, mas de repente ficou séria e prosseguiu – O que vai acontecer se descobrir que ela não passa de uma garota comum representando um papel tolo e idiota?

Ele pensou, depois respondeu com um sorriso triste que não sabia, mas pensaria sobre aquela hipótese e arrumaria alguma solução.

O sinal interrompeu a conversa deles, e eles foram para o refeitório.

Naquele mesmo horário o relógio de pulso de Rosalie fez um barulho estridente e irritante. Ela apertou dois botões e o relógio se silenciou. Rosalie caminhou para a geladeira da oficina e pegou uma maçã vermelha.

A sua frente uma moto única, jamais haveria um modelo igual ao daquela moto, já que tanto a parte de fora como a parte de dentro foram projetadas especialmente para o comprador. Era uma moto rápida, econômica e leve, com três cores diferentes: Amarelo, laranja e vermelho, banco de couro amarelado e designer animal de um pavão.

Rosalie era um dos gênios responsáveis pela moto, fora ela quem a desenhava e distribuía as cores. Desenhar motocicletas era uma das paixões da garota, e lá nunca conhecera ninguém que a superasse nisso.

Com uma pontada de orgulho Rosalie se abaixou perto do tanque da moto e colocou uma pedrinha no lugar certo, como se essa fosse a assinatura de sua obra de arte. A pedrinha, um pequeno diamante, brilhou levemente, iluminada pela luz forte da oficina.

–Trabalho concluído! – ela exclamou satisfeita.

Levantou-se e foi para o outro cômodo da oficina, o que restava da maçã devorada jogada no lixo. No outro cômodo havia um pequeno espaço utilizado como estúdio, era ali que ela melhorava ou criava diferentes e inusitados modelos. Baseava-se principalmente em seus amigos. Motos e pessoas eram parecidos para ela. Muitos queriam motos rápidas, econômicas, leves, bonitas, estáveis, com jeito de vencedora de corrida, e que não precisassem muito de concertos. E Rosalie unia esses desejos a seus amigos e a si própria.

Rosalie era veloz, não sabia o que era limite de velocidade, e amava correr e sempre fazia seus trabalhos na oficina bem mais rápido que o esperado.

Alice era econômica, ela sempre sabia o preço certo a se pagar por uma peça, como pechinchar e como conseguir as coisas por preços insignificantes.

Demetri e Reneesme eram leves, com gestos delicados, corpo esguio e traços suaves. Nunca estavam bravos e irritados, mas uma aura de calma os rodeava eternamente.

Bella e Felix eram belos, tanto por dentro como por fora. E a beleza deles era algo diferente e encantador. Bella tinha um jeito angelical enquanto Felix possuía uma beleza selvagem.

Emmet era estável, um porto seguro em meio a tempestade, o mundo poderia estar caindo, mas ele continuava o mesmo.

Edward e Seth eram vencedores, a liderança fazia parte de suas personalidades, a autoconfiança era uma constante, eles sabiam o que queriam e como atingir seus objetivos.

Jacob era incrivelmente forte, do grupo era o mais violento e normal, seus sentimentos, ainda não muito bem controlados, eclodiam como numa explosão. Porém, apesar de instável, Jacob era quem protegia o grupo, a sua força dava segurança aos outros.

Rosalie sorriu, pensando carinhosamente em cada um deles, enquanto observava as fotos em cima de sua escrivaninha. Estava entretida nisso quando a porta foi aberta e alguém entrou no cômodo. Ela ouviu, com uma tentação insuportável, o tilintar de chaves sendo postas em cima de uma mesa.

–Você gostou? – ela perguntou, virando e olhando para Emmet.

–Ficou muito bom – ele respondeu, parando um pedaço de pizza no meio do caminho até a boca – Pena que eu não possa ter uma igual.

–A sua é muito melhor – Rosalie retrucou com convicção.

–Melhor que a sua Savana?

Os olhos dele brilharam de provocação enquanto Rosalie sorria friamente, deliciando-se com aquele desafio.

–Vamos correr – ele convidou.

Emmet pegou sua chave e saiu do cômodo, Rosalie fez o mesmo e logo eles estavam com os seus brinquedos favoritos, a expressão maravilhada de uma criança na frente de um parque de diversões. Emmet fez a última provocação enquanto colocava o capacete.

–Se prepara para comer poeira!

–Só nos seus sonhos – Rosalie revidou rindo.

As motos dispararam. Rosalie acelerou o máximo que podia, ela sabia que sua moto, Savana, corria em mais do que a Fênix, a moto do Emmet, mas ela também sabia que a moto de Emmet era mais estável que a sua, de modo que ele dificilmente precisava frear. Ele dominava qualquer tipo de estrada, seu equilíbrio era raro e invejável, e ele normalmente ganhava as corridas aproveitando-se dos terrenos em que seus adversários deveriam frear caso quisessem continuar na pista.

O vento passa por seus corpos, a adrenalina os empolgava e crescia assombrosamente.

Eles não faziam ideia de quanto tempo havia corrido até que chegaram a um campo aberto e Rosalie freou até parar. Emmet parou do lado dela quase do mesmo instante que ela o fez.

–Ficou com medo de perder? – ele perguntou.

–Fiquei –ela respondeu com sinceridade – Você podia ter escolhido um caminho sem tantas curvas, eu mal pude acelerar direito – ela se queixou.

–Você estava correndo demais, tem que controlar melhor a sua velocidade.

Emmet estava preocupado com isso, ela percebeu logo que ouviu seu tom de voz. Rosalie fez uma careta, a ideia de diminuir a velocidade lhe era horrenda.

–Eu não vou me machucar Emmet – ela garantiu

–Você não é indestrutível – ele disse com calma.

–Eu sei – Rosalie admitiu – Mas às vezes gostaria de ser.

–Não queira isso – Emmet pediu – Edward falou que um dos significados da palavra diamante é indestrutível, eu não quero de forma alguma te ver fria e dura como um diamante.

Rosalie olhou para ele e sorriu, feliz por Emmet sempre ser o mesmo com ela.


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Notas finais do capítulo

Sorry pela demora, de verdade. Eu não desisti dessa história não, eu tive apenas um pequeno problema, mas voltei a postar e pretendo mandar um capítulo por semana. Bjs e comentem