A Filha de Ártemis escrita por Karol Mezzomo


Capítulo 17
A batalha final parte 2


Notas iniciais do capítulo

Gente desculpa a demora, não estava conseguindo mais entrar no Nyah, mas aqui está, o penúltimo capítulo do livro, espero que gostem. ;)



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– E quem disse que isso termina assim?

Viramos-nos e deparamos com Thalia. Atrás dela havia dezenas de caçadoras com os arcos a posta.

– Thalia? Como chegaram até aqui? – perguntei atônita.

Um relâmpago cortou o céu, iluminando as caçadoras por um momento.

– Nós, caçadoras, temos nossos segredos. Viemos oferecer ajuda a filha de Ártemis. – respondeu Thalia. Ela trazia em uma das mãos um magnífico escudo com a cabeça da medusa gravada em alto relevo, e na outra mão uma espada.

Percy, Annabeth e eu congelamos. Thalia havia contado sobre meu segredo às caçadoras. Eu não sabia como reagir, não sabia o que fazer.

Fitei os rostos das caçadoras, algumas sérias outras enigmáticas. Não pareciam bravas, mas também não pareciam nada amigáveis. Olhei para Thalia e minha mão fechou-se mais fortemente sobre o arco.

– Thalia, como pôde? Eu confiei em você.

Mais um relâmpago.

Thalia baixou a cabeça por um momento, mas logo voltou a me olhar. Seus olhos elétricos pareciam penetrar os meus.

– Está tudo bem Gabrielle. Ninguém veio até aqui para brigar. A Senhora Ártemis contou-me sobre a verdadeira razão de você cumprir as doze tarefas. Você podia ter desistido, mas não o fez, tudo para nos salvar. Ela disse que eu deveria escolher a melhor coisa a fazer, e eu decidi contar às caçadoras. Demorou um pouco, mas elas entenderam. Agora viemos retribuir a ajuda. Continuaremos sendo fiéis à Senhora Ártemis, afinal todos cometem...

Ela parou por um instante, evitando dizer a palavra erro. Talvez para não me magoar, talvez por ela também já ter sido considerada um.

Tudo ficou em silêncio por alguns segundos, a não ser pela chuva e os relâmpagos, até que uma das caçadoras resolveu falar.

– A questão é que você faz parte da nossa família agora. E é dever de uma caçadora proteger outra caçadora.

A menina que não parecia ter mais de doze anos ergueu o arco colocando-o à frente do peito, com a mão que o segurava sobre o coração. O restante das caçadoras a imitou.

Thalia aprontou a espada.

– Estaremos do seu lado até o fim.

As emoções começaram a se agitar dentro de mim. Mesmo estando em meio a uma batalha quase perdida, pelo futuro da humanidade, eu me sentia completamente feliz naquele momento. As caçadoras agora sabiam toda a verdade e eu não precisaria mais me esconder.

– Eu não sei como agradecer, mas não posso pedir que lutem ao meu lado. É uma missão suicida. – disse eu. Do que adiantaria tê-las salvado? Para que elas morressem agora junto a mim?

– Nós já nos decidimos. – falou Thalia. Sua voz assumiu um tom superior. – Para nós será uma honra lutar ao seu lado e, se for mesmo inevitável, morrer em batalha.

Não havia como discutir. As caçadoras não iriam recuar. Olhei para Thalia e acenei com a cabeça. Estava pronta pra correr e enfrentar o exército de demônios quando um uivo alto surgiu à alguns metros de onde estávamos. Todos se viraram para observar a silhueta de um enorme lobo branco que vinha em minha direção.

Não achou que eu deixaria você ficar com toda a diversão, não é chefia?

Minha boca se abriu em um sorriso. O lobo parou à minha frente e fez uma pequena reverência. Passei delicadamente a mão sobre sua cabeça.

– O que você está fazendo aqui? Não posso deixá-lo lutar. Você salvou minha vida uma vez, eu lhe devo uma.

Ele suspirou.

Você não me deve nada. Além do mais, não vim sozinho.

O lobo ergueu o focinho para o céu e uivou longamente. Abri a boca e soltei uma exclamação de surpresa quando vi surgir ao longe centenas de lobos de cores e tamanhos diferentes.

– Uau. – exclamou Annabeth.

– Parece que temos mais reforços. – disse Percy contendo o riso.

E aí chefia?

Viemos dar uma forcinha.

Falaram os lobos.

Meus olhos passaram por todos, os lobos, as caçadoras, Percy e Annabeth. Todos dispostos a lutar ao meu lado até a morte. Queria poder agradecer, falar o quanto estava grata por tê-los ali, mas sabia que o que quer que eu dissesse não seria o suficiente.

Os demônios começaram a emitir sons estranhos e os relâmpagos aumentaram.

– Está na hora. Caçadoras, preparar! – gritou Thalia, e então olhou para mim. – Ao seu comando Gabrielle.

Virei-me para os demônios. Percy colocou uma mão sobre meu ombro.

– Vamos tentar mantê-los ocupados enquanto você segue para o topo do monte. Não pode perder tempo lutando contra eles, é Nêmesis quem você tem que combater. O que quer que aconteça não pare até chegar ao topo.

– Não importa o que veja. – completou Annabeth. – Você entendeu?

Eu concordei.

Suba nas minhas costas, chefia. Eu levo você até lá antes que esses demônios nojentos se dêem conta.

Percy e Annabeth estavam certos, eu precisava deter Nêmesis. O lobo abaixou-se e eu subi nas suas costas. Armei o arco e fitei à frente. Havia chegado a hora de provar para o Olimpo, e principalmente para Zeus, do que eu era capaz.

Endireitei o corpo e gritei:

– Atacar!

Os lobos partiram na frente por sua maior velocidade. A chuva batia forte em meu rosto, mas pude ver a primeira fileira de demônios cair ao ser atingida pelas flechas precisas das caçadoras.

O lobo branco continuou correndo, passando como um trem desgovernado entre o exército de Nêmesis. Ao meu lado um dos lobos teve o peito atravessado pela espada de um demônio antes mesmo de preparar-se para atacar. Então o lobo que vinha em seguida pulou sobre o demônio e os dois foram ao chão, saindo do meu campo de visão.

De relance vi uma das caçadoras cercada por vários demônios. Sem recuar ela atirava flechas e mais flechas mirando o rosto de cada um dos monstros, matando-os na hora, mas ela não aguentaria por muito tempo.

Fechei os olhos deitei sobre as costas do lobo branco. Tudo vai ficar bem, pensei comigo mesma. Preciso continuar.

É assim que se fala chefia.

Embora tivesse fechado os olhos, não podia tapar os ouvidos, e os gritos ao meu redor me faziam imaginar coisas que eu não queria. Foi então que os ruídos da batalha cessaram e senti o ar mais denso. Não chovia mais, mas ainda era possível escutar relâmpagos ao longe. O lobo parou e eu ergui a cabeça. Havíamos chegado ao topo do Monte Olimpo.

Desci do animal e fitei ao longe a silhueta de duas pessoas. A primeira delas começou a caminhar lentamente em minha direção, como se calculasse cada passo dado.o lobo branco começou a rosnar e eu ergui o arco à frente do corpo, mantendo a flecha apontada para o coração de quem se aproximava.

Nêmesis ergueu os braços acima da cabeça, como quem se rende. Pela primeira vez pude ver a deusa da vingança com nitidez. Sua pele era pálida, o rosto terminava em um queixo fino, o nariz arrebitado, as sobrancelhas pareciam ter sido desenhadas, sua boca era vermelho sangue, combinando com o vestido cumprido que ela esta usando. Seus olhos eram da mesma cor que seu cabelo, preto como carvão.

Ao seu lado surgiu uma menina de cabelos escuros. Ela não parecia ser mais velha do que eu, e eu lembrava-me de tê-la visto em algum lugar. Reconheci ser Sophia, do chalé de Ares. Tinha visto ela algumas vezes durante meu curto período de tempo no Acampamento Meio-Sangue. Olhei para suas mãos e meu coração acelerou quando percebi o que ela estava segurando. A Caixa de Pandora.

– Ora, veja se não é a minha querida sobrinha. – disse Nêmesis, sua voz carregada de sarcasmo.

Você tem que sair daqui. Disse eu ao lobo.

Não vou deixá-la sozinha, você está em desvantagem. Eu fico com a garota e você cuida da deusa. Respondeu ele.

Suspirei. Não queria ser a responsável por mais mortes, mas seria difícil lidar com as duas.

Ok. Quando eu atirar, você ataca. Avisei.

Olhei para Nêmesis.

– Devolva a caixa! – gritei.

Ela riu alto e os relâmpagos aumentaram ao nosso redor.

– Porque você não vem pegar? – desafiou ela.

Puxei a corda do arco e atirei, mesmo sabendo que havia poucas chances de meu ataque dar certo. Já em posição o lobo ao meu lado partiu em direção à menina. Pega de surpresa pelo ataque do lobo, ela largou a caixa e puxou sua espada.

Ao mesmo tempo em que o lobo e a menina lutavam, eu observei sem reação minha flecha, ainda no ar, ser desviada de sua trajetória por um simples gesto de Nêmesis. Juntas a flecha e a caixa atingiram o chão.

A deusa mantinha os olhos vidrados em mim, e sem dar atenção a briga que ocorria ao seu lado, ela deu mais um passo a frente.

Preparei mais uma flecha. Atirei e sem perder tempo mandei outra em seguida. Novamente Nêmesis desviou a primeira de sua trajetória e pegou a segunda com a mão, antes de ela atingir seu coração.

– Você é ridícula. – caçoou a deusa quebrando minha flecha ao meio e jogando os pedaços no chão. – Não tem chance contra mim. Eu sou uma deusa.

Nêmesis começou a avançar novamente e tive que recuar alguns passos. Foi então que vi o lobo brando correndo para a filha de Ares, já desarmada, e então soltar sobre ela concentrando todo o peso do corpo em um único golpe. A força foi tamanha que a menina foi atirada para trás, batendo fortemente as costas em uma rocha e caindo inconsciente.

Olhei para o chão e vi a Caixa de Pandora caída. Desprotegida.

– A caixa! – gritei para o lobo.

Por um momento ele olhou para mim sem entender, sua respiração arfante por causa da batalha. Então seus olhos caíram sobre o pequeno objeto no chão e ele começou a correr para alcançá-lo.

Rápido demais Nêmesis virou-se para trás. Vendo sua serva desacordada e a caixa desprotegida, ela ergueu as mãos em direção ao lobo e uma força invisível o atingiu, jogando-o a metros de distância do objeto. O lobo branco foi ao chão e não se moveu mais.

Aproveitando o segundo de distração da deusa, consegui fazer com que uma de minhas flechas atingisse suas costas, cravando-se no ombro direito.

Nêmesis deu um leve gemido e ainda de costas para mim puxou a flecha com a mão esquerda. Icor, o sangue dourado dos deuses, jorrou do buraco aberto pela flecha.

O chão começou a tremer, o Monte Olimpo parecia prestes a explodir.

– Você vai me pagar por isso. – disse a deusa virando-se para mim. – Agora é a minha vez.

Percebi que ela iria me mostrar o que sabia fazer de melhor. Vingança.

Uma aura vermelha tomou conta do corpo de Nêmesis, o próprio céu tornou-se vermelho. Ela abriu a mão e uma esfera de energia surgiu flutuando sobre sua palma.

Transformei o arco em escudo e puxei minha espada no momento em que Nêmesis jogava a esfera em minha direção. Rolei para o lado e senti a esfera passar a centímetros de minha cabeça. Pude sentir cheiro de cabelo queimado.

Meu transtorno do déficit de atenção fazia de tudo para me manter viva na batalha. Deixei meus sentidos aguçados falarem por mim e fiquei totalmente desperta, notando cada detalhe. Podia dizer onde seria o próximo ataque de Nêmesis e vê-lo vindo em minha direção um pouco mais lentamente, tornando fácil desviar. Ao mesmo tempo tinha consciência de cada coisa ao meu redor, e da distancia em que se encontravam.

Ela atirou outra esfera de energia. Dessa vez corri em sua direção, coloquei o escudo à frente do corpo para proteger-me, e então pulei sobre ela com a espada erguida, mas a única coisa que atingi foi o chão. Segundos antes de eu descer a espada sobre seu corpo, ela desviou o ataque.

Senti meu corpo sendo erguido do chão sem que ninguém o tocasse, e então ser jogado contra uma parede de rochas. Meu ombro começou a doer e senti um liquido quente escorrendo pelas minhas costas. Uma pedra pontuda o havia atravessado completamente.

– Olho por olho, dente por dente. – riu Nêmesis.

Tentei erguer o escudo, mas a dor no ombro era grande e ele parecia pesar toneladas. A deusa preparou outra esfera. Concentrei-me em meus sentidos novamente. Vi a esfera vindo em minha direção, deixando um rastro atrás de si. Ignorando a dor, rolei para frente e desviei. Mais esferas começaram a ser jogadas, mas para quem havia herdado os sentidos de caça de Ártemis era fácil desviá-las.

Nêmesis percebeu que precisaria mudar de tática.

Aproveitando a trégua, corri em direção à deusa e ataquei com a espada mirando sua cintura. Ela desviou. Rapidamente girei o corpo em um novo golpe e abri um rasgo no vesti vermelho de Nêmesis.

O sorriso sumiu do rosto da deusa. Meus golpes estavam exigindo mais concentração de sua parte.

O ataque havia aumentado a dor no ombro e por um momento perdi a concentração. Nêmesis acertou minha barriga com um chute e fui jogada para longe. A espada caiu de minhas mãos e ficou aos pés da deusa.

Ela ajuntou a arma e começou a se aproximar. Tentei me levantar, mas não conseguia mais do que ficar de joelhos.

– Vamos. – falei a mim mesma.

Olhei para o lado e vi meu escudo caído a alguns metros. Comecei a me arrastar em direção a ele.

– Você vai morrer Gabrielle. – dizia Nêmesis vindo lentamente em minha direção. – Cronos expurgará com todos vocês, e fará dos deuses olimpianos escravos por toda a eternidade.

Alcancei o escudo e o segurei com as duas mãos. Ainda de joelhos observei Nêmesis parar a minha frente.

– E quanto a sua mãe. Encarregarei-me pessoalmente do sofrimento dela. – a deusa ergueu a espada. – Começando pela morte da sua única filha.

Escutei a espada cortando o ar e mesmo de cabeça baixa sabia dizer onde ela atingiria. Ergui o escudo e a única coisa que se ouviu foi o baque do metal contra a prata. Nêmesis ergueu a espada para um novo golpe. Lutando para não desmaiar me ergui com dificuldade e parei a espada com o escudo novamente.

Depois usando o escudo como um frisbee, atirei-o em direção à Nêmesis. A deusa o parou como havia feito com a flecha, segundos antes de atingir seu corpo, mas para isso tece de usar as duas mãos, largando assim a espada.

Ajuntei a espada enquanto ela largava o escudo no chão, e golpeei seu braço. Ela não previu o ataque e não conseguiu desviar-se a tempo. A arma abiu um corte em sua pele, e ela soltou um grito de dor. O chão começou a rachar sob nossos pés e fui obrigada a pular bem na hora em que uma cratera abria-se abaixo de mim.

Tentei me levantar, mas algo me pegou pelos ombros e me prendeu contra uma parede de rochas. Era Nêmesis.

– Eu já estou farta de você. – disse ela apertando com força meu ombro machucado.

Achei que fosse desmaiar. Parte de mim queria que isso acontecesse, pelo menos assim não sentiria mais dor, mas eu sabia que não podia desistir.

– Eu acho que posso dizer o mesmo de você. – retruquei.

Nêmesis trincou os dentes e jogou-me para longe como se eu fosse apenas um saco de batatas. Não sei exatamente o lugar em que cai, só sabia que não tinha mais forças para me levantar.

Achei que Nêmesis enfim acabaria comigo, mas me surpreendi ao vê-la caminhar na direção oposta, e então se abaixar para pegar algo. A Caixa de Pandora.

– Não. – tentei dizer, mas minha voz saia tão baixa quanto um sussurro.

– Antes de acabar com sua vida eu quero que veja o momento em que eu abrir esta caixa. Quero ver em seus olhos o desespero de ter fracassado. – disse a deusa enquanto sua boca abria-se em um sorriso maldoso que aos poucos se transformou em uma gargalhada fria.

Mas a alegria de Nêmesis não durou muito tempo.

– O que? – disse a deusa olhando para mim.

A princípio não entendi ao que ela esta se referindo, mas então olhei para o céu e enxerguei a lua. A tempestade havia chegado ao fim e aos poucos as nuvens se dissipavam revelando a lua cheia.

A luz do luar iluminou por completo o topo do Monte Olimpo, e eu descobri o que Nêmesis queria dizer. Para minha surpresa a luz da lua começou a curar meus ferimentos. No mesmo instante me senti melhor, não estava mais cansada e nem dolorida. Pude perceber meus cortes se fechando.

Levantei-me sem dificuldade. Estava forte novamente. Então eu entendi, a luz a lua tinha sobre mim o mesmo efeito que a água tinha sobre Percy. Ela podia curar-me completamente.

– Eu não acredito! – bradou Nêmesis.

Tomada de fúria a deusa avançou para mim e antes que eu percebesse envolveu meu pescoço com uma das mãos, enquanto a outra segurava a caixa, e ergueu meu corpo a alguns centímetros do chão.

– Isso acaba aqui.

Nêmesis começou a apertar meu pescoço e eu percebi que se quisesse atacar só havia uma chance. Puxei o cilindro do bolso, o coloquei entre nós e o observei transformar-se em um magnífico arco de prata.

Pega de surpresa a deusa me soltou.

Sem esperar ela se recompor, ataquei golpeando-a com o arco. Os golpes fizeram pequenos cortes pelo corpo de Nêmesis. Cortes maiores e mais profundos do que minha própria espada ou minhas flechas podiam fazer. Nêmesis ajoelhou-se de dor e olhou para mim. Seus olhos se estreitaram quando ela finalmente reconheceu a arma em minhas mãos.

– O Arco de Ártemis. Maldita seja sua mãe! – berrou ela.

Coloquei uma flecha no arco e apontei-a para o coração da deusa.

– Quem você pensa que é? – disse Nêmesis entre dentes. Seu corpo tremia de raiva. Todo seu ser piscava em luz vermelha. Eu tinha que agir rápido, antes que ela perdesse o controle e assumisse sua forma divina.

Lembrei-me do ultimo verso da profecia, e um sorriso brincou em meus lábios quando fixei meus olhos nos de Nêmesis.

– Eu sou a filha da lua. – respondi.

Minha mão começou a arder. Atirei e assisti a flecha não apenas cravar-se no peito de Nêmesis, mas sim atravessar completamente seu corpo. O arco voltou à forma de cilindro e eu o recoloquei no bolso.

Nêmesis berrou. O rugido que se seguiu fez o Monte Olimpo tremer até a sua base, pedaços de rocha começaram a rolar do topo para baixo, crateras se abriram por todos os lados. A terra explodiu para longe da deusa, demolindo rochas e deixando um círculo plano de quinze metros de diâmetro.

Por fim Nêmesis explodiu em raios vermelhos que eu tinha certeza que poderiam ter sido vistos a quilômetros dali. A deusa não faria mais mal a ninguém.

– Não se preocupe, Cronos está esperando por você no Tártaro. – disse eu, embora Nêmesis já não estivesse mais ali.

– Gabrielle!

Olhei para o lado. Percy, Annabeth e o que havia sobrado das caçadoras e dos lobos corriam em minha direção. Ao me alcançar Annabeth me deu um forte abraço.

– Você está bem? O que aconteceu? E a caixa?

– Calma Annabeth. – avisou Percy.

Abaixei-me e ajuntei a Caixa de Pandora que havia caído aos meus pés.

– Está tudo bem. Não há mais com o que se preocupar. – respondi.

– Mas e Nêmesis? – perguntou Thalia.

– Ela não vai mais incomodar por um tempo.

Thalia sorriu.

– Estávamos lutando quando de repente todos os demônios explodiram juntos, como se fossem feitos de poeira. E então o chão começou a tremer. Organizei as caçadoras e corremos para cá o mais rápido que podíamos.

Observei o grupo das caçadora visivelmente menor do que antes da batalha.

– Thalia, eu sinto muito pelas caçadoras que... – comecei, mas a filha de Zeus me interrompeu.

– Está tudo bem Gabrielle. As caçadoras que morreram hoje serão lembradas para sempre entre nós, e terão um lugar garantido no Elíseo.

Eu suspirei. Embora tudo tivesse terminado bem eu me sentia culpada pelas mortes que haviam acontecido.

Você salvou o mundo. Ainda não está satisfeita? Disse uma voz em minha cabeça.

Virei-me e vi o lobo branco. Ele mancava um pouco, mas fora isso estava bem. Corri para alcançá-lo.

– Muito obrigado. Sem você eu não teria conseguido. – disse eu. Então olhei para todos os lobos, o número da matilha também havia diminuído. – Me desculpem.

Ninguém aqui está culpando você? Disse um dos lobos.

Foi uma honra lutar ao seu lado. Falou outro.

– Quem é essa menina? – perguntou uma das caçadoras ajoelhada ao lado da filha de Ares, que ainda permanecia inconsciente.

– Não é a Sophia? Do chalé de Ares? – disse Percy aproximando-se da menina.

– Sim. Ela estava do lado Nêmesis. – confirmei enquanto ajuntava meu escudo, fazendo-o voltar a ser um arco e logo depois uma caneta. Guardei-o no bolso.

– Por que será que são sempre os filhos de Ares? – disse Thalia em um tom sarcástico.

Nesse instante a lua brilhou, e uma carruagem de prata surgiu no céu, puxada por lindos cervos. Os mais magníficos que eu já havia visto. Ela pousou ao nosso lado.

– É a carruagem de Ártemis. – murmurou Percy. – A carruagem que ela usa para guiar a lua.

Caminhei até a carruagem e acariciei um dos cervos.

Uma carona até o Olimpo. Falou ele.

– Não tem como levar todos. – disse eu.

Thalia pareceu entender.

– Não se preocupe conosco. Como eu disse antes, nós temos nossos segredos. Percy, Annabeth e você precisam ir onde quer que essa carruagem os leve. A garota fica conosco, nós a levaremos em segurança de volta ao Acampamento Meio-Sangue.

– Muito obrigado Thalia. – agradeci.

Percy, Annabeth e eu nos despedimos das caçadoras e dos lobos, depois subimos na carruagem.

Assuma as rédeas. Pediu um dos cervos.

– Mas eu não sei fazer isso. – respondi.

Você é filha de Ártemis ou não?

Mordi o lábio. Assumi as rédeas, e a carruagem disparou céu adentro, deixando o Monte Olimpo para trás.


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