PET - 3ª Temporada - Combate nas Sombras escrita por Kevin


Capítulo 7
Capitulo 07 - A Besta


Notas iniciais do capítulo

Quero começar pedindo desculpas pelo atraso na postagem, mas não conseguia finalizar o capitulo de uma maneira satisfatória. De fato, acredito que apreciem o resultado deste capitulo e fiquem ainda mais chocados.

Espero que gostem e me perdoem pelo atraso.



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– Estamos perdendo tempo! - Reclamou Lucas.

Faltavam apenas 3 dias para o próximo evento e eles tinham chão para andar se quisessem chegar na hora e com tempo para descansarem um pouco. Isso fazia Lucas ficar impaciente vendo Nivek sentado sob uma pedra em uma clareira tão ampla em meio da mata. Parecia que o menino estava tomando banho de sol, sentado, com os olhos fechados e com seu rosto voltado para o céu sem nuvens.

– Cara! Isso não existe. - Dizia Lucas revoltado. - Você pagou 5 mil pratas por uma encomenda que você não sabe de onde vai vir e nem sabia onde mandaria entregar. Você não sabe o que vai receber e nem se a pessoa vai mandar. Estamos envolvidos com dezenas de trapaceiros e você não sabe reconhecer uma quando... -

Lucas parou de falar. Primeiro por perceber que o amigo parecia realmente estar ignorando-o. Segundo porque ele viu algo que acabava com parte de seu ceticismo ao perceber uma sombra encobrindo-o. Olhou para cima, incrédulo do que via. Uma pássaro, com forma humanoide, carregando um grande saco branco, aproximava-se deles. Tratava-se de um Delibird.

O pássaro pousou e olhou para a cara de Lucas por alguns instantes e depois foi até Nivek olhando para ele. Coçou a cabeça e pegou, dentro do saco, uma foto e ficou olhando e olhando para Nivek. Aproximou a foto do rosto de Nivek e ficou comparando foto e jovem por alguns instantes, enquanto o jovem segurava um riso.

O pokemon pássaro deu de ombros. Guardou a foto e pegou um embrulho dentro de seu saco, esticando-o para Nivek. O jovem o pegou agradecendo com um pequeno gesto com a cabeça e o pokemon logo levantou voo afastando-se.

– Nenhuma palavra! - Resmungou Lucas como uma ordem. Ficou parado incrédulo observando a cara de deboche que Nivek fazia para ele.

Sem poderem entrar em Centros Pokemons, ou pedirem ajuda médica, Nivek percebeu que eles passariam por grandes dificuldades. No geral, eles não tinham habilidades com os primeiros socorros e aqueles membros que estavam ali para oferecer seus serviços cobravam caro por seus serviços, além de não fazerem um trabalho confiável.

Assim que se afastaram de Odale e encontraram um ponto comercial, Nivek fez um contato, como Kevin, com uma antiga amiga. A pequena Joy ficou surpresa com o contato, em especial por ter tentado falar com ele desde a morte de Détrio, mas não conseguia. Após alguns minutos de conversa pelo telefone, para evitar que seu visual de Nivek fosse comprometido, ou mesmo assustasse a garota, Kevin explicou que estava indo para uma área onde não teria socorro médico apropriado, nem para ele, nem para seus pokemons e queria alguma orientação do que fazer.

Demorou para Joy entender o que Kevin queria exatamente, mas percebeu que a voz dele estava baixa e triste, diferente do que ela costumava escutar. Mas, resolveu enviar para ele um guia de primeiros socorros com o qual ela estudava.

Como Kevin não podia passar por um Centro Pokemon para pegar, ele sugeriu usar os serviços de Entrega Rápida que um dia Détrio e os demais discípulos de Gary usaram para enviar uma carta de declaração de rivalidade a ele. Bastava dar o nome da pessoa e uma orientação inicial de onde ele poderia estar, ou seu último paradeiro, que se a pessoa não estivesse se escondendo do mundo, seria encontrada. Para facilitar sugeria-se que a pessoa ficasse a céu aberto, caso pudesse pedir isso a ela.

– Isso aqui é o que? - Lucas se aproximou de Nivek que após abrir o pacote, virou-se para ler a carta de Joy. Além da carta, o pacote trazia uma maleta de primeiros socorros e uma espécie de pequeno tablet - As informações do que fazer estão aqui dentro? -

Lucas olhou para Nivek que parecia não estar o escutando e dava um pequeno sorriso enquanto lia a carta. O moreno se perguntou se aquela Joy era uma Joy como ele conhecia ou talvez uma mais nova com quem o amigo poderia ter tido um caso. Ele pensou em sacanear Nivek, querendo ver a carta e fazendo insinuações, mas aquele pensamento o levou até Cinthia e acabou desistindo.

– O tablet contém duas funções. Pesquisar e Aula. - Comentou Nivek levantando-se e indo até as mochilas. - Aula é literalmente aula. Vai ensinar-nos passo a passo sobre primeiros socorros e enfermagem. Na função pesquisar podemos descrever os sintomas que o pokemon está sentindo e ele vai nos dar os possíveis tratamentos para interpretar e decidirmos qual usar. - Nivek pegou algo na mochila e olhou-o. - O tablet é um comum, não custa muito caro. O programa dentro dele é de propriedade das Enfermeiras Joys. Se por ventura nos acontecer algo, temos que destruir, por completo, o tablet para que o programa não vaze e não complique a Joy. - Nivek acendeu um fosforo e começou a queimar a carta.

Lucas observou a carta sendo incinerada. Era difícil pensar que o jovem a sua frente tinha aproximadamente a mesma idade e que um dia parecia ser mais maduro do que o loiro disfarçado. Mas, atualmente o Nivek era o que se podia chamar de precavido.

– Ela deve gostar muito de você. - Diz Lucas. - Ou não te confiaria algo como isso. -

Nivek viu o papel acabar de queimar e olhou para Lucas e logo depois para a mata atrás de Lucas. Lucas calmamente colocou o tablet por dentro de sua camisa e pegou a maleta de primeiros socorros. Aquele era um olhar que ele não precisava de explicações, problemas estavam a caminho.

– Se incomodam de eu descansar por aqui? -

A voz saia exausta. Um rapaz saia de dentro da mata. Ele parecia cansado ao carregar sua mochila de viagem. No entanto, ficou parado junto a mata, sem se aproximar, esperando que um deles falasse algo. Parecia um tipo de precaução.

– A vontade. - Disse Nivek. - Estamos de saída, Miller. -

Lucas e o garoto olharam para Nivek. O rapaz estreitou os olhos observando a dupla, tentando se lembrar de onde poderia conhecer os dois, mas de fato tinha apenas uma vaga lembrança de Lucas. No entanto, teve pouco tempo apara analisá-los, já que a dupla partiu rapidamente, depois de guardar o estojo e o restante do embrulho nas mochilas.

Pokemon Estilo de Treinador

3ª Temporada – Combate nas Sombras

Capitulo 07

A Besta

Os Eventos da Liga das Sombras eram realmente uma atração de violência a parte. Mesmo os mais conservadores tinham que admitir que apesar da grande violência e falta de compaixão de muitos competidores, os quatro organizadores tinham ideias criativas e chamativas para cada novo evento. Um dia o evento evoluiria para algo com muitos espectadores que agitariam ainda mais o evento.

Spartacus era considerado o mais perigoso quando se fala em escolha dos locais para os eventos. Se a pessoa não corria grandes riscos para chegar ao local, o evento inteiro parecia correr o risco de ser descoberto ou vir abaixo. Por isso, muitos competidores evitavam participar dos eventos organizados por ele.

– Que localzinho mais estranho para se realizar um evento. -

Lucas não estava gostando nada do local onde o evento estava ocorrendo. Eles já haviam realizado um evento em uma caverna anteriormente e o resultado foi desmoronamentos em quase todas as batalhas. Mas, ao menos aquilo havia acontecido a noite em uma caverna bem afastada. Desta vez, era no sol de meio dia no túnel usado por muitos turistas.

– O que você acha? - Questionou Lucas a Nivek. - Acha que aquela placa, “Túnel em Obras”, Vai manter as pessoas afastadas? -

Mas, Nivek não estava prestando atenção ao seu amigo e suas preocupações. Ele observava a batalha que estava ocorrendo naquele momento. O vencedor seria seu adversário em sua próxima rodada.

Em sua luta Nivek acabou chamando muita atenção para si. Seu olhar vazio com presença perigosa se fizeram presentes desde o inicio. Ele instruiu Ratata a dar o seu melhor e não levar nenhum golpe. Parecia claro para o pokemon que ele sendo o único pokemon do time ele teria que batalhar bastante naquele dia.

Ratata parecia duas vezes mais motivado, pois a cada movimento certo recebia um elogio genuíno. Tendo derrotado seu primeiro adversário de forma rápida, ele só esperava receber um sorriso, mas elogios contínuos era algo além da expectativa.

– Eu também estaria preocupado. - Comentou Lucas percebendo o interesse de Nivek na batalha. - Muller só tem pokemons com esse tipo de força monstruosa. -

A batalha era entre um Golem e um Absol. O Absol era o pokemon de Muller. Uma espécie de cão branco, peludo, aparentemente musculoso, chifre negro envergado na cabeça e um olhar penetrante.

Absol estava aplicando diversos golpes do estilo lutar em golem, já havia até erguido-o em uma tentativa de simular o Tacada Sísmica. Se alguém duvidava da força do pokemon, deixou de duvidar ao ver Golem, um dos pokemons mais pesados, ser erguido pelo pokemon.

– Ele era o treinador do Ratata. - Disse Nivek.

Lucas ficou calado por alguns instantes e olhou para Muller. Eles haviam se encontrado algumas vezes, mas não lembrava dele ter um Ratata. Mas, aquele era um membro antigo, enquanto Lucas estava apenas em sua primeira temporada.

– Como você sabe? - Questionou Lucas.

Nivek olhou para Lucas, encarando-o nos olhos. Era de dar pena e arrepio aquele olhar sem vida e amargurado. Mesmo quem não sabia a quantidade de mortes que acompanhavam o perturbado coração do jovem Nivek, sabia que aquele olhar era de quem havia perdido muito na vida.

Lucas sabia que não havia como contar a história ali. Limitou-se a esperar o momento em que Nivek iria contar o dia que Kevin Maerd Junior e Muller se cruzaram. Mas, mais tarde ele lembraria que Kevin já havia comentado sobre isso no dia em que ele o capturou junto com Jane. Que Muller havia feito uma batalha exibição junto com outro treinador para a escola de Tin, no último dia de aula, e Kevin o viu em ação junto ao Ratata.

– Ratata vai conseguir enfrentar seu antigo treinador? -

Nivek não sabia responder aquela pergunta. Tudo dependia de como foi a separação daqueles dois, mas Nivek também sabia que mais de qualquer tipo de situação que Muller e Ratata protagonizaram em suas despedidas, o aprendizado que ele tinha tido com uma pessoa que ele odiava, também valia de muito naquele momento. “Todo pokemon só está a espera de alguém que traga o seu melhor para fora.”

Aquele era o passo mais difícil para Kevin. Ele costumava ter a filosofia de que cada pokemon esperava que alguém trouxesse o seu melhor para fora, que o treinador trouxesse o melhor para fora. Mas, aquela filosofia era de uma pessoa que havia matado seu melhor amigo, não parecia mais fazer sentido.

– Agora veremos Nivek contra Muller. - Anunciou o porta-voz.

Nivek olhou para Lucas sem entender. Muller havia acabado de batalhar. Não parecia nem próximo de justo que ele lutasse sem lhe dar descanso. Mas, a não haviam regras e nem descanso. Ainda mais que naquele evento haviam apenas 50 pessoas presentes e nem todas estavam competindo.

Muller era um jovem com seus 21 anos. Os cabelos desgrenhados, de corpo musculoso e um olhar duvidoso. Quem o olhava inicialmente pensava que ele era o valentão do lugar, usando roupas de academia e equipamentos que poderiam lembrar os militares.

– Queria saber como um carinha com esse ar de perigoso usa um ridículo Ratata. - Muller deu uma pequena risada. - Estou curioso para ver seus próximos pokemons em ação. -

– Você já teve um. - Nivek o encarou, puxando a pokebola e libertando seu Ratata.

Ratata saiu da pokebola sabendo que seu próximo adversário seria difícil, mas não estava preparado para encontrar seu antigo treinador. Seus olhos se arregalaram e toda a sua presença e confiança foram desaparecendo.

Muller olhou aquele pokemon perder a confiança de repente. Passou a mão no rosto refletindo um pouco. Ele havia visto aquele Ratata em ação e apenas de olhar um humano ele estava com medo? Aquilo não era para acontecer. Ainda havia o que Nivek havia dito sobre Rata, “Você teve um”. Ele não se lembrava de Nivek, mas desconfiava que de algum jeito.

– Besta? - Muller sorriu e viu a reação do pokemon. Ele arrepiou-se, ao mesmo tempo que seus olhos tremularam. - Quer dizer que se junto a esse carinha? -

Nivek permaneceu com seu olhar vazio, mas seu ar, nem de perto, estava com um tom perigoso. Ele parecia acompanhar o desfecho do encontro de Ratata e Muller. Era difícil imaginar que um treinador que se dispôs a entreter crianças havia se tornado um treinador clandestino.

– Você sabia que esse pokemon era meu? - Muller sorriu encarando Nivek, esperando algum tipo de resposta, mas não veio nada. - Não importa muito. Ratata nunca foi o pokemon que merecesse o título. Pode ficar. - Muller encarou o pokemon. - Conheça aquele que levou o título de Besta no seu lugar. -

O pokemon pareceu dar um passo para trás, triste e sem animo. Ele viu surgir Absol encarando-o com ferocidade. Ele não conhecia aquele pokemon, já havia visto outros de sua espécie e tinha quase certeza, não tinha chances.

– Besta! Esse pequeno Ratata era para ser o Besta em seu lugar. Mas, não aguentou a pressão. - Dizia Muller até que parou escutando as vaias. Estavam revoltados com a falação e queriam ação. - Bem, mostre para o antigo Besta o motivo para você receber o título. -

Sem precisar receber algum comando Absol partiu em um ataque rápido contra Ratata que foi acertado de imediato. O pequeno rato foi lançado contra a parede e finalmente a gritaria começava diante ao inicio da partida.

Nivek viu Ratata tentar levantar-se e novamente receber um ataque rápido seguido de uma forte cabeçada. Os golpes assustavam devido aos sons que emitiam. O impacto parecia transmitir toda a força e os gemidos de dor de Ratata também. Parecia que Ratata havia ficado submisso e sem coragem de lutar ou mesmo defender-se contra seu antigo treinador.

Absol recuou escutando o comando, em meio as risadas, de Muller. Foram dez ataques bem dados e usando sempre a força bruta. Ratata estava caído, gemendo e se contorcendo de dor. Nivek até aquele momento não havia dito nada, nenhuma palavra, nenhuma expressão.

– Então, parece que ou seu Ratata está cansado, ou não pode atacar seu antigo treinador. - Muller sorriu. - Mas, algo me diz que você também não sabe bem o que fazer nessa situação. Não deu nenhum comando ainda. -

Muller percebeu que Nivek não iria dizer nada, ou mesmo iria mudar aquela expressão vazia e angustiada que estava apresentando. Suspirando, o treinador de Absol bateu com as mãos umas nas outras.

– Antes que eu derrote você e meu antigo pokemon, deixa eu dizer o que acontecer. - Muller sorriu. - Cada pokemon meu, desde que eu saí para jornada quando moleque, recebia um título. Ratata, pelo forma louca que o vi lutar antes de o capturar, receberia o título de Besta. - Muller apontou para o pokemon e começou a rir. - Mas, De besta ele só tinha o jeito e não o estilo de lutar. Nunca lutou bem ou com a fúria de uma besta, apenas como uma besta idiota. -

Ratata arregalou os olhos com aquilo.

– Não se espante! Você sempre soube do meu sarcasmo. Sempre soube que eu estava ofendendo-o te chamando de Besta, e que eu esperava mais de você. - Disse Muller.

Ratata fechou os olhos começando a chorar. Deu passos para trás e começou a recurar, parecendo que iria fugir.

Nivek entrou na frente de Ratata impedindo que ele fugisse. Olhou para o pokemon aos seus pés ele chorrava e parecia nem se importar com os ferimentos que levou. 3Ogo após encarou Muller.

– Ele fez isso comigo. - Comentou Muller. - Fugiu em meio a uma batalha, me envergonhando e me fazendo perder muito dinheiro. -

– O problema é seu. - Disse Nivek.

– Como é que é? - Muller ficou surpreso. Após um grande tempo calado ele foi abrir a boca justo para retrucar? - Você está me... -

Muller parou por alguns instantes. O olhar vago estava mudando para algo frio e um ar de perigo tomava conta do lugar. Absol ia ficando cada vez mais tenso e sua vontade de atacar ia aumentando.

– Então você fugiu em uma das batalhas de um evento. Por isso é tão bem preparado e não fica assustado com o que acontece como a maioria dos pokemons ficam. - Nivek falava olhando novamente para Ratata que estava chorando querendo um espaço para sair correndo, mas seu treinador não permitia. - Sempre que começa apanhar você se rende rápido, mesmo que possa continuar, não para que a dor acabe, mas porque você acha que nunca vai fazer o bastante, não é? -

– Esqueça essa besta! - Gritou Muller. - Escute o povo vaiando. Está acabando com agente. Saia de perto para que ele fuja ou Absol possa atacá-lo. -

– Se quiser, pode atacar comigo aqui. Não é contra as regras! -

Muller sorriu de forma debochada, principalmente quando a plateia parou de vaiar entendo aquilo como um desafio. Eles começavam a pedir para que ele atacasse. Queria ver até aonde ia a coragem de ambos.

– Títulos você recebe por algo que você faz, e não de uma ideia idiota. - Nivek encarou Muller que comandou uma investida. - Mas, se é tão importante para você... eu farei essas pessoas te darem um título. -

Ratata olhou para Nivek. Um sorriso? Talvez ninguém percebesse aquilo, mas Nivek estava dando um pequeno sorriso para o pokemon roxo que debulhava-se em lágrimas aos seus pés.

Absol disparou a correr na direção de Ratata e Nivek.

– Vire-se para o seu adversário e feche seus olhos. - Disse Nivek. - Deixe seu instinto fluir. - Nivek falou mais alto e rápido, vendo o se aproximar.

Ratata se virou e viu assustado o aproximar do adversário. Ele ameaçou olhar para seu treinador, mas ele sempre que ele dava um comando, ele era perfeito. Ele disse que iria fazer aquele povo lhe dar um título. Aquelas pessoas iriam o aplaudir ainda mais do que aplaudiram em suas duas lutas anteriores.

O pokemon roxo fechou os olhos e respirou fundo uma vez. Na segunda vez ele não escutava mais a gritaria ou os passos rápidos do adversário.

– Agora mostre a todos sua selvageria! Evolua! -

Ratata abriu os olhos quando Absol estava para acertá-lo. Se ele saltasse ou desviasse, seu treinador seria acertado. Ratata deu um passo a frente rugindo e recebendo o impacto do ataque. Sem ceder nenhum milimetro com o impacto.

– O que? -

Muller viu o choque entre os pokemons e a igualdade entre os dois, não tendo o pequeno rato tendo sido arrastado. Ratata então começou a brilhar. Seu corpo começou a aumentar e sua coloração a mudar. O brilho ofuscou a todos.

– Mostre o poder de suas presas. - Gritou Nivek.

Absol recuou um passo surpreso. Ratata havia evoluído para Raticate, um pokemon rato muito maior, com pelos mais alvoroçados, cabo mais esguio e dentes muito mais afiados. Aquele pequeno recuo deu a chance para o novo pokemon fazer o que seu treinador pediu. Abriu a boca e cravou os dentes contra o chifre que se rachou no mesmo instante.

Absol urrou, mas levou mais várias mordidas de um adversário que parecia estar enlouquecido. Raticate cravava os dentes com velocidade por todo o corpo de Absol que foi recolhido antes que ele levasse um golpe fatal.

Muller estava estático. Era aquele tipo de ataque que ele viu o pequeno Ratata fazer quando o conheceu, antes de capturá-lo e nunca foi capaz de fazê-lo replicar. Mas, aquele treinador a sua frente comandou uma evolução e o fez aplicar uma selvageria sem tamanha, usando suas presas.

– A vitória é de Nivek e seu Raticate com suas Presas Selvagens. - Anunciou o apresentador.

A plateia começou a aplaudir e a gritar por “Presas Selvagem”. Um título genuíno que recebia pelo que havia acabado de fazer. Uma ovação e reconhecimento que a muito ele esperava. Não sabia dizer porque ele gostava daquele tipo de reconhecimento, mas tinha certeza que havia apenas um responsável, Nivek.

Pokemons esperam por alguém que traga para fora o seu melhor. Assim como todas as pessoas. Mellani me ensinou isso e aprendi bem. Nivek olhava para Raticate parado no meio da arena, olhando admirado as pessoas gritando o nome e seu título.

Raticate voltou a olhar seu treinador. Por noites eles conversaram com os olhos. Se havia alguma dúvida de que eles se entendiam. A duvida caiu por terra naquela batalha. Nivek sabia o que o pequeno pokemon buscava, diante do reconhecimento que se surgia, evoluiu. O treinador havia dado ao pokemon o que ele tanto queria, reconhecimento. Agora Raticate sabia que teria de dar a Nivek, ou na verdade a Kevin, o que ele queria, Mellani.

Mas, ela ao matar meu melhor amigo trouxe o meu pior para fora. Eu vou matá-la. Vou trazer para fora o que ela tem dentro. Tripas, órgãos, ossos e todo o sangue. Nem que para isso eu tenha que matar todo mundo que ficar no meu caminho. A batalha havia terminado, mas a presença perigosa de Nivek ainda continuava.

Spartacus e Lucas percebiam que o rapaz estava exalando algo de si. Aquilo era o tipo de coisa que chamava a atenção,mas naquele momento passava despercebido devido ao Presas Selvagem.

– Vamos continuar! - Gritou Spartacus!

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As vezes nada saí como queremos. O planejado parece tão torto que se não tivéssemos planejado, talvez sobrasse tempo para um descanso. Mas, a vida nunca me deu descanso.

O golpe havia sido aplicado na Sociedade secreta de Caçadores de Demônios. Mas, a revelação de que minha mãe morreu pelas mãos de um demônio acabou tirando minha irmã de sua sanidade e estragando tudo. Ela quase matou o Caçador das Sombras, mas Sabrina também passou a dominá-la, impedindo que ela fizesse o que todos os quatro revoltados desejavam.

Morty propôs um acordo ao grupo, ao final dos seis meses, onde tentaríamos conter os demônios, todos os roubados deveriam ser devolvidos, uma vez que era claro que essa era a proposta inicial do grupo, ou não estariam monitorando os donos dos pokemons roubados. Mas, a proposta não incluía uma data para a devolução.

Todos pareceram concordar, especialmente Mewtwo que contava os segundos para cair desmaiado devido ao veneno. Mas, Julio, Thor, Ana e o Caçador das Sombras não aceitaram tal acordo. Precisou que Agatha intervisse e questionasse o que estávamos tentando fazer realmente.

– Os meios devem ser limpos em uma tentativa de limpeza. - Dizia Agatha sentada junto com um Kevin completamente perdido em pensamentos. Eu escutava tudo o que ela dizia, mas não queria reagir a nada. - Os quatro tem isso em mente o tempo todo, mas vocês não facilitaram as coisas atacando-nos daquele jeito. -

Só quando Mewtwo desmaiou foi que os quatro resolveram aceitar a proposta. Sabrina liberou-os e sentou-se como se nada tivesse acontecido e enquanto alguns socorriam Mewtwo, Julia voltou a tentar atacar o Caçador das Sombras.

Foi nesse ponto que Agatha sentou comigo e me contou como minha mãe morreu e tentou me acalmar, visto que esperava que eu estivesse como minha irmã, pronto para matar a todos. Eu parecia estar em choque, mas na verdade eu estava era morto.

No dia do parto minha família seguia para o hospital e foi atacada pelo Scyther demônio. O carro foi partido ao meio pelas laminas. Nesse ponto minha mãe foi acertada e a explosão deixou minha irmã semi-inconsciente. Ela ainda viu o demônio meu pai assustado sacando os pokemons, a chegada milagrosa de Thor e Agatha e a enfermeira Joy antes de perder completamente a consciência e sua mente comprimir tudo aquele terror para o esquecimento, bem como se faz na maioria dos traumas.

Joy fez o parto antes de tratar a ferida, já que uma ferida de Demônio demora muito para cicatrizar. Mas, eu nasci com alguns problemas de respiração e parecia também ter sido ferido, mesmo dentro da barriga. Joy não tinha como trabalhar nos dois, ainda mais no meio de uma estrada onde a pouco mais de 500 metros uma batalha titânica acontecia.

Minha mãe percebeu o que estava acontecendo e instruiu a Joy a cuidar de mim, mesmo sabendo que assim ela morreria.

– Todos nós sempre nos culpamos por aquele dia. - Comentava Agatha. - Sabíamos que os demônios seguiam seus adversários fujões; Ele já havia atacado duas vezes seu pai, mas nunca em Tin. Não teve um dia, desde aquele dia, que seu pai não sinta-se culpado por ter deixado aquele demônio rastreá-lo até Lucia. - Agatha olhou para Kevin. - Thor e eu tentavamos alcançar o demônio, para interceptá-lo, mas ele parecia saber que Maerd estaria de guarda baixa. Nos ignorou e aumentava a velocidade a cada instante. Joy não preciso nem dizer, não é? -

Eu fiquei calado por muito tempo, apenas escutando. Quando não havia mais nada a ser dito por Agatha, o que restou foram os berros de minha irmã contra o Caçador das Sombras. As promessas de que ele voltaria para o tumulo pareciam tomar conta do ambiente. De alguma forma, todos sabiam que Julia Maerd não estava apenas blefando. Algo precisaria acontecer para que ela não viesse realmente a matá-lo.

– Não se preocupe. Sua irmã vai se acalmar. - Comentou Agatha.

– Só para matá-lo. - Eu finalmente disse olhando para a velha mestra. - Eu a ajudaria, mas preciso matar outra pessoa. -

Agatha balançou a cabeça negativamente, como quem já esperava por aquele tipo de resposta.

– Ainda era cedo demais para saberem da verdade sobre a morte da mãe de vocês. - Comentou Agatha. - Lembra da minha proposta, vença um mestre enquanto novato e eu conto sobre sua mãe? - Agatha viu em meus olhos que eu lembrava. - Só uma pessoa madura vence um mestre meu jovem. Vocês dois passam perto disso, mas ainda precisavam de mais maturidade. Sabia que sairiam querendo matar demônios e ao próprio pai. -

Eu olhei dando uma pequena risada deixando Agatha confusa. Ela me olhou tentando entender o que poderia ser tão engraçado naquela história.

– Tenho vontade matar os demônios, mas sei que é impossível no momento. - Comentei. - Vou matar Mellani e se estiver ao meu alcance Pedra Noturna. -

– Não chegue perto de Pedra Noturna. - Disse Agtaha sobressaltando-se. Ela pareceu realmente apavorada. - Ele é perigoso demais. -

Agatha ao dizer aquilo levou seu corpo para trás ao sentir algo estranho no ar. Ela via em mim uma aura escura e podia sentir um cheiro estranho, como se a aura estivesse exalando o meu desejo de vingança.

Morty e Sabrina olharam para nós, um pouco apreensivos com o que estavam sentindo. Todos os três sabiam, aquilo era ódio puro transbordando e tomando conta do meu corpo.

– Eu vou matar a Mellani. - Eu dizia com tanta convicção enquanto encarava Agatha. - Eu tenho habilidade e conhecimento suficiente para isso. Não posso contra um Pedra Noturna, provavelmente, mas... - meu corpo tremia enquanto os demais do local vianham ver o que era aquilo que tomava conta do ar.

Agatha já havia visto aquilo acontecer. Pessoas feridas por demônios se tornavam frias e completamente concentradas em fugir da morte, quando de frente para morte. Mas, quando tomada pelo desejo de vingança, da mesma forma que os demônios tinham desejo de vingança, o perigo fazia não apenas a concentração, mas todo o ambiente sentia o desejo de morte que a pessoa tinha, mesmo que o alvo não estivesse ali.

Eu aprenderia isso um pouco depois da reunião, quando viessem me falar sobre isso e que eu poderia ser totalmente dominado por isso e perder a lucidez. Eu não sei bem o que eles queriam dizer com ser totalmente dominado, mas e daí?

– Se acalme... - Agatha tentou falar, mas viu que seria inútil. - Enfim, pode matá-la. - Disse ela rendendo-se. - Mas, com que pokemon fará isso? -

– Com quais? - Eu comecei a deixar aquele ar tomar conta de mim. - Já viu meus pokemons? -

– Se quiser sair a caça da Estilo de Poder, você poderá fazê-lo. Mas, não vai levar nossos pokemons. - Disse Agatha me encarando.

Por alguns segundos eu fiquei pensando no que ela estava querendo dizer com aquilo. “Nossos pokemons!”. Eram meus. Meus parceiros que capturei e treinei. Não tinha nosso naquela história.

– Escuta aqui. Eu posso fazer parte da sociedade, mas não vou deixar vocês usarem meus pokemons. - Disse irritado.

– Nidoran que estava ao seu lado quando acordou em sua primeira noite de jornada. Ela poderia ter ido embora, mas o Caçador das Sombras a curou e a deixou adormecida para que a Capturasse. - Disse Agatha como se estivesse tacando uma pedra em mim. - Pidgey raro voando sozinho em uma área completamente isolada. - Agora parecia um soco no estômago e pareceu fazer completo sentido. - Mareep que surgiu ao mesmo tempo que Thor e não teria capturado-a sem as instruções dele. - Eu cerrei os punhos diante aquelas falas. Aquilo não podia ser verdade. - Tauros que foi capturado na zona do Safari após o Caçador abatê-lo. -

– Esses pokemons não estava, ali por acaso. Sabíamos que seriam ótimas aquisições para seu time, eles iriam te proteger não apenas da Estilo de Poder, mas também de um eventual ataque de demônio. - Disse Thor se Aproximando.

– Isso é mentira! - Berrei. - Mesmo que tenham colocado esses no meu caminho, não tem o direito de achar que são donos deles. - Eu estava a ponto de partir para cima de um dos dois, mas um jovem contra uma velha e um cego, eu ainda tinha alguma moral.

– Além disso, Bayleef foi concedida por Erika. Numel por Trevor. Aggron por Marion. Crygonal por Price. - Agatha me encarava. - Não creio que eles gostariam de saber que está usando os pokemons deles para vinganças. - Agatha ponderou. - Talvez a Roselia pudesse ter esse consentimento, mas acho que o General Surge desaprovaria sua decisão de caçar a Estilo de Poder. -

– Seus, de verdade, seriam Slowbro e Gastly que seguiram-no. Buterfree que capturou e treinou. Surskit que roubou da Estilo de Poder, mas escolheu te seguir. - Thor parecia entender o que acontecia ali e tentava ajudar a fazer Kevin entender que ele não teria pokemons para fazer o que queria. - Não creio que os quatro sejam o suficiente e nem que estejam dispostos a matar por você. -

– Então encontrei pokemons que estejam dispostos a fazer isso comigo. -

<><><><>

A gritaria do túnel era grande. Parecia que o grupo começava a sair do túnel, mas muito revoltados. Gritos de “Pega” e “Não deixem que escapem!” começavam a ser escutados de forma mais nítida. Felizmente, a placa de interdição parecia ter surtido efeito e nenhum transeunte permanecia nas proximidades.

– Não deu nem para pegar meu prêmio! - Berrava Lucas.

– Você está devendo até as calças! Ia ser deduzido mesmo. Simplesmente corre! - Dizia Nivek.

A dupla fugia do local do Evento sem olhar para trás. Ali estava presente mais um viés do Evento, os membros geralmente se digladiavam até mesmo depois do termino das batalhas.


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Notas finais do capítulo

E aí? o que acharam?



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