Renascida escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 17
Capítulo 16




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Bella Pov’s

 

As palavras daquele vampiro me soaram incompreensíveis. Eu? Uma Volturi? Eu nada disse, apenas o fitei confusa mostrando que desejava mais esclarecimentos. Aro apenas sorria.

 

-Parece um pouco exausta. Deixemos este assunto de lado por hora. Certamente deve estar faminta. Alec? –Ele chamou um dos vampiros que estavam nas proximidades. Alec era belo, muito parecido com a menina de nome Jane.

 

-Sim meu senhor?

 

-Leve-a aos seus aposentos e providencie comida a ela. –Alec aproximou-se de mim com um sorriso. Eu estremeci. Quando acordei meus olhos estavam vermelhos, certamente esse grupo me alimentou com sangue humano. Olhando agora todos eles tinham olhos da mesma cor. Edward havia dito que vampiros que se alimentam de sangue humano tinham essa característica. Eu me afastei quando Alec tentou colocar suas mãos em um de meus ombros.

 

-Não sou como vocês... –Falei bem baixo, mas certamente todos ouviram. –Eu não me alimento de humanos. –Todos me olharam bestificados, Aro foi o único que me olhou com um tom especulativo. Ele se aproximou e tocou levemente em mim.

 

-Interessante... Quando Jane relatou que não conseguiu usar seu talento em você fiquei surpreso. Pelo que vejo você é imune ao meu talento também.

 

-Talento?

 

-Veja bem minha jovem, eu posso ler seus pensamentos, todos que teve em vida, após tocar em você. Sua mente parece estar lacrada, seu poder de criar barreiras a mantém protegida. –Eu permaneci calada, estava grata por ter essa proteção natural. Eu não queria que aquele desconhecido invadisse minha mente e soubesse coisas sobre mim, coisas do passado que eu havia enterrado. –Diga-me: Por um acaso conhece Calisle Cullen? –Sua pergunta me deixou tensa. Ah, claro! Calisle era conhecido dos Volturi. Aro e os outros deviam saber de sua filosofia. Eu poderia ter respondido sim, não havia problema algum nisso.

 

-Não. Não o conheço.

 

-Calisle é um conhecido meu. Ele adotou a filosofia de não se alimentar de humanos. Ele e alimenta apenas de animais. Como não aderimos a sua filosofia ele foi para a América procurar adeptos. Pergunto-me se sua idéia perdurou, ou se perdeu com a sede. –Eu fiquei calada aparentando indiferença as suas palavras. Era estranho agora. A antiga Bella não suportava qualquer menção a família Cullen, seu peito doía como se alguém o estivesse rasgando. Agora, mesmo depois de ouvir sobre eles e pensar em Edward, eu não sentia nada. Talvez os últimos acontecimentos tenham me anestesiado de tal forma que tudo está sendo esquecido, perdido. A vida da humana Bella escapava por entre meus dedos e eu bendisse esse fato. Se eu ia viver como um monstro, eu não queria lembrar-se da época em que era humana.

 

-Bem... Alec? Leve-a floresta nos arredores de Voltera. –Alec aproximou-se.

 

-Vamos? –Ele disse simpático. Eu caminhei ao seu lado. Naquele momento eu me sentia fraca demais para fazer algo, para fugir ou qualquer outra coisa do tipo. A sede estava demais, eu precisava me alimentar para depois planejar o que faria.

 

O local era estranho para mim, a arquitetura realmente me remetia a Itália. Corremos tomando todo o cuidado de não sermos vistos. Logo eu senti o cheiro de alguma presa nas redondezas. Logo eu senti o cheiro de ursos pardos. Tudo foi tão rápido. A sede me guiou e eu abati rapidamente três ursos de grande porte, eu praticamente os sequei. Alec ficou a me observar. Quando eu terminei minhas roupas estavam sujas de sangue e terra, um pouco rasgadas até.

 

-Para uma recém nascida você é uma caçadora e tanto! –Alec disse enquanto eu me aproximava. –Eu me chamo Alec, não me lembro do senhor Aro perguntar seu nome. Qual o seu nome? –Eu fiquei calada. Eu não queria dar nenhuma informação ao meu respeito.

 

-Eu não sei. –Eu disse tentando ser convincente. Ao que parece eu fui.

 

-Não sabe? –Alec perguntou com incredulidade na voz. –É normal a memória humana enfraquecer, mas nunca soube de um vampiro que tenha perdido completamente a memória. Espero que esse seu problema não tenha sido causado pelo meu poder. Acho que a mantive inconsciente tempo demais.

 

-Você... Então foi você que me manteve inconsciente?

 

-Sim. Você não parecia muito disposta a cooperar. Tínhamos de trazê-la até o senhor Aro sem problemas. Bem... Importa-se se eu lhe der um nome? –Ele disse. Por algum motivo eu não gostava daquele sorriso.

 

-Não. –Falei passando a caminhar para longe da floresta. Planejar. Seria isso o que faria.

 

-Hmmmm... –Ele olhava-me enquanto caminhava ao meu lado. –Eu lhe darei o nome Bella, pela sua beleza. –Eu estaquei e o olhei. Talvez ele soubesse meu nome. Não foi o que pareceu.

 

-Que seja. –E então passamos a correr.

 

Eu me refugiei em meu quarto provisório. Já estava devidamente trocada usando vestes que me eram entregues. Pensar. Eu tinha uma decisão a tomar. Eu não poderia retornar a Forks ou ao local onde minha mãe estava. Meus familiares e amigos seriam esquecidos.

 

“Você pode procurar pelos Cullen. Eles certamente a aceitariam.” - Minha consciência falou. Eu rangi os dentes.   

 

-Por nada desse mundo irei procurá-los. Eu não serei aceita a família por pena. Eu preferiria a morte.

 

A morte.

 

Viver a vagar pela Terra, isso seria bem pior do que ir para o inferno. Sem nenhum propósito, sem nenhum sonho, sem ninguém... E sem Edward.

 

Talvez eu devesse fazer isso. Morrer. Seria o melhor para todos. E então veio o cheiro fresco de sangue, bem próximo ao meu quarto. Pessoas estavam morrendo. Eu levantei num átimo e sai do quarto. Comecei a correr pelos corredores seguindo o cheiro, logo pude ouvir os gritos. Humanos estavam sendo mortos bem ali, algo comum para um local onde existiam vampiros que não tinham a mesma filosofia de Calisle, mas não era comum para mim por que eu jamais veria os humanos como comida, tampouco deixaria alguém nas proximidades ter esse pensamento.

Eu cheguei a um grande salão feito com pedras, bem medieval. Corpos por todos os lados. Homens, mulheres, crianças, idosos. Eu fiquei horrorizada. Alguns ainda estavam vivos, agonizantes. Quarenta e sete vidas tiradas rapidamente. Vi vampiros que certamente serviam aos Volturi.

 

-Quem é você? –Perguntou um homem com características físicas semelhantes a Aro. Ele devia ser um dos três patronos noturnos das artes, seu rosto era familiar. Um subordinado aproximou-se dele.

 

-Meu senhor Caius, aquela é a nova aquisição de seu irmão, o senhor Aro. Uma vampira colhida na América do Norte. –Falou a voz ao seu lado, eu não tinha visto aqueles vampiros até então. 

 

-Para meu irmão ter se dado ao trabalho de pega-la em outro continente esta vampira tem algum talento certamente. –Caius falou olhando-me curioso. Foi naquele momento que ouvi o choro de um recém nascido, Caius segurava um recém nascido humano. Eu petrifiquei.

 

-Sim. Pelo que ouvi de Jane, ela possui talentos. –O subordinado ao seu lado falou. –Meu senhor iremos recolher os corpos. –Disse o subordinado e este fez um leve aceno de cabeça para os outros vampiros do local, deviam ter uns vinte e cinco vampiros além dele e de Caius. –Creio que o senhor se alimentará deste em seus braços. –Ele apontou para o recém nascido.

 

-Sim. Leve os outros corpos. –Caius falou enquanto retirava a manta que envolvia o bebê deixando-o a mostra. O bebê chorava copiosamente, era tão belo e pequeno. Os humanos que ainda estavam vivos estavam sendo mortos pelos vampiros. Eles rapidamente começaram a empilhar os corpos. Caius aproximava o bebê de seus dentes.

 

Nunca poderia dizer o que se operou em mim naquele momento enquanto via uma vida prestes a se esvair. Talvez eu não tenha enterrado minha humanidade, mesmo depois dos três homens que matei em Seattle. Eu me movi rapidamente e arranquei o bebê das mãos de Caius. Meu movimento foi tão rápido que os vampiros ao seu redor nem ao menos se mexeram. Caius olhou-me boquiaberto, até seu rosto ser tomado pela fúria.

 

-O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO, SUA VAMPIRA IMUNDA? –Ele gritou e vi que os vampiros que o cercavam convergiam lentamente para mim. Eu estava a alguns metros de distancia segurando o bebê em meus braços. Ele estava bem, mas eu tinha de tirá-lo dali. Não havia janelas naquele espaço, eu tinha que sair pela porta, mas eu estava cercada. Caius fez um leve aceno a um de seus subordinados.

 

-Peguem o bebê e tirem essa maldita daqui antes que eu destrua o novo brinquedo de meu irmão Aro. –Ele falou. Os vampiros começaram a me cercar. Eu olhei para todos os lados desesperada. Então algo aconteceu. Algo emergiu de mim e me envolveu. Uma espécie de película transparente. Um vampiro pulou até mim, mas chocou-se contra a proteção.

 

-Então este é o seu poder. –Caius falou. –Uma pena. Pela sua atitude imprudente será punida aqui e agora. Seria uma bela aquisição a nossa família. –Ele falou. Eu sabia que estava protegida, mas por quanto tempo? Da última vez que acionei esse poder, eu não pude mantê-lo muito tempo. Os vampiros me rodearam tentando encontrar uma brecha em minha barreira. Eu procurei ficar concentrada para manter aquela proteção e caminhei a passos bem lentos para a porta atrás de mim. Eu tinha que fugir caso contrário o bebê seria morto junto a mim. Eu não ligava para mim, pouco me importava se minha não-vida chegaria ao fim, mas eu não queria que aquele ser tão pequeno em meus braços tivesse o mesmo fim. 

 

Minha barreira começou a diminuir, meu poder se esvaia. Eu estava perdida, aquela vida em meus braços estava perdida. Os vampiros foram se aproximando, até Caius se aproximou. Eu queria salvar aquela vida, eu queria fazer algo certo pelo menos uma vez, eu queria deixar de ser um monstro. Senti o meu corpo se aquecer, como se estivesse em chamas. Aquela queimação nada fazia contra mim ou contra o bebê. Eu não sabia o que era aquilo, talvez o meu ódio e desespero estivesse causando aquela sensação de fogo ao meu redor. Eu fechei os meus olhos e quando os abri eu estava diferente. Como na vez em que matei aqueles três humanos ou quando lutei contra os recém nascidos criados por Victoria para me matar, era como se eu fosse à espectadora dos meus atos. Minha barreira não era mais a mesma, ela estava com uma cor diferente, uma cor avermelhada e estava mais densa do que o normal. Todos ao meu redor ficaram sobressaltados com a mudança.

 

-Peguem-na. –Caius falou. Dois vampiros ao seu redor vieram até mim saltando na minha direção. Quando seus corpos passaram pela barreira eles desapareceram, como se tivesse sido instantaneamente queimados até virarem cinzas. Agora todos me olhavam alarmados. Eles não eram os únicos assustados com o fenômeno. Eu os olhei com ódio. Fiz com que a barreira crescesse e os envolvesse. Todos ficaram de frente para Caius.

 

-FUJA MEU SENHOR! –Um dos vampiros gritou. Caius preparava-se para dar um grande salto, passando pela minha barreira, e assim alcançando a porta. Eu fechei fortemente os olhos e gritei, explodi. A barreira cresceu exponencialmente e envolveu toda aquela sala.

 

-AHHHHHHHHHHHHHHHH! –Os vampiros gritavam enquanto eram dizimados pelo meu poder, o poder de queimá-los. Ninguém escapou, nem mesmo Caius. Quando eu abri meus olhos tudo estava cinza e pó, até mesmo os corpos dos humanos mortos por eles. Apenas eu e o pequeno bebê nos meus braços tínhamos sobrevivido.  

 

Eu não queria parar para pensar no que eu havia feito, eu podia sentir uma letargia me atingindo, como se toda a minha energia corpórea estivesse se exaurindo. Eu saí rapidamente pela porta, sai pela primeira janela que vi e passei a correr. Eu sabia que pelo meu ato eu seria seguida, mas desde que aquela vida em meus braços sobrevivesse nada mais me importava. Enquanto corria pela floresta de Voltera eu olhei para baixo e pude ver o bebê em meus braços sorrindo. Eu soube naquele instante que poderia viver só com o sorriso daquela pequena criatura.


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Notas finais do capítulo

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