Alec apertou mais o travesseiro contra seu rosto, tentando abafar as batidas insistentes na porta. Jace aparentemente tinha dado com a língua nos dentes.

Não que isso mudasse muita coisa, exceto ter acabado com o pouco tempo de paz que ele calculara que teria antes de Izzy perceber que algo estava errado.

– Alec! Abra a porta!

Decidindo ignorar os berros de sua irmã, ele tirou o travesseiro do rosto e encarou o teto, como fizera desde que se trancara no quarto. A luz no quarto mudara, até que ele mal conseguia ver o teto, e mesmo assim continuou encarando-o.

Magnus era imortal. Ele sabia que um dia teria que lhe dizer adeus, se afastar para não sofrer ao ver o interesse do feiticeiro por ele diminuir conforme os cabelos brancos e rugas aumentavam. Mas nunca imaginaria que Magnus simplesmente o deixaria, pouco tempo depois do início de seu relacionamento. Sem explicações. Sem adeus.

Um corte rápido e frio.

Não se parecia com o Magnus que ele conhecia. Mas, talvez, ele não o conhecesse realmente.

Alec olhou em direção a porta ao ouvi-la ser aberta.

– Como entrou? – perguntou, encarando sua irmã.

Ela chacoalhou um bolo de chaves.

– Eu tenho cópias das chaves de quase todos os quartos daqui. Só pra garantir. Mas não importa. Não vim conversar com você sobre chaves. Alec, não pode ficar trancando aqui pro resto da vida.

– Posso tentar.

– Eu não vou deixar.

– E o que você pode fazer pra me impedir?

Ele percebeu seu erro assim que fechou a boca. A expressão decidida no rosto de Isabelle era como um sinal luminoso de perigo.

– Jace! – chamou Izzy.

Alec tentou correr, mas Jace apareceu em seu caminho, arrastando-o até o banheiro e fechando a porta atrás de si, escorando-se nela.

– O que você está fazendo? – perguntou Alec.

– Não vamos deixar que você crie raízes naquela cama. Você vai tomar um banho e vamos sair.

– Pra onde? – Alec encostou-se à parede de azulejos brancos, cruzando os braços sobre o peito.

– Ainda não sei, mas não vamos ficar aqui.

– E se você quer que eu tome um banho, porque ainda está aqui?

– Pra me certificar que não fuja.

Alec arqueou uma sobrancelha, a boca caindo escancarada.

– Jace, saia daqui.

– Eu vou virar de costas, prometo.

– Jace, por favor...

– Se bem que você provavelmente gostaria disso, afinal eu tenho um traseiro maravilhoso de se apreciar – murmurou Jace com a mão no queixo, parecendo pensativo.

– Jace... – agora mais uma advertência do que um pedido.

– Aliás, sempre me perguntei uma coisa e acho que essa é a hora de ter uma resposta. Qual de vocês era o passivo? – Jace falou com interesse, inclinando-se em sua direção.

Alec sentiu seu rosto ficar vermelho feito tomate.

– JACE!

– Ué, é uma pergunta super normal. Você é um caçador de sombras, forte, poderia ser o ativo. E Magnus tem bem um jeito mais afeminado. No entanto, Magnus também é fortão, aliás ele é maior que você, e você as vezes demonstra uma certa delicadeza. Então talvez...

– JACE SAIA DAQUI!

Jace ergueu as mãos em sinal de rendição.

– Tudo bem. Vou ficar esperando aqui fora.