Hermione voltou para casa chorando, se enfiou na estufa e ficou se relembrando de tudo o que acontecera até ali. O primeiro beijo com Draco, o mesmo a beijando sem ligar para comentários, a briga com Lilá, mais beijos de Draco, seu pai gritando com os dois, a surra que Draco levou no lugar dela.

Tudo envolvia Draco de alguma maneira, e ela o odiava por isso, por ter entrado tão abruptamente em seus pensamentos e não querer sair mais.

E ela percebeu que seu corpo doía, principalmente a cabeça. A lembrança do toque suave das mãos grandes de Draco faziam seu corpo doer, como se estivesse sofrendo algum tipo de abstinência.

Fechou os olhos e se lembrou da boca de Draco.

Draco Draco Draco Draco Draco. Pense em outra coisa, garota!

Dizia a sua tão odiada voz interior, ela conseguia ser tão inconveniente às vezes.

Nem percebeu quando sua mãe se sentou a seu lado.

– Sabe... Já passei por uma dessas.

– Como assim? - Hermione perguntou, ainda com os olhos fechados.

– A história também é a explicação do motivo do ódio de seu pai por Malfoys. Quer ouvir?

– Adoraria. - Disse Hermione fixando o olhar em uma flor vermelha.

– Será nosso segredo, ouviu?

– Tudo bem.

– Eu tinha vinte e poucos anos, e morava aqui, deve saber que moro aqui desde que me casei com seu pai. E os Malfoy já moravam aqui, se mudaram um ano depois de Draco ter nascido. Você era pequena, e, cá entre nós, eu era bonita como você. - Elas riram. - Chamei a atenção de Lucius. Ele era jovem, mais velho do que eu, mas jovem, tinha um filho pequeno, e uma esposa pela qual não era apaixonado. Se eu te disser, jura contar segredo?

– Sim.

– Eu nunca tive aquela paixão louca por seu pai. Do tipo que te faz querer fazer sexo antes do casamento... - Hermione riu - E fui me aproximando cada vez mais de Lucius, até que um dia, ele me encurralou na entrada de casa a noite, estava sozinha, seu pai havia ido a uma convenção, e você estava dormindo na casa de sua avó. Lucius era lindo, como o Draco. E eu cedi a seus encantos, ah, aqueles olhos cinzentos eram hipnotizantes, e seus lábios deixavam uma saudade quando saíam do alcance dos meus. No dia seguinte, seu pai voltou e nos pegou na cama, ambos nus, dormido abraçados, depois de uma noite que eu nunca vou me esquecer. Seu pai ficou furioso, como nunca havia visto antes.

– E o que aconteceu depois?

– Ele e Lucius brigaram feio, ele não me bateu, mas me xingou de muitas coisas que acho que não são adequadas te contar, mesmo que já tenha idade o suficiente.

Elas riram mais uma vez, apesar do brilho triste nos olhos da mãe de Hermione.

– Narcisa nunca soube, Lucius disse a ela que havia se envolvido numa briga de bar, por isso também não havia voltado para casa. Mas é claro que ela desconfiou, nunca gostou de mim também.

– E você e o pai de Draco nunca mais se envolveram?

– Para te dizer a verdade, não, apesar de que por muito tempo desejei o contrário... Não desista de Draco tão fácil. Apesar de que ele é tão carnal quanto o pai, eu sei que gosta de você de verdade. E eu percebo que gosta dele também. Não desista dele, meu amor. Mas essa história tem que ser nosso segredo, ouviu?

– Ouvi. Obrigada mãe, mas acho que Draco não vai mais se aproximar de mim. Depois das ameaças do meu pai? Não mesmo.

– É exatamente por isso que disse para não desistir dele, bebê! Não hoje, nem amanhã, mas depois, volte a falar com ele.

– Eu não vou à festa de formatura. Não mais.

– Ia com ele, não ia? - Sua mãe perguntou sorrindo.

– Ia. - Hermione respondeu sorrindo derrotada.

– Pois vá! Vista um vestido bonito, peça ajuda para Ginny com ele e vá ao baile com o Malfoy.

– Não tenho falado com Gina já faz um tempo.

– Ela não sabe sobre Malfoy?

– Não. Tenho que falar com ela.

– E o Ron, onde fica nessa história?

– Estava me traindo por final.

– Valha-me Deus! Ron?! Que loucura!

– Eu também não esperava isso.

– Mas ouça o que eu te digo, ligue para a Gina e conte a ela. Ela é boa com essas coisas. Peça ajuda a ela também também, Draco tem que ver que, mesmo sendo ameaçado por seu pai, você vale muito a pena.