Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 30
Impulso


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo, pessoinhas! E esse tem muitos acontecimentos (espero que não esteja confuso). Tomara que vocês gostem!



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“Vem comer, Mycroft. Tá esfriando.” Minha mãe gritou da mesa. “Já está tarde, querido, eu acho que ele não vem mais.”

Eu estava sentado no sofá, encarando a porta.

“Vocês tem certeza de que esse amigo é uma pessoa de verdade?” Meu pai cochichou e minha mãe fez que sim com a cabeça.

“Já vi o garoto, é um vizinho.” Ela respondeu e depois se dirigiu a mim. “Filho, você não foi rude com o menino, foi?”

“Não, mãe!” reclamei. “Era só o que faltava, a culpa do atraso do Gregory cair sobre mim.”

“Já tentou telefonar?” Sherlock entrou na conversa. “As ruas de Londres são muito perigosas, nunca se sabe o que pode ter acontecido.”

“Ele mora a duas casas da gente, Sherlock, não coloque coisas na minha cabeça.”

Respirei fundo e fui para meu quarto. Peguei o número de Greg na agenda, disquei e interrompi a ligação depois de chamar três vezes. Fiquei irritado.

Coloquei a nona sinfonia pra tocar e me embrulhei no edredom. Eu não estava irritado exatamente por ele ter faltado, até porque ele ia acabar me dando uma desculpa perfeitamente aceitável e tudo ficaria bem. Mas não. O que me deixava irritado era o modo como eu estava reagindo. Por que eu estava me importando tanto?

Desliguei a música. Antes que eu pudesse sair do quarto, ouvi um estalo na minha janela. Alguém estava tacando pedrinhas nela.

Coloquei minha cabeça para fora e constatei que era Harriet.

“Jogue suas tranças, Mycroft.” Ela acenou. “Eu posso entrar?”

“O que você tá...? Como...?” Em dez segundos minha mente produziu cerca de vinte perguntas. “Espera, eu te encontro aí em baixo.” Coloquei um casaco, um cachecol e desci.

“Vai sair, filho?” meu pai perguntou, enquanto eu já trancava a porta por fora.

Harriet estava colada na janela do térreo, tentando espiar o que tinha dentro.

“O que você tá fazendo aqui?”

“Eu estava de castigo e entediada, então eu vim pra cá. Por que eu não posso entrar?”

“Porque meus pais estão dando um jantar e eu não quero que eles pensem que eu chamei você.”

“Oh. Nossa, me senti querida agora.”

“Confie em mim, é para o seu próprio bem.”

“Como assim?”

Minha mãe nos viu conversando lá fora e abriu a porta.

“Que menina bonita, Mike. Ela é sua namorada?”

“Sim, é um prazer conhece-la, senhora Holmes.” Harriet rapidamente falou, enquanto eu a fuzilava com os olhos. “Meu nome é Harriet Watson.”

“Você é muito simpática, Harriet.” Minha mãe deu uma piscadela de aprovação pra mim. “Não quer entrar? Estamos dando um jantar de despedida pro Mike. Ele vai pra universidade amanhã.”

“Eu sei, ele me conta tudo.” Harry respondeu, me dando uma cotovelada. “Inclusive, nós estávamos de saída agora mesmo pra comemorar a ida dele pra Harvard...”

“Oxford.” Corrigi.

“...Oxford, foi o que eu falei. Tem uns amigos nos esperando num barzi...”

“Num café. Vamos Harriet.” Empurrei ela pra calçada.

“Tchau, senhora Holmes, fica pra próxima.”

Minha mãe acenou feliz da vida.

“Posso saber o que foi aquilo?”

“Eu não sabia que você ia pra Oxford! Isso merece mesmo uma comemoração!”

Andamos em direção à sorveteria e sentamos numa das mesas coloridas ao fundo.

“Rocky!” Harriet gritou e um homem musculoso veio de trás do balcão. “O de sempre, por favor.”

Então o homem voltou com uma Banana Split gigante e um copo de alguma coisa alcoólica. Falei que não queria nada.

“Por que você tá assim?” Harry perguntou entre uma colherada e outra.

“Droga, Harriet, você é uma mentirosa compulsiva!”

“Eu tive uma namorada que era uma mentirosa compulsiva” ela continuou, com um sorriso no rosto “Clara. Eu gostava dela.”

Entramos num daqueles tipos de conversa em que ninguém presta atenção em ninguém além de si mesmo.

“Meu Deus, minha mãe deve estar convidando todo mundo pro meu casamento a essa hora.”

“Foi ano passado. Clara terminou comigo. Disse que tudo não passou de uma fase. Fiquei arrasada, comecei a beber e nunca mais parei.”

“Meu pai vai passar a me dar conselhos amorosos. Vai ser horrível.”

“Ela estuda lá na escola, você sabe quem é? Não me lembro se ela foi na minha festa.”

“Como eu vou explicar pros meus pais que você tava brincando?”

“Ela se parece muito com aquela garota que acabou de sair do banheiro.”

“Harriet, você tá me ouvindo?”

“Ai meu Deus, é ela mesmo. Rápido, me beija.”

E nisso, Harriet me puxou pelo cachecol e me beijou tão intensamente que me faltou ar. Nota mental: não fazer amigos que agem por impulso em Oxford.

“Você acha que ela viu?” Harry olhou de soslaio para a mesa onde a menina estava se dirigindo.

“Caramba, você me beijou?!” Choque.

“Sim e você é péssimo. Parece até que você nunca... Espera, não.”

“Pois é, e isso não é nada de mais, tá? Sem drama.”

“Claro que é algo de mais! Eu arruinei seu primeiro beijo com meu plano idiota de fazer ciúmes. Prometo que seu segundo vai ser incrível, tá?” continuou olhando para trás. “Merda, olha quem tá na mesa dela.”

Achei impossível que qualquer outra coisa me surpreendesse mais naquela noite, mas eu estava enganado. A Clara da Harriet era na verdade a namorada de Greg, e lá estava ele, comendo sorvete como se nada estivesse acontecendo.

Levantei cheio de rancor. Eu não costumo agir por impulso, mas naquela hora eu era pura emoção.

“Fica calmo, cara. Assim você vai estragar meu plano.” Harriet me segurou. “Rocky, alguém aqui precisa de um copo.”

“Um dia eu ainda vou colocar o serviço secreto atrás desse cara!” Esbravejei um pouco alto demais. Metade do restaurante se virou, inclusive Clara e Greg. Aproveitando a atenção, Harry rapidamente colocou a mão nas minhas costas, me inclinou excessivamente e me beijou de novo.

Dessa vez, todo mundo viu.

“Harriet!” gritei.

“Mycroft!” Greg se espantou.

“Harry?” Clara reconheceu.

“Greg…” eu fiz minha voz de não-é-nada-disso-que-você-está-pensando.

“Harriet?!” Greg se espantou mais uma vez.

“Rocky!” Harriet gritou “Minha bebida!”


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Notas finais do capítulo

Dá até pra achar a Harry e o Myc shipáveis por uma fração de segundo. Muitos beijos pra vocês, enquanto vocês ainda não leram o último capítulo e ainda me consideram uma pessoa legal. *risada maléfica* Até!



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