A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner escrita por Laís Bohrer


Capítulo 28
The Promise of Rest


Notas iniciais do capítulo

Pessoas! Finalmente terminei este capítulo, agora faltam apenas dois para o fim da história da Alex que eu tanto desejava contar. Troquei o título do capítulo pelo menos umas cinco vezes e mudei o final mais três.
Espero que gostem.
Boa leitura.
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"O sol da meia noite
Ainda não chegou
Mas, tudo passa
Como tudo passa enfim"

— Vampiro de Olhos Verdes, Djavan Silva



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A Promessa Restante

Quando as palavras de Aro Volturi se perderam no ar, do chão tomei um impulso e saltei para frente do homem que continuava a sorrir, Jane e Nessie gritaram cada qual por um de nossos nomes. O sorriso de Aro se estendeu, divertido. Quando eu estava prestes a por minhas mãos em seu pescoço, a cena mudou de repente como se meu ataque tivesse sido uma ilusão.

Aro Volturi surgiu atrás de mim, senti uma pressão nas minhas costas e logo, menos de um segundo, eu estava com a face no chão, atordoada demais para compreender o que tinha acontecido. Qual o movimento em que eu errei? Não tinha como ter errado, eu nem mesmo havia tocado nele.

O vampiro pousou o pé em minha cabeça, nesse momento, pedaços de mármore do chão saltaram.

Que força... Pensei.

– Foster – ele cuspiu o nome. – Um clã realmente abominável, comprometedor da nossa espécie inteira. É muito de sua laia aparecer diretamente na cova do inimigo, tão precipitadamente.

– Pare... – eu gemi.

– O que disse? – questionou.

– Eu disse...

Seu pé parou de pressionar minha cabeça enquanto me esforçava para me erguer, meu corpo foi erguido em um chute. Acreditei ter ouvido um crack, mas surpreendentemente não havia nenhum dano em meu corpo.

Ele só está brincando comigo. Passou pela minha mente. Como sou idiota, ele é um vampiro com mais de um século de idade, como eu poderia...

Enquanto meu corpo estava no ar, por um mero meio segundo, sua face sorridente esteve há milímetros do meu rosto e seu punho foi diretamente ao meu estômago. Rolei até o buraco aberto na parede, Nessie gritou meu nome plenos pulmões. Jane havia se silenciado na presença de Aro. Havia algo errado, mas eu não saberia dizer o que. A diferença entre nossas experiências e forças era tamanha. Aro ainda me olhava com curiosidade enquanto eu me erguia com facilidade graças ao corpo que eu tinha, pois se ainda fosse humana tinha certeza de que estaria morta no primeiro golpe.

Tentei em vão pensar em uma estratégia além de ficar apenas levando golpe após golpe até alguma parte do meu corpo começar a rachar. Aro riu de mim mais uma vez antes de me levantar no ar mais uma vez.

Com minhas mãos manchadas de vermelho, segurei em seu pulso que segurava meu pescoço e então meu corpo foi atirado mais uma vez.

– ALEX – berrou Renesmee, xinguei mentalmente desejando que ela tivesse ficado calada.

O Volturi se voltou para a garota Cullen que se encolheu sob aquele morto olhar como se não estivesse acostumada, mas havia algo errado toda vez que eu olhava para ela. Não era novidade que eu sempre tivera um apego especial por Nessie, afinal sempre que eu a encarava eu via a mim mesma. No entanto, não parecia exatamente eu. Seu jeito meigo e protetor não se identificada comigo...

– Jane – anunciou Aro. – Gostaria que você fosse dar forças ao nosso exército lá embaixo, não devemos subestimar nossos adversários, não é?

Jane hesitou.

– Mas, Aro, elas...

Os olhos vermelhos de Aro pousaram no pequeno corpo de Jane, ela silenciou-se quando ele deu um passo em sua direção.

– Eu precisarei repetir duas vezes a mesma ordem, querida?

– Não senhor. – murmurou a garota vampira, saltando pela abertura na parede.

Surgi como um vulto diante de Nessie, empurrando-a para trás e reconquistando a atenção do Volturi que eu tanto desejava derrotar.

–Que arrogância – falei. – Realmente vai arriscar enfrentar dois inimigos, sozinho?

– Tão arrogante quanto à senhorita dizendo isto – disse o homem. – Sabe, senhorita Foster, desde que seu ambicioso irmãozinho apareceu para nós, eu tinha visto um jovem muito talentoso com um olhar de quem desejava mudar este mundo. Se me permite, devo dizer que este mesmo olhar se encontra...

Ele não precisou completar, entrei na defensiva quando ele se aproximou de mim, tocando no canto ao lado do meu olho esquerdo, com esse gesto, completando sua fala. Seu rosto sério parecia muito mais amigável que seu sádico sorriso.

– Será que também existe o medo preenchendo esse pequeno e frágil corpo vazio? – provocou.

– Alex... – murmurou Nessie.

– Quieta – eu disse rudemente.

Aro sorriu, sem muito interesse na garota.

Rangi os dentes, impaciente enquanto o mesmo permanecia brincando comigo.

– Não sou como Edgar. – falei.

– Será mesmo? – ele riu e se afastou, começando a andar pela sala. – Edgar tomou uma decisão que pode ser chamada de rota de fuga, abandonando sua preciosa irmãzinha, tudo o que tinha de família e por mais que você despreze este ato, esse seu sentimento de ódio torna-se um tanto hipócrita quando pronunciamos o nome de Bree Tanner.

Minha mão escorregou para o cinto da minha calça, onde permanecia a adaga que Jolly sempre levava de um lado para o outro. Chamei-me de idiota mentalmente, o que eu pretendia fazer contra aquele vampiro com uma faquinha daquelas?

– Não fale de Bree! – Tomei um novo impulso, mais rápida do que antes. Aro arregalou os olhos, meio surpreso com a mudança de velocidade, no entanto, sorriu novamente, parando a lâmina com apenas um dedo.

Minha vez de ficar surpresa, a pequena lâmina tremia em minha mão.

– Onde estão os outros líderes Volturi? – Eu sorri meio insana. – Fugiram pela covardia que preenchia seus corpos sem alma?

– O clã Volturi não precisa de outros líderes! – rosnou Aro.

Eu me afastei, desviando de um golpe seu em um salto.

– Você parecia mais calmo quando te conheci, sabia?

Aro abriu um sorriso largo.

– Somos todos demônios que se escondem na luz de um dia nublado – ele disse, agarrando a gola de minha blusa e me jogando no teto, dessa vez, usei meus pés para tomar impulso e contra atacar.

– Alex, pare! – gritou Nessie, mas não lhe dei ouvidos, quando notei de quem eu realmente lembrava quando via seu rosto ou ouvia sua voz.

Pousei no chão e encarei os olhos do Volturi, ele estava prestes a atacar mais uma vez.

E se eu fosse na verdade, um anjo que se esconde nas sombras de uma noite fria? Era só uma ilusão, porque eu estava tentando descobrir: Para a minha espécie, somos demônios? Independente da verdade, nós não tínhamos o direito de escolher se é real ou não, tínhamos apenas a opção de aceitar as coisas como elas são ou negar tudo o que nos oferece este mundo.

Apesar de tudo isso, havia uma terceira opção – seja humano, anjo, demônio, vampiro, lobo ou até mesmo um deus – todos tínhamos a opção de lutar pelo o que acreditamos.

Desviei do ataque, mas novamente fui lançada ao ar e rolei pelo piso.

Aro estava prestes a me atingir novamente, quando um novo vulto bloqueou sua passagem e o choque do momento o fez hesitar.

– Eu mandei PARAR.

Com o último grito de Nessie, a torre inteira pareceu tremer, o som agudo no entanto forte ecoou pelas paredes voltando para nós, arregalei os olhos surpresa e paralisada.

Nessie respirava ofegante, como se aquele grito tivesse tirado algum tipo de peso em suas costas.

Lágrimas começaram a correr pelo seu fino e belo rosto, suas mãos tremiam e seus olhos não eram mais tão humanos, adquirindo uma coloração clara e dourada.

– Por favor – ela continuou. – Não faça mal aos meus amigos.

O que está idiota está pensando? Exclamei mentalmente, as palavras ficaram entaladas na minha garganta.

– O que te faz pensar que me deterá com tais palavras, pequena Cullen? – a voz de veludo de Aro soou forte como o grito de Nessie.

– Porque somos todos da mesma espécie.

– Ah, mas você não é como nós. – ele disse.

Sua mão, em direção ao rosto de Nessie parou no ar quando murmurei rápido demais:

Não toque nela.

Aro riu, sua mão continuou no mesmo curso.

Em menos de meio segundo, minha mão deteve a sua. Aro reagiu jogando meu corpo para trás torcendo meu braço e o arrancando fora, largando no chão. Gritei com o susto, um formigamento passou por todo o meu corpo, como um choque, a minha capa tampou o buraco e eu me sentia mais vazia ainda.

O Volturi me chutou do caminho e caminhou na direção de Nessie, que recuou um pouco, no entanto, permaneceu parada logo em seguida.

– Nessie, fuja! – eu exclamei em meio ao desespero. – Nessie!

A garota Cullen encarou o homem Volturi.

– Nunca precisamos do sofrimento – ela murmurou. – Podemos evita-los se quisermos.

Em vez de fugir, a menina fechou os seus braços ao redor do corpo do líder do clã inimigo. Lágrimas fluíram pelo rosto de Aro, as lágrimas de Nessie. O passado feliz e puro de Nessie na mente de Aro Volturi. Eu murmurei o nome da hibrida novamente, nervosa.

– Entendeu? Seremos capazes de amar nossos inimigos no momento que reconhecermos suas mágoas e igualar com as nossas. – ela disse. – Quando esse dia chegar, nós seremos invencíveis, felizes e chegaremos a verdadeira paz dentro de nós. Só precisamos aceitar os sentimentos dos outros...

As mãos de Aro subiram pelas costas de Nessie, arregalei os olhos quando vi que elas iriam pousar em seu pescoço, uma expressão de frieza passou pelo rosto misturando com o desprezo.

Milímetros de distância e um segundo de hesitação fariam o meu mundo desabar em pó completamente. O assobio do vento no meu ouvido fazia eu me sentir mais oca. Arranquei Nessie de Aro e o empurrei para mais longe, voando em cima do mesmo.

Ele era o responsável por todos que eu estive perdendo até agora, toda vez que os Volturi se metiam em algum lugar, na Mansão Foster, na minha mente... Ele que aprovou tudo, ele era a mente por trás de tudo. Eu não o perdoaria, nem pelos Foster, pelos Tanner, os Kobayashi e nem mesmo pelos Cullen.

– Mas você não seria capaz de entender coisas como essa – berrei.

Aro tentava resistir, eu desviava, recebia e acertava socos, finalmente o alcançando, a falta do meu braço esquerdo não atrapalhava.

Consigo ver seus movimentos... Pensei naquele momento. Eu vou conseguir.

Foi como um comando: Os joelhos de Aro se dobraram, seu corpo imobilizado, os olhos bem abertos para mim e minha única mão segurava fortemente o pescoço do homem. Eu esqueci tudo ao meu redor, todas as belas palavras e feias ameaças. Eu estava a um passo de alcançar meu objetivo.

Um passo de terminar tudo, mas eu hesitei.

Aro encarava o nada, eu sabia que ele estava recebendo todo o meu passado, minha carga total seria levada com ele.

– Mesmo depois de tudo...– ele disse. – O que você é?

Examinei sua face, ele não procurava uma chance apenas uma resposta para minhas ações até aqui, essa curiosidade era seu fim.

– Sou uma vampira.

Com minhas pernas e força, prendi Aro no chão e o imobilizei, rapidamente aumentei a força em seu pescoço, minha única mão arrancou fora sua cabeça e a soltou como um objeto muito repugnante para ser tocado.

A cabeça de Aro Volturi rolou pelo mármore.

Ergui o olhar para os três tronos no final da sala. Os dois nos cantos estavam derrubados, com um comando da minha mente, o único trono de pé encontrou a parede com uma forte pressão e se rachou.

Cai de joelhos no chão como se o peso do mundo tivesse sido arrancado de minhas costas depois de meses, fiquei para os olhos arregalados na face petrificada de Aro Volturi. Era como um troféu amaldiçoado, algo que não me pertencia, mas deveria, porém eu não o queria.

Fiquei alguns segundos esperando a resposta surgir como uma luz na minha mente, a resposta para o que eu era: Vilã ou heroína. Eu não sentia o poder viciante que um vilão deveria sentir em uma vitória, no entanto tão pouco sentia a glória de ser a heroína que acabou de salvar o mundo.

Era apenas mais um dia comum, ou pelo menos para um Foster seria.

– Deixe eu te ajudar. – disse a voz de Nessie me trazendo à realidade.

A garota estava com o meu braço em mão, se agachando ela o encaixou no seu devido lugar. Era esquisito repor um membro uma vez que o perdi, era a primeira vez que isso me acontecia. Eu me senti inteira novamente, no sentido literal. Havia algo a mais que eu precisava fazer.

– Acabou – disse Nessie. – Vencemos. Você conseguiu vingar sua irmã e os Foster, como se sente?

– Ótima – eu disse meio seca. Bem, aquela era a resposta que ela queria.

A vingança é apenas uma carência das pessoas que perderam algo importante, um pedaço delas. Essas pessoas então procuram alguém para culpar e pagam na mesma moeda como se o equilíbrio do universo dependesse disso. A verdade é que elas simplesmente buscam o equilíbrio de suas almas.

Por isso são pessoas dignas de pena.

Outra coisa importante para citar é que a diferença que faz crescer um abismo entre essas pessoas e eu é que já não tenho alma.

De qualquer modo, Nessie estava certa, tudo tinha acabado e eu deveria estar contente, então porque não estava?

Peguei a cabeça de Aro colocando-a entre minhas duas mãos. Seu pescoço rachado criava o que pareciam dentes de um gelo que naturalmente não derreteria. Olhei para a hibrida ao meu lado, me encarando como se estivesse a espera de novas ordens, tentei não pensar em Bree ao olhar para ela e tentei em maior intensidade não pensar em Edgar ao pensar em Bree.

Nessa altura, Edgar não deveria estar tão perto de nós se é que ele tinha permanecido em movimento.

– Vamos avisá-los – falei calmamente. – Eles precisam saber.

Nessie assentiu e deu um mínimo sorriso.

Caminhamos até a entrada do cômodo, lado a lado. Prontas para o que vinha a seguir, afinal os fatos apontavam que não tínhamos escolha quanto a estar ou não pronto, na hora certa saberíamos.



Foi uma cena chocante para todos, mas eu não me dei ao trabalho de fazer nenhuma pose. Eu simplesmente encarei aqueles rostos e assim que eu o fiz, um grupo de Volturi aproveitou a chance única para fugir, alguns escaparam e outros foram perseguidos. Apenas soltei a cabeça de Aro e deixei-a rolar pelos degraus, quicando até o solo com uma sequência de macabros ruídos.

Eu sabia, não havia o mesmo número de nós desde que chegamos, mas os Volturi estavam em desvantagem.

Alguns Volturi corajosos tentaram me atacar, mas meus aliados me defenderam. Em poucos segundos dominamos o território, não avistei Jane, mas não me interessava em sua existência naquele momento, caminhei até uma pequena roda de vampiros. Jacob, na sua forma lobo, abriu caminho para mim. Drica colocou a mão no meu ombro assim como outros vampiros.

Finalmente vi a fonte do cheiro de sangue que eu senti desde que descia as escadas.

Paul estava deitado no chão, sua pele escura molhada pelo suor e seu corpo coberto por várias capas. Ele respirava com dificuldade e havia uma poça de sangue abaixo de si. Por ser sangue de lobo, acredito que nenhum dos vampiros tenha tido interesse pelo cheiro de cachorro molhado, ou por puro respeito – aposto na primeira opção.

Leyla estava ajoelhada ao lado do corpo de Paul, segurando firmemente sua mão e derramando lágrimas no rosto de seu amado. Do outro lado, estava uma enorme massa de pelos esticada, manchada pelo próprio sangue.

Spencer. Pensei. Twill em sua forma lobo uivava em luto ao lado do companheiro.

Eu me ajoelhei ao lado de Paul, ele sussurrou alguma coisa para Leyla que assentiu. O lobo voltou seus olhos para mim.

– Não permita... – ele tossiu. – Não permita... Novamente.

Afirmei rapidamente com a cabeça, preocupada com seu esforço desnecessário.

– Tudo bem... – falei acelerada. – Não vou permitir que aconteça de novo.

Prometa. – implorou, suplicante.

Hesitei, mas no final eu já tinha escolhido meu caminho.

– Eu prometo.

E ele não disse mais nada. Alguns humanos começavam a sair pelas ruas, nos observando de longe, sem ousar nos interromper ou estranhar algo, como se respeitassem nosso espaço ou como se aquilo fosse algo comum no seu dia a dia.

Levei meus dedos até os olhos de Paul e os fechei, era estranho encará-lo daquele ângulo. Aquele homem sempre me pareceu um líder nato, um homem sábio como Xavier. Alguém para seguir e admirar.

Agora ele se fora e tudo parecia muito natural para mim, no entanto, solitário.

Adeus, velho amigo. - sussurrei.

Tudo o que me restava era cumprir a promessa.


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Notas finais do capítulo

É isso galera, semana que vem posto outro capítulo, provavelmente começo a escrever segunda-feira.
Obrigada a quem está lendo e comentando.
Beijos Azuis.

Desculpem a quem gosta dos Volturi, o Aro ficou meio... doido.
Perdeu a cabeça literalmente.



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