[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 41
Abraçando a escuridão


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aqui é a Yara. Eu sei que era a vez da Helo, mas ela teve um problemas, então o dela vai ser o próximo, ok? Ok. Espero que gostem :3



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Marceline

Os olhos dele estavam cheios de fúria e raiva, mas não parecia estar tão bravo ou triste pela amiga morta, na verdade ele nem pareceu se importar. Isso me deixou um pouco desapontada, eu queria que ele sofresse, sentisse a dor da perda, a culpa. Mas tudo o que restava era a fúria e o ódio que o cegavam.

Bem, eu também não estava muito diferente, o rancor me dominava e eu não devia permitir, o rancor pode ser a força e a maior fraqueza de um filho de Hades, eu não podia deixar ele tomar conta de mim, mas no entanto…

Peter avançou, determinado, tentou me golpear, mas eu desviei e o ataquei, mas ele bloqueou o ataque e desviou. Percebi que no momento em que nossas espadas se chocaram, senti um incômodo e logo depois uma forte dor em meu olho direito, onde Peter havia feito uma cicatriz dias atrás. Percebi que ele sentia a mesma coisa, como se, de alguma forma, as cicatrizes estivessem ligadas. A cada instante minha raiva só aumentava e eu me sentia cada vez mais forte; já não tinha consciência do que acontecia ao meu redor, a única coisa que eu queria era matar Peter. Em um certo momento, por algum motivo, Peter gritou para alguém:

–NÃO! EU cuido dela.

Eu não entendia o motivo disso, mas não me importava, só queria acabar com ele de uma vez por todas.

Agora estávamos usando as sombras para tentar enfraquecer um ao outro, mas ambos somos filhos de Hades, então é como tentar afogar um filho de Poseidon. Algum tempo depois, tive a impressão de que alguém tentava me atingir pelas costas, mas depois sumiu.

Eu tentava atingir Peter de todas as maneiras, mas só conseguia fazer alguns cortes em seus braços, pernas e barriga e com ele era a mesma coisa, ele me golpeou algumas vezes nos braços e minha perna sangrava inconvenientemente, mas nada disso iria me impedir de acabar com ele.

Só que em algum momento alguma coisa deu errado, eu comecei a me sentir mais fraca e a dor na cicatriz me incomodava mais que antes. Peter pareceu perceber e avançou com toda força, mas, antes que pudesse me ferir pra valer, algo bateu em sua cabeça e ele caiu, desmaiado. Percebi depois que foi o cabo da espada de John que atingiu a cabeça de Peter. Ele está de volta!, pensei. Então Hezel deve estar por aqui. Logo vi que Gee estava com ele e não pude me conter, abracei os dois. John me deu um beijo e por um instante, a guerra, as mortes, os deuses malucos e até Peter pareciam distantes e sem importância.

É claro que meu momento de paz foi interrompido, pelo ataque histérico de Matt e por Peter, que em algum momento se levantou e colocou a espada na garganta de Matt. Maldito.

– Tentem me ferir agora - disse Peter enquanto Gee, John e eu apontávamos as espadas pra ele. - Isso, tentem! Tentem e ele morre - Matt estava paralisado e assustado. - Eu devia ter te matado antes, seu nojento - cuspiu Peter. - Tive a oportunidade e deixei-a escapar. Mas aqui estamos nós agora, e com apenas um movimento posso fazer isso.

– Matem ele - Matt disse - Vocês são três, vão conseguir. Não se preocupem comigo.

– Nunca - eu disse. Não ia de jeito nenhum arriscar perder Matt, nem por Peter. Ninguém mais vai morrer por causa dele.

Peter se limitou a rir. Desgraçado, vou acabar com você!

A fúria voltou. Como ele podia ser tão idiota?

– Largue ele - disse enfurecida. - Agora!

– Venha me obrigar - ele riu, debochado.

Dei um passo à frente, mas John me segurou.

– Não. É isso que ele quer.

– Você é um idiota, Peter - eu disse com raiva. - Prefere agir como o bonequinho de Éris e ir contra seus amigos ao invés de abrir os olhos e enxergar que ela está apenas te usando, como pode ser tão cego?

– Éris se importa comigo - ele disse. - Antes eu não tinha nada, era só a sombra defeituosa do Will - ele falou o nome com desprezo. - Agora serei devidamente valorizado, o resto não importa.

– Éris se importa com você? - aquilo era tão ridículo que não pude conter o riso. - Você tinha amigos. Tinha irmãos, uma família, um lar, tinha a mim – falei indignada. - Te demos uma casa, um lar, família, um lugar onde você foi aceito, do jeito que é. Te demos algo pelo que lutar - a raiva tomava conta de mim. - Isso não importa? Tudo o que passou aqui, todos os amigos que fez, todos que te amavam e respeitavam. Isso não importa?

Por um instante, um pequeno instante, ele parecia o antigo Peter de novo. Mas o momento passou, a fúria voltou e eu soube que ele se fora, para sempre.

– Você está cego, fez sua escolha. Vai, destrua o único lugar seguro que nós temos - falei com raiva. - Mas quando você estiver lá fora, cercado de monstros e à beira da morte, deus nenhum vai te ajudar!

Matt estava paralisado com a espada em sua garganta e me olhava como se dissesse “Tudo bem, mate-o. Eu não me importo, faça!” e eu respondia com o meu olhar que dizia “Não! De jeito nenhum.”

Eu tinha que pensar rápido numa maneira de desarmar Peter sem arriscar a vida de Matt, mas como?

Enquanto eu pensava, percebi que todos me olhavam assustados.

– O que é isso no seu rosto? - perguntou Gee, dirigindo-se a mim.

Olhei para ele confusa, mas logo depois senti algo escorrer e tocar meu lábio, levei a mão até a área e ela se ensopou de sangue.

– Marcy… - John me encarava com os olhos verdes arregalados.

Meu estômago embrulhou e senti algo na minha garganta, levei as mãos até o pescoço instintivamente, pouco antes de cair de joelhos com uma mão apoiada no chão e outra segurando a barriga. Comecei a vomitar um líquido vermelho. Sangue. Não um pouco, não uma quantidade aceitável de sangue, muito sangue. Uma poça se formou ao meu redor, meu corpo queimava e meus amigos olhavam assustados. John se abaixou ao meu lado, junto com Gee; Charlie e Mark se aproximavam devagar, com espadas na mão.

– Marcy, o que tá acontecendo? - John perguntou, mas eu não conseguia responder, parecia que tinha milhares de serpentes dentro de mim e estavam querendo sair. “Vocês têm a peste”. Lembrei do bilhete no túnel. Droga.

– AMBRÓSIA, AGORA! - ouvi alguém gritar e um momento depois, alguém colocou um pedaço em minha boca, mas não senti sabor nenhum.

Todos estavam horrorizados, mas eu já começava a me sentir um pouco melhor. No momento em que abriram a boca para falar, ela apareceu, então eu a vi. Estava com seu arco e flecha e caminhava devagar. Os cabelos dourados voavam contra o vento e ela caminhava em direção a nós, atrás de Peter e Matt. De repente, a flecha de Helo passou raspando na perna de Peter, que no susto, se descuidou e Matt conseguiu se soltar e se afastar dele. Nesse momento, Helo já estava perto de nós, furiosa.

Ela é uma filha de Apolo, pensei. Errou de propósito. Podia tê-lo matado, por que não matou?

Não tive tempo para perguntar. Um homem grande, alto e musculoso usando uma jaqueta de motoqueiro, óculos escuros e coturnos apareceu do nada. Ares.

– Ora, ora. O que temos aqui? - sua voz era estridente.

Peter imediatamente se ajoelhou.

– Ares - ele disse com devoção. - Fiz o que me pediu.

– Estou vendo - Ares disse, olhando ao redor.

Meu corpo se encheu de ódio.

– Então você mandou Peter fazer isso? Ou Éris está te manipulando também?

Por trás dos óculos, pude ver os olhos dele brilharem de ódio.

– Eu lhes dei um prazo para trazerem o que é meu de volta. O tempo acabou.

– É claro. Procurar um objeto que não se sabe o que é nem como é. Moleza.

Antes que ele pudesse responder, avistei um pégaso branco sobrevoando o Acampamento. Quando se aproximou, pude ver que uma garota estava montada nele. Hezel.

– Ei, o que ela faz com Brick? - perguntou Charlie, fazendo bico.

– Foi mal, eu emprestei - explicou John.

– Você o quê? - Charlie estava indignado.

– Quietos - falei. - E que diabo de nome é Brick?

O pégaso pousou e Hezel desceu. Ela estava com vários ferimentos, a roupa estava em trapos e carregava duas adagas de bronze celestial no cinto e uma mochila nas costas.

Enquanto se aproximava, tirou da mochila um ursinho de pelúcia marrom com uma camiseta branca que dizia Mr. Cuddly. Ela parou a cerca de cinco metros de Ares, olhou para mim por um instante como se dissesse “Explico depois” e se voltou para Ares.

– Aqui está - ela disse estendendo a mão esquerda, onde Mr. Cuddly estava.

Todos estavam em silêncio, até Peter parecia chocado.

– Lamento, mas é meio tarde pra isso - Ares reclamou, pegando o urso, então eu percebi.

– Um urso? - perguntei, chocada. - Seu objeto é um urso de pelúcia? - eu não podia acreditar.

– AH NÃO - Matt gritou. - TUDO ISSO FOI PELA PORCARIA DE UM URSO DE PELÚCIA? NÃO. EU NÃO ACREDITO. NÃO PODE SER!

Ares não nos deu ouvidos.

– Como encontrou? - ele se dirigiu a Hezel.

– Fui eu quem roubou - ela disse sem vacilar.

– Você o quê? - Ares estava furioso. - Por que você teria a audácia de roubar um deus?

– Ben, o filho de Hécate, me desafiou - eu estava admirada com a coragem dela, não hesitava nem por um segundo. - Sinto muito.

– Sente muito? - Ares bufou. - E onde está esse filho de Hécate? - ele exigiu.

– Morto - Hezel respondeu de imediato.

– Bem, é como ele estaria se estivesse vivo.

– Mas o quê? - Matt riu debochado, pouco antes de Ares lhe lançar seu olhar mortal.

– O fato é que não precisa destruir o Acampamento - Hezel disse. - Eles não têm culpa. Eu tenho.

– Você tem razão - Ares concordou. - E pagará por isso. Vocês semideuses tolos perderam o respeito, ficaram insolentes. Mas colocarei vocês nos seus lugares, vocês não seriam nada sem nós.

– É mesmo? E os deuses? O que seria de vocês sem nós? - a raiva tomava conta de mim. - Vocês só estão aqui por nossa causa, por causa de nossas preces, vocês precisam de nós, nem para achar um ursinho de pelúcia vocês servem…

– Marcy, não - Helo me interrompeu, ela estava agora ao meu lado, com a mão no meu ombro.

– É melhor escutar sua amiga, criança - Ares me disse. - Quanto a você - ele se dirigiu a Hezel, - você servirá de exemplo para qualquer semideus abusado que ouse me desafiar.

Então Ares enfiou uma espada na barriga dela, e a partir daquele momento, eu parecia estar em câmera lenta. Os movimentos dele foram tão rápidos que eu nem tive tempo de piscar, num instante minha amiga estava caída, sangrando e eu nem ao menos tive tempo de me mover. Quando voltei a ter o controle do meu corpo, ela já não vivia mais.

Só então percebi que eu estava gritando e meus amigos me seguravam, Ares havia sumido, Peter sorria. Helo enfureceu-se e o atacou, mas ele invocou as sombras, que a cercaram e começaram a sufocá-la. Eu não sabia o que estava fazendo, só sentia que devia ajudá-la. Corri até onde ela e Peter estavam e tentei golpeá-lo; por um momento deu certo, consegui distrair sua atenção de Helo, então quando pensei que tinha conseguido, senti algo me atravessar pela costas e sair pela minha barriga. A dor era insuportável, a última coisa que consegui ouvir foi Peter gritando “NÃO! EU IA CUIDAR DELA, O QUE VOCÊ FEZ?”

Depois disso, tudo ficou mudo, exceto pela voz feminina na minha cabeça. “Eu lhe ofereci uma opção, uma chance de ter uma morte melhor. Avisei que isso aconteceria, mas você foi teimosa. Que pena, criança.”

Minha visão começou a escurecer e senti meu corpo tombar.

Podia sentir a vida deixando meu corpo, ao mesmo tempo em que a escuridão me agarrava.


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Notas finais do capítulo

Tretas, tretas, tretas



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