Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/458181/chapter/7

Dias se passaram desde que o indicidente no lago acontecerá e a prisioneira acusará todas as pessoas que estavam presentes naquele local de serem monstros, incluindo Maximus. Desde que isso aconteceu, ela se manteve fechada em seu quarto sem ver ninguém além de uma empregada totalmente desconhecida que trazia suas refeições que eram completamente ignoradas. Suas sessões de recuperar as memórias perdidas com Maximus também deixaram de existir, já que parecia que o anjo não morava mais em seu castelo ou não tinha atrevimento sufiente para entrar em seu quarto e chamá-la de idiota.

Não que a prisioneira precisasse fazer as pazes com ele, mas já estava começando a se sentir muito solitária fechada em seu quarto noite e dia.

Nove dias haviam se passado desde que virou uma hospede do inferno, mas naquele dia estava fazendo uma semana desde que Katherine tentou matá-la e Maximus a defendeu. E de alguma maneira esquisita, ela passou se sentir ainda mais miseravel depois de ter escolhido a opção de se manter em seu quarto, estando ciente de que ninguém a procuraria para conversar sobre o que aconteceu, não quando chamará a todos de monstros.

Mas o que a prisioneira podia fazer? Katherine a viu se afogando e não moveu nenhum musculo para ajudá-la. Acusa-la diante do arcanjo responsavel por esse lugar não era nenhum crime, mas acusar uma amiga, ou seja lá o que fosse dele, provavelmente era. Era obvio que ele acreditaria nas palavras de Katherine do que na de uma pessoa que era um problema e que conhecia a poucos dias. Quem sabe quanto tempo Maximus e Katherine se conheciam, quem sabe até onde ia o nível de amizade deles ou se realmente eram apenas amigos. A prisioneira, definitivamente, não sabia, mas se havia algo que não negava a certeza, era que ter passado uma semana em seu quarto sem ver ninguém era torturador.

Chorar e se lamentar por estar presa no inferno passou a fazer parte do seu dia a dia infeliz, já que não havia muitas coisas para se fazer além de dormir. Ela estava começando a se odiar por chorar tanto e não sair de seu quarto para mostrar a todos que estava bem. O seu orgulho gritava para ela dizendo que tinha que caminhar pelos corredores e demonstrar para qualquer pessoa que a visse que não se importava em morar com monstros, mas a prisioneira não conseguia lidar com o fato de ter que cruzar com Maximus nesses passeios.

Ela estava triste e todo seu desespero por estar nesse lugar que não pertence estava a fazendo sofrer de uma maneira surreal a ponto de chorar apenas em pensar que Maximus mentiu ao prometer que a protegeria, de ter confiando em alguém que não conhecia e quebrar a cara por isso. Se em apenas pensar nele tudo isso acontecia, não sabia o que aconteceria quando o visse pessoalmente.

Mas hoje, por outro lado, ela se sentia renovada a ponto de ficar na duvida se saia de seu quarto ou não para enfrentar todos que estavam lá fora. Pelo tempo que se passará, o dia já acabado a muito tempo e a noite podia ser a hora ideal para encontrar o anjo loiro que aceitou ignorar a existencia dela, assim como ela a dele. A prisioneira não tinha certeza se estava pronta para enfrentar o problema que causou ao chamar todos de monstros, mas ela queria recuperar suas memorias e apenas Maximus podia ajudá-la. Na verdade, apenas ele podia ajudar em tudo. E ela se sentia uma completa idiota por ter virado a cara para a única pessoa que iria ajudá-la.

A prisioneira também não estava o colocando em um pedestal em quanto se menosprezava, ela tinha a certeza de que o arcanjo não tinha um bom coração a ponto de ajudar qualquer humano que era encontrado no inferno sem nenhuma memoria, ele tinha seu próprio interesse nesse assunto. Mas ambos queriam a mesma coisa. Ele desejava encontrar uma maneira de levá-la para sua dimensão e ela também queria aquilo, então, de alguma forma, a prisioneira teria de que aceitar que antes dela o anjo iria proteger muitas coisas que eram importante para ele. Incluindo alguém que tentou matá-la.

Agora ela estava de frente com sua porta, sua mão pálida estava sobre a maçaneta da porta e seus dedos a seguraçava com força naquele metal que ficará quente depois de tanto tempo, a prsioneira ainda não havia encontrado a coragem para abrir sua porta e em quanto esperava por um pequeno indicio de sua mente dizendo que sair de seu quarto não era algo assustador, seus olhos estavam fixos em suas veias azuis que eram visíveis devido a falta de cor da sua pele.

Ela usou sua mão livre para colocar uma mecha irritante de seu cabelo negro atrás de sua orelha, seu cabelo era tão liso e fino que muitas vezes nem um coque mal feito parava no topo de sua cabeça. Parecia que ele possuía vida própria e escolhia exatamente como iria ficar no seu dia a dia, a prisioneira estava apenas feliz por eles não serem armados. Aquele liso escorrido era muito melhor do que algo descontrolado.

A prisioeneira suspirou e depois de tirar sua mão de seus cabelos, ela ignorou esse pensamento de cabelos, que não vinha ao caso nesse momento, e reuniu toda sua força necessaria para abrir aquela porta e desistiu de esperar que seus sentimentos a movesse. Se eles não eram corajosos suficiente, seu corpo era. Ao abrir a porta, ela saiu no corredor com uma rapidez surpreendente para que a chance de continuar em seu quarto nunca existisse, mas para a sorte infeliz dela, seu corpo quase atropelou alguém.

— Maitea jauna!— Aquela língua estranha invadiu o corredor em total surpresa, fazendo a prisioneira deter seus passos antes mesmo que passasse por cima de Dimitrius. Ele estava colado a parede com suas asas estendidas que se abriram rapidamente para que existisse mais espaço entre eles. Era quase comico o modo em que ele se segurava contra a parede, como se diante dele existisse algo que o anjo temia mais do que qualquer outra coisa.— Você quase encostou nas minhas asas!— Dimitrius acusou como se aquilo fosse um crime.

A prisioneira encontrou os olhos do irmão de Maximus depois que parou de olhar suas magnificas asas brancas que estavam completamente abertas e lhe dando uma noção de quão grande eram. Ela franziu o cenho.— Não estou suja para que tenha tanta repugnancia de mim.— Suas palavras deveriam ter saído com um tom de pura arrogancia, mas ele saiu como se a prisioneira tivesse se sentido magoada pela reação dele. Seus sentimentos ainda estavam traindo o seu corpo e ela ainda esperava enfrentar o anjo loiro e insensivel, que ótimo.

O anjo que estava em sua frente desgrudou da parede e fechou suas asas em suas costas, ele parecia meio constrangido por tê-la acusado de uma maneira que a fez ficar magoada, mas Dimitrius estava completamente enganado, pois ela não estava. O pior era que nada que ela falasse iria resolver esse mal entendido, afinal, toda pessoa que se sentia mal sempre dizia “está tudo bem”.

Dimitrius observou a prisioneira com seus olhos escuros que eram exatamente como os de Diane, mas seu olhar era o mesmo que Maximus usará nela nos dois dias que tiveram para conversar antes dela destruir tudo. O anjo arrumou sua postura e encontrou seus olhos depois de um tempo.— Não desejava ser rude, você me pegou de surpresa e quase esbarrou em minhas asas.—

— Qual é o problema com suas asas?— A prisioneira perguntou, ainda não entendendo o que havia de errado nisso.

O anjo entediado arqueou uma de suas sobrancelhas, uma expressão de surpresa invadiu seu rosto que não era inexpressivo como o de Maximus.— Pelo visto Maximus não explicou algumas coisas importantes.— Ele disse.— Mas considerando que vocês não se falam à dias...—

Ela olhou para ele com um olhar rabugento, não gostando que o irmão do anjo loiro estivesse bem por dentro das fofocas que se espalharam pelo castelo em quanto estava trancada em seu quarto.— Vá cuidar da sua dimensão e me deixe em paz.— A prisioneira atirou aquilo como uma pedra e se virou para sair daquele corredor.

— Espere.— Dimitrius disse em meio de um riso.— Não deseja mais saber sobre minhas asas?—

A prisioneira se virou em sua direção, pois ficou curiosa na reação que o anjo teve quando ela quase esbarrou nas suas asas. Todo esse assunto de arcanjos era uma novidade e obviamente a curiosidade vencia qualquer orgulho.

— Privilégios de toque.— Dimitrius disse como se aquilo explicasse tudo.— Ninguém pode tocar na asa de um anjo sem que tenha permissão e as pessoas que recebem esse direito, são aqueles que estão destinados a ganhar nossos corações.—

— Vocês podem amar?— Ela perguntou com surpresa.

— Bem, Maximus definitivamente fez a pior propaganda de nós aparantemente.— Ele lamentou.— Mas sim e quem pode tocar em minhas asas é a mulher que irá se sentar ao meu lado todos os dias.—

— Isso é como uma presente, imagino.— Ela deduziu.— Alguém já tocou suas asas?—

— Nunca.— Dimitrius sorriu com certai ironia.— Nós com certeza podemos amar, mas isso não significava que seja fácil.—

— Uau, me perdoe por quase ter destruído seus sonhos de donzela presa em uma torre ao roubar o primeiro toque.— A prisioneira colocou dramaticamente uma mão em seu coração.

Dimitrius riu e ficou muito visivel de que entre os três arcanjos ele era o mais gentil.— Perdoada, grande dragão.— Ele curvou sua cabeça.— De qualquer maneira, isso é algo essencial para se saber quando se vive com um anjo. Existem muitas poucas coisas que nós nos importamos devido a nossa posição e essa é a principal. Tome cuidado quando estiver próxima de Maximus, acidentes sempre acontecem.—

— Maximus e eu não nos damos muito bem, isso não será um grande problema quando a distancia é a principal coisa que desejo.—

— Você teve a sorte de conviver com o pior dos meus irmãos.— Dimitrius deu de ombros.— Não a julgo por isso.—

— Maximus é o pior?— Ela disse incrédula.— Meridius quis me matar!—

O anjo loiro não merecia a defesa dela, mas entre ele e Meridius, estava obvio quem era o pior ali.

— Pense bem, Meridius esperou que seu julgamento acontecesse para solicitar a opção de morte,— O anjo entediado sorriu ameaçadora.— Max não esperou.—

Depois de dizer aquilo e deixá-la sem palavras ou tentativas de novamente defender Maximus, Dimitrius se virou e começou a caminhar pelo corredor novamente, mas antes de continuar seu trajeto, ele encontrou os olhos azuis da prisioneira.— Sinto muito que se encontre nessa situação.— O anjo disse com sinceridade.— Por mais que eu odeie os humanos, ninguém merece viver nas dimensões antes de morrerem.—

— Obrigada, eu acho.— Ela disse e sem mais nenhuma palavra, Dimitrius retornou para a sua caminhada deixando que o som de suas asas fazendo leves movimentos fosse o único barulho que invadia aquele corredor até que seu corpo ficasse pequeno com a distancia e depois sumisse completamente.

A prisioneira gostou de conversar com Dimitrius, mas ao mesmo tempo isso a deixou desesperada e com um nó enorme em sua garganta. Afinal, agora ela sabia que Meridius não era o pior dos três e ainda devia milhões de desculpas a Maximus por sua asa ter encostado nela quando tentou atacar Krueger.

Definitvamente, o anjo estava certo em desejar sua morte em quanto ela estava colocando todas as suas regras de ponta cabeça.

Ela estava caminhando pelo corredor sem nenhum destino esperando encontrar Maximus ou qualquer um de seus soldados que a escutaria quando pedisse para levá-la até o anjo loiro. Os outros guardas que ficavam de guarda pareciam estatuas e a prisioneira ficou um pouco envergonhada em ter que falar com algum deles. Mas no fim, ela havia caminhado tanto que já estava ficando totalmente cansada e atordoada pelas voltas que estava dando pelo castelo que de fora não aparentava ser um labirinto enorme.

A prisioneira ficou completamente feliz quando no mesmo corredor que estava caminhando naquele momento encontrou um soldado que andava rapidamente do lado oposto dela, ela se lembrava dele naquela meia lua de seu julgamento e então não se importou de se colocar na frente dele antes que o homem passasse pela prisioneira fingindo que nunca a viu. Ela o observou em silencio, não sabendo exatamente o que dizer, pois não desejava soar como alguém que dava ordens apenas por ser uma hospede do dono daquele lugar, pois sabia que estava muito a baixo até mesmo dos empregados. Em quanto ele não começava uma conversa ou ela dizia algo, a prisioneira observou seus traços para ter certeza de que não estava enganada sobre o soldado ter estado naquela meia lua.

Seus cabelos eram curtos e de um tom loiro escuro, ela sabia que se eles fossem maiores, seriam cacheados devido a pequena ondulação que se formavam no topo de sua cabeça. Ele tinha uma barba rala a cima de sua pele branca que demonstrava que era apenas por fazer, seus lábios eram chamativos por serem carnudos e rosados, igualmente ao tom de seus olhos azuis que de perto eram claros mas de longe podia ter a certeza de que eram escuros. Esse homem tinha um ar meio de psicopata, mesmo sendo essa a segunda vez que o via, a prisioneira sentia essa palavra radiar de seu corpo com uma força bruta.

— Posso ajudá-la?— Ele perguntou finalmente, a observando como se fosse apenas uma pedra no seu caminho que poderia ser facilmente chutada.

— Sim.— A prisioneira respondeu sem hesitar, mesmo com medo desse ar psicopata.— Você poderia me levar até Maximus?—

— Imagino que imperatore não esteja mais disponivel para conversas.— O soldado disse com sinceridade, não por que era malvado ou engraçadinho como Gate a ponto de lhe fazer uma piada.

— Por favor.— A prisioneira insistiu tentando fazer sua melhor expressão de coitada e nos segundos seguinte a sensação de que ela estava encarando uma pedra a invadiu, pois aquele homem que estava naquela meia lua em seu julgamento não disse mais nenhuma palavra. Parecia que ele estava falando com outra pessoa, alguém que ela não podia ver ou ouvir.

— Tudo bem.— Ele disse depois de um tempo em silencio que a deixou agonizada.— Vamos.—

O soldado se virou e começou a fazer o mesmo caminho que ela estava fazendo, deixando o seu antigo trajeto de lado para realizar um pequeno pedido que para a prisioneira estava a deixando sem ar. Tentando se distrair por um momento, já que não sabia exatamente o que iria falar para Maximus, ela focou sua atenção no modo como o homem em sua frente caminhava. Seu andar era confiante, de alguém que sabia o que fazia e de que não possuía medo de nada do lugar em que vivia, diferente dela que a cada passo que dava era uma hesitação maior do que a anterior.

A prisioneira suspirou, não conseguindo prender aquele sinal de decepção dentro de seus pulmões. Sua casca de durona havia se partido em dois pedaços e ela sentia que a cada minuto um pedaço caía até não existir mais nada. Não podia acreditar que depois de uma semana no inferno ela se encontrava tão sensível, sendo que deveria ter sido tudo ao contrário. A prisioneira deveria ter sentido medo, tristeza e chorar nos primeiros dias em que foi informada onde se encontrava e não simplesmente ter ficado pior conforme o tempo se passava.

Ela acredetiva que tudo isso era culpa por causa de Maximus ter ignorado a presença dela em seu castelo durante tanto tempo, uma parte dela estava machucada pelo anjo ter prometido que iria cuidar dela e no primeiro impasse que aconteceu, ele a abandonou. Tudo bem que foi tola demais ao pensar que Maximus realmente iria a proteger de qualquer coisa, mas ele foi a única pessoa que lhe deu segurança, já que desejava sua confiança para acessar suas memorias, então a prisioneira acreditou nele cegamente.

— Você se sente bem?— O soldado perguntou friamente, mas existia curiosidade em sua pergunta mesmo que não tivesse olhado para ela. E a prisioneira não iria ignorá-lo já que estava fazendo um grande favor, ainda mais agora que havia falado com ela.

— Sim.— Tentou ser simpática, mas novamente seus sentimentos a traíram.

— Humanos possuem uma saúde fragil, se estiver com algum problema deveria nos avisar.—

— Por que esta falando isso?— A prisioneira não pode deixar de perguntar, pois ela se sentia completamente bem, apenas estava magoada por tudo que estava acontecendo em sua vida.

— Você está mais pálida do que uma piranha albina...— Piranha albina?! — Seu tom não estava assim quando a vi no julgamento.—

— Estou bem, mas obrigada.— Ela disse calmamente, e ignorando o quer que fosse uma piranha albina, desejando cortar esse assunto antes que sua própria mente suicida achasse alguma resposta apavorante.— Como se chama?—

— Morgan.—

— Morgan,— Ela repetiu seu nome, descobrindo que pela falta de um nome para ela mesma, gostava de saber como os outros se chamavam.— Eu gostei do seu nome.—

— Bem,— Ele riu brevemente.— digamos que minha mãe foi criativa.—

A prisioneira estava pronta para dizer que era um nome bem interessante e diferente, mas quando se deu conta que eles estavam em um corredor que não possuía nenhuma outra porta além de uma no final dele, seu coração acelerou e sentiu que as laterais de seu pescoço estavam começando a ficar quentes.

Essa, definitivamente, não era a reação que deveria ter ao saber que Maximus estaria atrás daquela única porta em um corredor escuro. Mas, como a sorte era uma cretina em falta, isso não foi seu maior problema. A prisioneira podia controlar suas emoções traidoras antes que chegasse até a porta, mas quando ela foi aberta para clarear o corredor em que caminhava juntamente com Morgan, ela pode sentir todos os seus sentimentos congelarem e deixarem de existir exatamente como quando precisou deles para abrir a sua própria porta.

Ela continuou a caminhar logo atrás de Morgan, acompanhando o ritmo dele para que não se atrapalhasse toda, mesmo quando seus olhos estavam fixos em uma mulher que saia do quarto com seus cabelos marrons molhados e com um vestido tão colado quanto o que Diane usava quando falou com ela pela primeira vez. Aquela estranha possuía um bronzeado perfeito, uma cor que provava que ela passava horas abaixo de um sol quente e que combinava muito bem com seus olhos azeitonados. Tudo nela gritava mulher em seu caminhar, em seu corpo ideal e em tudo. Agora a prisioneira entendia o que Krueger queria dizer quando falou que ela não fazia o tipo de Maximus.

Chegar aos pés dessa mulher era algo que estava fora das listas de sonhos dela, pois mesmo que ela tivesse uma altura média, seu corpo parecia mais com o de uma adolescente do que com o de uma mulher cheia de curvas como o daquela que estava cruzando com ela naquele momento. Mas de qualquer maneira, a prisioneira não desejava fazer o tipo de Maximus, então isso não importava.

Ela se perguntou se aquela mulher era a escolhida do anjo loiro para tocar em suas asas, pois estava obvio demais o que havia acontecido naquele comodo, tudo ficava ainda mais claro quando viu que os cabelos dourados de Maximus também estavam molhados e ele estava sem nenhuma camisa. A prisioneira, para poupar sua vida, manteve seus olhos fixos nos dele já que sua mulher ainda estava naquele corredor. Ela não era tola de mentir que seus olhos a forçavam para observar o abdomen do arcanjo já que estava curiosa para saber o quanto de saúde Maximus possuía, ainda mais quando usando uma camisa os poucos musculos que ficavam a mostra eram bem satisfatorios.

Eles se aproximaram da porta ainda aberta e com Maximus diante dela, Morgan ao encontrar os olhos do anjo curvou sua cabeça brevemente como uma reverencia respeitosa.— Imperatore.—

O arcanjo ignorou o seu soldado para ter seus olhos na prisioneira, observando com certa curiosidade e ao mesmo tempo com um rosto tão fechado e proíbido de emoções.

— Obrigado, Morgan.— Ele disse ao homem e isso foi o suficiente para que Morgan se virasse para ir embora rapidamente, deixando-a de frente com um anjo sem camisa.

Ela estava contando carneirinhos em sua mente, mesmo ciente de que aquilo era uma travessura para dormir, aquilo estava ajudando muito para que seus olhos não viajassem pelo corpo de Maximus. A prisioneira podia ter suas desavenças com ele, isso não era mentira, mas também não podia se iludir de que o arcanjo era feio e sem nenhum traço atraente. Maximus provavelmente era os deus dos deuses e ela era uma mulher sem casa, sem roupas, sem nome que estava de frente com um homem muito bonito. Era obvio que sua mente estava sendo torturada para não admitir que seus olhos fizessem uma viagem.

Ambos ficaram em silencio por muito tempo, ela esperava que o anjo loiro falasse algo para iniciar a conversa, mas era idiota por acreditar nisso. Quem foi até ele para conversar foi ela, não ao contrário, então não tinha que esperar o arcanjo começar.

— Eu...—

— Entre.— Maximus disse a cortando, se movendo para o lado até que estivesse o espaço suficiente para que a prisioneira passasse. Ela deu um passo a frente, obedecendo a ordem do arcanjo como um cachorrinho que fez algo muito errado e foi pego de surpresa por seu dono, mas antes que continuasse adiante, seu corpo congelou.

A prisioneira havia parado bem ao lado de Maximus, um de seus ombros quase encostava em seu peito nu em quanto ele esperava que ela entrasse, mas um grito ressoou por sua mente a fazendo parar exatamente onde estava. Afinal, esse não era qualquer lugar, e sim o quarto de Maximus.

A primeira coisa que seus olhos encontrram foi sua cama, que graças a todas divindades que existiam, estava perfeitamente arrumada com cedas de um azul marinho que não possuía nenhum dossel ou coisa do tipo, era apenas uma cama box do tamanho que acomodava suas asas totalmente estendidas. O quarto em geral era enorme como o salão que aconteceu seu julgamento, havia um lustre e uma lareira com um quadro de família a cima dela. Até mesmo Katherine estava posando para a pintura com seu vestido longo. Era um quarto digno de um rei, assim como era Maximus.

Definitivamente, ela não se sentia confortavel em conversar no quarto dele, ainda mais quando seus olhos curiosos continuaram a explorar e encontraram a porta do banheiro aberta e com a luz acessa, deixando obvio que forá ali que uma festinha particular havia acontecido. Seus pensamentos pervertidos passaram imaginar coisas impropriadas sobre como tudo havia ocorrido ali dentro e quando a prisioneira sentiu seu pescoço novamente esquentar em quanto todo seu rosto seguia o ritmo, ela ignorou esses pensamentos.

— É apenas meu quarto, não uma jaula.— Maximus disse perto dela, sua paciencia que mal havia existido já estava nos ultimos suspiros de vida.

— Nós... nós podemos conversar em outro lugar?— Ela gaguejou sem graça e encontrou os olhos azuis escuros do arcanjo assim que deixou suas costas encontrarem o batente da porta para manter um espaço entre eles.

— Não.— Disse ele arrogantemente.

— Por favor...— A prisioneira quase implorou, mas Maximus pegou seu cotovelo de uma forma delicada para não machuca-la e a puxou para dentro de seu quarto, a afastando do batente da porta para fechá-la. Nesse momento, ela havia ficado sem reação e perdido totalmente o controle de seus olhos que foram de encontro ao peito sem nenhuma camisa do anjo. E “uau!” era a única palavra que podia definir tudo o que estava vendo.

Maximus, mesmo sendo um guerreiro com tantos soldados, não possuía nenhuma cicatriz como ela imaginará que teria, seu peito era liso e com um abdomen bem definido. Cada linha era uma tentação que levava a pensamentos muitos pecadores, ainda mais aquelas que começavam nas laterais a baixo de sua cinturam e iam se afinando até sumirem por culpa de seus jeans negros.

Ela engoliu em seco, tentando encontrar o controle de seu corpo que agora era a vez de ser o traídor. Sua emoções que haviam sido congeladas ao ver sua mulher saindo do quarto dele voltaram à tona com força total, fazendo seu sangue esquentar e sacudir seu estomado.

Mulher, ele possuia uma mulher!

— Humana.— Maximus murmurou aquela palavra como se fosse seu nome, fazendo com que ela olhasse para ele rapidamente e assustada com seus olhos arregalados, mostrando todas as cartas de que estava o observando detalhadamente.

— Eu queria lhe pedir desculpas, Maximus.— Ela disse rapidamente e desajeitada, falando aquilo que estava em sua mente desde que decidiu que era correto ir até o anjo, a prisioneira apenas não esperava ter que ver uma cena tão constragedora de uma mulher saindo de seu quarto e de ter que encarar o fato dele estar sem nenhuma camisa.

Ela não estava pronta para pedir desculpas tão facilmente assim em quanto não conversasse com o anjo e tivesse a certeza de que ele merecia isso, afinal, a prisioneira havia o chamado de monstro e depois de uma semana sem vê-lo, acreditava que tinha sido muito cretina ao dizer isso para ele, Diane e Marie sendo que Katherine era a única que merecia seus xingamentos. Antes de pedir desculpas, ela queria ver se o arcanjo havia defendido sua amiga por não acreditar que ela era capaz de fazer algo como aquilo, não por desejar a morte da prisioneira também.

Maximus soltou o seu cotovelo que ainda segurava, fazendo-a perceber que sua mão quente ainda tocava sua pele gelada e palida. O anjo a observou em silencio, procurando os traços que precisava para ver que ela estava sendo sincera e quando seus olhos azuis se cansaram de olhar para o rosto da prisioneira, ele se afastou dela para caminhar até uma porta de vidro enorme que levava até uma varanda sem grades de proteção, um lugar tão perigoso...

O arcanjo ficou de costas para ela, olhando a escuridão sem nenhuma estrela ou lua atraves do vidro que o separava da varando. Ela olhou para suas costas não tendo mais nenhuma opção, pensando em como parecia natural aquelas asas que se estendiam naquela região como se fosse algo muito normal. O vidro refletia a imagem de Maximus, assim como a dela que havia se virado um pouco para ver o anjo. Ele encontrou os olhos dela pelo vidro escurecido por causa da noite.

— Por que está pedindo desculpas?— O anjo perguntou calmamente.

— Porque...— Por que Maximus não podia ser como qualquer outro homem normal e aceitar suas desculpas para que ela fosse embora?! — Eu não sei exatamente, mas sei que agi errado com você.— O anjo não se virou em sua direção, a fazendo ficar agredicida, pois em quanto seus olhos pertencessem a escuridão la fora, ela poderia se retorcer toda para não encará-lo.— Eu não pertenço a esse lugar e essa realidade que pertence a vocês faz com que eu me torne diferente, talvez o único monstro que está fora de sua casa...— Ela continuou falando quando Maximus não disse nenhuma palavra e conforme mais ia dizendo, mais sua voz ia sumindo por não saber como colocar em palavras o que sentia.

— Você não é um monstro.—

— Assim como não sou daqui, um anjo que governa o inferno não faz parte do meu mundo e isso não faz de você um monstro.— A prisioneira olhou para baixo quando encontrou os olhos de Maximus pelo vidro.— Eu não deveria ter falado o que disse naquele dia.—

— Sua vida quase foi levada por aquelas águas, não esperava uma reação diferente.— Ele a respondeu todo indiferente.

— Por que você não me deixou morrer? Isso iria simplificar muitas coisas em sua vida.—

— Eu prometi que nada a machucaria.— Maximus se virou, encontrando os olhos dela sem ser por um reflexo em um vidro.— Os elementos da natureza também estão incluidos nessa promessa.—

— Katherine tentou me machucar.— Ela murmurio aquilo abaixando seus olhos, pronta para ser decepcionada pelo anjo novamente.

— Você não deveria acreditar em tudo que vê quando se está no inferno.—

A prisioneira encarou Maximus em sua frente com um pouco de raiva, ela esperava por qualquer defesa, não uma frase que a colocava como louca educadamente.— A menos que ela tenha medo de água, não estou acreditando em você.—

O arcanjo em sua frente sorriu brevemente por causa de seu comentário, o que a deixou com mais raiva do que já estava, pois não se lembrava de ter feito nenhuma piada para que o anjo loiro sorrise. Mas mesmo assim, o sorriso dele era encantador. A prisioneira caminhou para ficar em frente dele com uma carranca que demonstrava que não estava fazendo uma brincadeira e sua aproximação foi com a intenção de deixá-lo intimadado, mas a reação foi contrária. Apenas a respiração leve de Maximus estava a intimadando.

— Katherine não pode tocar em ninguém sem estar com suas luvas.— Ele ignorou a carranca dela.— Seu toque pode matar qualquer pessoa, menos eu e meus irmãos. Eu não sei se o toque dela a afetaria, já que nem mesmo meus poderes funcionam com você, mas ela estava com as mãos nuas e fez o possível para ajudar.—

— Eu apenas a vi parada como uma pedra.— A prisioneira murmurou ainda emburrada, mas se sentindo ainda pior por ter acusado Katherine de assassina quando poderia ter causado sua morte apenas com um toque.

— Ela me chamou para ajudá-la.— Maximus explicou.— Posso me comunicar com qualquer pessoa que existe nesse castelo mentalmente e eles comigo, Katherine se conectou com minha mente quando a viu se afogando.—

Bem, isso explicava muitas coisas. Principalmente do por que Maximus ter aparecido do nada para ajudá-la quando provavelmente pensava que ela estava trancada em seu quarto ao invés de estar passeando com sua irmã.

— Por que não me disse isso no mesmo dia em que tudo aconteceu?—

— Você merecia uma punição.— Maximus disse arrogantemente com uma mistura de ironia, seus olhos azuis escuros brilharam em divertimento que ela ainda estava procurando para rir também.— E eu não podia procurá-la em quanto me odiava para ofender-me ainda mais.—

Ela fechou sua cara ainda mais por causa daquele comentário. Não era nada agradavel ter passado dias se remoendo por culpa em quanto a consciência do arcanjo estava completamente limpa.— Isso foi maldade.— Murmurio com a voz baixa.

Maximus levantou uma de suas mãos e a levou até seu rosto, seus dedos quentes e grandes fizeram um caminho por seu maxilar que fez com que todos os pelos de seu corpo se arrepiassem ao mesmo tempo que sentia seus membros em seu estomago se apertarem com aquela caricia. Seu corpo inteirou congelou novamente, fazendo com que mantivesse seus olhos fixos nos do anjo quando teria encontrado outra coisa mais interessante para olhar.

— Eu a ouvi chorando todas as noite e não posso discordar de você.— Ele disse olhando fixamente para a pele que acariciava.

— Tenho que me desculpar sobre outra coisa também.— Disse a prisioneira rapidamente, com medo da onde essa reação a levaria. Maximus não deveria estar encostando nela.— Sobre suas asas...—

— Minhas asas?— O anjo perguntou confuso, tirando a mão que tocava seu rosto para que ela não ficasse toda atrapalhada em quanto falava. O arcanjo havia percebido muito bem o efeito que estava causando nela e parecia satisfeito.

— Quando eu ataquei Krueger, suas asas esbarraram em mim e...— Ela estava sentindo seu coração acelerar sem ao menos ter algum motivo.— Se você quiser que eu peça desculpa para sua namorada, não se preocupe com isso.—

— Namorada?—

— Sim.— Ela disse sem jeito.— Aquela mulher que estava saindo do quarto.—

— Espere,— Maximus franziu seu cenho.— Com quem você esteve conversando sobre minhas asas?—

— Dimitrius.— Foi sincera.— Ele disse que apenas as pessoas escolhidas podem tocar nas asas de vocês e eu...—

— Aquela mulher não é minha namorada.— O anjo falou como se apenas aquilo fosse importante.— E minhas asas esbarraram em você por falta da minha atenção, não foi sua culpa.—

— Mas...—

— Pare de se culpar por tudo que acontece.— Aquilo soou mais como uma ordem do que um pedido gentil quando ele a cortou novamente para falar.— Além do mais, eu não me importo que você encoste em minhas asas.—

Ela o encarou com certa surpresa, pois o modo como Dimitrius havia falado sobre as asas deles, parecia que aquilo realmente era importante, mas talvez para Maximus não importasse com isso tanto quanto o outro anjo. Afinal, para ela poder encostar, significava que qualquer um podia fazer o mesmo.

O arcanjo caminhou para passar por ela e quando estava ao seu lado, ele estendeu uma de suas asas brevemente para empurrar seu corpo daquela transe congelante e a prisioneira não pode deixar de notar de como a asa que a tocou era pesada e cheia de força, suas penas eram macias e que iludiam muito bem em deixar imaginar que suas asas eram frágeis como as de passaros pequenos.

Ela também não pode deixar de ver o brilho de brincadeira que surgiu nos olhos de Maximus depois de empurrá-la, mostrando que o anjo estava de bom humor. Ou ele apenas estava sendo bom com ela já que se sentiu culpado ao ouvi-lá chorar todas as noites. Além do mais, ele não possuía nenhuma pratica em lidar com uma mulher chorando, então estava obvio que o anjo iria tentar não levá-la direto para essa direção.

— Você irá me dizer por que Katherine não pode tocar nas pessoas?— A prisioneira perguntou se virando para tentar encontrar os olhos de Maximus, mas o anjo estava ocupado fechando a porta de seu banheiro, novamente de costas para ela.— E por que você cuida dela como se fosse uma irmã?—

— Os segredos de Katherine não pertencem a mim, mas de qualquer maneira, quando ela toca alguém, o corpo dessa pessoa começa a virar poeira como se o interior dela estivesse queimando até que tudo que sobrasse fosse cinzas.— Ele explicou.— Kath pertencia ao paraiso e infelizmente os humanos não são os únicos que possuem preconceitos, pois quando algumas pessoas passaram a descobrir o que ela podia fazer, eles começaram a tratá-la muito mal. Meridius fazia o possível para que ficasse bem, mas ela deicidiu que seria melhor viver em um lugar onde o preconceito não existisse, já que no inferno não existe ninguém melhor do que ninguém. Katherine está conosco a tanto tempo que não posso dizer exatamente quando nos tornamos amigos, mas tanto eu quanto meus outros irmãos a consideramos parte da família.—

— Isso é assustador.— A prisioneira disse sobre poder daquela mulher esnobe, feliz por ela sempre manter a distancia dela.

— Agora você pode compreender o porque de não ajudá-la.— Disse Maximus, soltando a maçaneta da porta do banheiro para olha-lá.— Katherine perdeu uma pessoa que era apaixonada e depois que isso aconteceu, ela se tornou amarga demais a ponto de todos pensarem que não se importava com mais nada. Eu não a culpo quando a única opção para uma relação amorasa é Dimitrius.—

— E quanto a você e Meridius?— A prisioneira perguntou, não esquecendo que o anjo falou que as únicas pessoas que ela podia tocar eram os arcanjos. Ela também não estava surpresa por Dimitrius ser a escolha dela, pois em seu julgamento, a prisioneira pode ver o ódio mortal de Katherine pelo arcanjo cheio de tédio depois dele ter feito brincadeiras de mal gosto.

— Meridius está fora de cogitação, pois possuí uma esposa e eu não a vejo nada mais do que uma irmã.—

— Meridius possuí uma esposa?!— Ela perguntou totalmente incréducla, não fazendo nada para controlar seus sentimentos de descrença que mostrava que quase perguntou quem era a louca.

— Meu irmão não é tão ruim quanto aparenta, humana.— Maximus sorriu.

Tudo bem, era segunda vez que o anjo sorria para ela em questão de minutos e isso estava se tornando assustador mesmo quando o sorriso dele era tão sonhador que poderia levar uma pobre menina ao paraiso. Ela estava quase sendo levada. Principalmente quando o arcanjo fazia isso sem usar nenhuma camisa.

A prisioneira precisava urgentemente ver aquela armadura que o anjo usou nos três dias em que eles conviveram juntos, pois não se sentia confortavel com esse lado de Maximus de maneira alguma.

— Nós podemos retormar aquelas sessões para recuperar minhas memorias durante as manhas?— Perguntou para quebrar aquele clima que apenas ela deveria estar sentindo se formar ao redor deles.

— É claro.— Disse o anjo voltando a ser sério e varrendo qualquer emoção de seu rosto.— Você ainda tem que voltar para sua dimensão.—

— Sim.— Ela concordou quase sorrindo, pois não possuía sonho maior do que aquele. Mas ainda assim, era realmente dificil sorrir diante de Maximus.

Quando o anjo não disse mais nenhuma palavra, a prisioneira começou a se sentir um pouco desconfortável, principalmente quando seus olhos de felinos estavam a devorando como se ela fosse um alimento.

Aliemento... Ela precisava conversar com o arcanjo sobre sua comida que não a agradava, mas se sentia mal em dizer algo como aquilo e antes que tomasse alguma atitude para começar aquela conversa, seus olhos foram para o quadro que estava a cima da lareira para desviar seus olhos do anjo. Talvez assim fosse mais fácil de falar com ele, mas ela acabou se distraindo com aquela imagem tão perfeita em uma moldura medieval.

Katherine e Maximus pareciam os únicos que não se encaixavam nas aparencias semelhantes dos outros, ainda era surpreendente saber que o anjo loiro e com olhos claros possuía o mesmo sangue dos outros três. Katherine também possuía uma beleza selvagem que não se parecia em nada com Diane, que era uma dama exemplar. Apesar da diferença de ambos, eles formavam uma família linda.

Katherine e Diane, naquele quadro, estavam sentadas em um banco de cimento branco em meio de uma floresta que provavelmente passava pela estação de outono já que o chão estava cheio de folhas secas e as árvores estavam quase secas. O céu estava cinza, com nuvens que mostrava que uma tempestade estava próxima. Merdius, Maximus e Dimitrius estavam em pé atrás das duas mulheres que eram suas irmãs, suas asas brancas foram pintadas com tantos detalhes que pareciam reais. Todos os arcanjos demonstravam o quanto poderosos e respeitados eram nessa imagem. E tudo se tornava maior quando estava vendo qualquer um deles pessoalmente.

— Vocês formam uma família linda.— A prisioneira disse assim que sentiu Maximus se colocar ao lado dela para observar aquela imagem também.— Eu gostaria de saber se possuo uma família como a sua em meu mundo.—

Maximus se manteve em silencio e isso foi a prova de que seus olhos azuis como os de um felino ainda estavam observando a prisioneira que estava alguns centimentros a sua frente. Ela não esperava que o anjo dissesse palavras que confirmassem que uma família a esperava, pois o arcanjo vivia e governava o inferno e se existia algo nele que jamais aconteceria, mesmo não o conhecendo muito bem, era dar falsas esperanças para alguém. O bom de saber isso, era que também estava obvio que o anjo nunca mentiria. Afinal, Maximus provavelmente vivia constantemente em meio de mentiras feitas pelas pessoas que dicidia em que nivel iria residir, e estava claro que sem ao menos dizer que ele odiava mentiras.

— Diane e eu estivemos conversando sobre você nos dias que esteve reclusa em seu quarto.— O anjo loiro quebrou o silencio e quase a fez virar em sua direção com certa surpresa por ele ter falado dela com outra pessoa. As vezes parecia que a prisioneira apenas era importante para o arcanjo quando estava diante dele, mas ela não se sentia com raiva com isso, pois não imaginava o quanto Maximus devia ser ocupado para pensar nela toda hora. Ela nunca esperaria mais do que isso vindo dele, por mais que ficasse tentada em ver um homem com essa beleza pensando nela, era ridículo pensar algo como isso.— Ela disse que se continuasse a tratá-la como alguém a baixo de mim, como se ser uma humana fosse algo completamente errado, jamais conseguiria a confiança que preciso para ajudá-la.—

A prisioneira não se moveu mesmo quando uma grande parte dela desejava olhar naqueles olhos azuis em quanto o anjo falava, mas seu tom era tão calmo que chegava a ser frio e calculista. Ela sabia que existiam sentimentos nos olhos do arcanjo mesmo não se virando, mas preferia se iludir que aquele momento era um daqueles em que eram tão vazios quanto um vácuo na escuridão.

— Quando seus gritos invadiram o silencio do inferno na noite em que a encontrei, eu sabia que você não era apenas um demonio que estava sendo torturado a ponto de gritar desesperadamente, pois o som de sua voz não escondia o medo, o pavor e isso a fez tão humana que não havia como uma pessoa tão assustada viver no inferno.— Ele continuou.— Isso foi um dos motivos que me fez querer matá-la e depois de apenas algumas horas, você provou que eu estava completamente errado em pensar que uma humana com medo nunca viveria no meu mundo. Mesmo chorando todas as noites e me temer mais do que qualquer outra coisa, você teve coragem para me chamar de monstro e vir até meu quarto para enfrentar os problemas que causou.—

— Onde você quer chegar?— A prisioneira perguntou com seus olhos no chão, se sentindo tão pequena pelo fato de Maximus estar olhando para ela.

— Diane falou que você se sente solitária e desprotegida e que nós devemos fazer o impossivel para que não se sinta dessa maneira, do mesmo jeito que fizemos com Katherine quando ela chegou para ficar no inferno.— Ela se virou dessa vez, encontrando os olhos azuis de Maximus no mesmo momento em que se moveu.— Eu concordo plenamente com minha irmã.—

A prisioneira sentiu seu coração bater rapidamente no fundo de seu peito e quando seus lábios se movimentaram involuntariamente para dizer algo que acabou desistindo para perguntar apenas o que a interessava, para que sua voz não a traisse diante da beleza de Maximus.

— Por que?—

— Porque não existem motivos para que a trate como uma prisioneira sendo que não fez nada de errado.— Ele disse sem hesitar, sem desviar seus olhos dos dela.— Eu conquistarei sua confiança sendo um amigo e se for preciso até mesmo como um irmão. Não como um monstro.—

Bom, agora fazia muito sentido do por que Maximus estar a tratando tão bem e até mesmo sorrindo para ela sem ter nenhum problema em esconder seus sentimentos.

— Acho que isso faz um pouco de sentido.— A prisioneira disse incerta.

— Isso faz sentido.— Maximus corrigiu sua frase, tirando as palavras que pareciam erradas para soar como um verdadeiro rei que nunca podia possuir duvidas.— Vamos, já é tarde para estar em meu quarto ao invés do seu.—

O anjo se virou para ir até sua porta, fazendo a prisioneira encarar suas costas que era escondida por suas asas na maioria das vezes, o que a fazia querer encarar ainda mais todos os musculos que eram escondidos.

— Maximus.— Ela disse seu nome para pará-lo e conseguiu, pois o arcanjo se virou para encontrar os olhos dela novamente.— Eu tenho que dizer algo antes de irmos.—

— Sim? —

A prisioneira não havia vindo para seu quarto apenas com a intenção de se desculpar, era obvio que esse assunto era o principal, mas ainda existia algo que estava começando a ser um problema em sua vida nesse lugar que era conhecido como inferno e mesmo que Maximus fosse uma pessoa confiável, ainda tinha algo dentro dela que não conseguia se livrar para dizer que precisava de ajuda.

— Eu não sou medrosa.— Foram suas palavras depois que segundos de um silencio pertubador se passou entre eles, se xingando de perdedora por não conseguir chegar ao assunto com esse arcanjo tão poderoso que estava prestando toda a sua atenção nela naquele momento.

Os olhos azuis escuros de Maximus explodiram em divertimento, ela viu que o anjo loiro poderia ter sorrido facilmente, mas como a prisioneira, ainda havia uma pequena dificuldade para ele expor toda hora os seus sentimentos. Maximus era um arcanjo e parecer tão frio como uma pedra de gelo devia fazer parte de seu dia a dia.

— Você ainda deve provar isso.— Ele disse calmamente em um tom de desafio, fitando seus olhos de uma maneira que fez seu interior derreter.

Maximus sem camisa, era o mesmo que Maximus fritando o seu cérebro. E o pior de tudo era que sua mente ao mesmo tempo que o achava atrante, ela mandava esse pensamento para longe como se fosse um grande raio que iria eletrocutá-la. O anjo em sua frente podia ser comparado com a perfeição que todos diziam que não existiam, ele era a prova de que existia, mas ao mesmo tempo Maximus era tão letal, tão imortal que a fazia se encolher de medo.

Esse medo era bem vindo, pois não desejava nada mais do arcanjo além de sua amizade para ajudá-la a voltar para sua casa em algum lugar de Veneza, aparentemente. Mas ela teria que sobreviver a Maximus primeiramente, que era o seu maior perigo nesse lugar e nesse momento, a prisioneira estava pedindo a tudo que existia para que essa atração fisica acabasse no momento em que o anjo vestisse uma camisa para esconder todos aqueles musculos de um peito liso e sem cicatrizes. Pois isso tinha que acabar de alguma maneira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pesadelo | Amor Imortal 01" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.