Meu Mundo É Você escrita por Isabelle Masen


Capítulo 1
C.1 - Sapos e Encontro


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai o primeiro capítulo ;pNos vemos lá em baixo!



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POV Bella




Bufei pela trigésima vez. Hoje seria aula de ciências sobre dissecação de animais, e eu sou totalmente contra a matança de qualquer bicho que for. E sem contar que tenho estômago fraco até pra assistir filme de terror!




Passei uma folha de meu livro e tentei me concentrar na leitura, pois se ficasse pensando muito em como seria o estômago aberto de um sapo em breve isso resultaria em uma coisa muito, muito indesejada.



Minha vida é fácil e normal, o bastante para uma adolescente de 17 anos. Moro no sul de Forks-WA com meus pais e meu irmão, sou da classe média e tenho todos os manuscritos que existem de Harry Potter. Isso não é normal para uma garota, né?



Acontece que sou apaixonada por literatura desde os meus sete anos. Grande parte é clichê e fantasia, coisas que vão além da vida real, como The Hunger Games, The Walking Dead e Macbeth. Acho isso ótimo para mim, visto que a maioria das garotas de minha idade agora só ligam para mini-saias, sapatos e plástica.



Quando eu falo de “garotas de minha idade” falo especificamente de minhas queridas colegas de classe. A líder é Tanya Denali, a garota é tão notória que se ela postar uma foto vestida de abacaxi no facebook no dia seguinte todas as meninas virão caracterizadas da fruta. A vice-líder, Alice Cullen é uma garota baixinha e bonita, mas ela é meio lunática. Vive falando sobre moda, moda e mais moda e isso é irritante e engraçado ao mesmo tempo. Ela é irmã de Edward Cullen, um garoto lindíssimo de minha aula de biologia, cujo está entrando na sala neste exato momento.



Nos falamos bastante quando éramos da quinta série. Ele tinha uma cachorrinha, a Jane, a qual eu gostava muito. Brincávamos e íamos na casa um do outro quase todos os dias, até chegarem as férias, quando nos afastamos. E quando voltamos estávamos na puberdade, e na mesma semana, soube que ele já tinha “pegado” mais de três garotas de nossa sala. Já a irmã dele… Bem, eu falo com ela apenas por educação quando ela passa por mim. É louca por Jasper Hale, melhor amigo de meu irmão Emmett Swan. O cara mais parece o fantasma reencarnado de Michael Jackson, só que loiro e sem plásticas. Mas é um cara legal, já que me deu meu primeiro xbox de aniversário. Quem diz que dinheiro não compra felicidade está absolutamente errado.

Emmett Swan é tão engraçado quanto Adam Sandler. Mas o problema dele é ser desprovido de inteligência, como se a mamãe a desse a mim e a beleza para ele. Apesar de ele ser bem grandão, é muito bonito. Já eu não tenho nada de atraente: olhos castanhos-escuros, branca, baixinha, magra, cabelos cor mogno até a cintura fina com alguns cachos - horrorosos em minha opinião -, seios médios e um pouquinho só de bumbum. Não tenho um cabelo louro oxigenado, não fiz plástica no nariz e nem coloquei silicone aos 15 anos como certas pessoas, e só por isso fui classificada como “nerd”. E Emmett, como todo bom irmão, me defende. Mas só quando não corre feito um cachorrinho atrás da namorada, Rosalie Hale, irmã de Jasper e Ex de Edward Cullen.




–-- Bom dia, classe - o sr. Molina adentrou a sala com seu sorriso de sempre, segurando umas quatro caixas enquanto um outro funcionário segurava mais quatro - preparados para a aula de hoje?



–-- Professor… - falei marcando a página de meu livro e levantei, indo ao seu encontro.



–-- Algum problema srta. Swan? - me perguntou colocando as caixas na mesa.



–-- Sim, é que eu acho que não conseguirei fazer a aula. Poderia me dar uma atividade extra? - dei um sorriso sendo simpática e ele sorriu assim como eu, fazendo suas rugas de expressão e suas covinhas aparecerem. Me senti aliviada.



–-- Não - falou ainda rindo e meu sorriso sumiu - vá para o seu lugar, essa aula é a última sobre dissecação antes do provão da semana que vem - falou e virou-se para conversar com o funcionário. Suspirei alto e voltei quase marchando pro meu lugar ao lado de Eric Yorkie.



–-- Dissecar sapos! Estou tão animado! - falou derrepente quando sentei. Ignorei o garoto punk e observei Tanya, Alice e Rosalie tirarem as unhas postiças e colocarem luvas ortopédicas enquanto Jasper só faltava gritar de tanto rir daquela babaquice toda.



–-- Comecemos a aula! - o sr. Molina disse e deu alguma explicação sobre o que faríamos e um desenho no quadro negro com algumas questões objetivas sobre o estômago e os outros órgãos do animal. Minha careta pra tudo aquilo apareceu naturalmente.



–-- Bella, você já dissecou algum bicho antes? - Eric me cutucou e eu o olhei, tentando ser simpática.



–-- Não, sou contra qualquer tipo de violência contra animais - assenti e ele fez uma careta, começando a tagarelar sobre alguma coisa que não prestei atenção.



Não é que eu seja anti-social, apenas não gosto de perder meu tempo com tanta gente fútil. Eric Yorkie é um emo assumido, até meio gay eu diria. É um asiático com franjinha e vive usando roupas pretas, sempre falando em morte, rock’n’roll e com a namorada, Angela Weber. Essa até é legalzinha.



Mal percebi quando o sapo já estava em minha frente, deitado de barriga para cima com uma faca ao seu lado. Os finos rígidos e pálidos, os olhos congelados e sem cor deixaram meu estômago de cabeça para baixo. Fechei os olhos e coloquei uma mão na barriga e uma na cabeça, tentando controlar um pouco minha mente para não desmaiar. Aos poucos já sentia o sangue sumir de meu rosto e minha cabeça parecia ter levado um tiro.



–-- Ei, Bella! Olha que maneiro! - ouvi a voz de Jasper e abri um olho, mas me arrependi quando vi a parte íntima de um sapo arrancada com sangue, alguns miolos e até uma parte de sua pata. Tudo girou e escureceu à minha volta, e a última coisa que fiz antes de cair contra o chão foi chingar o sr. Molina de filho da…



(...)




Acordei mas não abri os olhos. Consegui reconhecer o cheiro de madeira, chuva e chá de boldo da enfermaria da escola. Algumas vozes estavam conversando ao fundo, e pude apenas reconhecer a da enfermeira e de mais alguém, mas meu cérebro estava fraco para que eu não conseguisse ligar o nome à voz.



Meu corpo fora carregado por braços fortes e acolhedores, os quais quase me fizeram cochilar. A pessoa caminhou, e, caramba, que cheiro maravilhoso é esse! Uma mistura de menta com banco de couro de carro novo, com um leve toque doce e intrigante que me deixava fora de órbita. Será que é um médico? Tentei abrir os olhos, mas quando tentei ver fui colocada em um banco de um carro de maneira delicada, mas ainda sim não queria ser colocada ali.



O estranho médico entrou no carro e eu reconheci os cabelos revoltos, os olhos de um verde duvidoso e lábios finos e pouco carnudos.



–-- Edward Cullen? - falei quase em um sussurro mas ele ouviu e virou o rosto pra me encarar enquanto ligava o carro, que deduzi ser o seu.



–-- Isabella Swan - me deu um sorriso casual e bateu sua porta.



–-- O que você está fazendo?

–-- Você desmaiou na sala de biologia e eu estou te levando para casa - deu de ombros, os olhos na pista - não lembra?



Me encolhi em meu casaco.



–-- Por que não mandaram Emmett ou meus pais virem me buscar?



–-- Seus pais não atendem o telefone e Emmett está treinando.



–-- E por que…



–-- Calma, isso é só uma carona, não estamos em uma sala do F.B.I - falou rindo mostrando seus dentes brancos e cintilantes - você fala como se eu fosse te sequestrar ou algo do tipo.



–-- Não é isso, é que… É meio constrangedor ser carregada por você – falei sincera e ele ergueu uma sobrancelha.



–-- Nós nos conhecemos, você não lembra? - falou e eu franzi o cenho. Ele ainda se lembra da nossa antiga amizade?



–-- Claro que lembro mas, sei lá, tem muito tempo que não nos falamos e por que você?




–-- Por que eu, por acaso, moro duas casas depois da sua - falou normalmente e eu uni as sobrancelhas.



–-- E como eu não sei disso?



–-- Você vive trancada no seu quarto lendo, eu acho - falou e suspirou, ainda sem me olhar. Mordi um lábio inferior, ainda incrédula por ter deixado essa informação escapar - pelo visto tem medo de sapos, né?



–-- Não é isso, eu não gosto de qualquer tipo de violência contra animais.



–-- Os sapos iriam ser dissecados, não espancados - falou como se fosse óbvio.



–-- Preferia que fossem espancados.



–-- Então concerteza não será médica quando se formar - falou de forma divertida e eu dei um meio sorriso.



–-- Não, mas eu toparia ser uma atriz de The Walking Dead. Não me incomodaria em ser uma zumbi ou sobrevivente.



–-- Você assiste The Walking Dead? - falou me olhando visivelmente surpreso. Dei de ombros.



–-- Quem não assiste?



–-- Ninguém que eu conheça. Caramba, eu adoro essa série - falou - nunca encontrei os episódios pra baixar na internet - falou me olhando e gesticulando com as mãos no volante, entretido.



–-- Bem, eu tenho até a 4ª temporada em DVD lá na minha casa - falei e ele me olhou com os olhos brilhantes. Ele abriu a boca pra falar algo, mas o interrompi - e é sagrado! Não empresto meus filmes a ninguém - ele bufou, frustrado.



–-- Ta, tudo bem - falou e parou o carro exatamente na porta de minha casa. Saiu do carro e eu virei pro banco de trás, procurando por minhas coisas. Peguei minha mochila e quando coloquei os dois pés para fora do carro senti uma tontura repentina, me fazendo quase ir ao chão se não fosse pelos incríveis reflexos de Edward, que segurou meus braços.



–-- Acho que você ainda não pode andar - falou assentindo me olhando quando me apoiei no teto do carro em busca de equilíbrio.



–-- Não fale asneiras - falei e me soltei do carro e tentei dar dois passos, sem sucesso. Edward riu de minha performance e eu dei uma tapa em seu braço.



Voltei pro carro e suspirei, contando até três pra voltar a andar.



–-- Precisa da minha ajuda? - falou meio debochado. Olhei pra ele e forcei um sorriso, tentando correr dessa vez, mas se Edward não fosse rápido a queda seria feia.



Ele prendia o riso, eu conseguia escutar a crise silenciosa presa em seu peito. Levantei lentamente a cabeça encontrando seus olhos, e assenti à contragosto.



Ele me carregou em um movimento rápido sem dificuldades, entrando em minha casa sem cerimônias.



–-- O meu quarto… - comecei a falar mas ele já subia a escada, confiante. Uni as sobrancelhas e ele me olhou quando chegamos no último degrau,



–-- Eu já vim aqui antes - piscou e eu revirei os olhos.



Ele entrou em meu quarto e eu imediatamente taquei a mochila em uma cadeira, me soltando dele com cuidado, ainda segurando em seu braço.



–-- Vai com calma, você ainda está tonta - falou sério e eu comprimi os lábios, tipo um “cala boca” - acho melhor tomar um banho - ergui uma sobrancelha - pode confiar, meu pai é médico e me ensinou algumas coisas sobre esse tipo de crise.

–-- Tudo bem, mas você não irá entrar naquele banheiro! - falei e soltei lentamente seu braço. Quase ri de seu olhar de “aff”, mas me controlei.



Me apoiando em minha estante de livros e na parede, consegui entrar no banheiro da suíte. Tinha uma blusa do Guns N Roses em cima do vaso com um short preto justo que ia até um palmo abaixo do bumbum. Pendurei minha toalha que estava na varanda no box e entrei no cubículo do chuveiro, tirando lentamente minhas roupas.



–-- Bella? - ouvi a voz de Edward soar longe. Espera! Ele me chamou pelo apelido?



–-- O que? - falei. Ele já não deveria ter ido embora? O sr. Molina disse que ele só iria me trazer, não ficar aqui.



–-- Você tem um PS3? - perguntou e eu arregalei os olhos.



–-- Você está mexendo nas minhas coisas?



–-- E tem Survival Instinct? - falou me ignorando e me apressei em passar o sabonete e enxaguá-lo de meu corpo, afim de proteger meus bens mais preciosos.



–-- Tenho, agora, por favor, solte os meus games! - falei quase implorando e ouvi um “uau” sonhador do outro lado da porta.



Em um piscar de olhos eu já estava fora do chuveiro, com minhas roupas recém mudadas tentando correr para a porta. Ele poderia até levar um dos vasos de flores gregos de minha mãe, mas meus videogames são sagrados. Ninguém, nem mesmo Emmett mexeu neles, porque quando ele tentou eu dei de presente a ele toda a saga de Assassin’s Creed. Do contrário, eu teria uma pedra no meu sapato.



Saí do banheiro e tropecei em meus próprios pés. Precisei me segurar na maçaneta para não cair, mas ainda sim fiz um barulho alto. Edward nem se moveu, apenas estava sentado em minha cama com vários discos de séries e videogames nas mãos, com os olhos brilhando. Como eu quando ganhei meu primeiro Nintendo Wii.



–-- Eu disse pra não mexer nas minhas coisas - falei sentando ao lado dele, fazendo as molas da cama subirem e descerem.



–-- Você tem um tesouro na sua casa - falou me olhando com um sorriso de orelha a orelha - cara, quem é você? Será que essa nova Bella pode me emprestar apenas um game? Eu devolvo semana que vem!

–-- Edward…Eu não empresto meus games - falei olhando pra ele e seu sorriso murchou. E, graças a meu coração super mole, franzi os lábios e fiz uma força sobrenatural pra dizer - mas você pode vir aqui qualquer dia jogar comigo.



–-- Sério? - seus olhos brilhavam novamente. Um brilho que o deixou ainda mais bonito, devo ressaltar.



–-- Sim, me sinto meio só. E também não tenho um desafio interessante há meses - dei de ombros. Desde que Emmett e Jasper começaram a arranjar namoradas, passei a jogar sozinha. Isso era meio solitário, e eu sinceramente sentia falta de tempos como este.



–-- Proposta aceita, general Swan - bateu continência e rimos. Dei uma tapinha em seu braço.



–-- É bom ir se preparar em casa, pois já zerei toda essa maravilha em um mês - falei orgulhosa e ele ergueu uma sobrancelha.



–-- Mesmo que meu xbox tenha quebrado há alguns anos, não perdi a prática, sabia? - piscou e eu cerrei os olhos.



–-- Vamos ver então, soldado Cullen - falei e ele deu um sorriso. Desisti de minha careta ameçadora e sorri um pouco.



–-- Bem, falta apenas umas duas horas para as aulas acabarem, então… - falou olhando pro seu relógio digital - será que eu poderia ficar e assistir TWD com você?



Suspirei e o olhei. Tão lindo e cheiroso aqui no meu quarto… Isso, definitivamente, era quase impossível de acontecer. Há alguns anos atrás talvez, mas agora? Essa é minha chance de resgatar nossa antiga amizade, e eu me agarraria a ela assim como Romeu se agarrou à sua Julieta antes de vosso ultimato. Só que sem a parte de “amor proibido”, será apenas uma amizade sólida, similar à que tínhamos há algum tempo. Pensei em como seria bom derrotá-lo no Mario e no Sonic, em ter alguém me carregando em um show do Nirvana e alguém pra me ensinar a destravar itens bloqueados em Death Note.



Por fim, sorri e assenti, apontando pra caixa que continha todo o box de The Walking Dead.



–-- Vamos assistir só a primeira temporada - falei e ele riu, empolgado, me puxando pra um abraço tão forte que deitamos na cama. Me sentia acolhida e com uma estranha felicidade.




–-- Você é demais - falou e se afastou cedo demais, já que reprimi um suspiro pela rapidez do meu momento.



Ele conseguiu sozinho ligar o aparelho de DVD e a TV, colocando o primeiro CD de meu box. Me aconcheguei na cama e puxei o edredom, enquanto ele sentava um pouco afastado de mim para assistir à série.




E só nesse momento em que a série começou foi que a ficha caiu: eu tenho um encontro com Edward Cullen!


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Notas finais do capítulo

Iai o que acharam? Reviews? Apareçam coisas lindas, quero conhecer os meus leitores *-*PS: A capa da história está sendo feita, coloco ela ainda hoje ;)



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