Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 49
Capítulo 50




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Meridius estava encostado em uma parede próxima do salão real e apesar da escuridão ser incomoda, não significava nada para ele estar no escuro ou não. Sua visão era a mesma independente da iluminação do ambiente.

O arcanjo do paraíso já havia se perdido no tempo, não sabendo mais fazer as contas para dizer exatamente quanto tempo esteve parado contra aquela parede. Antes sua atenção estava focada no som das lágrimas de Ellylan que se debatiam contra o chão, mas depois de um tempo, tudo se tornou silencioso quando ela caiu no sono.

O silêncio foi uma música para seus ouvidos, pois tudo o que vinha de humanos era insupórtavel e muito dramático. Mas desde que o arcanjo não estava em uma boa posição para julgar o sofrimento de outras pessoas, ele não ameaçaria a vida daquela humana.

Meridius ainda não podia acreditar que havia perdido em um jogo tão tolo quando a aposto feita envolvia cuidar de uma humana cheia de sofrimentos fúteis. Ele, realmente, não estava em um bom século.

Sua esposa havia sido sequestrada, havia se tornado um perdedor de um jogo que Dimitrius inventou e agora estava sendo babá de uma mulher que provavelmente acabaria tentando suícidio devido as emoções negras que manchavam sua alma.

O arcanjo do paraíso ficou aliviado por não ser mais capaz de sentir emoções que o tornava um imortal fraco, pois ele não desejava que nenhuma outra cor manchasse sua alma com tanta facilidade como acontecia com humanos e outros imortais. O sentimentos que ele possuía por Niffie e seus irmãos eram o suficiente para mantê-lo racional, então nada mais importava.

Meridius não estava sofrendo por causa de Niffie, sua certeza de que ela voltaria para seus braços era muito maior do que qualquer emoção. Mesmo que sua ira fosse grande e seu desejo fosse de matar todos os demônios desse inferno para encontrá-la, o arcanjo sabia que ela estava viva. Apenas lhe assustava o que tudo isso poderia causar a Niffie. Afinal, ela já havia sido quebrada uma vez.

No entanto, ele não havia escolhido uma mulher fraca para adorar e amar.

Niffie ficaria bem.

O arcanjo ouviu o som das portas do salão sendo abertas depois de um bom tempo e sem precisar olhar, ele soube que era Ellylan saindo. Ele se moveu para longe daquela parede com a intenção de olhá-la, se mantendo no escuro para que ela não o visse.

A humana olhou cautelosamente para os lados e depois de ter certeza de que estava sozinha, ela saiu de dentro daquele lugar. Cada passo que Ellylan dava era hesitante e tão barulhento quanto um sino de uma igreja.

Meridius a seguiu em silêncio, se mantendo na escuridão e observando cada movimento que ela dava até Ellylan se fechar em um quarto para ficar sozinha novamente.

O arcanjo do paraíso ordenou que os soldados que estavam de guarda fossem embora daquele corredor e quando os homens o obedeceram, Meridius permitiu que a escuridão invadisse aquele lugar. Era ridículo o fato de estar omitindo sua presença, mas o arcanjo sabia que Ellylan ficaria frustrada ao saber que era justamente o anjo que governava o paraíso que estava cuidando dela naquele momento. E para evitar qualquer transtorno, Meridius se esconderia na escuridão até o momento em que Maximus retornasse para cuidar dessa humana que poderia fazer qualquer coisa agora que estava em um estado tão lamentavel.

Meridius estava caminhando até um banco feito de pedra que estava próximo ao quarto que Ellylan havia escolhido como seu para se afundar na depressão que sua alma exigia dela, mas se deteve no momento em que outra alma se aproximou daquele lugar.

Os passos não foram omitidos e o som apenas ficou mais alto quando ela se aproximou de Meridius. O arcanjo do paraíso se moveu, deixando a escuridão que os escondia para ficar de frente com Marie.

— Meridius.— Ela disse sem nenhuma surpresa em sua voz, apesar do seu coração estar acelerado. Se aquela demônio havia sido enganada por truques de crianças, Ellylan provavelmente morreria tentando encontrar o anjo nas sobras daquele castelo.— Por que você está aqui?—
— Por que você está questionando um arcanjo?— Meridius disse friamente, fazendo com que aquela empregada vacilasse por um momento.

Marie era uma linda mulher e seu uniforme de empregada parecia realçar ainda mais seus traços delicados. Geralmente anjos e angelicais eram aqueles considerados como donos de belezas raras, mas quando ele conheceu essa empregada de Maximus, o arcanjo do paraíso teve a prova de que humanos também podiam ter belezas semelhantes ao dos imortais. Marie provavelmente conseguiria o coração de qualquer imortal que desejasse e era realmente uma pena que ela estivesse apaixonada por alguém que nunca corresponderia seus sentimentos.


— Eu soube que você participou de um julgamente por causa da morte que ocorreu no castelo.— Meridius voltou a falar, fazendo uma afirmação daquilo que Maximus havia lhe contado.
— Sim.— Ela concordou calmamente.— Digamos que eu estava acordada até tarde na hora e no dia errado.—
— Você não deveria estar passeando pelo castelo neste momento também.—
— Eu tinha algumas coisas para resolver antes de dormir.— Marie o respondeu e não havia mentiras em suas palavras. Ela se movimentou um pouco para o lado e quando a iluminação fraca das luminárias que existiam naquele corredor bateu contra a pele branca dela, o arcanjo do paraíso viu duas cicatrizes em diagonal contra sua pele branca. Cicatrizes de cortes profundos, mas que provavelmente não existiam mais amanhã.
— Você foi machucada na noite do baile.— Ele adivinhou, deixando de olhar aqueles cortes para encontrar os olhos escuros da empregada.
— Um demônio me atacou quando estava saindo da cozinha,— Marie lhe contou.— Mas acredito que isso não significava nada perto do que você esta passando, Meridius.—
— Eu ficarei bem.— Ele falou uma realidade. Afinal, Maximus podia ter deixado seu reinado virar essa bagunça, mas seu irmão mais novo nunca permitia que machucassem aqueles que ele amava. O arcanjo que governava o inferno provavelmente arrancaria suas próprias asas antes de deixar o sangue de Niffie cair para manchar o chão.
— Ótimo.— Marie sorriu, um sorriso bem vindo, mas que jamais existiria qualquer tipo de retribuição.— Eu irei embora agora, pois não pretendo passar por outro julgamento por estar acordada até tarde.—

Meridius movimentou sua cabeça em um simples sinal de concordancia e andou para o lado quando a empregada começou a caminhar para passar por ele, o arcanjo fechou suas asas completamente em suas costas para que Marie não corresse o risco de esbarrar nelas, pois Niffie jamais o perdoaria se outra mulher, além de Diane e Katherine, tocasse em suas asas.

— Eu tenho uma pergunta para você.— Marie falou ao invés de continuar andando, se virando para Meridius para encontrar os seus olhos novamente. O arcanjo esperou em silêncio pela pergunta até a empregada voltar falar.— Se eu não fosse um demônio... As coisas poderiam ser diferente entre nós?—


Um arcanjo do paraíso e um demônio, o anjo pensou, era algo totalmente inaceitável. Mas se as coisas fossem diferentes, Marie poderia ser como qualquer outra angelical que teria chances ao invés de um simples não sem ilusões. No entanto...

— Não.— Meridius disse a verdade, não se importando com o que a empregada poderia sentir com essa resposta fria.— Niffie é a única que amo e nada mudaria isso.—
— Eu vejo.— Marie disse com um sorriso triste e sem dizer mais nenhuma palavra, a empregada se virou para ir embora, sem mais perguntas com repostas que apenas a machucaria.


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