PET - 3ª Temporada - Combate nas Sombras escrita por Kevin


Capítulo 6
Capítulo 06 - Kevin na Liga das Sombras


Notas iniciais do capítulo

Acredito que esse capitulo será um dos melhores até agora. Um pouco grande, mas acredito que o próximo voltará ao tamanho normal.



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Capítulo 06 - Kevin na Liga das Sombras

O corpo ia da esquerda para direita com facilidade. As pernas quase não se mexiam, fazendo com que apenas o tronco fosse movido para desviar dos ataques incansáveis. O pequeno pokemon de água se esforçava para acertar o homem, mas parecia que mesmo com seu afiado bico e seus potentes jatos de água, ele não teria sucesso.

Piplup, o pokemon pinguim, com propriedades de água e corpo com partes azul claras, brancas e azul escuras, já começava a fraquejar. Treinando a três horas no jardim de uma casa, o pequeno começava a apresentar sinais de abatimento, já tendo diminuído, em muito, sua velocidade e vontade de atacar. Era um treinamento pesado e quase cruel se pensar que ele ainda não havia conseguido acertar uma única vez o homem que continuava a desviar.

– Seria mais justo colocá-lo contra Septile, ele teria mais chances. -

O homem que apenas desviava dos golpes sorriu chutando o pokemon para longe com extrema violência. O pokemon após o chute havia chocado-se contra uma parede e desmaiado.

Seu treinador sacudiu a cabeça negativamente, fazendo seus longos cabelos castanhos claros sacudirem juntos, inconformado com o potencial do pokemon. Caminhou para a direção da voz, sem fazer menção de verificar ou recolher seu pokemon.

– Caso jogue esse fora ao menos liberte-o em um lugar onde ele tenha chances de sobreviver. - A voz parecia divertir-se com o que falava. - Está difícil achar o Chinchar que jogou em alto mar dentro de um bote na semana passada. -

– Sim! Oh poderoso Spartacus. -

Zombando das falas do homem que havia surgido e interrompido seus treinos matinais, o treinador olhou-o com certa curiosidade. Spartacus era um um homem branco com habilidades de luta e estratégia que ele nunca havia visto igual. Os músculos chamavam a atenção, bem como sua barba por fazer, o cabelo quase raspado e os olhos azuis profundos.

Spartacus estava vestido como ele, apenas um calção para treino. Mas, sequer sabia que ele estava na casa. Sua chegada e a interrupção do treino significava problemas ou oportunidades. Ele adorava oportunidades, mas clamava por problemas.

– Ganicus. Ganicus. - Riu Spartacus. - Sua mania de abandonar pokemons é seu pior defeito. Aquele Chinchar será encontrado por alguém e não será difícil ligá-lo a nós com o andar da carruagem. -

Ganicus encarou-o sem compreender muito bem o que ele queria dizer com aquilo, mas antes que tivesse oportunidade de dizer algo, viu o companheiro de equipe esticar para ele um jornal, que carregava preso atrás da bermuda.

O homem de castanhos claros pegou o jornal e observou a pagina principal, visto que não recebeu mais nenhuma instrução. Tomando quase toda a capa estava a foto de Marjori Star surrando um repórter.

– Após desligar-se do programa de treinamento do Mestre Pokemon Gary Carvalho a Estrela dos palcos em sua primeira coletiva promete Shows por Hoeen, Sinoh e Arton. Ela diz estar dando um tempo para com as batalhas uma vez que não se pode fazer frente a Estilo de Poder atualmente. - Ganicus começou a rir interrompendo a leitura. - Questionada se a interrupção era devido ao medo da Estilo de Poder ou o vexame que passou diante a Treinadora Meilin a menina arremessou o microfone no repórter saltando de sua cadeira e agarrando o autor da pergunta dizendo que Meilin e a Estilo de Poder poderiam ir para o inferno que ela bateria neles se atravessassem o caminho dela. -

Spartacus observou as risadas de Ganicus durante alguns instantes. O homem tentou se conter, mas ele adorava aquele tipo de noticia, em especial quando Marjori estava envolvida, mas apenas apontou para o jornal. Ganicus observou o restante da primeira pagina e via que bem ao final falava sobre uma Oficial Jane que fora espancada.

– Uma Oficial Jane foi atacada a dois dias em uma rota deserta de Hoeen. Ela estava investigando um vandalismo no Centro Pokemon quando encontrou um Turtuig com muitos ferimentos. Ao tentar ajudá-lo, durante a noite, foi surpreendida por um jovem moreno. - Ganicus parou cerrando os olhos e indo até a pagina que teria a noticia completa. - A Oficial contou que entrou em luta corporal contra o jovem, tendo perseguido-o durante algumas horas. Isso durou a noite toda, sendo que no final o jovem pegou o pokemon ferido e conseguiu fugir, deixando-a ferida próximo a floresta. - Ganicus parava analisando a foto da oficial ferida. - Ela afirma que o jovem foi um dos vândalos que depredaram o centro pokemon, mas devido a escuridão da noite, não consegue descrevê-lo. -

Ganicus parou pensando um pouco sobre a noticia. Olhou para Spartacus que lançava-lhe um olhar preocupado. Eles precisavam achar aquele jovem e saber sobre o incidente. A reportagem dizia que Jane não conseguiu saber muito sobre o jovem, mas poderiam estar escondendo informações.

– Turtwig? - Questionou Ganicus.

– Acho que está indo pela linha de raciocínio errado. Poderia ser um pokemon de outro treinador. - Disse Spartacus. - Mas, vamos acreditar a informação do jornal está certa e que realmente o jovem só conseguiu escapar de Jane ao amanhecer. Nesse caso, ele não participou do encerramento. Não recebeu pelo evento e não sabe o local do próximo. -

– Então terei de rastreá-lo ou esperar que ele tenha amigos para lhe dizer o local do próximo evento. - Comentou Ganicus. - Mas, se ele participou do evento poderemos conferir quem foi que não recebeu. -

– Me adiantei. - Comentou Spartacus. - Apenas um não ficou para receber seus lucros. O que é incomum. - Spartacus suspirou olhando o pokemon aquático ainda inconsciente. - Devido ao nome que surgiu, resolvi conferir quem não compareceu para ver se havia a possibilidade de ser outro. -

Ganicus franziu a testa. Aquela preocupação de Spartacus em entrar identificar outro competidor das Sombras significava que a pessoa era que não recebeu no último evento era problemático. Sempre tinham problemáticos, mas atualmente havia moreno que estava indo além das expectativas dos problemas, Lucas Tutle.

– Deixei uma mensagem para Claudius, já que o evento era dele. - Comentou Spartacus. - Pedi para conferir a história e encontrar o Turtle, para saber o motivo de não ter recebido e, caso não seja o Turtle, o garoto que lutou contra Jane. -

Ganicus olhou o jornal mais alguns instantes e sentou-se nas escadas que dariam acesso a casa. Turtle arrumava confusão sempre as vésperas dos Eventos de Ganicus e isso começava a incomodá-lo.

– Será que ele é masoquista? -

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A mão fazia um gesto constante de aceno, tentando, na verdade, espantar as moscas que insistiam a rodeá-lo. Talvez aquele fosse o momento mais tranquilo do dia, enquanto apenas moscas insistiam em perturbá-lo. Mais tarde estaria rodeado de pessoas que ao invés de fazer a parte delas, tentariam enrolar ao máximo, deixando que o trabalho acumulasse.

– A vida de açougueiro não me parece fácil. -

A voz assustou o homem corpulento que estava no moedouro. Ele geralmente estava sozinho naquele horário, em especial pela empresa de abate estar fechada e apenas ele trabalhava naquele setor tão cedo.

Com as roupas manchadas do sangue dos pokemons que eram triturados para fazer os hamburguês e linguiças o homem procurou o dono da voz, frente a maquina trituradora que estava ligada.

– Desculpe. - A voz intercalou-o novamente. - Não queria assustá-lo. Estou apenas procurando Manoel Cardoso. -

O operador do triturador finalmente teve a visão de quem falava. Um homem, bem jovem, vestido de forma fina. Não o conhecia, ou pelo menos achava que não. Mas, vestido com aquela roupa preta fina, usando inclusive luvas negras, ele sabia que a pessoa poderia ser um diretor da empresa ou cliente importante. No entanto Manoel Cardoso era o seu nome e aquilo era especialmente estranho.

– Não se desculpe por tão pouco. - O homem tentou dar seu melhor sorriso temendo que pudesse desrespeitar a pessoa desconhecida e acabar tendo sua atenção chamada posteriormente. - Acredito que deva estar procurando por outra pessoa. - Comentou tentando imaginar se realmente aquele elegante homem estaria procurá-lo realmente. Já rezava para que não viesse a ser despedido na primeira hora de serviço do dia. - Por acaso sou Manoel Cardoso. Tem certeza que sou eu que procuras? -

– Definitivamente. - Disse o elegante homem levando a mão no bolso fo blazer negro e retirando uma foto. -

Operador viu a mão estendida com a foto. Pensou alguns instantes, mas pegou a foto. Na foto estava ele abraçado a uma mulher. Ele arregalou os olhos assustado e olhou para o homem com roupa fina.

– O marido dela manda lembranças. -

Foram questão de segundos entre a fala e ação do homem vestido de negro. Um soco acerou o nariz do operador do triturador. O nariz se quebrou no mesmo instante enquanto seu dono deu alguns passos para trás.

Operador com as mãos no nariz tentou falar algo, mas sentiu um golpe no joelho esquerdo fazendo-o fraquejar. Com o joelho esquerdo no chão ele viu um chute vir em direção de sua cabeça, mas defendeu-o rapidamente com as mãos.

O homem elegante sorriu. Começava a achar que seria fácil o seu pequeno serviço de ceifar aquela alma. Viu o O operador levantar-se dando mais passos para trás e levantando os punhos. Ele gritaria se fosse adiantar, mas com o triturador ligado, jamais alguém o escutaria.

– Foi um acidente. - Disse o operador assustado. - Bebi um pouco a mais e a mulher estava ali, então abordei. Não sabia que era casada. Foi um acidente! -

O homem de negro parou por alguns instantes pensando naquilo. Olhou para o triturador e sorriu maliciosamente.

– Realmente! - Disse ele avançando contra o homem e o empurrando com força para a esquerda jogando-o no triturador. - Foi um acidente. -

Passando a mão no rosto, onde alguns esguichos de sangue haviam caído sobre ele, o elegante homem passou a caminhar para fora daquele lugar. Sentiu uma vibração no bolso e pegou celular, onde lia uma mensagem que havia chegado.

– Achar Lucas Turtle? Ler o Jornal de Hoeen? - Claudius parou por alguns instantes confuso.

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A cidade de Odale era bem pitoresca. Não havia muitas pessoas, servindo apenas de ponto de parada entre Litleroot e Petalburg. Nada prendia as pessoas na cidade, ou atraía-as para lá. Inicialmente os viajantes chegavam a ficar uma noite ou duas para repor material e energia, mas após a Estilo de Poder, o que acontecia era uma rápida passada de poucas horas. A pequena cidade não parecia oferecer muita segurança contra vilões como os que eles temiam.

Talvez o que viesse a trazer mais curiosos a cidade seriam aqueles interessados nas ruínas de um antigo templo, que ficava nas redondezas, mas nem isso parecia interessar aos viajantes ou pesquisadores.

Aquilo facilitava o trabalho de Kevin de alguma forma. Poder andar, interpretar as escritas e realizar sua busca era bem mais fácil sem que alguém estivesse observando-o. Com as ruínas toda para ele, sequer percebia que o tempo estava passando e já estava iniciando o por do sol. Mas, dentro do templo, ele não conseguiria perceber que a luz só dol já ia embora e nem a movimentação que ocorria do lado de fora.

As rochas pareciam bem antigas e em alguns lugares poderiam se ver rachaduras nos grandes blocos. Todo o templo era de uma pedra amarelada, com colunas circulares, a maioria quebradas e caídas pelo local. Movimentar-se ali requeria uma grande agilidade e muita calma para não tropeçar. No entanto, nada parecia que ruiria em poucos instantes. O que poderia ruir ou desmoronar já tinha ido ao chão, desta forma o que mais preocupava qualquer visitante, era apenas a possibilidade de algum pokemon estar usando o local como casa, o que Kevin estranhava não ser o caso.

– Achei! - Kevin esboçou um sinal de satisfação em seu rosto vazio e sério. - Esconder um diário aqui é algo que não faz o menor sentido. Mas, esse é mais um local onde os pokemons não querem se aproximar. Completa falta de sentido. -

Kevin estava em busca de mais um diário de Tobias, mas não imaginava que teria de procurá-lo em ruínas de um templo antigo. Templo aquele que nada tinha haver com os demônios. Ele não conseguiu fazer uma tradução precisa, mas não tinha nada que lhe fosse útil nas ruínas. Apenas teve que seguir as instruções que havia recebido para achar o segundo diário.

Guardando o diário na mochila Kevin, com a lanterna, que não devolveu a oficial Jane, se dirigiu a saída do templo, mas esbarrou em alguém.

A pessoa trazia consigo uma tocha que quase escapuliu de suas mãos, mas conseguiu segurar. Pele morena, alguns hematomas no rosto. Lucas Turtle estava diante de Kevin novamente, desta vez não em uma floresta estranha ou numa casa abandonada, mas em um templo em ruínas.

Os dois se identificaram no mesmo instante, mas foi Lucas quem reagiu primeiro, tampando a boca de Kevin e o levando para um canto.

– Ganicus, acho que aqui é um bom lugar para guardar o equipamento. - Gritou Lucas enquanto Kevin tentava se soltar. - Vou dar uma conferida se nada vai ruir aqui e já saio para carregar as coisas. -

– Tente não feder o local demais Turtle, sei que você quer é cagar. -

A voz que chegou até eles era assustadora. E por mais que escutassem as risadas que vinham de pessoas que aparentemente estavam junto com Ganicus, nenhum dos dois conseguiu rir. Kevin parou de lutar percebendo que talvez não estivesse em uma situação muito boa. Olhou para Lucas que ainda tampava sua boca com a mão.

O menino moreno pediu silencio. Caminhou rapidamente até a entrada e fez uma cara de quem não estava gostando do que via. Voltou até Kevin encarando nervoso e fez sinal para caminharem mais para o canto.

– Que merda está fazendo aqui? - Questionou Lucas assim que chegaram mais para dentro do pequeno salão em ruínas que era o templo. - Isso não fazia parte do plano. - Lucas tentava controlar o tom de voz, era apenas um murmurio.

– Eu não faço parte do plano. - Disse Kevin com uma expressão vazia. - Vai acontecer um evento aqui? - Kevin questionou um pouco surpreso.

Kevin e Lucas haviam se despedido após Jane surrá-lo. Após identificar na floresta qual o caminho em que havia mais rastros, disse para o moreno seguir naquela direção. Aquela direção era a mais promissora para Lucas.

Após noticiar nos jornais que um moreno havia atacado-a e que ele possivelmente estava envolvido com o vandalismo do Centro Pokemon era questão de tempo até que partissem definitivamente atrás de Lucas. Era necessário evitar o nome dele, pois ele poderia ser capturado pela policia antes de se encontrado pela Liga das Sombras e isso estragaria tudo. Apenas a Jane que fez o acordo saberia da verdade, afinal, não se sabia o quão influente a Liga das Sombras seria.

Lucas passou 2 dias viajando esperando ser interceptado e torcia para que fosse um dos quatro organizadores e não um membro comum a sua caça. O membro comum iria levá-lo aos organizadores, mas certamente no caminho poderia sofrer bastante nas mãos dele.

Claudius Maux encontrou-o no final do segundo dia. A primeira coisa que fez foi questionar porque não ficou até o final do evento para receber seus ganhos. Lucas naquele momento sentiu toda a pressão que poderia sentir. Claudius estava diferente de todas as vezes que viu. Estava vestido de negro e com luvas. Já era noite e com isso ele quase passava despercebido por todos os lugares escuros.

Uma tentativa de explicação. Uma gaguejada. Um choro genuíno e uma suplica de que acreditasse que ele não estava fugindo da Liga das Sombras, somente foi interceptado pela Jane e ficou segurando-a para que ela não chegasse ao evento, mas que estava perdido sem saber qual o caminho para o próximo encontro da liga.

Claudius pareceu acreditar nele de inicio. Mas, pediu para que ele repetisse a mesma história mais cinco vezes. Felizmente, Lucas havia criado a história, mentalmente, durante todo o tempo. Também havia combinado com Jane de que a batalha teria sido sem pokemons, ou os abalos das lutas teriam chamado a atenção.

Claudius levou-o até Ganicus que o interrogou-o novamente. Contou a mesma história mais cinco vezes e depois apanhou de Ganicus por ter sido fraco em não ter dado fim a Oficial Jane. Eles haviam acreditado no menino e isso era tudo o que ele precisava. Ganicus convocou-o como ajudante para o próximo evento, para que ele não o perdesse e pudesse ficar sobre vigilância por algum tempo.

O palco do próximo evento da Liga das Sombras eram as ruínas antigas de Odale. Lucas estava preparado para competir e continuar sua farsa, mas enquanto procurava um local para colocar os equipamentos necessários para o evento, encontrou um Kevin no lugar errado e na pior hora possível.

– Não vai dar para você sair. Tem umas 20 pessoas lá. E a arena será exatamente na frente da entrada. A cadeira de Ganicus ficará exatamente na porta. Todos ficarão olhando a arena e Ganicus. - Lucas parecia nervoso. - Cara! Eles vão te matar quando te pegarem aqui. -

Kevin não parecia tão preocupado quanto Lucas, mas ainda estava surpreso que uma semana se passou desde que tudo começou e parecia que as coisas não haviam mudado em nada, ainda corriam perigo. Ele viajou na direção contrária a que Lucas foi e ainda assim acabaram se encontrando.

– Tudo bem. - Comentou Kevin desanimado. - Já entendi que só saio daqui lutando. -

Kevin ao dizer aquilo levou a mão a cintura, buscando em seu cinto a pokebola de Ratata. Ele não esperava ter que enfrentar tanta gente, ainda mais de uma vez. Duvidava que poderia vencer só com Ratata, mas a ideia era apenas fugir e não derrotar a todos.

– Lutar? - Kevin teve sua mão detida por Lucas que sorria e continuava sua fala. - Isso pode funcionar. -

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– Que merda! - Gritava Lucas saindo correndo de dentro do remplo. - Tem um doido lá dentro. -

O grupo começou a rir da cara de Lucas, mas Ganicus fez sinal para pararem. Eles já haviam vistoriado o local varias vezes, ninguém sequer visitava as ruínas. Os pokemons locais mantinham uma certa distancia e isso poucos chegavam a entender. A distancia até a cidade também era razoável aora que o barulho não chegasse até lá. As luzes que estavam sendo instaladas também não incomodariam a cidade, em especial porque os geradores de energia estariam dentro do templo.

No entanto, alguém estava no templo e já fazia quase 10 minutos que eles estavam ali descarregando tudo. Certamente deveriam ter observado melhor as ruínas quando chegaram, mas agora parecia ser tarde.

Saindo do templo podiam observar um jovem vestido com uma calça preta, descalço, com camiseta preta e um gorro preto cobrindo seus cabelos e quase toda a testa, incluindo as sobrancelhas. Usava uma mochila de viagem nas costas que parecia bem cheia. Seu olhar era frio e demonstrava uma dor e angustia que era difícil ficar olhando-o por muito tempo. Ele saía calmamente de dentro do templo, apesar de sua voz demonstrar que não estava nada calmo.

– Achei que iriam demorar mais para chegar. - Comentou o jovem descendo os degraus rachados do templo. - Esse babaca quase cagou em cima de mim. - Apontando para Lucas o garoto de negro pareceu fuzilá-lo com o olhar. - Deixem-me começar chutando o traseiro dele. -

Aos poucos os 20 que estavam ali iam cercando o jovem. Ele observava aquele movimento, mas fitava constantemente a Ganicus, o homem dos cabelos longos e castanhos, que naquele momento estava vestido com uma malha prateada, que parecia ser de metal.

– Normalmente cagamos em lixo. - Disse Ganicus sorrindo. - Me diga quem é você e porque estava a nossa espera. -

O jovem ficou parando observando que um circulo se fez em torno dele e o único fora ainda era Lucas que aos poucos foi juntando-se ao circulo com cara de irritado e sádico. O jovem vestido de negro apenas encarava Ganicus, observava o aproximar dos demais, mas encarava outro que não aquele que era visivelmente o líder do grupo.

O sol já estava quase totalmente escondido e apenas uma fogueira iluminava o local. A penumbra dava um tom de perigo e suspense ao local. Os holofotes estavam para ser montados, mas aquela situação parecia ter feito todos pararem o serviço.

– Chutar traseiros. - Disse o rapaz.

O grupo começou a rir. Primeiro por achar graça e logo de forma maliciosa e debochosa. Estavam prontos para triturá-lo.

– Varrer o chão com a cara de quem for meu oponente e fazê-los se arrepender de tentar ficar entre o premio e eu. - Disse rapaz agora já com olhares faiscando e começando a ter um som ameaçador. - Sou Nivek, e estou rastreando você a pelo menos dois meses. -

O rapaz ao dizer aquilo apontou para Ganicus que mantinha uma olhar debochado. Ganicus deu inclinou-se para frente, pretendo ir na direção do jovem, mas viu o rapaz balançar o dedo e levar o olhar ligeiramente para o lado.

Ganicus sentiu algo em seu pescoço. Não estava ali anteriormente, mas agora ele podia sentir, um peso sobre seu ombro direito e algo a respirar calmamente muito próximo de seu pescoço. Ele deixou seus olhos observarem o que acontecia, sem ao menos mover a cabeça, já sabendo que aquele movimento poderia lhe custar a vida.

Roxo, com dentes afiados e o maior dos dentes a milímetros da pele de seu pescoço. Bastaria uma movimento brusco ou um comando de seu provável treinador, Niveck, e aquele Ratata rasgaria o pescoço do Gladiador.

– Quero a oportunidade de chutar a bunda de alguns ex-treinadores e ter minha bunda chutada também. - Disse Nivek. - Mais do que isso, quero a oportunidade de chutar a bunda de um membro da equipe de Gladiaores. Os caras que lutam as margens das regras e riem na cara da Associação de Batalhas. -

Todos continuavam parados esperando um sinal de Ganicus. Ganicus analisava suas chances de se livrar do pokemon e fazer o intruso pagar por sua ousadia. No entanto, ele tinha que admitir que não sentira ou vira aquele pokemon chegar a seu pescoço. Tanto o pokemon e o treinador eram bons.

– Você tem ideia do que vai ocorrer aqui? -Questionou Ganicus tentando manter a respiração equilibrada e analisar se aquele cara estava realmente por dentro.

– Batalha pokemon sem regras. - Disse Nivek esboçando um sorriso que mais parecia uma careta. - As competições da Associação de Batalhas é para maricas. Treinador de verdade bate ou apanha enquanto estiver consciente. -

Ganicus escutou a resposta ponderando por alguns instantes. Vez ou outra um novato para a Liga das Sombras aparecia daquela maneira. Mas, ele parecia saber muito e ter respostas certas para quase tudo. Preparado demais para realmente ter caído de chegado ali por acaso. Ele sabia das batalhas clandestinas e veio atrás. Por que ele queria fazer parte daquilo?

– Os cachinhos dourados levará a noite toda para decidir, ou deixará que eu chute alguns traseiros? - Questionou Nivek.

O grupo começou a gargalhar. Nunca ninguém havia zoado com os cabelos de Ganicus antes, principalmente por medo do que viria a seguir. Ganicus estreitou os olhos irritado com a menção de seus cabelos.

– Tenha certeza que vai ter que chutar umas bundas antes de sair daqui. - Disse Ganicus arrancando risadas de todos. - Mesmo que não quisesse, tenha certeza que irá. -

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O número de pessoas ali assustava. Cento e cinquenta pessoas nas ruínas, vestidas de forma punk, roqueira, como reais membros de gangues. Havia alguns bem arrumadas parecendo que estavam saindo do trabalho, outros que pareciam ir para um baile de gala. Todos sem mochilas e aparentemente armados com paus, barras de ferro, canivetes e qualquer coisa que realmente lembrasse uma arma.

Fora o grupo de vinte pessoas que estava para ajudar na organização, os demais não se incomodavam com a presença de Nivek. Alguns pareciam perceber que ele era novo na área e esperavam pela oportunidade de tirar vantagem disso. No entanto, poucos eram os que iam falar algo com ele. Cada qual parecia mais interessado na comida, nas apostas ou em preparar-se.

O evento já tinha tido inicio, mas Nivek estava concentrado demais em sua personagem para prestar atenção no que Ganicus falava. Muitos já nem prestavam atenção, afinal era sempre o mesmo discurso, falando as pseudo regras da Liga das Sombras.

Não falar a ninguém sobre o lugar. Todos devem realizar uma aposta. Um evento por semana, as vezes poderia demorar 15 dias se o local pudesse estar comprometido. Cada um por si. Quem faltasse a três eventos seguidos teria de se explicar. Quem traísse a liga seria morto. Basicamente a conduta do anonimato não era tão difícil. Tirando os trinta mil que se paga para entrar o problemático era a regra de nada de Centro Pokemons. Os ferimentos poderiam ser identificados como feitos de forma desleal e logo uma pista seria dada a sociedade.

Sem Centro Pokemons aqueles membros da Liga das Sombras precisavam estar sempre se virando para cuidar dos próprios pokemons. Haviam alguns que participavam só para cuidar dos pokemons feridos e faziam muito dinheiro com isso.

As lutas eram sem regras e sem juiz. Vencia quem ficasse de pé. Mortes eram permitidas, mas não exigidas e nem liberadas se o pokemon já tivesse dado sinal de inconsciência. Mas, não havia punição para eventuais mortes devido a ataques após o pseudo encerramento da luta.

Todos os lutadores recebiam uma pequena quantia em dinheiro. O vitorioso da noite poderia desafiar o organizador para um duelo, nos mesmos moldes do evento. Se viesse a vencer estaria classificado, automaticamente, para a Taça das Sombras.

Cada evento tinha seu próprio estilo. Poderia ser uma determinada quantidade de pokemons a ser usado. Uma quantidade usada em simultâneo. Uma obrigatoriedade de um tipo. E a única regra era a não interferência que realmente poderia se dizer que existia é não interferir nas lutas de outros.

Sentado, alheio a todo o inicio do evento, Kevin estava com seu Ratata em mãos encarando-o. Pareciam conversar com os olhos, mas na verdade, Kevin falava algumas coisas, em tom baixo para ele. As pessoas que viam aquilo riam, em especial por um Ratata não ser bem o tipo de pokemon que se espera para aquele tipo de batalha.

“Meu nome aqui é Nivek.” “Só poderei tirá-lo da batalha consciente se deixar o adversário inconsciente.” “Será uma batalha por sobrevivência e desleal.” “Siga meus comando, mas deixe o instinto de sobrevivência aflorar.” Kevin não tinha ideia de como havia se colocado naquela situação, mas sabia que não havia muitas formas de sair dali inteiro.

O pensamento rápido de Lucas ajudou no inicio, mas agora era apenas com ele. Lucas deu uma roupa negra a Kevin e mandou ele se vestir e ocultar os cabelos. Sujar um pouco o rosto e tirar os calçados. O garoto não estava reconhecível. A noite, na penumbra Nivek não poderia ser identificado como Kevin, se a atuação fosse convincente. Como poucos sabiam sobre o momento depressivo de Kevin, o jovem Nivek de olhar amargurado e frio parecia ser muito diferente. Escondendo os pelos loiros e vestindo de maneira diferente, Kevin, o agora Nivek, já havia passado pela pela sabatina mais complicada, encarar Ganicus. Agora, bastava esconder-se nas sombras, não chamar a atenção e logo estaria livre de tudo aquilo.

O problema era a batalha que ele teria de fazer. Como lutar fora das regras? Como manter as expressões diante as trapaças? Como conter o grito de justiça diante as centenas quebra de regras que sua luta certamente deveria? O desafio de Kevin seria fazer com que Nivek achasse aquilo tudo muito normal e ainda fazê-las.

A falação parou de repente, o que chamou a atenção de Kevin. Ele levantou o olhar e pode ver um rapaz, com rosto de feições frias. Cabelos roxos que iam até os ombros. Um manto igualmente roxo que cobria seu corpo. A medida que ele andava muitos abriam caminho. Ganicus dava um sorriso satisfeito diante a chegada daquele garoto.

– Dex. - Saudou Ganicus de forma animada saindo de seu pseudo trono, fazendo gesto para alguns rapazes e caminhando até o jovem misterioso. - Diga-me que o atual campeão veio surrar algumas pessoas essa noite. -

O garoto encarou Ganicus nos olhos por alguns instantes e logo viu uma cadeira sendo colocada ao lado da poltrona de Ganicus. Ele esticou a mão para Ganicus, os dois saudaram-se com aperto de mão, que mais era uma saudação de pulsos, e logo caminharam para sentarem-se.

Ratata agitou-se no seu lugar tentando chamar a atenção de seu treinador. Seu novo nome era chamado. Mas, sua atenção ainda estava presa ao recém-chegado Dex. Parecia que em torno dele havia uma pressão enorme, um ar gélido e completamente destrutivo.

– Novato! - Berrou Ganicus irritado.

Nivek levantou-se deixando transparecer um olhar frio que aos poucos ia tornando-se também cruel. Ratata posicionou-se no seu ombro esquerdo e sentia que o treinador estava ligeiramente perturbado com a presença de Dex. Poderia até dizer que ele tinha medo do jovem com o manto roxo, mas a verdade é que Kevin começara a exalar a mesma presença.

Ganicus estreitou os olhos por alguns instantes enquanto percebia que a atenção de Dex voltava-se para o novato. Ambos podiam reconhecer que o corpo do novato exalava algo diferente.

– A batalha inicial da noite será entre dois novatos. - Um homem gritava em meio a todos. - E como estimulo, a taxa de trinta mil que ambos ainda não pagaram será cobrada daquele que for derrotado. Ou seja, aquele que for derrotado pagará sessenta mil! -

Uma gritaria começou e Lucas se afastou da arena não querendo ver a luta. Ele confiava nas habilidades de Kevin, mas em uma luta sem regras ele poderia se dar muito mal. Se ele que devia trinta mil e mais algumas multas estava com problemas, Kevin devendo sessenta mil teria pouquíssimas chances de sobrevivência na Liga das Sombras.

Nivek esticou o braço direito e seu pequeno Ratata rapidamente correu pelo braço saltando para frente e se colocando em posição de ataque. Ele mostrava os dentes e as garras tentando passar um ar tão perigoso quanto o de seu treinador, mas a verdade é que nem de longe ele parecia tão arisco.

O treinador adversário era um cara de óculos e umas ferramentas presas na cintura. Parecia um mecânico ou um operário de máquinas pesadas. No entanto, não estava sujo ou coisa parecida. Alguns atrás dele estavam vestido parecidos e isso indicava que eram uma equipe.

Da pokebola lançada pelo adversário saiu uma Rosélia. Um pokemon planta com feições delicadas. Uma rosa substituindo as mãos, folhas cobrindo o corpo da cabeça aos pés. Mas, a atenção estava para o que estava preso as rosas, havia uma espécie de cabo se aço em cada uma delas. Cabos realmente fortes que arrastavam-se pelo chão dando uma ideia de terem 3 ou quatro metros.

– Comecem! - Gritou o homem que fazia as vezes de um apresentador.

Chão de placas de rocha sólida. Holofotes de luz potentes espalhados por vários ângulos acima. Colunas caídas por vários pontos e uma área de aberta de 15 metros quadrados. Esquecer o cavar. Usar os holofotes para tirar cegá-lo destruindo a precisão dos ataques. Esconder-se atrás das colunas e fazê-lo se cansar. Kevin analisava a situação já traçava sua estratégia sem perceber que o primeiro movimento já estava sendo feito.

Os cabos de aço presos as rosas de Roselia começaram a estalar no chão como chicotes e acertaram Ratata no primeiro momento lançando-o para trás. Os cabos de aço pareciam movimentar-se muito mais rápido do que os braços de Rosélia se movimentavam. E criaram uma barreira de proteção em torno da pokemon planta.

Ratata sacudiu a cabeça erguendo-se e ficando na defensiva. Aquele estalo havia pego em cheio na lateral, direita, de seu corpo. Ele escutava os gritos da multidão pedindo por mais e aquilo parecia o irritar. Seu treinador o advertiu disso dizendo para ele seguir os comandos, mas também usar os instintos. Para o pequeno pokemon Rato estava claro que o treinador já esperava ficar sem conseguir comandá-lo por alguns instantes.

– Investida. -

A voz de Nivek sobressaiu a todas as outras vozes, surpreendendo a todos e até mesmo seu pokemon. Ratata levou a cabeça de lado pensando enquanto via os chicotes de cabo de aço estaçando apara todos os lados e em uma velocidade razoável. Mas, acabou começando a corrida para acertar seu alvo.

Roselias são pokemons plantas e venenosos. O contato com ela pode me gerar um envenenamento que no nosso caso culminará não na derrota, mas na morte devido a não poder ir no centro pokemon. No entanto, minha investida fará ela ter mais confiança para fazer outras ações além dessa barreira de chicotes com esse cabo de aço. Nivek observou seu pokemon tentar ultrapassar a barreira criada pelos cabos de aço, mas não conseguiu. Sendo acertado duas vezes, antes de uma terceira que o mandou para trás.

Ele afasta o pokemon com o chicote impedindo que ele fique muito perto. O cabo de aço não perde a velocidade mesmo depois de acertar o adversário. Como isso é possível? Nivek olhou para Ratata que agora tinha um corte na na lateral esquerda de seu corpo. O sangue começava a pingar o que chamou a atenção do treinador para olhar com mais atenção os cabos de aço.

– Impressionante, não é verdade? - Riu o desafiante. - Os cabos de aço tem pequenas aliencias que cortam a pele do adversário se pegos corretamente. - O desafiante conteve o riso diante do olhar frio que Nivek o lançava.

– Ratata mantenha-se, corra em volta do... - Nivek foi interrompido por uma vaia que logo foi seguida de outra e um coro começava.

Nivek percebia que as vaias da plateia eram para ele que não atacava. Quando ele comandou uma corrida em torno do adversário acabou parecendo que ele queria enrolar. Ele não podia simplesmente ganhar tempo, ele tinha que atacar diretamente. Ele não podia usar suas técnicas de campo que poderiam demorar, precisava estar em ação todo o tempo ou não estaria sendo exatamente da Liga das Sombras.

– Acho que não chutará nenhuma bunda hoje. - Gritou Ganicus gargalhando.

– Entre novamente no campo dos chicotes, mas desta vez com rabo de ferro. - Comandou Nivek.

Ratata correu para dentro dos chicotes, desta vez certo de que seu treinador pretendia. O pokemon sabia que ao fazer seu rabo emitir uma luz acinzentada ele estaria com propriedades de metal, sendo tão resistente, e talvez até mais, que o cabo de aço. Poderia se proteger e talvez até partir aquela coisa.

Um salto e Ratata já estava dentro do campo de ataque dos chicotes de cabo de aço. Os primeiros dois ele desviou calmamente, mas o segundo ia acertá-lo. Um giro de corpo e o chicote colidiu contra o Rabo de Ferro. Ratata viu o segundo vindo e novamente fez sua calda brilhar aplicando o Rabo de Ferro para se defender. Não havia terminado de aplicar o segundo, mas via que o primeiro chicote estava vindo em sua direção de novo. Ele percebeu que estava preso ali tendo sempre que defender-se com o Rabo de Ferro.

– Mantenha-se! Incline-se um pouco para a direita. - Gritou Nivek.

A plateia vibrava diante a situação criada. Agora parecia uma batalha de verdade, onde a qualquer momento um poderia cair. Todos mantinham a atenção, apostando que Ratata cairia antes de conseguir uma brecha para atacar ou partir os cabos de aço com seus golpes.

Todos pareciam saber que o cabo de aço era o maior problema e criavam teorias sobre como poderiam quebrá-lo e assim ter acesso a vitória. Teorias das mais varias, mas poucos eram aqueles que sabiam o que fazer para arrebentar o cabo. No entanto Nivek não estava interessado em arrebentar os cabos.

– Eu esqueci o seu nome. Mas direi apenas uma vez. - Nivek parou encarando-o. - Desista agora ou seu pokemon vai morrer. -

Os adversário começou a gargalhar em especial por ver que o chão já estava bem salpicado das gotas de sangue que saiam de Ratata, junto ao seu suor. O rato estava esforçando-se ao máximo para defender-se, mas ele apenas conseguia isso junto a perda de sua velocidade. Ao contrário de seu adversário que estava em uma velocidade constante.

– Defenda-se com o rabo de ferro e salte para trás, pegue impulso na coluna partida atrás de você e ganhe altura. - Gritou Nivek,

Ratata demorou alguns segundos para entender. Uma olhada rápida e viu a coluna a pouco mais de três metros de distancia. Ele logo teria chegado a ela sem perceber. Ele viu que estava distante do local onde havia começado a luta e compreendeu que as inclinadas para a direita que havia dado estava fazendo a luta mover-se de lugar. E, se estavam movendo-se seu treinador tinha um plano para aproveitar-se do campo.

Ratata deu um ultimo Rabo de Ferro no cabo de aço, pegando impulso para trás e indo direto a coluna na qual ele usou de base para pular e ganhar mais altitude. A altura garantiu que os chicotes não o acertassem, devido a distancia.

Roselia olhou para o alto na direção em que Ratata Subia, mas o holofote ofuscou sua visão, deixando-a cega e sem saber onde estava o seu adversário.

Os chicotes estão se movendo no mesmo padrão. Eles são motorizados e só podem fazer essa barreira que estou enfrentando. Ficando parado no local ele conseguiu criar uma área de defesa na qual dificilmente alguém consegue entrar. Se entrar e passar ileso pelos chicotes vai dar cara com as habilidades venenosas. No entanto, agora que ela não consegue enxergar devido a ter olhado direto para o foco de luz da holofote, posso me aproveitar da única brecha existente. Nivek mantinha-se frio e com um olhar perigoso, ele sabia o que seu ataque causaria.

– Rabo de Ferro direto na cabeça! - Gritou Nivek.

Ratata veio como uma bala rodando em torno de si mesmo, encolhido e com o Rabo e emanar sua característica luz acinzentada. Sua adversário não conseguia encontrá-lo, enquanto o chicote de aço continuava a proteger tudo em sua volta, menos o que viesse de cima. O Rabo de Ferro chegou a centímetros da cabeça do alvo, mas Roselia ergueu os dois braços fazendo os cabos de aço que estalavam no chão passarem a se agitar acima de sua cabeça, quase que cobrindo o seu corpo. Ratata foi acertado e jogado para longe, sem conseguir efetuar seu Rabo de Ferro na cabeça.

– Você achou que eu não tinha sacado seu planinho? - Ria o adversário. - Eu já tinha manjado que estava me movendo para perto da coluna e que constantemente você olhava para os holofotes. -

Ratata agora tremia para ficar de pé, já que o ultimo golpe que levou acertou sua pata direita. Não estava quebrada ou sangrando, mas a dor era grande o suficiente para querer evitar apoiar-se nela. O olhar do pokemon parecia ser o mais revoltado o que contrastava com o olhar perdido de Roselia.

Roselia parece perdida na luta. Eu também ficaria com essa gritaria e todo esse circo que está armado em nossa volta. Estou surpreso que Ratata esteja tão focado. Nivek estava reanalisando a situação para saber o que fazer. Ele sabia da velocidade e do alcance dos chicotes. Sabia que era um motor que comandava e sabia que não podia encostar em Roselia sem uma proteção adequada.

– Você disse que meu pokemon ia morrer e não estou vendo isso acontecer. - Debochou o adversário. - Você não tem como parar meus chicotes apenas com essa coisinha que acha ser um pokemon. -

– Não insulte meu pokemon - Grunhiu Nivek. - Ponha a essa para não chão que daqui eu sei que só está dolorida. - Disse Nivek mais audivelmente. - Eu disse ponha essa pata no chão. -

Ratata que estava com a pata um pouco levantada, evitando apoiar-se nela devido a dor respirou fundo colocou a pata no chão. Ele não sabia o que o treinador pretendia, mas continuava sentido o ar frio e perigoso que vinha dele. O pokemon encarou o treinador e por alguns instantes.

– Ataque rápido em linha reta, vai! - Gritou Nivek.

Ratata piscou algumas vezes fazendo cara de incrédulo. Olhou o que teria em linha reta, ele iria se chocar diretamente contra o a barreira que os cabos de aço criavam. O pokemon rato, levantou a pata querendo dar um passo para trás, mas então viu, teve seus olhos ofuscados por alguns instantes pelo holofote, que estava na mesma direção em que seu treinador pedia para atacar.

Ratata começou a dar alguns passos tímidos em direção ao adversário e logo foi aumentando a velocidade, até que estava correndo e um rastro branco ficava por onde ele passava. Usando o ataque rápido o pokemon roxo penetrou na barreira dos cabos de aço e conseguiu passar por eles sem ser acertado.

Ratata é um pokemon com boa velocidade por natureza. Mas, mesmo assim não consegue ser mais rápido que os chicotes. Usando ataque rápido a velocidade aumenta e ele consegue passar pela barreira sem ser atingido, mas ele em linha reta passará a milímetros de Roselia, passará novamente pela barreira de chicotes e acertará o suporte do holofote. Nivek nem olhava para a ação de seu pokemon, apenas encarava o treinador estava surpreso e gritava para que sua pokemon usa-se o rajada de espinhos pela boca.

Rajada de espinhos seria um bom golpe que preocuparia a qualquer treinador, mas para Nivek, o Kevin disfarçado, que tinha uma rosélia muito bem treinada, sabia que para o rajado de espinhos ser feito pela boca teria que ter muito treino e atenção. A adversária naquele momento não tinha atenção alguma.

Ratata passou a milímetros de Roselia assustando-a e fazendo ela contrair os braços trazendo os chicotes mais para perto. Ratata passou pelos chicotes novamente, acertando com força o suporte do holofote. O Suporte se quebrou e começou a cair na direção das pessoas que o empurraram rapidamente para a outra direção, a direção de Roselia.

O Holofote e parte do suporte caíram em cima de Roselia que tentou se proteger com os chicotes. Os chicotes acabaram se enrolando na barra do suporte e fios de energia que o mantinham ligado. O pokemon planta acabou ficando com os cabos de aço preso aos fios de energia. Todos podiam ver a eletricidade do holofote percorrer os cabos com grande velocidade e detonando eletrocutando Roselia.

Instantes depois um cheiro de queimado podia ser sentido e os chicotes pararam de se mover. Havia dado curto circuito no mecanismo de movimento dos cabos e Roselia agora estava presa ao equipamento sem conseguir soltar-se, além de estar um pouco zonza.

– Rabo de Ferro! - Berrou Nivek.

Ratata partiu contra o adversário que tentava soltar-se. Puxando seus braços desesperada. Ratata saltou aplicando rabo de ferro direto nas mãos feitas de rosas da adversária, despedaçando as rosas e parindo o cabo que estava preso nela. Roselia caia para trás e com isso Ratata armava outro Rabo de Ferro Desta vez que a lançou de volta aos pés de seu treinador que permanecia gritando desesperado, imaginando que o próximo golpe iria ser na cabeça, matando realmente sua pokemon.

Roselia estava caída aos pés de seu treinador que não conseguia fazer mais do que ficar com os olhos arregalados. A plateia havia parado seus gritos, intimidados com a vitória que Ratata havia arrancado.

– Merda! - Grunhiu Nivek

Ele viu algo que ninguém ainda havia reparado. Roselia estava consciente. Seus gemidos eram baixos, mas o seu movimento não. Ela tremia de dor e de medo. As regras eram claras, ela precisava estar inconsciente. Também poderia ser retirada por seu treinador, mas ele parecia estar em choque como ocorrido para fazer algo.

Ratata parado percebia que sua adversária ainda não estava consciente, mas que não apresentava nenhum perigo. Aquela era a diferença das batalhas oficiais para as clandestinas e o pokemon parecia ter muita ciência daquilo, pois começou a correr na direção de Roselia, preparando-se para aplicar mais um golpe.

– Rabo de... -

Kevin só podia aplicar o Rabo de Ferro. Qualquer outro ataque correria o risco de realizar um contato, sem proteção e acabar envenenado. Não sabia se seu pokemon tinha ciência daquilo, mas por via das duvidas iria comandar o ataque para ele saber que tinha que ser o rabo de ferro, mas alguém o interrompeu.

– Me rendo! - Gritou o treinador abaixando-se rapidamente e pegando sua pokemon no colo com velocidade.

A plateia começou a gritar no mesmo instante enquanto Ratata freava sua correria e começava a arfar. Olhou para seu treinador que apenas fez um gesto positivo com a cabeça e logo depois esticava o braço direito, agachando-se, para que ele retorna-se. Sem hesitação o pokemon retornou depressa ao seu treinador, tentando conter um sorriso.

– Espero que na próxima batalha pare com esses fingimentos. - Nivek disse em meia voz assim que o pokemon tocou sua mão para começar a subir.

O pokemon ficou olhando-o durante instantes e viu o olhar perigoso começar a desaparecer, dando lugar apenas ao vazio e amargura que ele vinha apresentado. Mas, viu em seus lábios um pequeno sorriso que retirou rapidamente. Pois sentiu alguém se aproximando.

– A vitória é de Nivek! - Berrava o apresentar levantando o braço esquerdo dele.

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O relógio da praça da cidade de Oldale marcava sete e meia da manhã. Apesar do horário, ainda não existiam muitas pessoas nas ruas. O comércio ainda estava abrindo na cidade com pouco costume de madrugar. Além Centro Pokemon, padaria e jornaleiro o único estabelecimento com movimento foi o barbeiro que após receber o pagamento em dobro, fechou o estabelecimento com a promessa de nunca contar sobre aquele corte tão cedo.

O rapaz que saiu da barbearia poucos segundos antes do estabelecimento ser fechado estava de cabelos raspados, sobrancelhas feitas, calça e camiseta regata negra, além de um tênis com poucos detalhes brancos com cheiro de novo.

Ele carregava consigo um pacote pardo em seus braços onde continha pães, comprados momentos antes do corte. Olhou em volta, como quem verificava se poderia atravessar a rua em segurança e dirigiu-se a praça da cidade.

– Irreconhecível. - Comentou Lucas. - Sem a cabeleira característica e com esse olhar vago, ninguém diz que é você. -

Kevin considerou por alguns instantes as palavras de Lucas. A expressão de seus olhos e o cabelo marcavam-no consideravelmente, seria difícil alguém reconhecê-lo. Mas, ele ainda estava com luvas pretas na mochila e pretendia tingir os poucos fios de cabelo que ainda tinha na cabeça.

Aquele era realmente uma mudança de visual drástica. Mas, agora o jovem Maerd não tinha escolha. Se alguém o identificasse certamente estaria bem encrencado. Jamais acreditariam que Kevin Maerd Junior, treinador herói em Jotho e classificado para Quest Liga, queria participar, de bom grado, da Liga das Sombras.

Além disso, se sua identidade fosse revelada o ligariam imediatamente a Lucas fazendo o amigo também estar encrencado.

Sentado no banco da praça ao lado das mochilas, Lucas parecia observar se realmente alguém poderia reconhecer o jovem a sua frente como sendo Kevin. Ele já não dizia aquilo, mas se Kevin mantivesse a frieza e o ar estranho que vinha apresentando até então, o jovem passaria despercebido pelo tempo que lhes fosse necessário.

– Jane falou que sou idiota e pretende me matar caso eu saia vivo. - Kevin apenas comentou. - Disse a ele que mais um a vez eu estava no lugar errado na hora errada. No final você acabou me ajudando. - Ele parou por alguns instantes. - Caso eu não tenha te agradecido, obrigado por ontem a noite. -

– Você me salvou uma semana atrás e me deu a chance de sair limpo disso. - Lucas sorriu. - Mas, ela disse algo mais? -

– Pediu para só entrarmos em contato na véspera, ou poderia acabar com o disfarce. - Disse Kevin a meia voz. - - Vamos passar por essa juntos. - Disse Kevin estendendo a mão para ele. - Certo Turtle? -

Lucas ficou olhando aquela mão. Ele não imaginava que poderia ter ajuda naquela penitencia. Levantando-se do banco onde estava sentado, vigiando a mochila as mochilas apertou a mão dele satisfeito.

– Claro que sim, Nivek! - Respondeu Lucas.

Um pequeno gesto com o dedo. Kevin havia feito um pequeno gesto com o dedo apontando uma direção. Lucas saltou a mão de Kevin e pegou o pacote. De dentro tirou um pão e mordeu-o com vontade, virando a cabeça de um lado para o outro demonstrando o quanto gostava e ao mesmo tempo observando o que tinha na direção que Kevin indicava.

Parado junto a um um poste alguém os observava. Uma cabeleira roxa bagunçada e olhar profundo com olheiras. Pele bronzeada com o corpo oculto por uma espécie de manto roxo. Dex, o campeão da Liga das Sombras do ano passado estava a observar a dupla.


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