– O que você esta fazendo??- disse uma voz estupefata.

Hiccup Virou-se para traz e viu Astrid, usando um casaco bege, um cachecol branco que lhe tapava boa parte do queixo, uma calça de moletom e sapatos para neve. Ela esta parada com uma expressão que mais parecia uma misturava de nervosismo, intriga e preocupação.

–É o Banguela, ele não esta respondendo- Hiccup estava assustado- ele simplesmente não se meche.

Astrid se aproximou de Hiccup para ver melhor o cachorro que o garoto segurava em seus braços, ela deu para traz ao perceber que ao animal faltava uma perna.

– A quanto tempo ele esta aqui??- Perguntou ela com os olhos lacrimejando.

– Ele esta aqui desde que me mudei. Eu acho.

– Como é que é?!- gritou Astrid estridentemente- Vamos temos que leva-lo para dentro da casa.

Astrid se posicionou ao lado de Hiccup e agarrou as patas traseiras de Banguela enquanto Hiccup segurava o dorso.

– Como você pôde deixar ele aqui sozinho??

– Hey. Ele é pesado tá legal, é difícil para um pessoa só carregar.

Eles caminharam até os degraus da pequena escada que dava para a cozinha (quase tropeçando na neve), Banguela ainda estava desacordado, Astrid empurrou com as costas a porta que estava entreaberta, eles entraram esbarrando nas cadeiras e na mesa.

– Tenha cuidado.

– Eu sei! só que não é você que esta de costas.

Hiccup conduziu Astrid até a sala de estar onde a lareira ficava, eles colocaram Banguela delicadamente no chão e Hiccup foi correndo pegas fósforos para acender o fogo.

Ele foi até a pia da cozinha, abriu a gaveta, pegou uma caixa de fósforos e correu para a sala, ele riscou o fósforo na caixa e jogou na lareira; o fogo acendeu instantaneamente.

Hiccuo sentou-se e em frente a Banguela e a lareira, Astrid tirou o casaco e o cachecol e sentou-se ao lado do garoto.

– Eu não acredito.- disse ela demonstrando-se surpresa pelo animal- É ele mesmo.

–Quem??

– Esse cachorro se tornou uma lenda por aqui.

– Tá brincando.

Astrid olhou para Hiccup Séria, com um olhar direto que fez o garoto gelar como se estivesse soterrado em plena neve.

– Okay, Okay, mas porque??

– Bom, pelo jeito essa lenda não chegou até você quando comprou a casa.

– Hã, não.

– Bom, a historia é a seguinte.

“ Não faz muito tempo, havia um homem que morava nesta mesma casa, esse cara tinha uma filha única, a dona desse cachorro, ela foi diagnostica com câncer.

A filha era a única coisa que ele tinha.

Certa manhã, durante a madrugada, a menina foi levada as pressas ao pronto socorro, a pobre garota não resistiu, morreu antes de chegar ao hospital.

O enterro foi ocorreu dois dias depois.

O Homem ficou tão desolado que começou a beber, o cachorro ficava constantemente dentro de casa.

Ao que dizem, houve uma noite que chovia e relampeava, era tempestade muito forte, o cachorro foi até o quarto da garota e ficou arranhando a porta e latindo, o homem estava bêbado e por raiva foi até a cozinha pegou uma faca e cortou a pata do animal, os vizinhos viram ele tentando esconder o corpo, mas o cachorro ainda estava vivo e chamaram a policia, o cara foi preso por maus tratos aos animais, desde então não se soube o que houve com o cachorro, não entendo como ele resistiu tanto tempo.”

– Minha nossa.

– É, eu me lembro quando a policia invadiu a casa a única coisa que acharam foi a perna do bicho, quanto ao corpo, por mais que a policia escavasse todo o quintal, não acharam o corpo

Hiccup olhou para Banguela, e olhou para a cicatriz que agora tomava o lugar de sua pata, ele levantou-se .

– Aonde você vai??

– Vou buscar uma coisa.

Hiccup foi até o quintal e da neve desenterrou a prótese que fizera para Banguela, ele voltou para dentro, durante o caminho sentia o metal da prótese queimar seus dedos devido ao tempo que ficara exposta ao frio, ele entrou na sala ajoelhou-se e pôs-se a encaixar a prótese ao corpo de Banguela.

– O que é isso??

– O que isso parece??

– Você fez isso??

– uhum.

– Puxa, Então é por isso que você vem faltando as aulas. Depois dessa nem vou te dar bronca pela sua falta de dedicação no nosso trabalho.

– Como é que é??

– Me sinto até culpada de ter te seguido durante esses últimos dias.

– Você o que??

Astrid olhou para Hiccup e deu um sorriso desconcertante.

– Então era você ?!

– Quem pensou que fosse??

– Sei lá, um ladrão?? o Bocão?? Meu... pai??

– Seu pai?? Por que seu pai iria te seguir??

– Eu sei lá ele...

Hiccup foi interrompido bruscamente pelos latidos de Banguela que já estava acordado.

Hiccup caiu em felicidade abraçando o animal, e lhe fazendo carinho; Astrid apenas observava a felicidade do garoto estando também feliz por ele.

Nesse estante eles escutam o barulho de um carro estacionar em frente a casa.