Sonhos da morte do pai de Luca me assombram de noite, acordo sobressaltada toda vez que vejo seu sangue escorrer pelo chão ladrilhado da casa de campo, o homem com vestes cinzas, sem expressão, atirando em um homem na frente de seu filho.

Estou em meu quarto, onde também dormem Libby, Finnick e Luca. Decido fazer uma pequena caminhada ao redor do lago onde meu pai e eu pegamos meu primeiro peixe. Sentei-me a beirada do lago com meus pés balançando dentro d'água.

Fico por um bom tempo assim, pensando, lembrando em como minha vida era antes de todo esse caos, agora nem minha mãe se lembra de mim. Escuto um barulho e me ponho de pé rapidamente.

— Calma, sou só eu. - Diz Benjamin. - Não sabia que vinha aqui também. - Ele se senta e assim eu o faço.

— Não venho, é que ultimamente venho tendo sonhos ruins. - Respondo com sinceridade.

— Normal que isso aconteça. Eu tinha pesadelos o tempo todo quando tive contato com o passado de alguém pela primeira vez, você se acostuma depois de alguns dias e os pesadelos somem.

— Que assim seja. - Digo com um sorriso.

— O que te inquieta?

— Esse tal Froamming e meus pesadelos sempre são os mesmo, sempre sobre a morte do Charles, o sonho é o mesmo, mas a pessoa que morre não. Ás vezes é meu pai, outras são Luca, você e até mesmo eu.

— Sinto não poder resolver seu problema com os maus sonhos, mas sobre Froamming, há algo que eu saiba. O que quer saber?

— Quem é ele?

— Lewis Froamming era um agente d'A Origem e, também, um Meta. Ele possuía os poderes normais de um Meta, mas também era como nós, ele podia ver o passado e isso facilitava em grandes escalas seu trabalho. Lewis era controlador e queria todos aos seus pés e bom... se não os conseguia, os matava.

— Por que ele era contra sua própria espécie?

— Não sabemos. Lewis era um homem curioso e nem sempre compreendido. Em 1990, ele planejou algo extremamente grande contra os Metas, não sei como, mas ele havia descoberto algo que, de alguma forma, poderia acabar com os poderes de todos os Metas. Ele iria usar esse algo contra nós, mas nunca nada aconteceu. Em 1997, os Metas decidiram caça-lo, foi uma operação e tanto, durou uns dois meses para pegá-lo, até que no fim deram ele como morto, mas parece que ele está vivo, pelo que Charles disse.

— E por que ele é perigoso?

— Ele é o Meta mais poderoso que existe. Ele é conhecido como o Puro Herói.

— Puro Herói? - É difícil assimilar um homem desse calão a um herói.

— O nome é meio contraditório, mas o poder de Lewis é tão forte que chega a ser puro, como se aquilo viesse dele, fosse ele, não apenas uma questão de controle do tempo. Pense em Cronos e você estará pensando em Lewis.

— E como vamos detê-lo?

— Então, essa é a parte difícil, isso é quase impossível de ser feito. - Diz ele com um sorriso torto. - Preciso ir, acho que o sono me alcançou. boa noite, Annie.

— Boa noite.

Esse Froamming é um peso na nossas costas. Está cada vez mais difícil de lidar com essas situações e cada vez mais nosso número diminui. Esse é o meu medo, não quero mais perder ninguém e que para isso seja realizado, Froamming tem de ser parado.

O vento começa a ficar mais forte e sou forçada a entrar. Gosto de pensar que, agora, estamos seguros, mas que essa segurança não vai durar muito tempo.

Encontro meu pai na cozinha lavando os pratos da noite passada.

— Parecem anos desde que eu te vi lavando louça da última vez. - Digo rindo. - Tenho saudades desses dias.

— Também tenho, Annie. - Ele olha para mim e sorri.

— Você os visita?

— Quem?

— Mamãe e Zender. Você os vista?

— Claro. Não posso deixá-los, mesmo que seja perigoso, não consigo deixá-los. - Balanço a cabeça.

— Será que eu posso visitá-los? Eles podem voltar a se lembrar de mim? - Pergunto esperançosa.

— Você pode visitá-lo, mas eles não se lembrarão de você, isso é irreversível, sinto muito. - Seus olhos voltam tristes ao meu rosto, mas eu me contento, só quero vê-los.