Divergente - por Tobias Eaton escrita por Willie Mellark, Anníssima


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Queremos agradecer mais que oficialmente hoje, as nossas meigas e divas leitoras que recomendaram^^

Manu Maddox, America Odair, Izzy Eaton, Iza Black, Ella Steele, Aloenne, Tete Sá, Izzy Langdon, Ferpequetucha e Marissa Alcantara.

Bem-vindas leitoras novas Tete Sá, Marissa Alcantara, Biaa Gama, nanda snape cullen, Sonhadora Dixon, Liah Singer e ... Aloenne, Ferpequetucha, , valeu por terem feito a maratona e comentado todos os capítulos.

Quem quiser passar em nossa fic de Convergente, fique à vontade!!!
http://fanfiction.com.br/historia/497964/Coracoes_Convergentes/

Voltaremos assim que tivermos mais comentários! Recomendações são bem-vindas também!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/465150/chapter/25

O corpo quente e macio dela descansava sobre o meu peito. Com os olhos fechados e o sono calmo, ela conseguiria enganar alguém que não a conhecesse, fazendo-o acreditar que ela é uma garota serena e comum. Até Eric caiu em suas artimanhas de garota frívola. Tris usa a baixa estatura e a pouca idade a seu favor em alguns momentos, mas ela não o faz de forma confortável. Ela não gosta de fingir vulnerabilidade e nem se vitimizar perante as situações.

Sorrio sozinho.

Nas últimas horas eu sinto que intensificamos nossa conexão e nos aproximamos ainda mais. Eu me alegro que ela se sinta mais à vontade para me contar seus temores e incertezas. Um dia ela me verá com plena confiança. A mesma confiança que deposita em seus pais e em seu irmão. O tipo de confiança que se tem nos familiares e em pessoas que se amam.

Era difícil imaginar alguns meses atrás que eu me sentiria desta forma e que encontraria uma garota que me visse da forma como ela vê. Como se eu fosse transparente e todos os dados de minha vida fossem de fácil acesso para ela e isso não me deixa inseguro tal como sempre me sinto ao ver meus segredos ameaçados.

Tris está certa. Precisamos avisar aos membros da Abnegação o mais rápido possível. Depois do banquete de hoje trabalharemos em formas de ajuda-los como pudermos. Eu estou certo de que ela conseguirá uma boa colocação e, assim, como conversamos, poderá escolher um cargo que requeira se interrelacionar com as outras facções. Isso será fundamental para que ela possa informar ao menos seus pais sobre a guerra. E, talvez, como última opção, nós poderíamos pedir aos sem-facção que nos abrigassem.

Não me agradava a ideia de pedir algo à Evelyn, mas as vezes é inevitável tomarmos decisões que vão contra o nosso querer.

Som de passos apressados, corre-corre e gritos etílicos ecoam próximo ao meu quarto, como uma noticia que nosso tempo juntos acabou e é hora de saber os resultados da iniciação. Olho para baixo e observo seus cabelos loiros desarrumados em seu rabo de cavalo e a mão esquerda espalmada sobre meu tronco. Ela se mexe despertando aos poucos. Abre os olhos azuis, vira o rosto para cima e mira-os em minha direção. Eu me pergunto se é possível que haja momento em que seus olhos sejam menos belos.

Tris encosta seus lábios nos meus e se levanta. Ela prende novamente os cabelos enquanto eu calço meus sapatos e a observo calçar os seus e vestir sua jaqueta. A mesma jaqueta que deu início à discussão sobre os limites de nossa relação. Estendo minha mão para ela e entrelaço nossos dedos. Não é preciso palavras agora, então, nos limitamos a nos dirigir ao refeitório.

Ao que parece ela não está mais nervosa e tensa como estava logo após sair de sua paisagem do medo, o que me faz pensar que era somente insegurança quanto a mim e quanto ao que eu sentia por ela. Tris acha que eu não vejo os olhares de esguelha que ela me lança e eu sorrio com o fato de que ela é bem ingênua às vezes.

Quando chegamos nos separamos e entro depois dela. Eu me junto à mesa onde se encontra Zeke, Shauna, July e Lauren. Todos já se encontravam mais alegres e falantes do que de costume, mas eu nego a bebida que Zeke me oferece. Eu tenho planos de me encontrar com Tris ainda hoje e não quero estar com a mente nublada quando tivermos nossa outra oportunidade juntos. Disfarçadamente, olho para o lado oposto e a vejo conversando com Will e Christina.

“Onde estava Quatro? Já não é mais um instrutor e ganhou o dia de folga agora que o teste final acabou. Poderia ter vindo e ficado conosco”. – Shauna diz. Eu sei que ela não está contente com meu afastamento nos últimos tempos. Desde que éramos iniciandos da mesma turma e a ajudei em sua preparação para as provas físicas de luta nos tornamos amigos e tenho ciência do carinho que ela tem por mim. Shauna e Zeke foram as coisas boas que ganhei escolhendo o Destemor.

“Eu fui descansar em meu quarto.” – Uma meia verdade era melhor do que nada. – “Vocês sabem o quanto os transferidos deram trabalho.” – Dou um sorriso e olho para o lado e percebo que July me encarava, ficando extremamente vermelha de vergonha. É estranho isso. Eu pensei que o interesse que ela pudesse ter em mim não fosse profundo, principalmente depois que ela começou a andar muito próxima de Nick. E, para evitar que os outros percebam o constrangimento ali, eu me viro para Zeke e lhe pergunto se ele já havia conversado com Uriáh, rindo depois, com sua explicação do quão confiante e tranquilo o irmão estava.

Brutos do Destemor. Claro que se vangloriam disso.

O zumbido de um microfone próximo encerra o divertimento. Eric está sobre uma mesa chamando para si a atenção de todos no salão.

“Não somos muito bons de discursos aqui. A eloquência é uma especialidade da Erudição.” – Ele diz e eu penso, que grande babaca. Indiretamente ele está referindo-se à si como um bom orador já que é um transferido daquela facção. Ainda que os iniciandos não saibam e que poucos se recordem acerca de sua origem, ele não perde a oportunidade de afagar a Erudição. – “Portanto, vou ser breve. É um novo ano, e temos um novo grupo de iniciandos. E um grupo ligeiramente menor de novos membros. Oferecemos a eles os nossos parabéns.” – Gritos e vivas explodem por toda parte.

“Nós acreditamos na coragem, na ação, em sermos livres do medo e em aprender as habilidades necessárias para expurgar o mal do mundo, para que o bem possa crescer e prosperar.” – Ele continuou. – “Se você também acredita nestas coisas, nós os recebemos de braços abertos.” – Expurgar o mal do mundo? Eu me esforço de verdade para não cair na gargalhada. Se a intenção do Destemor fosse de fato esta, Eric estaria no início de uma longa fila de membros de Erudição.

Ele falou mais um pouco, mas só consegui prestar atenção no final do discurso.

“... do exame final: a paisagem do medo. As posições aparecerão no monitor atrás de mim.”

Nem houve tempo para eu me preocupar. A foto dela e seu nome apareceram grandes na tela. O primeiro lugar é da minha garota e agora ficaremos juntos. Aqui. Vejo seus amigos e as pessoas próximas dela a parabenizarem. Uriáh corre em sua direção com um sorriso amplo e a abraça por trás, gritando algo em seu ouvido. Não sinto ciúmes pelo ato, apenas incômodo de não poder ir até ela e fazer o mesmo.

Pessoas se abraçam, gritam e se divertem.

Eu só consigo tentar encontrar uma única boa razão para não ir até ela e fazer o que eu quero. Quer dizer, ninguém poderia interpretar mal o fato do instrutor reconhecer o mérito da inicianda que treinou. Não é? Será que Tris se sentiria desconfortável ou pensaria que correríamos um risco desnecessário?

É melhor eu ficar onde estou.

A menos que depois dela, que ficou em primeiro, eu vá parabenizar os outros aprovados. Isso não despertaria desconfiança em ninguém...

Uma vez tomada minha decisão atravesso o salão até ela e toco seu ombro. Ela se vira para mim com uma expressão de felicidade adornando sua face.

“Você acha que seria muito descarado eu te dar um abraço?” – Eu digo ainda incerto.

“Sabe, eu realmente não me importo.” – Tris diz e fica na ponta dos pés e eu sei que ela vai me beijar e não a impeço. Já era hora do Destemor saber que estamos juntos. E como em todas as vezes que nossos lábios se encontraram eu me senti aquecido e completo.

Algo estranho acontece e Tris se separa de nosso beijo e me encara pensativa. Ela parece assustada.

“Tris?” – Eu pergunto, querendo uma explicação.

“Agora não.” – Ela olha ao redor. – “Depois. Está bem?”

Eu só tenho tempo de assentir antes de uma multidão a engolfar e levantá-la acima de suas cabeças, assim como faziam com Uriáh e Marlene. Lynn se recusou, gritando que era idiotice.

Eu me afastei e observei seus sorrisos e sua felicidade que não era a mesma logo antes de me beijar. Alguma coisa tinha passado por sua cabeça e eu estava curioso e preocupado para descobrir.

Tenho a impressão de que as horas demorariam a passar neste dia.

*****

Depois da divulgação do ranking não tive tempo para falar com Tris. A agitação dos iniciandos e as comemorações bizarras que os outros membros do Destemor fizeram, sem dúvida, foram além dos padrões para mim e, pelo que sei, ela se recolheu para o dormitório. Creio que aguardará até que todos tenham se recolhido para me procurar.

Eu tive de conter minha vontade de retornar ao refeitório e tirá-la da multidão para ficarmos sozinhos novamente. Seu olhar depois de nosso primeiro beijo público foi algo que não compreendi. E não foi por causa do beijo em si porque a iniciativa foi dela.

“Hey Quaro!” - Zeke caminha com um sorriso malicioso em minha direção. - “Bom saber que você sabe beijar! Eu cheguei a me preocupar com você, meu amigo.” - Ele sorri e faz um biquinho ridículo.

“Bom saber que você sabe distinguir algo que não se chame Shauna.” – Eu digo.

“Eric não ficou muito feliz, na verdade parecia mais que surpreso.” – Zeke diz pensativo. - “Ah, e Shauna também! Se eu fosse você nem me preocuparia com Eric. Ela é quem você deve temer. Aquela mulher com raiva...” - Ele ri como se dissesse você esta ferrado.

Eu não tinha parado para pensar em Shauna, só em como me aproximar de Tris, descobrir o que sentíamos um pelo outro e mantê-la segura de Eric. Em nenhum momento pensei em contar para Shauna sobre Tris e nosso relacionamento. Não que eu não confie nela, mas não pretendia que ninguém soubesse por enquanto. Zeke mesmo só sabe porque descobriu sozinho ao me pilhar num dia em que eu não estava em meu juízo perfeito porque não a encontrava em parte alguma do complexo. Agora, eu tenho a absoluta certeza que ele não contou para a namorada a fim de me preservar.

“O que ela disse?” – Eu perguntei receoso.

“Bem, primeiro ela jogou o cantil de Lauren no meu rosto e me chamou de algo nada agradável.” - Ele fala fazendo uma careta de dor. - “Então eu me defendi dizendo que você tinha ameaçado me jogar do abismo se falasse isso para quem quer que fosse. Aí a raiva de mim passou e foi transferida só para você.”

“Você falou o quê?” – Eu pergunto exasperado porque não era uma mentira. Esta era a típica justificativa que ele daria à Shauna.

“Achei você seu traidor!” - Shauna grita no inicio do corredor, aparentemente bêbada. - “Você, Quatro, me escondeu o namoro e ameaçou meu namorado. Eu vou chutar você!”

“Calma Shau!” - Zeke pede em voz baixa.

“Como você pôde me esconder isso, Quatro? Eu percebi primeiro! Essa cabeça de vento é melhor que eu?” - Ela dispara caminhando em minha direção.

“Não me chame de cabeça de vento.” - Zeke rebate.

“Não estou te chamando de cabeça de vento para você, estou te chamando para o Quatro. Então cale a boca!” - Ela o fulmina com o olhar e se vira para mim. - “E, você, que coisa feia. Mentiu para a amiga que mais te apoiou, ameaçou o namorado dela. Se eu não gostasse tanto da Tris e do Zeke, eu te mataria agora! Eu odeio você”.

Eu respiro fundo e digo a mim mesmo para ter paciência.

“Shauna, eu não te contei e também não contei para o Zeke porque quis manter isso em segredo até que ela se tornasse membro, em definitivo. Eu fiz isso para protegê-la de riscos. E, você assim como eu e Zeke, sabe muito bem o que poderia ter acontecido caso desconfiassem de nós dois juntos.” – Eu digo e ela reflete um pouco no que lhe falei.

“Tudo bem.” - Shauna fala um pouco mais calma. - “Eu não odeio mais você... Pelo menos não muito. Acho que é a bebida que está me deixando ser uma pessoa melhor, por isso eu entendo. Mas, hein, você me deve um bolo inteiro do Destemor para ficarmos quites”.

E, tudo se resolve com um bolo.

“Todos felizes?” - Zeke pergunta com certo tipo de maldade. - “Então, Quatro, como é ter um namoro respeitoso? Vocês cortam os cabelos um do outro, amarram seus sapatos? Já tricotaram algo?” – Claro que ele se refere ao fato de ambos termos vindos da Abnegação onde pegar na mão sem um compromisso formal era um verdadeiro escândalo.

“Ah, cala a boca, estou tonta.” - Shauna balbucia.

“Você quer que eu te leve para a enfermaria Shau?” - Zeke pergunta preocupado, e ela logo se encolhe no aperto dos braços dele.

“Não, me leve para meu quarto, minha cabeça está me matando.” - Ele confirma e começa a leva-la encolhidinha, então, antes de assumirem uma distancia maior, Shauna vira-se para mim e pisca o olho com um sorriso travesso.

Sorrio demostrando meu entendimento. Shauna sabe que Zeke é completamente louco por ela e faz todos os seus gostos. Ela, por sua vez, o adora por perto, mesmo com as brigas e ciúmes, formam um casal inseparável.

Tris e eu, em pouco tempo de namoro, já brigamos e nos reconciliamos quase que imediatamente, o que me faz pensar...

Será que sou como Zeke?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!