A Filha de Ártemis escrita por Karol Mezzomo


Capítulo 10
Os cavalos de Diomedes ganham um jantar especial




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Chegamos a Ruth na manhã seguinte, faltando cinco dias para o fim da missão, após desembarcarmos no trem começamos a caminhar pela cidade que apesar de ser pequena e rodeada de morros era incrivelmente bonita.

– Onde será que podemos encontrar quatro cavalos que cospem fogo? Será que devemos pedir informação? – brincou Jéssica enquanto passávamos por uma vitrine de artigos esportivos.

– Quatro cavalos? – falou Percy.

– Que cospem fogo? – acrescentei.

Annabeth revirou os olhos, aparentemente cansada de ser a única sabe-tudo do grupo.

– Sim, quatro cavalos. – confirmou. – E sim, além de devorarem homens eles cospem fogo. Seus nomes são Podargo, Lâmpon, Janto e Deino. Além do mais eles...

Ela parou de repente.

– Onde está Jéssica?

Virei-me e a avistei parada em frente à loja de esportes fitando a vitrine com olhos arregalados. Nós três corremos até ela.

– O que foi? – perguntei.

Mas ela não estava me ouvindo, seus olhos estavam vidrados na vitrine e ela apontou para o objeto que estava olhando. Percy, Annabeth e eu seguimos com os olhos na direção em que ela apontava e tive que resistir ao impulso de fechar os olhos e correr.

No canto da vitrine havia a estátua da cabeça de uma linda mulher com cabelos de serpente e um olhar congelante. Era tão vívida que as cobras que formavam seu cabelo pareciam ondular conforme nos mexíamos.

– Por que alguém mantém a estátua da cabeça da medusa em uma loja de artigos esportivos? – questionou Percy.

Olhando mais atentamente para dentro da loja percebi coisas que estavam à venda e que não tinham absolutamente nada a ver com esportes. Coisas como escudos e espadas de bronze e ferro, assim como elmos e armaduras de prata. Olhei ao redor, mas das poucas pessoas que passavam na rua, ninguém parecia notar a loja à nossa frente.

– Não sei, mas isso é estranho. Vamos entrar e dar uma olhada. – falei.

Juntos entramos na loja e seguimos até o balcão. Não havia ninguém lá e uma campainha, daquelas de recepções de hotéis, descansava na bancada. Apertei a campainha uma vez e um homem apareceu na porta atrás do balcão.

– Posso ajudar? – ele perguntou.

Era alto, forte e bonito. Não era jovem, devia ter uns quarenta anos de idade, mas sua perfeita pele morena, a barba por fazer, os cabelos despenteados e os músculos aparecendo por trás da regata branca o faziam parecer um adolescente rebelde.

Nós nos entreolhamos sem saber o que dizer. O homem contornou o balcão com os olhos em Annabeth e parou a poucos centímetros dela. Então se abaixou para manter seus olhos na altura dos dela e falou:

– Há quanto tempo não vejo olhos como estes. Tão intensos e tão cheios de saber.

Ele continuou a fitar Annabeth por um tempo quando Percy, que embora tentasse não conseguia deixar de transparecer ciúmes, quebrou o silêncio.

– Quem é você? – ele perguntou.

O homem pareceu acordar de um tipo de transe, se endireitou, pigarreou e olhou para Percy enquanto estendia uma das mãos para cumprimentá-lo.

– Sou Diomedes, príncipe de Argos e valente herói grego na Guerra de Tróia, somente atrás de Aquiles.

Ele falou essa última parte um pouco mais para si do que para nós, como se essa posição o incomodasse.

Percy relaxou e cumprimentou o herói.

– Prazer, eu sou...

– Perseu Jackson. – completou Diomedes. – É eu já ouvi falar muito de você, afinal quem não ouviu, não é? E você. – Diomedes se virou para Annabeth. – É Annabeth Chase, filha de Atena. Grande deusa sua mãe, me ajudou muito durante a guerra.

Diomedes sorriu se lembrando dos velhos tempos e então seus olhos caíram sobre mim.

– Oh, a filha de Ártemis. – ele disse. – Gabrielle. Sua mãe também é uma grande deusa, respeitada e temida pelos homens, nunca na terra se viu alguém com tanta habilidade e perspicácia como Ártemis, nem mesmo os maiores heróis gregos. A não ser talvez você, ouvi falar de seus feitos com a temível Píton.

Perguntei-me como essa notícia havia chagado até ele.

– E você... – ele olhou para Jéssica.

– Meu nome é Jéssica, senhor.

– Hum. – Diomedes não pareceu muito interessado.

Seguiu-se um silêncio desconfortável.

– Viemos aqui para capturar seus cavalos, senhor. – falei para quebrar o silêncio.

De repente Diomedes explodiu de raiva.

– Aquele maldito Édipo. Ladrão de cavalos, os roubos de minha fazenda ontem à noite, alegando que precisava deles para que protegessem sua propriedade. Cego de uma figa.

Nós nos afastamos para evitar que Diomedes nos batesse enquanto gesticulava como louco até que se acalmou e voltou a nos olhar.

– Desculpem. É que meus cavalos são minha vida, cuido deles desde mais de dois mil anos atrás. – Ele então fitou o chão.

– Vamos buscá-los. – falei me aproximando do famoso herói.

Ele levantou a cabeça.

– Muito obrigado.

Diomedes nos levou até a saída da loja e explicou o caminho que devíamos seguir para chegar à fazenda de Édipo, que segundo ele era onde estavam os cavalos.

– OK, estaremos de volta em breve. – disse Percy após a explicação.

Diomedes não conteve o riso.

– Não deveria ser tão otimista assim, não quando se é um semideus.

Percy franziu a testa, me vi obrigada a concordar com Diomedes, havíamos enfrentado tanta coisa até ali, que era realmente uma sorte ainda estarmos vivos, nada garantia que sobrevivêssemos a cavalos que cuspiam fogo e devoravam homens, ainda mais se Nêmesis mandasse outro de seus desafios para nos matar. Pensar na deusa da vingança, e que exatamente naquele momento a caixa de que dependia o futuro da humanidade estava em suas mãos fez meu estômago revirar.

Estávamos nos despedindo de Diomedes quando vi um casal parar em frente à vitrine e apontar para um grande elmo de bronze.

– Quando custa esse boné, moço? – perguntou o homem.

Boné?

– $25,99 senhor. – respondeu Diomedes.

O homem sorriu e junto com sua mulher entrou na loja.

– Os mortais não percebem que é um elmo? – sussurrei para Diomedes.

– A Névoa que encobre a visão desses pobres mortais é algo poderoso Gabrielle.

– Mas você não devia vender artigos de guerra para eles. Você está os enganando.

Diomedes deu de ombros e com um sorriso enigmático entrou na loja para atender seus novos clientes.

Caminhamos por meia-hora seguindo as direções que Diomedes havia nos explicado até que avistamos uma pequena fazenda e dentro de um cercado ao longe quatro cavalos. Atravessamos a entrada, fomos até a casa da propriedade e batemos na porta, mas ninguém atendeu.

– Parece que Édipo não está. – comentou Jéssica.

– Pegamos os cavalos mesmo assim? – perguntei olhando para os outros, me parecia errado levarmos os animais sem consentimento do dono do rancho, mas por outro lado Édipo os tinha roubado de Diomedes.

– Íamos ter que levar de qualquer jeito. – respondeu Annabeth dando de ombros e juntos começamos a seguir para o cercado.

Ao chegarmos lá me encostei à cerca e observei os quatro cavalos que pastavam tranquilamente. Tinham aparência comum, eram fortes e seus pêlos eram lustros como uma bota de couro nova. Olhei mais adiante e vi o lugar onde eles tomavam água, era um bebedor de bronze e nele havia correntes de ferro para prender os animais. Pensei no tamanho da força que aqueles cavalos deviam ter para que fossem presos à correntes de ferro no lugar de cordas. Foi quando percebi que um dos cavalos se aproximava lentamente de mim e que de suas narinas saia fumaça. Ele abriu a boca e começou a cavalgar mais rápido, tão rápido que em poucos segundos ele estava a centímetros de mim, foi quando Percy me puxou para o chão e senti a passagem do fogo por cima de minha cabeça.

Começamos a correr enquanto os cavalos relinchavam como loucos e cuspiam fogo para todos os lados. Escondemos-nos atrás de uma pedra.

– Obrigado Percy. – arfei. – Minha cabeça teria virado churrasquinho de cavalos canibais.

– Disponha. – ele respondeu.

– Como vamos fazer para levá-los à Diomedes se não podemos nem nos aproximar da cerca sem sermos torrados? – falou Annabeth puxando sua faca do bolso.

– Talvez se você usasse seu boné... – sugeriu Percy.

– Não. – interrompi. – É muito arriscado.

– Vocês não acham que está quieto demais. – disse Jéssica.

E de fato era verdade, os cavalos haviam parado de relinchar, não se ouvia nem o som de pasto sendo arrancado. Saímos devagar de trás da pedra e olhamos para os cavalos.

Havia um homem encostado do lado de fora da cerca e estava olhando para nós, os cavalos não lhe faziam mal algum.

O homem começou a se aproximar, mas parou quando ativei meu arco e Percy sua espada.

O homem então sorriu, ouvi um UIIIISH! E senti meu braço queimando.

– Au. – falei e o sangue que começou a sair do corte que tinha sido aberto em meu braço empapou a manga da minha camiseta.

Annabeth correu para mim e Percy se pôs à nossa frente. Olhei para a pedra atrás de nós e vi um espinho do tamanho de um facão cravado na rocha, era isso que havia raspado em meu braço e pelo jeito com que queimou só podia significar uma coisa: ele continha veneno.

– Espinheiro. – sussurrou Percy enrijecendo o corpo.

– O quê? – perguntei tentando ignorar a dor.

O homem sorriu novamente deixando a mostra seus dentes brancos e perfeitos, tinha um olhos castanho e outro azul, seu rosto era demoníaco e ele vestia uma capa preta que ia até seus calcanhares.

– De onde saiu esse espinho? – fiz outra pergunta.

– Fiquem atentos. – gritou Percy.

O homem começou a se transformar, suas mãos viraram patas laranja com garras enormes, uma cauda semelhante à de um escorpião surgiu atrás dele e eu soube de onde ele atirava os espinhos. Seu rosto continuou humano, mas o corpo virou o de um imenso leão e sua cauda começou a lançar espinhos em todas as direções.

Toda a transformação aconteceu rapidamente e o monstro começou a avançar lançando mais e mais espinhos, cobrindo a distância que nos separava rapidamente. Tive que por meus sentidos a prova, assim ficava mais fácil ver os espinhos que passavam como mísseis e desviá-los.

Eu sabia que mostro era esse, uma Manticora, e isso não estava nos doze trabalhos, era mais um dos servos de Nêmesis.

Percy e Annabeth tentavam achar uma brecha para chegar à fera, mas quando não eram seus espinhos venenosos eram suas garras afiadas que os faziam retroceder.

Procurei uma melhor posição para mirar e comecei a atirar flechas e mais flechas, quando eu via que algum dos espinhos ia em direção aos meus amigos eu atirava uma flecha com extrema precisão que se chocava com o espinho ainda no ar e o quebrava ao meio.

Espinhos começaram a vir em minha direção e eu rolei para o lado, mas a Manticora esperava por isso e jogou outro espinho. Quando percebi, mesmo com meus super sentidos, ele já estava perto demais e eu por instinto coloquei as mão a frente do corpo para se proteger. Então algo inesperado aconteceu.

O arco que eu segurava à minha frente emitiu um forte brilho e da ponta de cima saiu outra ponta que com uma volta de 180º se juntou a ponta debaixo do arco, o mesmo aconteceu com a ponta de baixo, dela saiu outra ponta que descreveu uma volta de 180º do outro lado indo se juntar a ponta de cima. Em um milionésimo de segundo eu segurava um escudo de 360º feito de prata brilhante. Quando o espinho se chocou com meu escudo ouvi uma leve batida e o espinho foi rachado ao meio indo cair aos meus pés, o escudo ao contrário permaneceu intacto. Com a mesma rapidez em que o arco se transformou em escudo ele voltou a ser um arco.

– Legal. – exclamei.

Comecei a avançar para a fera a toda velocidade, vendo meu movimento Annabeth e Percy me seguiram. Percy coberto de cortes nos braços e nas pernas e com um corte aberto na testa, Annabeth estava um pouco melhor, mas havia uma roda de sangue em sua blusa. Meu braço começou a protestar de dor enquanto eu corria, mas mesmo assim eu prossegui.

Jéssica estava em cima da pedra atrás de nós e gesticulava fazendo raízes crescerem e se prenderem ao corpo do gigante, mas ela também não parecia muito bem, havia sangue escorrendo por seu braço esquerdo.

A Manticora continuou a atirar e eu ergui o arco acima da cabeça, ele instantaneamente se transformou em um escudo como se soubesse que eu precisava me proteger e o espinho que iria perfurar meu crânio apenas bateu no escudo com um PLIC.

Movi o escudo para frente de meu peito e desejei ter o arco novamente, e lá estava ele. Coloquei duas flechas e mirei nos dois espinhos que iam em direção a Percy e Annabeth. Atirei as duas ao mesmo tempo e sem problemas elas acertaram os espinhos ainda no ar os quebrando.

Mas a Manticora lançou outro espinho em direção à Annabeth, ela que estava na corrida não conseguiu desviar e o espinho se cravou em seu ombro. Annabeth foi ao chão na mesma hora.

Senti Percy ao meu lado aumentar a velocidade, em seus olhos pura raiva e desejo de matar. O segui no mesmo passo.

Estávamos perto da Manticora agora e eu era capaz de ver a terra se abrindo e as raízes se amarrando no monstro sem obter sucesso. A Manticora era forte e se libertava facilmente delas. Uma parte da terra se abriu a minha frente e uma raiz começou a sair. Tive uma ideia de última hora, pulei sobre a raiz que subia a toda para a superfície e a usei como impulso para cima.

O impulso foi tanto que eu subi demais passando da altura da Manticora. Ela então parou de atirar e olhou para mim enquanto eu subia.

– Diga adeus semideusa. – rosnou o monstro preparando seu rabo de escorpião para me espetar no ar enquanto eu caia e não tinha como me defender.

Mas ele se esqueceu de Percy que o pegou por baixo e cravou a espada em sua barriga. O monstro urrou de dor, se virou para Percy e com a pata o empurrou para longe. Então eu caí sobre as costas do monstro, puxei uma flecha da aljava, cravei-a no pescoço dele e rolei para o lado para me afastar.

Gritando de dor e se contorcendo a Manticora quebrou com suas patas enormes o cercado dos cavalos indo em direção ao centro e caindo de joelhos.

– Isso não termina aqui meio-sangue! – gritou o monstro. – Vocês terão...

Mas o que nós teríamos nunca ficamos sabendo, pois os cavalos juntos pularam sobre a Manticora e ela foi encoberta por eles de modo que só podíamos ouvir seus gritos de terror enquanto era devorada.

Levantei-me devagar, meu braço queimava, procurei Percy no local onde ele havia caído, mas ele não estava mais lá, estava mais pra trás ajoelhado ao lado do corpo imóvel de Annabeth junto com Jéssica. Corri até eles e me ajoelhei também. Lágrimas escorriam dos olhos de Percy, ele havia arrancado o espinho de Annabeth e agora tinha um buraco ensanguentado no lugar.

Jéssica segurava sua mochila onde havia pedaços de ambrosia que aparentemente já haviam dado para Annabeth, mas até agora ela não reagira.

– Pegue. – disse Jéssica seguindo meu olhar até a mochila.

Meu braço doía tanto, mas eu fazia o possível para ignorá-lo, pois isso não importava agora, Annabeth corria risco de vida. Peguei dois pedaços e ofereci um à Percy, ele precisava comer ou iria acabar desmaiando, havia muitos cortes espalhado por seu corpo.

Ele pegou sem tirar os olhos de Annabeth, colocamos a Ambrosia na boca e eu acariciei o rosto da filha de Atena. Tínhamos vivido tanta coisa juntos nesses últimos dias, eles eram como se fosse minha família. Uma lágrima escorreu por minha bochecha e eu não me preocupei em secá-la.

Olhei para o sol que já ia se escondendo atrás dos morros da pequena cidade de Ruth e então uma pontada de esperança se formou dentro de mim.

Apolo, o deus do sol era também o deus da medicina. Se havia alguém que podia ajudar Annabeth naquele momento era ele. Olhei para o sol e fechei os olhos murmurando quase sem mexer os lábios uma reza improvisada.

– Tio, me ajude. Annabeth, ela está muito mal, foi envenenada e nós não sabemos o que fazer. Ajude eu imploro, Annabeth é uma garota incrível, não a deixe morrer. Por favor.

Eu não sabia se tinha ficado bom, mas falei o que eu pensava e sentia, agora só faltava torcer para que Apolo não estivesse ocupado demais e que tivesse ouvido minha oração.

Mais uma lágrima escorreu por meu rosto teimando em aparecer. Abri os olhos, Annabeth continuava inconsciente, pousei minha mão sobre a dela pensando se talvez tivesse sido melhor rezar para Atena.

Então aos poucos as pálpebras de Annabeth começaram a tremer e ela abriu os olhos.

– O que aconteceu? – ela perguntou com a voz fraca.

Percy não conseguiu conter a felicidade e se inclinou pra envolvê-la em seus braços. Olhei para os raios do sol que já se iam no horizonte, foi quando um dos raios pareceu se inclinar estranhamente, tocou meu rosto por um instante e senti um forte calor percorrer meu corpo antes que ele se fosse. Só havia uma explicação, era um sinal de Apolo.

– Obrigado. – murmurei. – Muito obrigado tio.

Depois de explicarmos a uma atônita Annabeth os últimos acontecimentos nos dirigimos ao cercado e paramos a alguns metros de distância.

– Você acha que pode falar com eles? – perguntou Annabeth olhando para Percy. Era incrível como ela parecia melhor, Apolo havia feito um ótimo trabalho.

Na hora não entendi o que ela estava querendo dizer, mas depois me ocorreu que Poseidon, pai de Percy tinha criado os cavalos da espuma das ondas, então Percy devia ter uma certa conexão com esses animais assim como eu tinha com os lobos e os veados.

– Eles não vão nos ferir. – contou Percy. – Estão de barriga cheia, acho que é seguro chegarmos perto antes que voltem a ter fome.

– Acho? – repetiu Jéssica.

Olhei para o chão do cercado e não vi sinal do corpo da Manticora, a não ser seu longo casaco preto que repousava abandonado na grama.

– Acha que podemos pegar uma carona neles até Diomedes? – perguntei.

Percy se virou pra os cavalos provavelmente pedindo permissão para montarmos.

– Sem problemas. – respondeu.

Em minutos estávamos cavalgando pelas ruas de Ruth em direção à loja de esportes de Diomedes. Eu nunca havia andado à cavalo, mas guiei o animal em que eu estava tão naturalmente, como se ele fosse parte de meu corpo, que até Annabeth, Percy e Jéssica me olharam com as sobrancelhas erguidas.

– Você é uma ótima amazona. – observou Annabeth.

Chegamos à loja de Diomedes e descemos dos cavalos. Depois de muitos agradecimentos do herói grego nos despedimos e seguimos viagem.

Caminhamos até o cair da noite atravessando as florestas dos morros que cobriam a cidade e resolvemos parar para passar a noite debaixo de um grande pinheiro.

Tiramos as folhas mortas do chão, ascendemos uma fogueira e nos sentamos ao redor dela enquanto comíamos o que Diomedes havia nos pedido para levar como forma de agradecimento.

– Eu fico pensando no que Édipo fará, quando vir que “seus cavalos” não estão mais lá. – comentou Jéssica.

– Coitado. Esse sim já sofreu na vida. – falou Percy.

Eu me lembrava da história de Édipo, uma das mais trágicas histórias gregas. Quando sua mãe estava grávida dele, seu pai, o rei de Tebas, recebeu uma profecia do Oráculo que dizia que Édipo mataria o pai e se casaria com a mãe. Com medo seu pai o abandonou no monte Citerão quando Édipo ainda era um bebê. Quando por fim ele cresceu estava andando pela floresta e encontrou um homem, os dois brigaram e Édipo acabou por matá-lo. Sem saber que o homem era seu pai. Chagando ao seu reino por direito apaixonou-se por uma moça e eles se casaram vindo a ter dois filhos. Após descobrir que a moça com a qual havia se apaixonado era sua mãe ele furou seus próprios olhos e mandou que o exilassem. Enquanto sua mãe se suicidou. Além de tudo isso Édipo também era famoso por ter desvendado o enigma da Esfinge.

Por fim concordei com Percy e nos ajeitamos para dormir. Antes de fechar os olhos olhei para o céu e fitei as estrelas que brilhavam nele.

– Falta pouco mãe. Você vai se orgulhar de mim. – falei e fechei os olhos.

Parecia que eu havia dormido apenas alguns minutos quando senti algo espetando minhas costas e abri os olhos tentando evitar a luz repentina do sol que batia em meu rosto.

Demorei a perceber as coisas à minha volta, como Percy estar sendo segurado por uma alta mulher que mantinha uma faca perigosamente perto da garganta do meu amigo, ou o fato de Annabeth estar amordaçada no chão e Jéssica com as mãos amarradas.

– Mas o que... – comecei a falar procurando minha caneta no bolso quando fui obrigada a parar por outra mulher que apontou uma flecha para o meu peito.

– Calada. – ela disse, mas então seus olhos encontraram os meus e ela ficou paralisada.

Baixou o arco devagar e aproximou seu rosto do meu.

– Gabrielle? – ela perguntou insegura.

Eu não fazia ideia de como aquela estranha mulher sabia meu nome e me dei conta de que isso vinha acontecendo frequentemente.

– Sim, sou eu. – respondi.

De repente aquela mulher não me pareceu mais tão estranha, me lembrou alguém que eu havia visto nos livros de história da Grécia antiga no acampamento.

– Quem é você? – perguntei.

A mulher estendeu a mão, surpresa a agarrei e ela me ajudou a levantar.

– Sou Hipólita, a rainha das Amazonas.


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