A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner escrita por Laís Bohrer


Capítulo 13
Edge of Sanity


Notas iniciais do capítulo

Lay*: Eu queria ter postado ontem, mas maior parte do dia fiquei sem luz em casa. Lá para umas três manhã comecei a escrever e hoje terminei o capítulo. Nesse capítulo Alex começa a duvidar de sua sanidade graças a nosso amiguinho Edgar. Eu particularmente achei esse capítulo complicado, eu tinha que postar logo, mas me vi sem criatividade nenhuma, então, está ai.
Boa leitura.

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"A vida, para os desconfiados e os temerosos, não é vida, mas uma morte constante."
— Juan Vives



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Beira da Sanidade


E então eu estava novamente no escritório de Xavier. Minha visão ainda estava um pouco embaçada, uma voz que parecia mais um zumbido clamava meu nome, cada vez mais alto, cada vez mais perto, cada vez mais real... Inicialmente eu reneguei o fato de que eu estava de volta à mansão Foster e tentei me forçar a lembrar onde eu estava antes de estar ali...

No quarto... Eu estava no quarto. Eu concluí, mas eu tinha a estranha sensação de que aquela não era a resposta que eu queria.

Quando a cena diante de mim entrou totalmente em foco eu vi um senhor de kimono me olhando com um ar preocupado, uma expressão que eu já havia visto várias vezes em que eu me machuquei quando pequena, uma expressão que até então eu havia recebido apenas do meu pai.

– Eu ainda estou aqui – eu disse sem saber exatamente por que. Minha voz ecoou como se eu estivesse em um túnel. – Eu estou... – então ela estava normal de novo. – Onde ele está?

Xavier franziu a testa.

– Onde está quem? – perguntou ele.

Eu o encarei, ele estava vestindo mesmo kimono com estampa de chamas que no primeiro dia em que eu o vi. Aquela sala, aquele escritório... Eu só havia estado lá uma vez e estava tudo exatamente como na única vez em que adentrei o cômodo onde Xavier passava tanto tempo: As fotos de família, kanjis, um tablet branco (Embora fosse bizarro ter visto minutos antes, um velho senhor antiquado e imortal jogando Candy Crush) acima de uma mesinha de centro. As almofadas vermelhas no chão e um tabuleiro de xadrez entre mim e Xavier – sendo que só ele jogava, eu apenas observava.

– Ninguém – eu disse tentando aceitar esse fato – Deixe para lá.

Aquela foi à única vez em que eu vi Xavier fora da cadeira de rodas. Havia um manto escuro aonde deveriam estar suas pernas como sempre (mas pela falta de formas eu duvidava que pudesse haver pernas por baixo daquele manto).

– Onde estávamos então? – eu perguntei como na primeira vez em que aquela cena aconteceu de verdade... Mas o que estava acontecendo eu não sabia, estava confusa demais para discutir.

Xavier parecia desconfiado de mim, essa reação era algo novo, porque eu não me lembro de receber aquele olhar de Xavier.

– Você está aceitando tudo isso muito bem, Alex-chan – ele disse movendo uma peça no tabuleiro e retirado a do lado oposto, tudo isso sem olhar – normalmente, eu esperaria que você enlouquecesse, achasse que eu sou louco...

– Mas eu acho que você é louco – eu disse – Completamente louco.

Xavier hesitou e eu me encolhi, então o velhote sorriu.

Arigatou – disse lisonjeado.

Eu fiquei confusa coma inesperada reação, então assenti.

– De nada...

Xavier moveu meu uma peça no tabuleiro e então se endireitou examinando seu trabalho, eu podia ver as engrenagens trabalhando. Pensando pelos dois lados do tabuleiro. Pelos dois combatentes.

– O que você acha disso, Alex-chan? – perguntou ele.

– Eu acho que... Estou com... Sede. – eu disse.

– Naturalmente – disse Xavier – Estranharia muito se não estivesse. Nós todos já fomos humanos um dia Alex-chan, e ainda restam sentimentos, pensamentos e sonhos em nós mesmos. Cada um no clã Foster já sentou nessa mesma almofada que você está sentada agora e com as mesmas perguntas que você tem. Vá em frente.

Eu olhei para minhas próprias mãos.

– Me sinto diferente... Como se... Não sei – sacudi a cabeça – Sinto como se eu fosse um brinquedo que tivesse tido a pilha velha trocada por uma totalmente nova.

– Boa comparação – sorriu Xavier.

– Eu sou... Um monstro? – eu perguntei.

Xavier olhou novamente para o tabuleiro e moveu mais uma peça.

– Por que você deveria perguntar isso a mim? – ele disse. – Você é você. Eu sou eu. Somente porque você tem sentidos sobre-humanos, super velocidade e força presas e bebe sangue não significa que seja um monstro.

– Oh, não... – eu neguei com a cabeça. – Eu nunca havia pensado isso... Espera, super velocidade, é?

Xavier sorriu mais uma vez, eu gostava disso, o sorriso dele era alegre e despreocupado, como se a vida fosse perfeita mesmo sendo um vampiro.

– Você está me perguntando se você é má ou boa? – ele disse movendo mais duas peças sem desviar os olhos dos meus. - Olhe o mundo ao seu redor, há uma infinidade de pessoas boas e uma infinidade de pessoas más. E cada uma escolheu o lado a pertencer, porque conosco seria diferente?

Eu olhei para o tabuleiro.

– Não sei – eu admiti – Realmente... Me rendo, não faço ideia.

Xavier assentiu.

– Só porque hoje você não pode se chamar de “humana” – ele fez aspas no ar – isso te faz uma pessoa ruim? Depende de você, Alex-chan... O que você quer ser? Lhe dou minutos para pensar em uma resposta.

Ele se inclinou sobre o tabuleiro e moveu mais algumas peças até que o lado que estava virado para mim fez um xeque-mate. Xavier me encarou e eu lembrei exatamente a minha resposta.

– Eu quero ser uma Foster.

E então tudo ao meu redor tremeluziu e perdeu a cor, Xavier congelou no tempo e se tornou fumaça como tudo ao redor e de repente eu estava de pé na neve.

Resposta errada...

Estremeci. Aquela voz... Arregalei os olhos e finalmente me lembro de Edgar. Minhas memórias. Ele estava mexendo com as minhas memórias... Bree surgiu na minha frente, chorando.

Alex... Por favor, por favor... Ajude-me... Socorro.

– Bree! – Eu gritei, correndo na direção dela, mas a cada passo que eu dava tudo ficava mais escuro e Bree ficava mais longe.

Mais fora de alcance, eu corria entre várias árvores escuras, sombras se moviam de modo horripilante, engolindo minha irmã. Os galhos das árvores agarravam meus pés me puxando para longe até que não havia mais esperança e eu fui engolida pela escuridão.


Senti meu corpo sendo jogado de um lado para o outro. Tudo ao meu redor assumiu uma cor vermelho sangue e depois voltava ao normal. Eu ainda estava no meio da floresta, de repente senti alguém agarrar o meu pescoço e me erguer do chão, sacudi as pernas. Tentando em vão me livrar das mãos de Edgar.

– Você deveria ter sido descartada há muito tempo, Alex – disse ele.

Então eu cai de cara na terra, bem ao lado do corpo da menininha loira, seus olhos azuis estavam abertos e vidrados, havia furos no seu braço e ela estava muito mais pálida do que eu me lembrava. Sua imagem tremeluziu e então eu vi Bree, sorrindo de modo horripilante. Ai eu comecei a duvidar da minha sanidade.

Você mentiu pra mim... Mentiu pra mim... – a voz dela ecoou.

Pisquei e o corpo voltou a ser de Mandy. Eu me sentei rapidamente, olhando para os lados e tentando encontrar Edgar, ele estava encostado a um tronco com os braços cruzados, sem expressão no rosto.

– Eu vou... Acabar com você! – eu disse correndo como um vulto escuro, mas quando parei atrás dele, ele estava atrás de mim.

Eu nem vi ele se mover foi o que eu pensei.

Ficamos nisso, eu tentando acertar um golpe nele, mas ele fugia sempre e eu atacava o ar. Edgar riu, sumindo e reaparecendo logo em seguida. Ele poderia ser tão rápido assim? Então eu fechei os olhos.

Atrás! Exclamei em pensamento, então às cegas eu me virei e soquei algo duro que parecia uma pedra.

Ainda posso ler seus pensamentos. Sei todas as suas estratégias. Sei todos os seus segredos... Seu o seu futuro.

E mais uma vez ele se materializou diante de mim, Edgar me forçou a me ajoelhar diante dele e segurou minha cabeça, uma mão em cada lateral.

– E no seu futuro... Você é descartada.

– Essa sua conversa... – eu disse – Já está me enchendo a paciência.

Edgar riu. Eu arregalei os olhos. Olhar para ele naquele estado. Edgar ria como um psicopata. Como alguém que amava o sofrimento alheio. Alguém que ele nunca foi. Alguém... Que apesar de tudo eu não podia odiar.

– Você está cego, Edgar – eu disse mantendo um tom de voz baixa, como se estivesse rondando uma pantera que podia me atacar a qualquer momento. – Você não é assim.

– Você não pode saber – disse ele – Eu não sou o Edgar que você conheceu.

Eu fechei os olhos esperando sua próxima ação, mas quando eu abri os olhos, ele não estava mais ali, apenas os restos de sua voz ecoavam na minha mente.

Este jogo está apenas começando, irmãzinha... Você ainda vai pensar como eu.



Dia seguinte, quando contei a Charlie e a Liam sobre meu encontro com Edgar, Charlie socou o que tinha de mais próximo. Liam ficou submerso em pensamentos e eu me senti realmente mal por ter dito a verdade. E tinha Edward, infelizmente, eu não poderia esconder nada de um cara que podia ler meus pensamentos mesmo que Edgar tenha mexido com eles.

Outra coisa que me incomodava era o fato de que durante aquela coisa toda, eu sempre era ferida e eu não consegui encostar um dedo em Edgar, odiava pensar que ele estava brincando comigo, brincando com minha mente e divertindo-se a me ver a beira da sanidade. Isso me irritava tanto...

– Não podemos ficar parados sem fazer nada – disse Charlie depois de jogar para longe uma cadeira. – Ele vai voltar eu tenho certeza e ele vai vir atrás de você, Alex.

Carlisle estava sentado ao meu lado.

– Edgar não é um telepata – ele concluiu – Ele é um ilusionista.

– Não importa o que ele é! – Charlie explodiu – Ele mexeu com um de nós! Aliás, ele mexeu com todos nós, os Foster, não podemos deixar de dar o troco.

– O que você pretende fazer? – disse Rosalie entrando na conversa, a loira – Entrar lá e rolar a cabeça de todos?

– Talvez eu faça isso mesmo – Charlie disse.

O resto do que se seguiu eu não sabia, eu olhei para Liam e suspirei e ele apenas me encarou e assentiu como se estivesse traduzindo meus pensamentos. Eu estava completamente abalada, não sei se queria encontrar Edgar novamente e se eu o encontrasse... O que eu faria? Não consegui nem ao menos tocar nele.

– Carlisle – disse Liam chamando a atenção de todos na sala, mesmo a minha, por mais que eu continuasse olhando para minhas próprias mãos. – Você disse que Edgar é um ilusionista, como a Claire, não é? Acha é possível ele ter também uma audição tão aguçada que poderia...

– Ouvir os pensamentos das pessoas? – ele sugeriu – Acho pouco provável. Mas não haveria outra explicação.

Abracei meus joelhos, apoiando meu queixo em meu joelho e olhando para o piso. Pensando nas probabilidades ao meu favor, nenhuma delas indicada esperança no final dessa história. Nenhuma delas acabavam naquilo que chamam de final feliz, talvez fosse um final, mas não feliz... Talvez o Edgar que eu conhecia ainda existisse dentro daquele Edgar Volturi que é cruel o suficiente para preferir me torturar até minha sanidade se esgotar ao me matar rapidamente. Não... Se ele traísse os Volturi ele morreria. Talvez ele não quisesse fazer aquilo que fez comigo... Ou talvez quisesse.

– Alex – disse Bella.

Eu ergui meus olhos para ela.

Naquela sala agora, era apenas Liam, Bella, Charlie, Edward, Carlisle e Rosalie. Todos eles olhando para mim.

– Você não pode desistir agora.

Eu hesitei.

– Quem disse que estou desistindo? – eu perguntei.

Bella não respondeu, ela deu um meio sorriso para mim.

– Não sorria – eu disse me levantando, com os punhos cerrados. – Não sorria para mim como se fosse minha amiga.

Minha intenção não era falar aquilo em voz alta, mas eu estava irada com Edgar e isso me fez ficar irada com todos ali. Os Cullen... O que eu estava fazendo ali? De fato, Edgar podia estar certo? Ele estava traindo Bree ficando ao lado dos Volturi, mas... Eu podia falar algo dele quando estava hospedada abaixo do mesmo teto que os Cullen estavam? Eles eram inimigos... Amigos? Eu não sabia, mas eu não queria nada...

– Você é quem está pensando isso, Alex – disse Edward, maldito Tio Ed – Nenhum de nós quer te machucar. Nós queremos te ajudar.

Edward deu um passo em minha direção, mas eu recuei dois passos.

– Não se aproxime de mim – eu disse. – Nenhum de vocês. Porque nenhum de vocês se lembra?

Meu tom não era de raiva, mas magoado, chateado... Minha voz transbordava dor e decepção.

– Nenhum de vocês se lembra... Mas já nos encontramos antes – eu disse olhando para Edward. – Você se lembra, não é? Mas você pensou nisso durante esse tempo?

– Do que ela está falando? – Rosalie perguntou a Bella.

– Bree Tanner! – eu gritei.

Repentinamente a sala ficou mais escura. O vento assobiava lá fora. As nuvens cinzentas ameaçavam chuva. Nenhum deles retirou a expressão de confusão do rosto. Eu forcei os dentes.

– Nenhum de vocês lembra, não é? – eu disse. – Uma pessoa morre na frente de todos vocês e vocês não lembram?

– Alex – Charlie segurou meu pulso.

Livrei-me de sua mão e recuei.

– Se pudermos conversar... – Carlisle começou.

– Perguntem ao seu leitor de mente ai – eu disse apontando para Edward. – Ele deve saber, provavelmente deve.

Então dei as costas para os Cullen, saindo do cômodo com um único desejo de ficar sozinha.


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Notas finais do capítulo

Loucura e Duvidas... O que acharam do capítulo?
Eu fiz várias versões para a segunda parte, uma delas Twill e Spencer - os lobinhos novatos - mostravam sua forma humana. (Twill é uma girl/ Spencer es uno chico). Mas isso provavelmente vai vir a acontecer no próximo capítulo. Provavelmente.
Aliás, eu estou começando a montar uma trilha sonora, certo? Vocês podem ver algumas musicas escolhidas nas notas da história.
Espero que tenham gostado, Beijos Azuis Vampirescos!



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