[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 29
Recordações e mais remorsos


Notas iniciais do capítulo

Oi, aqui é o Will, fique com mais um capítulo do novo Peter, tentem não odiá-lo tanto, kkkk



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Peter

Eu já havia dormido duas vezes, portanto, para mim haviam se passado dois dias que eu tinha me distanciado dos outros. Porém eu não estava descansado, eu dormia mal, pois deveria ficar atento aos monstros que ainda poderiam aparecer a mim e me atacar. Eu não havia sonhado mais e já sentia saudades das lutas, porque pelo menos tínhamos algumas distrações naquele túnel. Agora tudo estava muito vazio e silencioso; quando eu parava para comer algo e sentar, eu conseguia ouvir minha respiração, meu coração batendo e todos os meus outros órgãos trabalhando. Era sinistro...

Eu estava com os mantimentos de meus ex-amigos, eles deveriam estar passando fome, e ao pensar nisso, consegui dar um leve sorriso. Os cortes no meu olho ainda doíam e isso me ajudava a lembrar de que eu deveria me vingar, daquela maldita garota que eu chegara a chamar de irmã. Eu queria ver todos eles sofrerem... mas com uma pitada de exceção da Ana, eu ainda estava meio apaixonado, mas aos poucos tudo ia passar, eu precisava esquecer. Gostar dela não me levaria a nenhum lugar, ela havia me magoado.

Andar sozinho naquele túnel não estava me fazendo bem. Eu nem sabia para onde queria ir, estava indeciso sobre o que fazer, mas uma coisa eu sabia: eu precisava de uma notícia de Éris. Ela havia me feito propostas, e deveria cumprir com o acordo, ela jurara pelo rio Estige, e louca ela não era de quebrar tal juramento. A qualquer momento eu ficaria louco, imagens, cenas e pensamentos invadiam minha mente a todo instante, eu ficava tonto e já chegara a desmaiar duas ou três vezes, mas acho que acordei logo após, pelo menos era o que eu achava. Eu não tinha uma noção boa do tempo, eu não sabia onde estava, não sabia que dia era e nem quanto tempo havia passado desde que entramos no túnel. Eu sentia falta de olhar as estrelas e a lua, de deitar na grama e respirar um ar puro, eu sentia saudades de Maia, das boas refeições do acampamento e até mesmo do acampamento em geral. Mas eu não podia pensar nessas coisas, eu havia recebido uma missão, destruir aquele lugar. Como eu faria isso? Não sei.

Ouvi passos e parei abruptamente de caminhar. Agucei minha audição e percebi que se tratavam de pés humanos, ou pelo menos eu achava que era. Logo à frente o túnel se dividia em dois caminhos e o som vinha pelo da direita. Segurei minha espada com mais força e esperei, a voz que veio em seguida arrepiou todos os pelos da minha nuca, era uma voz masculina e fria. Ela disse:

– Peter, Peter, Peter... Que prazer em conhecê-lo pessoalmente. Venho em missão de paz, por favor, abaixe esta espada – e foi o que eu fiz, não sei o porquê, mas algo me dizia que eu deveria abaixá-la.

O garoto surgiu na escuridão, seus olhos brilhavam incandescentes, ele usava calça e jaqueta jeans e uma bandana preta na cabeça.

– Phobos... – eu consegui dizer.

– Muito bem, jovem inteligente – ele parou defronte a mim e sorriu. – Venho lhe dar notícias e duas sugestões, você deverá fazer a escolha. Logo à sua frente há dois caminhos, um o levará para fora daqui, para fora do meu túnel, o outro te levará àquele filho de Deméter. Éris mandou dizer que preferiria que você seguisse pelo da esquerda e matasse o garoto, eu já digo para saíres daqui pelo da direita e ir destruir aquele acampamento, a escolha é sua.

– Difícil... são caminhos muito tentadores... - Eu pensei, pensei e pensei. Não queria decepcionar Éris, mas eu estava louco para sair dali. – Vou pelo da direita – disse confiante.

– Ótima escolha, semideus... você seguirá pelo caminho da direita e deverá virar mais duas vezes para a mesma direção. Ao sair daqui, encontrarás um lugar cheio de recordações, mas irá seguir para o acampamento, ache um meio de derrotar tudo. Nos encontraremos em breve, ficarei de olho em você, espero que cumpra com nosso acordo, senão... – ele fez um sinal de degolação e uma expressão não muito legal. – Mais uma coisa... seus amiguinhos estão aqui no túnel em vão, se o urso de meu pai estivesse mesmo aqui eu saberia, afinal, esse é o meu túnel. não é? - pisquei e ele havia desaparecido, deixando um rastro de névoa para trás.

– Urso? O que quer dizer com urso? É isso que estávamos procurando? Um urso de estimação de seu pai? E isso quer dizer que... entramos aqui para nada?? – mas eu disse para o ar.

Caminhei rumo ao túnel escolhido, ele estava superlotado com sacos e caixas, como se fosse um depósito de um pequeno mercado. As caixas diziam: “Extremamente frágil - perigo de explosão” e logo abaixo, “Não deixar ao alcance de semideuses”. Passei o mais longe possível delas e então me vi diante de mais três caminhos, felizmente eu sabia aonde deveria ir. Eu devo ter andado uns cento e cinquenta metros até encontrar a outra encruzilhada, dessa vez havia seis passagens, optei pela mais do canto. Ao passar pela “porta”, me deparei com uma sala vazia, sem saídas, e bem ao canto, enferrujando, uma escada que subia até um alçapão no topo. Comecei a subir. Prendi minha espada à mochila, o que aumentava o peso em minhas costas. Cada degrau que eu pisava dava um estralo, como se a escada fosse desprender da parede a qualquer momento, respirei fundo e continuei.

Quando cheguei ao topo, ergui o alçapão e não pude deixar de sorrir. Eu estava em Londres! Pela cara das pessoas nas ruas, eu deveria estar imundo, mas não só por isso, eu havia saído de um bueiro. Era noite, olhei para o céu e encontrei a lua na sua fase cheia; em volta dela, mergulhadas no céu negro, as tantas estrelas infinitas. Olhei assustado à minha volta, aquela era a cidade onde eu passara minha infância inteira antes de ir para o acampamento, mas infelizmente eu não andava sozinho por ali e eu era pequeno demais, eu estava perdido. Localizei ao fundo da minha vista o Big Ben, marcavam-se dez e meia da noite, sentei num banco e vasculhei minha mochila em busca de algum dinheiro mortal. Ao total, contei 17 dólares. Com aquilo eu até conseguiria pegar um táxi, mas não andaria mais que dez quadras e eu não iria gastar todo o dinheiro em transporte. Precisava achar outro meio, e então eu me lembrei de meus pais adotivos, eles moravam praticamente do lado do Big Ben, talvez com aquele dinheiro eu conseguisse chegar até lá. Fui até a rua e acenei para um táxi que estava passando.

– Bridge St., por favor.

– É pra já.

Chegamos rapidinho, e ainda sobraram alguns dólares. O taxista me dissera que era dia 07 de Julho, o que significava que era o último dia do prazo que Ares havia dado. Dobrei a esquina e me deparei com minha casa, ela era muito bonita, no estilo rústico moderno, estava do mesmo jeito de quando eu havia ido embora. Eu saíra triste, pois estava deixando os únicos que haviam me acolhido de bom grado, acompanhado de Fred, o sátiro que viera me buscar. Eu não sabia muito bem o que estava acontecendo, mas eles me mandavam ir, diziam que era para o meu bem.

Entrei pelo portãozinho que estava apenas encostado e espiei pela janela. Avistei minha mãe sentada no sofá e meu pai logo ao lado. Então meu coração disparou, havia um criança de aproximadamente um ano sentada no colo de minha mãe, dormindo... Estavam todos sorrindo, chegando a dar leves gargalhadas, felizes... Eles haviam me trocado, eles haviam tido um filho... um filho que estava me substituindo. Lágrimas começaram a brotar em meus olhos, eu não chorava desde que caíra de cima do telhado aos cinco anos de idade, e aquela vez era um choro de dor, desta vez era um choro de emoção, minha primeira vez... a lágrima escorreu pelo lado esquerdo do meu olho, contornando meu corte que já estava cicatrizando. Eu não podia acreditar que as únicas pessoas em que eu ainda tinha confiança haviam me traído. E então eu corri, corri o mais rápido que pude e para o mais longe dali que eu consegui, corri até minhas pernas doerem e eu não conseguir dar mais nem um passo, retirei minha espada das costas e a escorei em um banco, deitei nele, sequei meu rosto e adormeci.

Desta vez eu sonhei, e agradeci pelo sonho. Lá estava Éris olhando para mim com um rosto triste em frente ao banco onde eu havia dormido.

– Meu querido, eu entendo seus sentimentos, infelizmente eu os entendo.

– Por que você sumiu?

– Eu não sumi, Peter, eu estava do seu lado, o tempo todo. Eu fui a única que não te abandonou desde o princípio.

– É claro, você vê fraqueza em mim e se aproveita disso.

– Não, não, não, absolutamente não. É totalmente ao contrário, eu vejo força em ti, eu vejo destreza, eu vejo grandeza!

– Que seja, veio aqui para me ajudar?

– Ah, claro – ela se sentou ao meu lado. – Do que você precisa agora?

– Eu preciso de tudo! Mas acho que do que eu mais preciso agora é ir ao acampamento.

– Sim, você precisa e você irá – ela estralou os dedos. – Só uma coisinha, meu filho, você deverá mentir para eles, deverá dizer que ainda é amigo dos outros, mas que se perdeu deles e acabou saindo do túnel, diga que tentou encontrar a entrada, mas que ela desapareceu. Após tudo isso, tente encontrar uma pessoa confiável, o que será difícil, mas encontre e diga a verdade, tente aumentar o número de aliados, mas mantenha segredo, até eu mandar atacar. Sim, mandarei reforços também.

– Onde eu estou agora?

– No acampamento, é claro. Até mais, querido, nos veremos em breve...

Despertei subitamente com uma lambida no rosto, era um pégaso de pelagem escura. Não tinha um lugar melhor para me teletransportar não? Logo os estábulos? Saí e já havia amanhecido.

– Peter?

Olhei para o lado e me deparei com minha meia -irmã, Cass.

– Mana... – então ela correu para me abraçar.

– Pelos deuses, o que você está fazendo aqui??

– Eu me perdi dos outros e não encontrei mais o túnel.

– Você está com uma aparência terrível, o que fez no olho?

– É uma longa história, me deixe ir ao nosso chalé tomar um banho. Não diga a ninguém que estou aqui por enquanto, preciso descansar, eu estou totalmente destruído.

– Claro, claro. Ai meus deuses, você voltou – ela disse empolgada. – O que pretende fazer? Vai ficar aqui ou vai sair novamente? Precisamos conversar com Quíron.

– Sim, Cass, mas deixe-me fazer isso mais tarde, por favor.

– Ok, descanse, irmão.

Fui para o chalé, que estava vazio, tomei um banho e coloquei uma roupa limpa. Deitei na minha cama, mas não dormi, fiquei pensando no que faria agora. Após mais ou menos uma hora que eu estava deitado, a porta do chalé abriu e Maia entrou correndo.

– Peter! – ela gritou e pulou em cima de mim me abraçando.

– Oi – disse meio sem jeito. – Quem te contou que eu estava aqui?

– A Cass, mas não se preocupe, ela só disse a mim. Agora... me conte TUDO!

Foi o que eu fiz, eu não iria esconder nada dela, disse por tudo o que eu havia passado, expliquei minha raiva do Will e a briga com Marceline. Ela fez algumas caretas, mas ouviu tudo.

– Você... você o quê?

– Eu passei para o lado de Ares...

– Peter! Como você pôde?

Nós conversamos durante muito tempo e no fim ela me abraçou, não me contive e também a beijei. Eu sei que fiz errado, mas eu só queria um pouco de carinho de uma pessoa legal.

– Me desculpe, Maia.

– Tudo bem, Peter, agora vamos conversar com Quíron.


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Notas finais do capítulo

Tenso, não é? Deixem comentários e até o próximo capítulo.



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