I Wish You Love escrita por hatsuyukisan


Capítulo 17
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

Não acharam que ia ficar tudo bem esse tempo todo né? ;_;
Yuki causando um pouquinho dessa vez n.n



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/4598/chapter/17

   O tempo passou. Não. Não passou. Voou. Voou pelos olhos de todos. Um ano e meio praticamente despercebido. Dezoito meses entre turnês, gravações, dias felizes. E outros nem tão felizes assim.

  Yuki e Uruha sempre foram o tipo de casal que prezou a diversão acima de tudo. Eram os primeiros a aceitarem um convite para uma ida a um barzinho e sempre os últimos a saírem de lá. Viviam entre sorrisos, beijos, abraços, carícias, noites em claro, tentativas frustradas de largar o cigarro, tropeções nos corredores dos prédios, dores de cabeça matinais. A morena acordou numa manhã de domingo, com a cabeça pesada, lembrava de ter trazido Uruha até o quarto, os dois terem deitado na cama e mais nada. Olhou pro lado e viu o loiro estirado na cama, dormindo, com a cabeça quase pra fora do colchão. Ela suspirou e passou a mão pelos cabelos. Pensou seriamente no que tinha com Uruha.

  Se era amor? Talvez fosse. Talvez fosse insensatez pura. E definitivamente era hora de pôr um pouco de seriedade naquilo tudo. Maturidade. Era disso que eles precisavam. Doeria para consegui-la. Mas os dois realmente precisavam sentar e conversar como dois adultos, definir objetivos, metas. Ela levantou e foi lavar o rosto borrado de maquiagem. Jogou um roupão fofo por cima do corpo e foi até a cozinha tomar uma aspirina. Sentou-se na mesa, encarando o copo d’água, preparando-se psicologicamente para a conversa que teria com o Takashima. Ela tomou um café forte e encarou o céu pela janela. Amava-o, de verdade, mas queria poder amá-lo dali a vinte anos também. Quase uma hora depois, Uruha apareceu na cozinha, arrastando os pés e bocejando.

        -Bom dia. – ele murmurou e beijou a bochecha de Yuki.

        -Bom dia. Vai uma aspirina aí?

        -Não. Tô bem. – ele sorriu. E de fato estava bem. Uruha nunca se deixava abater por uma bebedeira. – Só quero café.

        -Puro?

        -Aham. – ele tapou a boca e bocejou enquanto ela despejava o líquido escuro e fumegante numa caneca e lhe entregava.

        -Dormiu bem?

        -Ah, sim. Como uma pedra. – ele respondeu, levando a caneca à boca e tomando um gole. – E você?

        -Também. – Yuki afastou uma mecha de cabelo que lhe caía sobre os olhos – Uru, nós precisamos conversar.

        -Olha, se for sobre as brincadeiras do Aoi, não liga viu? Ele faz isso o tempo todo. Mas isso não quer dizer que a gente tenha algo ou sei lá. – ele falou ininterruptamente, balançando a cabeça de leve.

        -Não. Não é sobre o Aoi. É sobre nós.

        -Nós?

        -É. Eu e você, Uruha. – ela parecia séria demais.

        -O que tem? – ele engoliu mais um gole de café.

        -É justamente isso que eu quero saber. O que tem? Onde nós estamos indo com isso?

        -Ué, Yuki... Nós nos amamos, certo? Você me ama, não ama?

        -Claro. Mas...

        -Isso não basta pra você? – um sorriso terno apareceu nos lábios dele.

        -Acontece, Uru, que já estamos juntos há praticamente dois anos. E agora?

        -Você fala em casar?

        -Não necessariamente. Mas Uru, pense comigo... O que foi que construímos juntos nesses dois anos? O que foi que compartilhamos?

        -Hum... Não sei. Fluídos? – ele riu.

        -Sério, Uru. – ela não pôde evitar rir um pouco também. – Eu tô falando de metas, objetivos.

        -Yuki, você parece a minha irmã falando. – ele arqueou a sobrancelha.

        -Uruha! Tá vendo? Você não leva a sério!

        -Mas Yuki, o que você quer que eu diga? – ele encolheu os ombros.

        -Quero que você assuma que a gente precisa começar a agir com mais maturidade, amor.

        -Yuki...

        -Uru, você tem quase trinta anos. Não dá mais pra ficar agindo feito um garoto de dezenove.

        -Tá me chamando de velho? – ele riu de novo.

        -Uruha... – agora foi a vez dela de arquear a sobrancelha – O que vai ser de nós daqui há vinte anos? É isso que eu quero saber. Sabe, o Kai e a Yuriko por exemplo... Eles têm o filho pra criar, provavelmente terão outro em breve, vão pô-los na escola e aí na faculdade e vê-los crescer e tudo mais. O Ruki e Asuka... Eles planejam coisas juntos, eles têm metas, planos, logo terão um filho também. E nós?

         -É um filho que você quer? Isso pode ser arranjado. – ele sorriu malicioso.

         -Não, Kouyou! Tô falando de uma vida! Uma vida de casal, sabe? Até quando a gente vai ficar chegando em casa depois da meia-noite? Até quando vamos viver no seu apartamento? Até quando nós vamos ter meia geladeira só pra cerveja? Até quando nós vamos ser infantis assim? E quando tudo isso perder a graça? O que vai ser de nós? Não quero que o nosso amor se resuma a uma ressaca, Uru. – ela tocou a mão dele sobre a mesa. – Eu quero uma vida com você, Uru. Uma vida.

         -Yuki... – a fala dele foi interrompida pelo som do celular tocando de dentro do quarto. – Espera aí.

    Uruha levantou da mesa e correu até o quarto atender o celular. Yuki suspirou sozinha e balançou a cabeça. Não seria dessa vez que conseguiria concluir aquela conversa. O guitarrista voltou do quarto minutos depois, vestido.

         -Eu vou ter que ir lá no Aoi. – ele disse quando chegou a cozinha.

         -Ah, claro.

         -Yuki, olha... Me desculpa sair assim. Eu te prometo que a gente conversa quando eu voltar. – ele se aproximou dela. – Me olha...

         -O quê? – ela encarou o fundo daqueles olhos castanhos.

         -Eu te amo. – ele se abaixou e beijou-lhe o rosto.

         -Também amo você. – ela disse, baixinho.

         -Não, sério. Eu sou louco por você, garota. – ele sorriu.

         -O Aoi tá te esperando. – ela não conseguiu esconder um sorriso.

         -Volto mais tarde. – ele beijou-lhe os lábios e saiu.

     Yuki riu sozinha quando ouviu uma batida na porta e então um palavrão do loiro. Ele provavelmente tinha batido o dedão ou algo assim. Talvez não valesse a pena tentar levar a sério tudo aquilo. Afinal, eles eram felizes do jeito que eram. Yuki nunca fez questão de grandes planos. Já não enfrentava mais problemas com infidelidade, como enfrentara com Hizumi. Uruha era sincero e fazia de tudo para ver Yuki sorrindo. E isso bastava. Yuki riu de si mesma por ter agido como sua mãe agiria. Deixar rolar. Era disso que precisava. O que de mal poderia acontecer? Eles se amavam. E isso era tudo.

    Algum tempo depois, Yuki recebeu uma ligação de sua avó. Uma ligação animada, lhe perguntando sobre a carreira, dizendo que a neta da senhora que morava em frente lhe havia trazido fotos de Yuki. A morena sorriu ao ouvir as histórias da avó. Sentiu que vinha negligenciando a grandmére há algum tempo. Viu-se com duas semanas de folga pela frente. Resolveu que entraria num avião e passaria um tempo em Paris. E foi o que fez.

         -Duas semanas então? – dizia Uruha, com as mãos nos bolsos, enquanto acompanhava a namorada pelo terminal de embarque.

         -Uhum. Eu preciso passar uns dias com ela, sabe? Mas logo eu volto. – ela sorriu.

         -Claro. Me liga quando chegar lá? – ele abraçou-a pela cintura.

         -Ligo sim. – ela concordou e beijou-lhe o pescoço.

         -Boa viagem. E se cuida. Manda um abraço pra sua avó. – disse o loiro, beijando a garota nos lábios.

         -Juízo menino. – ela piscou enquanto ele soltava sua cintura.

    Uruha ficou observando Yuki sumir pelo corredor, com as mãos nos bolsos, pensando no que ela lhe dissera naquela manhã. Pensando no futuro.

    Era impossível não pensar nele. Deixá-lo? Não, nunca. Amá-lo? Sim, para sempre. Queria poder ter dois corações. Dilema.

   Yuki foi recebida pela avó no aeroporto de Paris. As duas foram direto para o sobrado em Montmatre. Passaram um ótimo tempo juntas, as duas. Yuki dormiu em seu velho quarto de menina, sua avó preparou todas as suas comidas preferidas, as duas tocaram piano juntas, foram à feira, receberam a visita da neta da vizinha e suas amigas, que se encantaram com a presença de Yuki no bairro.

   Numa das noites na cozinha da casa da avó de Yuki...

           -Yuki, e como vão as coisas com aquele moço, o Kouyou?

           -Ah, vão bem. Vão muito bem. – Yuki sorriu.

           -Ele me pareceu ser um rapaz adorável.

           -Ele é sim. Gosto muito dele. – disse a moça, observando o vinho licoroso no copo sobre a mesa.

           -E o casamento? Não vejo a hora de ver a minha neta num vestido de noiva.

           -Não sei, grandmére. – ela sorriu e balançou a cabeça. – A gente ainda não pensou nisso.

           -Já faz uns dois anos que vocês estão juntos, não faz?

           -Faz.

           -Então já está mais do que na hora de enfiar uma aliança nesse dedo. Se vocês se amam.

           -Não sei, vó. Quem sabe no final do ano. Mas agora a gente tem outras prioridades sabe?

           -Não se apressem. Casem-se quando acharem que for a hora. – a avó de Yuki sorriu e serviu mais vinho no copo da neta.

           -Grandmére, se a senhora não se importa, eu acho que vou voltar antes pra Tokyo. Sabe, fazer uma surpresa pro Kouyou, passar uns dias juntos, só eu e ele.

           -Com certeza. Você tem de ir sim! Imagine, perder seu tempo com uma velha caduca como eu enquanto seu namorado fica sozinho em Tokyo? Vá, sim.

           -Ah, grandmére, a senhora sabe que de caduca não tem nada, e que eu adoro passar um tempo com você.

           -Eu sei. – a senhora riu. – Mas vá ficar com o seu namorado. Aproveite enquanto vocês ainda são jovens e viva com ele o máximo que puder.

           -Eu vou sim. Aliás, acho que vou embarcar amanhã pela manhã, assim eu chego lá à noite.

           -Ah, sim, nada melhor do que acordar o amado com um beijo.

           -Tem razão. – Yuki riu com a avó.

   Logo no outro dia, Yuki tomou o vôo das sete, assim chegaria à Tokyo às dez da noite. Sua avó lhe acompanhou até o aeroporto, abraçou-a longamente e desejou-lhe um bom vôo. Yuki entrou no avião de volta e tudo o que conseguia pensar era em se jogar nos braços do seu Takashima. Cochilou durante o vôo e jurou ter sonhado com os cabelos louros do seu guitarrista. As longas horas de Paris até Tokyo foram exaustivas, mas não mais que a falta repentina que Uruha lhe fazia. Assim que pôs os pés no Japão, Yuki correu até um táxi, enfiou-se nele e foi direto para casa. Ela entrou no elevador ansiosa, esperando que Uruha já estivesse em casa à essa hora, dormindo. Entrou no apartamento em silêncio e deixou a mala na sala. Andou pelo corredor a passos silenciosos. Girou a maçaneta e... Não.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem feito pra ela ò_ó *apanha*
Tá.. preciso pedir review de novo? *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Wish You Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.