Danger escrita por Vespertilio


Capítulo 26
O depois


Notas iniciais do capítulo

Ainda tem alguém aí?
Hey o, depois de não sei quanto tempo cá estou eu para esclarecer algumas coisas (ou não) hahauhahauahuahau. Não vou ficar pedindo desculpas porque... Enfim, boa leitura



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Campos Férteis de Lorien/ 5 anos depois.

Olhou para seus súditos com o ensaiado sorriso no rosto. Desde que se casara com Kaylo, há cinco anos, não houve um dia que não se perguntara, se poderia existir na galáxia uma vida mais mentirosa do que a sua. Sabia que deveria amar o marido, sabia o certo a se fazer. E assim fazia, assim era. Porém, apesar de estar fazendo o bem de todos, em seu íntimo não se sentia bem.

– A princesa está esperando um filho. – Ela apenas fez que sim com a cabeça, apesar daquela frase não ter soado como uma pergunta, talvez ele precisasse de uma resposta. – Nosso segundo filho – Ele continuou. – O povo de Lorien e de Asgard terá mais um laço, laço que, se depender de mim, será eterno.

Então seu marido depositou um beijo suave sobre sua barriga e o povo urrou. Pouco depois do casamento eles haviam feito um pronunciamento parecido com aquele. Para anunciar a chegada daquele que seria o herdeiro e o responsável por manter a aliança entre Lorien e Asgard. Gabe. A pessoa que Skye mais amava na sua vida.

Nunca soube o motivo de ter dado esse nome ao seu filho, mas quando olhou para o rosto da pequena criança em seus braços, esse foi o nome que lhe veio à mente. Sentia que queria fazer isso, diferente de tudo que fazia por dever, era algo que realmente tinha vontade. Sendo assim, a criança foi batizada como Gabe, o filho da aliança e união, o responsável pelos povos de mundos.

No entanto, seu filho parecia alheio a tudo aquilo que lhe falavam. Não puxara a ela em quase nada, tampouco ao pai. Isso a fazia, secretamente, pois não podia demonstrar tais emoções em público, admirar seu pequeno príncipe. Ele não fazia as coisas porque lhe mandavam, fazia porque sentia vontade. Havia algo de genuíno e encantador na teimosia daquela criança, que lhe trazia um sentimento de saudade.

– Princesa. – Ele a chamou naquele mesmo dia, horas mais tarde.

– Sim, meu filho? – Falou agachando-se ao lado dele. Os olhos negros eram quase hipnotizantes e o cabelo, da mesma cor, teimava em cair-lhe sobre a testa. Tentou afastar-lhe os fios rebeldes, mas ele deu dois passos para trás. Apesar de espirituoso, havia momentos em que o filho era incrivelmente robótico.

– Você não pode fazer isto, não aqui. Eles estão olhando. – Gabe sussurrou e ela entendeu. Aquele não era o comportamento que esperavam dela, abaixar-se para ficar de igual a uma criança. Afinal, um dia ela seria a rainha daquele povo, não deveria mostrar banalidades como esta à frente dos serviçais da casa. – Mas mamãe, vamos ao meu quarto.

– Às vezes eu me pergunto, Gabe, se você tem mesmo três anos... – Sussurrou de volta enquanto subiam as escadas. Se havia outra coisa que seu filho era, era precoce. Aos dois anos já falava perfeitamente e aos três já podia escrever algumas palavras e formar pequenas frases.

– Mamãe, você sabe que eu vou fazer quatro anos em dois dias. – Sim, ela sabia. Estavam, ela e o marido, planejando uma festa. – Eu não quero uma festa, desta vez eu quero outro presente.

– Que presente?

– Eu quero ir à Terra, mamãe. – Ao ouvir isso, olhou para os lados, sobressaltada, o filho não poderia estar falando sério, poderia? Estavam a sós e seguros para falar do que bem quisessem ali, no quarto dele, mas ainda assim, viagens para Terra estavam proibidas há décadas. Desde antes do nascimento dela.

– Você sabe que é proibido meu filho. – Foi o mais dura que pôde, queria dar por encerrada a conversa.

– Então, o que são essas coisas mamãe? – A criança arrastou uma caixa de debaixo da cama. – Eu achei essas coisas na casa do jardim...

– Você foi àquele lugar? Gabe...

– Mamãe! O que são essas coisas? – Ele abriu a tampa da caixa – Você e essas pessoas, você mamãe, você...

Skye sentou-se no chão e pegou uma das coisas de que o filho falava. Eram fotos. E na maioria delas, estava Skye. Vestia-se de maneira diferente, portava-se de maneira diferente. Não havia um castelo, ouro, ou qualquer uma das coisas que lhe cercavam ali, mas ela estava feliz. Era perceptível só de olhar. Na primeira das fotos, ela estava com um casal de loiros. Os três sorriam alegremente, como se fossem velhos amigos. Na outra, o casal aparecia novamente, desta vez, havia mais dois homens, Um que tinha a idade de seu pai e outro mais novo. Nesta foto, todos sorriam também, exceto o último listado, aquilo lhe dava uma aparência robótica e encantadora.

Continuou remexendo na caixa, sentia que conhecia àquelas pessoas de algum lugar. Só de olhar para as fotos a saudade que sentia em seu peito, que parecia sem fundamentos, diminuiu gradativamente. E então aumentou, fazendo seu coração acelerar de tal maneira, que parecia querer sair pela boca. Não sabia como, não sabia o porquê, mas estava com saudade daqueles que apareciam nas fotografias.

– Mamãe? – Gabe estendeu algo para ela.

Uma caixinha. Dentro dela, um pequeno objeto prateado e redondo, descansava. Skye pegou o círculo frio entre as mãos e observou o que parecia ser um pássaro gravado nele. Era uma insígnia. Nunca havia visto nada igual em Lorien. Virou o objeto quando sentiu que algo estava gravado em suas costas.

O que leu quase a fez gritar.

S.H.I.E.L.D., Agente Skye.

Então tudo lhe veio à mente de forma rápida e dolorosa. Como um soco. Não sabia como faria aquilo, mas ela e o filho teriam que visitar a Terra. O mais rápido possível.

~*~

Terra, Nova York/ 09h52min.

Há quanto tempo ele não fazia a barba?

Três meses? Seis meses? Mais? Menos? Não sabia dizer. Já fazia muito tempo que o tempo não lhe fazia sentindo algum. Já fazia muito tempo que caminhava nas ruas como um fantasma, que parecia não ter vida própria. E de certo modo ele não tinha. Se ainda estava vivo era pelo único propósito de achar aquela mulher. A mulher que estragara sua vida completamente.

– John. – Escutou uma voz lhe chamando, mas não se virou para conferir quem o chamava. Ele já sabia. – John, até quando você vai me ignorar? – Acelerou os passos, ela também. – Eu já te pedi desculpas, você quer que eu me ajoelhe?

– Eu quero que você se afaste. – Falou sem olhar para trás.

– Isso tudo porque eu mexi nas suas coisas? – Quase conseguia ver a garota revirando os olhos. – Eu só queria saber mais sobre você... E eram só fotos.

– Só fotos? – Ecoou as duas últimas palavras de forma incrédula. – Aquilo é a única coisa que me restou dela, Alison. Então nunca, em hipótese alguma, diga que são apenas fotos. Porque não são.

– Ela era muito bonita.

Havia algo de errado na frase de Alison. Ela era muito bonita, que erro. Ela é bonita. Porque ele sabia que ela estava viva. Porque cinco anos atrás ele levara um tiro e fora salvo por um pedido dela. Porque cinco anos atrás ele estivera em seu casamento e escutara ela dizendo seu nome no meio da cerimônia. Mas então, ela voltou à pose hipnótica na qual entrara no casamento e dissera as palavras, as palavras que separaram eles definitivamente.

– É. – Disse tentando colocar um fim naquela conversa dolorosa.

– Qual o nome dela? Onde vocês se conheceram? Qual a história de vocês? Quanto tempo ficaram juntos?

– Alison! – Falou um pouco alto de mais, gostava muito da garota, mas ela lhe tirava a paciência fácil, como certa pessoa já tirara. – Por favor, me dê a chave.

– Hã? – Por um momento ela pareceu não entender, mas ao olhar para a porta do apartamento onde moravam ela voltou a si. – Por que você sempre esquece sua chave? Como você é desatento John! - Ele não havia esquecido a chave, tampouco era desatento. Só queria parar com as perguntas que ele era incapaz de responder. Como ele explicaria para alguém uma história que nem mesmo ele entendia?

– Obrigada. – Disse enquanto abria a porta.

– Mas, John?

– Hm?

– Você não vai mesmo me contar a sua história?

– Eu já lhe contei. – Bufou jogando-se no sofá. – Eu sou um escritor falido, que nunca conseguiu vender nada. O quanto mais você quer que eu me humilhe?

– Eu quero que você pare de mentir. – Ela foi categórica. Nunca havia falado com ele assim antes. – Você me resgatou e me ajudou quando eu mais precisei, mas eu sempre soube que você não era um escritor. Olha pra esse lugar, cara – Ela gesticulou para o apartamento em que estavam. – Falido? Falido? Você poderia contar uma mentira melhor... Ou, poderia me falar a verdade. Eu esperei pacientemente que você me contasse, mas nada.

– E você resolveu insistir?

– Exato.

– Esqueça Alison.

– Me conte sua história, John. – Ela remexeu na bolsa e o estendeu um objeto metálico. – Ou eu deveria chama-lo de Agente Grant Ward?


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Notas finais do capítulo

Vou tentar postar o próximo o mais rápido