Avatar: A Lenda de Zara - Livro 2: Terra escrita por Evangeline


Capítulo 8
Cap 7: Dobra de Terra - Parte 1




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Não demorou mais que dois meses para que o professor de dobra de terra aparecesse no Polo Norte. Enquanto ele não chegava, Zara exercitava sua dobra de água e estudava na Grande Biblioteca o máximo que podia sobre os avatares anteriores.

O professor da dobra de terra era um rapaz em seus vinte e poucos anos. Era forte, moreno, não muito alto e tinha olhos e cabelos castanhos, muito escuros.

Ele foi apresentado a sua mais nova pupila na manhã de uma segunda feira. Ajoelhou-se diante de Zara, numa reverência formal, mas não usada em sua tribo. Ele mantinha um joelho no chão e o outro levantado, com a sola do pé direito firme no solo, com o braço apoiado no joelho e a cabeça baixa enquanto a outra mão em punho tocava o piso.

– Avatar. – Cumprimentou ainda ajoelhado, de cabeça baixa.

Zara começou a se acostumar com aquele tratamento desde que Yue começara a trata-la daquela maneira. Nunca mais havia visto Gumo e nem teve noticias de Airon, mas deixou de se preocupar e apenas concentrou-se nos estudos.

Zara se ajoelhou como se costume, os dois joelhos unidos diante do corpo, colocou as mãos na coxa e inclinou o corpo para frente.

– Mestre Roen. – Disse a menina.

Roen a olhou intrigado. Não era dever da Avatar cumprimenta-lo, ou ao menos achava que não. Ele estava vestido com as roupas da tribo da água, graças ao frio.

A Avatar vestia um vestido azul escuro elegante, porém quente e resistente, com mangas longas e enfeitadas por símbolos da tribo, assim como usava um colar com o símbolo do elemento água.

Zara tinha certeza de que toda aquela neve seria um problema para o treino de dobra de terra.

Não sabia se em algum lugar do polo norte tinha terra, afinal, era um iceberg. Mas não custava procurar.

Roen e Zara saíram do arco principal da cidade à passos lentos, em busca de terra. Em pouco tempo chegaram a um lugar completamente deserto, a neve batia-lhes na altura da cintura.

– Não sei como vivem aqui... – Comentou Roen mal humorado por estar sem o seu elemento.

– Comércio. – Respondeu simplesmente.

Depois daqueles dois meses, Zara tinha se tornado tão fria quanto pôde. Mesmo seus pais eram vítimas de toda a sua frieza. O único que ainda tinha todo o seu afeto e carinho era Leuh, cada dia mais amado.

– Deixe-me ver... – Sussurrou Zara. Roen não fazia ideia da habilidade de Zara com a dobra d’água até aquele momento. Com um movimento simples e relativamente rápido, a jovem avatar retirou todo o nível de neve do lugar, deixando-os em pé em gelo puro, sem uma gota de água ou neve.

Com olhos arregalados pelo esforço mínimo com o qual Zara fizera o movimento, Roen pode relaxar os músculos, um tanto desapontado.

– Gelo. – Disse o rapaz por fim. Afinal, embaixo de toda aquela neve não tinha terra por fim.

– Terra... – Sussurrou a menina olhando para algum ponto longe dali. Podia sentir embaixo de seus pés que havia terra. Talvez não muita, mas havia. – Segure-se em mim. – Pediu a menina, e logo o Mestre de Terra segurou nas mangas grossas de seu vestido, e logo foi bruscamente movido.

Zara, com graça e calma, movia o gelo abaixo de seus pés, levando-os para o ponto onde achava que tinha terra. Roen soltou-se da menina quando ela parou, e logo Zara repetiu o processo para retirar a neve do local.

Com um sorriso vitorioso e muito discreto, olhou para a terra abaixo de seus pés.

O mestre analisou bem a terra, com um olhar crítico.

– Por enquanto, pode ser aqui, Mestre Roen? – Perguntou Zara com total respeito pelo maior.

– Sim... Para o início, servirá. – Comentou o rapaz. Zara assentiu com a cabeça, e pôs-se na frente do professor.

– Tudo bem, vamos começar. – Falou Roen, ajoelhando-se ereto, com os joelhos afastados, e as mãos na base das respectivas coxas. Zara imitou a posição do homem, olhando-o com atenção. – Zara, quero que me dê um murro. – Disse o rapaz olhando-a gentilmente.

Franzindo o cenho, a menina ergueu rapidamente o punho na altura do rosto do mestre. Ele analisou o movimento da menina e com um certo sorriso balançou a cabeça para os lados, negando.

– Faça devagar. – Disse Roen, e Zara fez. – Em dobra de terra, os movimentos são parados, cortados, fortes e rígidos. – Falou seriamente. – Geralmente um movimento de dobra de terra tem em torno de três até cinco marcações, podendo chegar até oito ou mais. A Terra é o elemento do teimoso, do orgulhoso, do forte.

“Em dobra de terra, seus movimentos deixarão de ser contínuos, Zara. Talvez seja difícil aprender, mas sei consegue, basta se esquecer, temporariamente, da dobra de água. Quando for dobrar a terra, terá que usar sua força física para controla-la. O dobrador de terra golpeia fisicamente o solo com suas mãos ou pés, para assim poder controla-la.”

Quando terminou de falar, olhou para a menina que ouvia tudo com atenção. Podia ver a incerteza no olhar dela, mas ele faria com que aprendesse.

Num movimento bruto e rápido, o mestre socou o chão com força, assustando a menina. Quando observou ao seu redor, duas plataformas de terra haviam se erguido, uma de cada lado do dobrador.

Quando Roen relaxou os músculos, as plataformas caíram de volta, fazendo estrondo que chegou a incomodar os ouvidos da menina.

– Tente pensar na terra como gelo. A diferença é que a terra é um pouco mais teimosa, você não vai conseguir convencê-la a te obedecer com alguns movimentos simples e delicados. – Falou o mestre, ficando de pé e fixando os dois pés no chão com os joelhos flexionados, com as mãos travadas, como lâminas, diante do corpo. A primeira marcação.

Ele virou o corpo 90 graus para a direita, batendo com força o pé no chão e esticando o braço direito com força, como se desse um soco no invisível. A segunda marcação. Com as duas palmas para cima, o mestre de terra bateu com o outro pé e prendeu os dois cotovelos nas laterais do corpo. A menina pôde ver um grande pedaço de terra se soltar do resto, mas permanecendo no solo. A terceira marcação.

Por fim o mestre flexionou um pouco mais os joelhos e levantou as duas mãos. Consigo, levantou a plataforma de terra a dois metros do chão. Quarta marcação.

Ao invés de relaxar o corpo, e deixar a plataforma de terra cair, o homem apenas voltou a uma posição ereta, de pés unidos, abaixando as mãos aos poucos com as palmas viradas para baixo, até que chegassem a altura de seus cotovelos. A plataforma de terra apenas se encaixou de volta no solo, como se nada tivesse acontecido.

Zara olhava os movimentos de Roen com atenção e medo. Não sabia se conseguiria.

O Mestre a entregou um pergaminho de dobra de terra, onde pôde ver alguns movimentos básicos com quatro marcações cada um.

– Vamos, sem dobra, deixe-me ver a primeira técnica. – Disse Roen, posicionando-a de frente para o horizonte e ficando atrás da menina, para que nenhum acidente acontecesse.

Zara fixou os pés no chão e dobrou os joelhos. Olhou para o pergaminho aos seus pés, ao lado de seu corpo e suspirou.

Abriu os braços, um para frente e um para trás, mantendo a palma da mão de trás para baixo e a da frente para cima. Levantando a mão da frente, como se levantasse um imenso bloco de terra, e enfim dando um passo para frente e empurrando o “bloco invisível” com a outra mão.

Ao terminar, voltou lentamente para a posição de inicio, como vira seu Mestre fazer.

Roen deu uma série de instruções corrigindo os movimentos de sua pupila. Ensinando-a sobre manter os pulsos dobrados, o tórax ereto e o ponto de equilíbrio sempre fixo.

Aquele era um elemento extremamente difícil para a menina, mas Roen podia ver que ela não passaria mais de uma semana com toda aquela dificuldade.


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