[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 50
Pensamentos, Mortes e Pensamentos


Notas iniciais do capítulo

Olá, seres vivos! Muito tempo passou e aqui estou eu, Matt, publicando meu último capítulo. Bem, o que posso dizer? Depois de dois anos e alguns dias, estamos muito próximos do fim da fanfic, e escrevê-la foi uma experiência incrível para mim. Assim como conhecer e me tornar amigo dessas 4 pessoas maravilhosas com quem divido a autoria. Compartilhamos momentos, conversamos muito, rimos, brigamos, escrevemos a fanfic. Nos divertimos. Ao escrever os meus capítulos e ler os dos outros, tive momentos de felicidade, tristeza, raiva, risadas. Muito obrigado, equipe WHY AM, por terem me proporcionado tudo isso. Ana, eu te amo. Yai, eu te amo. Will, eu te amo. Helo, eu te amo. [E Matt, eu te amo também :3] A amizade de vocês é muito, muito importante para mim. E, é claro, muito obrigado também aos leitores, às leitoras, a todas as pessoas que acompanharam a trajetória de Helo, Marcy, Ana, Peter e Matt; quem começou a ler e abandonou, quem começou e parou mas ainda vai continuar, quem está em dia e vai ler esse capítulo assim que for postado... Obrigado a todo mundo (Rapoza, Sorvete, Maiko e João, amo vocês e também considero muito nossa amizade). Não sou muito bom em escrever dedicatórias, espero ter me saído bem. Aproveitem o capítulo! (que é o maior de todos, haha xD)
Goodbye, everybody... ♥



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Matt

 

Quando alguém diz que vai te matar e pode fazer isso com a maior facilidade, mas fica enrolando por muito tempo, conversando com você e só ameaçando, tenha certeza de que esse alguém não vai te matar coisa nenhuma, apenas quer te amedrontar. Foi assim com a miserável Éris. Convenhamos, ela estava com cinco metros de altura e é uma deusa. Se ela realmente quisesse nos matar, já teria matado.

Eu, Marcy e Helo começamos a correr dela, e a maluca ficou atirando bolas de fogo para todo lado. Por que ela não atirava logo uma bola que nos atingisse? Como eu disse, ela não queria nos matar; só estava fazendo um joguinho conosco. Posso dizer que aquilo estava até um pouco divertido. Até o momento em que ela atingiu uma árvore e fez um galho cair em cima de Chris. Corri para ajudá-lo, mas já era tarde demais. Ele estava morto. Comecei a chorar desesperadamente, e fiquei lá por um tempo, mas percebi que não havia nada que eu pudesse fazer. E eu precisava voltar para ajudar Helo e Marcy.

Assim que me juntei a elas novamente, não demorou muito e os deuses olimpianos apareceram no acampamento. Será que tinham ouvido minhas preces? Embora fosse um pouco arrogante da minha parte, quis acreditar que sim.

Então, Éris e Ares ouviram reclamações dos deuses, principalmente de Zeus; Marcy se pronunciou e disse umas boas palavras, sobre nós estarmos cansados de ser usados como peças de jogo; eu, Helo e muitos outros semideuses concordamos com ela; Zeus se surpreendeu, mas ele sabia que estávamos com a razão; e os deuses voltaram para o Olimpo.

Mal posso acreditar, pensei, aliviado. Porque a guerra finalmente havia acabado. Os monstros foram destruídos ou fugiram e os semideuses traidores pararam de atacar. Não vi o que acontecera com Peter ou Ana, mas esperava que eles tivessem fugido ou morrido (a segunda opção seria melhor).

Ajudei a levar as pessoas feridas para a enfermaria – só os semideuses do bem, lógico, pois eu estava me lixando para os traidores –, e não quis passar nem perto dos corpos mortos. Já não aguentava mais ter que vê-los, então não tive condições de ajudar a recolher. Rezei para que aquela situação nunca mais voltasse a acontecer.

***

Enquanto os feridos eram tratados na enfermaria e o enterro dos mortos era preparado, Quíron andava pelo acampamento, falando brevemente com os semideuses que encontrava e, provavelmente, procurando algum outro ferido ou morto que, eventualmente, pudesse ter passado despercebido. Imaginei que estivesse também analisando os estragos feitos pela guerra, já que ele havia dito que convocaria todos os acampantes para discutir sobre esses estragos e como repará-los.

Marcy, Helô e eu estávamos na frente da Casa Grande, esperando o  centauro chamar para o enterro – que seria mais um momento difícil e triste. Mal falávamos alguma coisa. Alguns outros semideuses estavam por perto. Então, ele apareceu. Peter. Minha expressão encheu de ódio quando ele se aproximou de nós.

— Oi – disse ele com a maior cara de pau.

Marcy pulou em cima dele, derrubando-o no chão, e começou a distribuir tapas e socos enquanto gritava. Helo tentou segurá-la, mas ela se soltou e colocou uma adaga no pescoço do traidor. Meu desejo era de que ele morresse ali mesmo, mas eu sabia que Marcy não seria capaz de matá-lo. Peter tentava se explicar, e nos pediu perdão. Eu não acreditei em uma palavra do que ele dizia, estava morrendo de raiva e não ia cair nesse papinho de arrependimento. Achei que as meninas também não, mas então, Helo disse que todos merecem uma segunda chance – revirei os olhos – e Marcy hesitou. Peter a abraçou, e os dois ficaram lá, naquele momento "meigo" como se nada tivesse acontecido. Sinceramente, aquilo me deu nojo.

— Eu sinto muito... Desculpe, Marcy – ele falou. — Me desculpem todos vocês. Eu só quero... Reparar meu erro. – Mentiroso, pensei.

Encarei os três, incrédulo.

— Não acredito que vocês acreditarão nesse traidor! Ele merece morrer! – gritei indignado. Eu não seria um Matt bonzinho que perdoa alguém que causou tanta desgraça e morte.

— Matt, tenha calma – disse Peter. — Eu realmente estou arrependido, por favor, me desculpe. E eu quero ajudar a reorganizar tudo aqui.

Chega, eu não aguentava mais ficar ali e escutar as palavras daquele nojento. Ainda mais com ele se dirigindo diretamente a mim. Me afastei pisando duro.

Ouvi passos; me virei e vi Helo vindo atrás de mim.

— Matt, espere – pediu ela. Eu parei e a encarei.

— O que foi? – perguntei, um pouco rude.

— Olha, eu sei que Peter fez muitas coisas ruins...

— "Coisas ruins" é apelido ­– interrompi.

— ...mas todo mundo comete erros ­– continuou ela. – E mesmo aqueles com os erros mais terríveis podem se redimir. Por que não podemos acreditar que Peter realmente se arrepende? Que ele mudou, ou quer mudar?

Aquilo era mesmo sério?

— Porque, caso você não lembre, hoje mais cedo ele estava MATANDO semideuses inocentes em nome de uma traição – falei. – Nossos amigos, nossos irmãos. Ele os matou sem nenhuma piedade, nenhum remorso. E agora vem dizer que está arrependido?

— Matt... – começou Helo, mas eu não a deixei continuar.

— Ele só veio com essa conversa porque perdeu a guerra. Se dependesse dele, ainda estaria junto com o resto dos traidores matando mais gente.

— Matt, dê uma chance a ele! Por favor – pediu ela.

— Ah, claro, dou uma chance a ele ­– disse eu, sarcasticamente. — E depois dou uma chance a Ana também. A mesma Ana que matou o Marc, vale ressaltar. ­– Pude ver pela expressão de Helo que ela ficou triste. ­– E nós todos voltamos a ser amiguinhos, os cinco bff, não é? Ignoramos tudo o que aconteceu; que aconteceu por causa deles.

— Não é ignorar. É seguir em frente – afirmou Helo.

— Não. Sinto muito, Heloísa. ­– Sim, eu a chamei pelo nome. – Eu não vou fazer parte disso. Se você e Marceline querem perdoar ele, perdoem, ótimo. Mas me incluam fora dessa. Ainda quero que esse nojento morra. E é isso que eu sinto por ele: nojo. E desprezo.

Comecei a me afastar dela, mas parei e me virei.

— Ah, e se vocês pensarem em vir falar comigo pra tentarem me fazer mudar de ideia de novo, nem se deem ao trabalho. Me deixem em paz – eu disse, firme.

Helo ficou calada. Continuei a andar para longe dela, e fui na direção do meu chalé.

***

Já havia se passado três dias desde que a guerra acabara, e todo o Camp Half-Blood estava, de certa forma, de volta à normalidade. Digo "de certa forma" porque ainda estávamos tendo que reconstruir muita coisa, antes que pudéssemos voltar a todas as atividades normais.

Eu estava caminhando e pensando. Olhei ao redor e avistei a arena de batalha. Então, me lembrei da promessa que eu tinha feito no meio da guerra: se eu sobrevivesse e o acampamento voltasse a ser como era, eu providenciaria uma espada e treinaria todos os dias. Assim que tudo estivesse devidamente reconstruído, eu falaria disso com Quíron (mas a parte de "todos os dias" eu poderia reconsiderar).

Um vento gelado soprou em mim, e eu subitamente me lembrei de Despina. Minha irmã deusa do inverno que guarda um enorme rancor de Deméter. Com todo o caos da guerra, eu havia me esquecido completamente dela. Depois daquele pesadelo que tive com ela no túnel, tive certeza de que ela estava junto com os deuses traidores e de que eu voltaria a vê-la. Mas ela só queria me amedrontar com aquelas ameaças, afinal. E despejar em mim todo o seu desprezo pela minha mãe e por Perséfone. Provavelmente pensou que o túnel do medo seria um bom lugar para fazer isso.

Pensei também em Joe e Gwen, meus amigos fauno e ninfa que me trouxeram para o acampamento. Eu não os tinha visto novamente desde que saíra do túnel; esperava que estivessem bem. Então pensei em mais uma coisa que me deixou intrigado: a menina no túnel. Sim, aquela menina de uns 11 anos que eu encontrara lá embaixo. Também tinha me esquecido dela. Pensei nas palavras que ela dizia, na loucura que ela aparentava. Será mesmo que ela era uma armadilha? Eu apareci naquela "caixa" depois de dormir, então quem quer que tenha me prendido ali não precisava criar uma menina pedindo por ajuda para me atrair, era só esperar eu dormir em algum momento. Uma parte de mim, a parte pessimista, me dizia que a menina já deveria estar morta a essa altura, seja assassinada por quem a enlouqueceu ou outro motivo; mas minha parte otimista queria acreditar que ela conseguira achar uma saída do túnel e que estava tudo bem. De qualquer forma, eu não voltaria a vê-la.

Avistei uma coisa que me tirou dos meus pensamentos. Peter, a alguns metros de mim, conversando com alguns semideuses. Incrível como ele já estava reintegrado ao acampamento, e todos agiam com tranquilidade e conversavam com ele de boa, como se há três dias ele não estivesse matando acampantes e destruindo nosso lar. Aquilo me dava raiva. Muita, muita raiva.

— Você merece morrer – sussurrei entre dentes, fuzilando-o com o olhar.

Eu queria mesmo que ele morresse. Ele e Ana, mas principalmente ele. Porém, é claro que ninguém ali iria matá-lo, todo mundo havia aceitado o papo de arrependimento. E eu não poderia esperar que ele morresse de causas naturais, eu o queria morto . Então decidi que eu precisava matá-lo. Mas faltava decidir como fazer isso.

Estava cedo, deviam ser umas 8h ou 9h da manhã. Olhei novamente para o local onde ele estava, mas não o vi. Aonde ele pode ter ido? Notei que estávamos perto da enfermaria, e lembrei que Ana estava lá, ainda se recuperando. Provavelmente ele entrara para ver sua amada traidora.

Adentrei o lugar e procurei o quarto em que ela estava. Quando encontrei, parei na porta e encarei a imbecil, que estava sentada na cama.

— Bom dia, Matt – sussurrou ela assim que me viu.

Olhei em volta. Peter não estava lá; só havia um garoto com cabelos ondulados e castanhos que iam até os ombros, o qual eu não reconheci. Devia ser novato.

— Você sabe onde está Peter? – perguntei a Ana friamente, com uma expressão séria e sem olhá-la nos olhos.

— Não – respondeu ela no mesmo tom.

Aquela seria a hora perfeita para atacá-la. Mas eu não podia cometer dois assassinatos num dia só, e o que eu queria mesmo era matar Peter. Mesmo assim, eu estava morrendo de ódio de Ana também. E eu tinha uma faca presa na minha cintura, que eu mesmo havia feito no dia anterior.

Subitamente, sentindo que eu não controlava totalmente minhas ações, fui até ela, tirei a faca da cintura e coloquei em seu pescoço. O garoto que estava ali saiu correndo do quarto.

— Você acha que você e seu namorado babaca vão voltar a ser acampantes aqui? Hein? – Eu a fitava com os olhos cheios de ira e pressionava a faca contra sua pele. – Acha que vão voltar a ser nossos amigos? Nunca.

— Matt, por favor... Não faça isso – suplicou ela. –  Por favor, eu te peço.

— Cale a boca! – gritei. – Sua vadia traidora. Me dê um bom motivo para não cortar sua garganta agora mesmo.

— Eu... eu ajudei vocês – disse ela, enquanto lágrimas brotavam em seus olhos. – Ajudei Peter a voltar atrás, a ver quem ele realmente é. Por favor, Matt, acredite em mim. E acredite nele também.

— Nunca vou acreditar em nenhum dos dois! – falei, com lágrimas nos meus olhos também, mas de ódio. – Vocês foram responsáveis pela morte de muitos amigos, AMIGOS QUE ERAM SEUS TAMBÉM! – Pressionei um pouco mais a lâmina.

Ela chorava, e eu a segurava pelo braço com a outra mão para que ela não tentasse fugir.

— Onde estão os seus truquezinhos agora? – debochei. – Cadê sua magia, hein? Por que não a usa contra mim?

Ana nada disse, apenas ficou me encarando com os olhos vermelhos. Insultei-a mais um pouco, aí ela resolveu falar, e gritou por socorro também. Ficamos discutindo por um tempo. Notei que um grupo de semideuses se formava próximo a nós. Continuamos discutindo, e só então eu percebi que estava fazendo a mesma coisa que Éris fez: ameaçando matar sem matar de fato.

Quando me preparei para enfiar de vez a faca na garganta dela, alguém agarrou minha mão. Me desvencilhei e quando me virei, vi que era Peter.

— O ator principal da peça chegou! Peter John, o filhinho de Hades mais carismático que há, o bondoso! – eu disse, com um sorriso cínico e os olhos cheios de cólera.  — Eu sabia que logo você viria quando ouvisse os gritos da namoradinha.

— Matt, acalme-se! – implorou ele, tentando agarrar a faca da minha mão.

— Cale a boca, Peter – exclamei. – Estou cansado de você e dessa aqui. – Apontei para Ana atrás de mim. — Estou cansado do joguinho dos dois, estou cansado de tanta farsa, de tanta mentira!

— Ele está descontrolado, Peter, cuidado! – disse Ana levantando-se da cama.

— É bom ter cuidado mesmo. – Eu ri histericamente. Não sabia o que tinha dado em mim, eu não era daquele jeito.

Na verdade, não sei o que deu em mim desde que decidi matar Peter há alguns minutos. Até uns dias atrás, eu jamais seria capaz de planejar o assassinato de alguém, por mais que esse alguém tivesse causado tudo que o filho de Hades causou. Mas eu estava ali com os dois traidores, era muito tarde para voltar atrás. Além disso, Peter tinha ameaçado me matar, e teria conseguido se não tivesse sido impedido.

Infelizmente, Peter conseguiu arrancar a arma de minha mão.

— COMO OUSA?! – gritei, enfurecido. Comecei a invocar as plantas. As paredes e o piso racharam, e cipós e raízes de árvores entraram pelo quarto e agitaram-se no ar. Vários semideuses gritaram e saíram correndo apavorados. Sim, Peter, eu melhorei minhas habilidades.

Fiz um cipó se enrolar em torno do corpo de Ana e a apertar. Ela gritou e tentou se soltar, sem sucesso. Ela realmente não podia praticar magia ainda, pois se pudesse, já teria feito isso. Peter me deu um soco, derrubando-me no chão. Perdi a concentração no cipó e Ana conseguiu se soltar, correndo para junto de Peter.

Mandei as raízes enroscarem-se nele e subirem por seu corpo. Ele cortei algumas com a minha faca, que ainda estava em sua mão. Como o cabo era feito de madeira, fiz espinhos surgirem nele, assim Peter o largou. Ana conseguiu fazer magia e colocou fogo em algumas das raízes, mas eu usei um galho para atingi-la e jogá-la contra a parede. Nesse momento,

Marcy e Helo chegaram com alguns semideuses.

— MATT, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – gritou a filha de Hades. — PARE JÁ COM ISSO!

— Não antes de terminar o que vim fazer – falei decidido.

Os cipós se enrolaram na boca de Peter e começaram a descer até seu pescoço, enquanto as raízes subiam por seu corpo. Contudo, o desprezível usou seu poder, e matou minhas plantas.

— JÁ CHEGA, MATT, VOCÊ ESTÁ INDO LONGE DEMAIS, O QUE EU DEVO FAZER PARA PROVAR QUE MUDEI?

— Morrer, talvez.

Tentei atacá-lo, mas ele foi mais rápido e me socou de novo.

— Me desculpe, Matt. — Ouvi ele dizer antes de desmaiar.

Acordei e vi Helo e Marcy me olhando.

— Está tudo bem, meu amor — disse Peter. Ele estava de frente para Ana, e de costas para mim. — Tudo vai ficar bem, eu te amo. — Eles se beijaram, e eu quase vomitei ali mesmo.

Em seguida, foi tudo muito rápido. Fiz a faca levitar, controlando a madeira do cabo, e lancei-a em direção a Peter, enfiando-a em suas costas, bem na direção do coração. Helo e Marcy não puderam impedir.

Peter não pronunciou mais nenhuma palavra antes de morrer.

— NÃO! – gritou Ana. — PETER!

Marcy correu até ele e se abaixou. Eu e Helo nos pusemos de pé. Ela apenas ficou parada, sem reação. Eu estava com muita vontade de comemorar a morte dele, mas por consideração a Marcy, fiquei calado.

Minha amiga e a filha de Hécate choravam, esta debruçada sobre o corpo de Peter. Todos os outros semideuses haviam ido embora, só estávamos nós quatro e o corpo ali.

— Como... como você pôde? ­– perguntou Ana entre soluços, olhando para mim. – Como foi capaz de fazer isso?

— Da mesma forma que ele e você foram capazes de matar muito mais gente – respondi, sem expressão. – Da mesma forma que ele quase foi capaz de me matar.

Helo caminhou até o corpo de Peter e arrancou a faca das costas dele. Ana ainda chorava; Marcy não mais, porém ainda tinha a expressão triste. Percebi que a tristeza se misturava com um pouco de mágoa que ela ainda guardava do irmão.

— Eu quero morrer – afirmou Ana com o rosto vermelho. – Não aguento isso, QUERO MORRER! Não posso continuar vivendo se ele está morto... não posso.

— Não seja por isso – disse Helo totalmente séria.

Assisti a filha de Apolo se dirigir até Ana, erguer a minha faca e cortar sua garganta com um movimento rápido. Ana arregalou os olhos, abriu a boca e tombou ao lado do namorado.

— Eu disse que resolveríamos depois – falou Helo.

Não conseguia acreditar no que acabara de ver. Depois de todo aquele discurso de Helo sobre todo mundo merecer uma segunda chance e blá blá blá, eu nunca imaginaria que ela seria capaz de matar algum dos dois. Mas, aparentemente, todo mundo merece uma segunda chance desde que "todo mundo" não tenha matado Marc. (Não que ela tenha gostado do que fez – e não que eu não tenha gostado –, pude ver que ela tentava se manter neutra mas, certamente, estava se odiando por dentro.)

— Para... onde quer que... você vá ­– Ana conseguiu dizer, com muito esforço, olhando para Peter, antes de fechar os olhos e partir desta para melhor.

Pela cara de Marcy, ela também não acreditava que Helo tinha feito aquilo. Mas ela continuava triste apenas por Peter. E eu não estava triste por nenhum dos dois.

— Pensando bem ­– disse Helo –, acho que eles não mereciam uma segunda chance.

Fui até ela e a abracei. Em seguida, me agachei ao lado de Marcy e coloquei a mão em seu ombro, meio receoso.

— Me desculpe, Marcy – falei, sendo sincero.

— Tudo bem – respondeu ela secamente, sem olhar para mim.

Levantei e me afastei.

— Vá em paz, meu irmão – disse Marcy para Peter. – Você vai encontrar Will lá, finalmente vai conhecer seu irmão gêmeo. – Ela olhou para o corpo de Ana. – Cuide bem dele, Ana. E sejam felizes.

Lágrimas brotaram ligeiramente nos meus olhos. Me encaminhei para a saída do quarto, e depois, da enfermaria. Andei pelo acampamento, olhando tudo à volta: a floresta, os chalés, a Casa Grande, campistas, Quíron. Pensei em como o centauro nos daria uma bela lição de moral sobre vingança quando descobrisse o que fizemos.

Parei e sentei na grama. Observei o céu e a paisagem, e teria me perdido em pensamentos, se não fosse o som de passos atrás de mim. Helo sentou ao meu lado e também ficou contemplando o ambiente. Após algum tempo, Marcy também veio, e sentou-se ao lado de Helo. Não sei se ela evitou sentar ao meu lado de propósito, mas não podia culpá-la. Nós três nos entreolhamos brevemente.

De repente, uma coisa me ocorreu. Ali estávamos nós três. Três. Eu sempre ouvia alguém do camp dizer que três era um número sagrado, ou algo assim, e que em uma missão, o melhor era que fossem três enviados. Mais do que isso era perigoso. Ninguém sabia explicar direito por que essa coisa com o número 3, só era assim e ponto. Mas nós havíamos ido em cinco, quebrando a "regra". Nos arriscamos e a maldição do 3 caiu sobre nós, pois dos cinco, dois estavam mortos, sobrando três. Exatamente como deveria ter sido.

Olhei para as meninas, e pude perceber que elas também tinham aquilo em mente. Apenas balançamos a cabeça, concordando.

Pois é, ali estávamos nós três.

E eu me sentia feliz com isso.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Espero que tenham gostado. É aqui que eu, sozinho, me despeço oficialmente. Bye bye, "vejo" vocês em outra fanfic (ou não) *^*



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