Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 29
Espalhando a notícia


Notas iniciais do capítulo

Tá, eu já to 80% satisfeita com esse capítulo, então acho que já dá pra postar. Ainda me incomoda o fato de que tem diálogos demais, mas nhaaa, deixa pra lá. Bom capítulo pra vocês!



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“Papai?!” Corri para abraça-lo. “Achei que você só vinha em Julho.”

“Eu mudei meus planos quando recebi uma carta na base.” Ele falou, enquanto tirava um envelope de Oxford de dentro do bolso da farda. “Tenho que aproveitar a última semana do meu filho em casa.”

Tirei o envelope das mãos dele, incrédulo. Era a resposta de Oxford. Eu passei, avaliadora! Eu passei mesmo pra Oxford! Eu vou estudar lá!

“Deus!” levei as mãos a cabeça “Mas como essa carta foi parar lá?”

“Pois é, coincidências definitivamente não existem.” Meu pai falou, tirando o casaco molhado e depositando-o no sofá. “Se eu não tivesse recebido essa carta, eu jamais saberia que você tinha feito o teste e não chegaria a tempo de te ver em casa. E a tempo do seu aniversário também!” Meu pai falou, tirando um canivete suíço do bolso e me entregando. “Feliz aniversário! Não tem muita variedade naquela base, mas eu achei que você fosse gostar.”

“Obrigado!” peguei o presente na mão, omitindo o fato de que a festa tinha sido ontem.

“Eu só espero que você não use para o mal.” Ele falou, me analisando. “Não sabia que você estava numa fase punk da vida.”

“O quê?” Percebi que ele fazia referência à jaqueta. “N-não, nada de fase punk, não é minha essa jaqueta. É do... Espera, a chaleira! Eu esqueci a chaleira! Só um minuto, pai!”

Corri e desliguei o fogo. Depois de servir chá para mim e meu pai, retomei o assunto.

“E quanto a minha escola?”

“Você precisa pegar um certificado de conclusão do ensino médio.”

“Certo.” Dei um gole no meu chá. “É um internato, né?”

“Sim, mas eles liberam você no Natal.” Papai sorriu pra mim e eu sorri de volta. Em seguida, terminou o chá e se levantou. “E o povo dessa casa, dormindo?”

“Sim. Cansados com a festa.”

“Foi legal?”

“Foi.” Do ponto de vista da minha mãe, eu imagino que tenha sido. “Estou cansado também, acho que vou deitar.”

“Boa noite!” Meu pai desejou e eu subi.

Dormi rápido e tive uns sonhos misturados com gel de cabelo, Sherlock queimando coisas e Oxford.

Domingo de manhã. Acordei com o barulho de um disco de ópera da minha mãe tocando absurdamente alto. Levantei da cama e dei um grito. Tinha pisado numa peça de lego. Aquilo era coisa do Sherlock, com toda certeza. Meu sonho foi um aviso.

Desci as escadas e lá estava minha família reunida na cozinha. Peguei a maldita peça de lego e taquei no meu irmão.

“Ai, o que eu fiz pra você?” ele resmungou, se fazendo de vítima.

“Não reconhece a arma do crime?” falei, me sentando a mesa.

“Ah, como eu senti falta disso.” Meu pai comentou, levantando o jornal na altura do rosto.

“Meninos, não briguem.” Minha mãe disse, suavemente, sem se importar muito com a briga em si. Na verdade, era visível que ela estava feliz demais com a volta do meu pai para se importar com qualquer outra coisa.

“O que eu fiz pra você, isso sim.” Joguei a pergunta para ele.

“Simplesmente me esqueceu na casa do John!” Sherlock falou e eu me arrependi da minha pergunta instantaneamente. “Ouviu mãe. Eu fiquei lá sozinho com, prepare-se... DESCONHECIDOS!” tapei a boca de Sherlock, mas foi tarde demais.

“Quem é John?” minha mãe perguntou, com base no pedaço da fala de Sherlock que sua onda de felicidade foi capaz de captar.

“O amigo imaginário do Sherlock, não é mesmo?” Olhei para a carinha de Sherlock, que assentiu com a boquinha tapada. “Ótimo.”

“Você vai almoçar ou tomar café?” Sherlock provocou, assim que conseguiu se livrar da minha mão. “Dormiu muito, Mycroft. Parece até que passou parte da noite fora numa festa cheia de adolescentes e álcool.” Sorriu.

“Você o quê?” Meus pais falaram juntos.

“Que isso, gente! É só a imaginação do Sherlock. Eu... eu...” gaguejei “PASSEI PRA OXFORD.” Falei rápido, me levantando da mesa e indo buscar leite na geladeira. Sherlock e mamãe me olharam espantados.

“Viva!” Sherlock gritou “O Mycroft não vai mais morar aqui!”

“Ai meu Deus! Melhor dia de todos! Meu filhinho passou e meu marido voltou!” Minha mãe era puro ânimo. “Chame quem você quiser domingo. Vou fazer bacalhoada.”

Foi uma semana bem atípica. Logo segunda peguei o certificado de conclusão. A coordenadora ficou muito feliz e eu fui convidado para um café na sala dos professores. Muito adulto, não?

Eu mal conseguia prestar atenção nas aulas pensando que daqui a poucos dias eu estaria sentado numa mesa diferente, num lugar diferente, com pessoas diferentes, aprendendo coisas diferentes. Os demais alunos também mal conseguiam prestar atenção nas aulas, mas isso era porque aquela era a última semana antes das férias de julho.

Minha mesa da cantina andou bem movimentada naquela semana. Greg estava saindo com a menina do vestido rosa que dançou com ele na festa. Ela lanchou três dias seguidos com a gente. Nos outros dois dias, foi Harriet quem apareceu, reclamando de sempre ter que ficar segurando vela para Megan e Klaus.

Sexta-feira chegou e eu não consegui nenhum momento sozinho com Greg para poder contar a notícia e chama-lo pro jantar. Resolvi passar na casa dele à tarde.

Antes de sair, levei uma meia hora procurando a jaqueta de Greg, enquanto Sherlock me observava, em vez de ajudar.

“Pergunte.”

“Não estou falando com você.”

“Desculpa por esquecer você na festa.”

“Desculpas aceitas. Onde estão mamãe e papai?”

“Papai acabou de voltar de uma viagem de seis meses. Use sua imaginação.”

“Hm...” ele pensou um pouco “Desfazendo as malas?”

“O que você quer, Sherlock?”

“Quero saber se eu posso chamar o John pra brincar aqui.”

“Pode.”

“Ótimo.” Sherlock puxou uma cadeira e de debaixo da mesa da cozinha, um menininho veio se arrastando “Vamos, John. Vou te mostrar minha coleção de insetos.”

“Ah, Sherlock...”

“Sim, aviso que você vai na casa do Gary, tchau Mycroft.”

Entreguei a jaqueta e acabei ficando pra assistir um filme chamado Grease. Passei uma meia hora discutindo sobre como aquele filme não fazia sentido nenhum, enquanto Greg o defendia dizendo que “é um musical, não precisa fazer sentido”. Por fim, dei a notícia.

“Espera aí, Oxford? Você PASSOU?”

“Sim!”

“Que incrível!” Ele subiu na cama e começou a pular. Fiz o mesmo. “Agora você vai poder ser um diplomata-embaixador...”

“Cozinheiro e chefe do serviço secreto, isso mesmo!” completei.

“E você vai ter aqueles dormitórios legais!”

“Aham!”

“E... eu nunca mais vou ver você.” disse Greg, parando de pular e despencando na cama. Parei de pular também e me sentei na beirada de novo. “Quando você vai?”

“Segunda-feira. Eu volto no Natal.”

“Eu vou passar o Natal com a minha mãe, na Espanha.”

“Ah.” Respondi, com desânimo. O silêncio caiu sobre nós. “Bem, até domingo.”

“Até” Greg falou, absorto em seus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Que tal está? Ai ai, temos só mais dois capítulos a frente. E guess what, eles já estão escritos, então é, acho que no máximo em uma semana e pouco eu posto tudo. Beijinhos. ♥



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