Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 36
o Engenho


Notas iniciais do capítulo

POV Edward



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Edward

01/07/1883. Domingo. – Início da viagem.

Enquanto ajudo a colocar as malas na diligência, penso em como tudo se resolveu muito rápido. O Comendador chegou tarde naquele dia, acompanhado do senhor Newton, seu filho e seu genro, senhor Tyler, o marido de Jéssica. Foi interessante ver a recepção dela ao marido, sua expressão não dizia nada. Ela foi até ele, o cumprimentou e ele beijou sua mão, já perguntando pelas crianças. Ele não mudara nada nesses últimos anos. Talvez somente a barba espessa, na cor castanho, um pouco mais escura que seus cabelos.

Dona Esme pareceu feliz com essa mudança de ares. E fez algumas exigências. “Irão comigo, Edward, Renée... Emmett para cuidar da casa e Rosalie, que é a melhor costureira de todas, para tirar nossas medidas para o casamento.” Jasper acabou vindo também pois suas “férias” de reprodutor haviam acabado e ele pretendia pedir ao Comendador que servisse na lavoura. Alice veio acompanhando Isabella.

O Comendador e o senhor Newton ficaram para ir depois, estavam no meio de uma negociação de cana. Senhor Tyler, achou que seria agradável e bom para as crianças, passar uns dias no campo.

Todos falavam no tal casamento de Isabella e Mike, enquanto nós quatro - eu, Isabella, Alice e Jasper - estávamos arquitetando uma fuga. Provavelmente, na noite do casamento, onde todos estariam embriagados. Isabella deixaria uma carta para sua mãe explicando tudo e pedindo perdão para ela e para mim. Hoje era o primeiro dia do mês de Julho, tínhamos duas semanas para arranjarmos tudo.

Caminho pelas outras três diligências até chegar a carruagem de madrinha. Os escravos estavam todos num tipo de charrete coberta, dona Esme fez questão que eu fosse com ela e Isabella. Nas outras estavam divididos: senhor Mike e seu cunhado e senhora Jéssica fora numa outra sozinha com as crianças.

Entro na carruagem e encontro Isabella e dona Esme escolhendo um romance para a viagem. A viagem da Côrte até o município de Campos, era longa e cansativa. Sento-me e sorrio para elas.

─ Este! – Isabella fala animada me mostrando a capa do livro.

Amor de perdição. Camilo Castelo Branco. Um grande mestre da língua Portuguesa. Gosto desse. Mas ergo uma sobrancelha discreta para Isabella. Será que ela conhece o enredo?

─ É uma novela portuguesa no estilo Romeu e Julieta, já li este para a madrinha, mas tu, conheces a obra?

Percebo uma nota de tristeza no olhar de Isabella. Nós somos “Romeu e Julieta”. Porém, esperamos que nosso fim não seja trágico como o deles e muito menos como o de Simão e Teresa.

─ É uma leitura agradável. – madrinha interrompe o silencio. – Faz-nos refletir sobre como o amor exagerado pode levar à perdição. – ela pega o livro das mãos de Isabella e o passa para mim, que estou sentado à frente das duas. – Leia para nós, meu querido. – ela pede sorrindo gentilmente.

Aquiesço e abrindo na primeira página, começo: “[...]O leitor decerto se compungiria; e a leitora, se lhe dissessem em menos de uma linha a história daqueles dezoito anos, choraria! Amou, perdeu-se, e morreu amando...”

***

A viagem para o Engenho seguia sem muitas paradas. Este fora um inverno de muito frio e pouca chuva. O que ajudava com a estrada. Não se sabia ao certo o que acontecia nas outras diligências, mas aqui na carruagem de dona Esme o clima era de romance e alegria.

Dona Esme estava tão à vontade em nossa companhia, que ria e cantarolava se esquecendo por completo de sua doença. Isabella e eu também nos deixamos levar por este clima ameno e ousamos esquecer a tristeza e as preocupações, deixando-as fora da carruagem.

Eu li todo o tempo, mesmo quando a noite caía, eu aproveitava a luz do candeeiro. Isabella aproveitava a escuridão dentro da carruagem e o volume de seu vestido para me tocar com a perna. Talvez fosse um sacrilégio tal coisa, mas não podíamos conter todo esse desejo dentro de nós sem que nos tocássemos. Quando dona Esme dormia, usava uma máscara de tecido de algodão, que tampava plenamente seus olhos. Nesses momentos, eu e Isabella aproveitávamos para nos tocar carinhosamente.

Isabella passava a mão no meu rosto e eu retribuía. Podíamos sentir a respiração um do outro. Nossas bocas se esfregavam delicadamente de uma forma sensual e doce, mas não nos arriscávamos nos beijar. Poderíamos acabar acordando dona Esme. Isabella deixava os cabelos soltos, fazendo um tipo de cortina e a qualquer mínimo movimento de sua mãe, voltávamos a nossos lugares. Era doloroso se manter tão próximo e tão longe ao mesmo tempo. Isso chegava a gerar uma dor física.

Estávamos dormindo, quando a carruagem parou e o cocheiro deu um assovio.

Abro os olhos e puxo a cortina para ver onde realmente estamos. Vejo a frente da varanda e toda sua base revestida de hera. Chegamos. Estamos no Engenho.


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